DIFICULDADES E DESENCONTROS DE INTERPRETAÇÕES DO APRENDIZADO DO ALUNO Patricia Akemi Yoshinaga Introdução Será que hoje temos profissionais preparados para superar as dificuldades do ensino? Na percepção de definir claramente o perfil do aluno, adequar o material e aula didática as suas características culturais e cognitivas e assim para trabalhar sua motivação? Estaríamos preparados como profissionais educadores a interpretar as habilidades cognitivas de seus alunos para sermos capazes de repassar a importância de seu estudo? Mais do que domínio do conteúdo ainda há um grande percurso para a educação e seus profissionais “[...] Muito mais relevante do que dominar tecnicamente a natureza é saber o que fazer da vida. Ainda que não se chegue aos fins sem os meios são os fins que trazem sentido aos meios, não ao contrario”.[...] (SILVA, Ezequiel Theodore, 1992, p. 23 -27). Justificativa O professor, no seu papel de educador assume grande responsabilidade de repasse do conhecimento, feito com sucesso ou não, este repercutirá na extensão multiplicadora para seus alunos. O educador desempenhará a complexa tarefa de intermediação das metas da escola e o aprendizado do aluno, das quais refletirão em seus objetivos, habilidades e comportamentos. Analisará também sua base inicial de habilidades e as condições externas, como hábitos, crenças, tendências, idéias e valores que possam influenciar e interferir nos objetivos do professor, que devem estar bem definidos do que se pretende e o que o aluno realmente possa alcançar. De acordo com Ezequiel Theodoro da Silva (1992.p.23-27) Quando o médico erra, mata um só paciente. Quando o professor erra, congela a consciência de trinta, quarenta, cinqüenta ou mais indivíduos. Se o congelamento ou embotamento da consciência for tomado como uma barreira à existência autêntica, então pode se inferir que o erro pedagógico também é um instrumento mortal [...] Herdamos um ensino de interferência política prepotente da época da ditadura que não visa à autonomia do sujeito e sim subalternidade, dificultando a desempenho do professor. [...] É loucura reduzir a escola a uma mera transmissão de conhecimento copiado [...] Nada é mais político – em sentido negativo – do que produzir a subalternidade, lançando mão de toda instrumentação técnica disponível, desde meras aulas reprodutivas, abuso dos meios de comunicação, manuseio estereotipado da inteligência artificial, submissão a livros didáticos (grifo meu) [...] Aprender é, profundamente a competência de desenhar o destino próprio, de inventar um sujeito crítico e criativo, dentro das circunstancias dadas e sempre com sentido solidário (grifo meu) [...] (DEMO, Pedro, 2000 p. 9-12.) Lidamos com a proliferação indiscriminada de faculdades, que não primam pela formação e informação, somente pelo aluno que paga a mensalidade visando lucratividade, desta forma superlotam as salas de aulas, aplicam pseudoavaliações, currículos desmantelados e alunos que somente comparecem uma vez por semana trazendo como resultado: profissionais desqualificados inflacionando o mercado de trabalho e alta rotatividade de professores. Os planejamentos de ensino utilizam a redundância, o professor aprende a dar aulas na prática, iniciando pela memorização de sentenças e cópias literais de manual de pedagogia, repetindo programas e planejamentos, contrariando a flexibilidade e avaliação, aplicando somente aulas expositivas matando a autonomia do aluno restando a ele a tarefa de escutar com atenção, copiar e reproduzir na prova. “[...] Quantos de nós não vibraram quando acontecia de surgir um educador dedicado e autêntico?” [...] (SILVA, Ezequiel Theodore, 1992, p. 23 -27). Desenvolvimento Em 1956, concluiu o trabalho do domínio cognitivo, que surgiu em 1948 através de um grupo de educadores que se propuseram a desenvolver um sistema de classificação para três domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. Hoje o domínio cognitivo é referenciado como Bloom’s Taxonomy of the Cognitive Domain tendo como idéia central aquilo que os educadores querem que os alunos saibam. Nível: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Com exceção dos níveis de síntese e avaliação segue uma hierarquia piramidal permitindo que perceba qual o nível de conhecimento o aluno possui através de como abordará o tópico. Exemplificando, como aluna universitária, realizei em uma determinada atividade avaliativa com professor “x” em um curso noturno. Percebia que trabalhava em diversas faculdades e dificilmente tinha tempo para rever os diversos perfis de alunos para readequar ao seu planejamento, suas aulas noturnas eram sempre as últimas e dificilmente tinha muita atenção dos alunos suas aulas tornavam-se expositivas o que tornava mais cansativo para ambos os lados, desta forma aplicava testes surpresas. Para o perfil apresentado de toda a sala, seus testes poderiam ter um lado positivo se propusessem maior dinâmica e interatividade, despertando o aluno para que distinguisse, classificasse e relacionasse pressupostos, hipóteses, evidências ou estruturas de uma declaração ou questão, estaria aplicando a habilidade cognitiva da análise, colocando a tarefa em grupo não individual, porém nas correções das avaliações apenas utilizava o rigor e conservadorismo, exigindo apenas respostas memorizadas da habilidade cognitiva do conhecimento,restringindo apenas ao aluno respostas preparadas de acordo com sua capacidade em arquivar fatos, formas mensurando sua organização para a resposta da questão em si. O trabalho em grupo traria vários pontos de vistas e como afirma Bloom (2008) “[...]Em cada caso fica claro o que os alunos podem saber (grifo meu) sobre o tópico ou matéria em diferentes níveis [...]” A impressão passada ao aluno foi sua autoridade de aprovar ou reprovar, apresentando incorreções para sua reflexão punitiva, acrescentou maior desmotivação aborrecendo emocionalmente os alunos que não se saíram bem e daqueles que conseguiram tirar bons pontos, de nada acrescentou pois bastava apenas a memorização. Resultado: grande evasão e desistência dos alunos no decorrer do curso. Conclusão [...] Aprender não é, de modo nenhum – manejar certezas, mas trabalhar com inteligência as incertezas, porquanto, sendo função vital, tão vital que se confunde com a vida, não poderia fantasiar propostas contraditórias com a criatividade e com a fragilidade da vida (grifo meu) [...] (DEMO, Pedro, 2000 p. 9-12.) Somente consegue alavancar o potencial de realização pessoal e profissional buscando criativamente formas de pensar de maneira diferente do que costumamos pensar, não somente pensar, mas raciocinar, buscando variantes no processo de criar soluções para os problemas. Revolucionar as escolas com métodos de estímulos porque a competência humana não é somente técnica é criativa. É muito mais relevante saber pensar o que fazer da vida do que dominar tecnicamente a natureza, pensar no sentido de raciocinar, buscar variantes no processo de criar soluções para os problemas. Para isso é preciso como educador ter uma ampla visão das questões comportamentais, sociais, políticas, econômicas, culturais, ambientais, psicológicas, fisiológicas, concordo com Demo (2000) “que devamos refletir mais criticamente sobre o fator educacional [...] exercendo a cidadania gestada na escola como objetivo específico funda-se, em termos instrumentais, no manejo crítico e criativo do conhecimento e em termos de valores e ética [...] aprender a conviver com limites para transformá-los em desafios, e enfrentarmos os desafios para podermos superar os limites [...] Como professores orientadores facilitadores, fazendo parte de um grupo de estudos que bem aprende e o aluno de aprendiz de quem bem aprende; Referências bibliográficas DEMO, Pedro. Introdução. In: ______. Conhecer e aprender: sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: ArtMed, 2000. p. 9-12. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Mal-formado ou mal-informado. In:_____. Os (des)caminhos da escola: traumatismos educacionais. 4ª ed. Cortez: São Paulo, 1992. p.23-27 CLASSIFICAÇÃO de Bloom. Disponível http://rppalma.googlepages.com/webquest6 Acesso em: 03 mar. 2006. em: RIBEIRO, Valdemir Alves. Administradores.com, São Paulo 17 de novembro de 2010. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/voce-sabe-pensarcriativamente/49861/Acesso em 28 jan. 2011. TEIXEIRA, Gilberto. Diferenças Individuais da Aprendizagem. Ser professor Universitário, São Paulo, 28 mar. 2005. Disponível em: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=12&texto=764 Acesso em 28 jan. 2011