SISTEMATIZAÇÂO INDIVIDUAL 2014.1 HERLENY MOREIRA RIOS

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SISTEMATIZAÇÂO INDIVIDUAL 2014.1
HERLENY MOREIRA RIOS
SOBRAL-2014
DIA 12/01/14: Acolhimento e Formação dos Participantes:
Inicialmente fomos recebidos e acolhidos pela comissão VERSUS 2014, que realizou
uma dinâmica com os integrantes dessa edição, com intuito de estabelecer um vinculo
inicial e de apresentar o programa, assim como, retirar dúvidas e fornecer
esclarecimento sobre as atividades que seriam desenvolvidas, sobre as devolutivas, e
sistematizações. Essa dinâmica foi essencialmente importante, pois gerou um espaço
acolhimento muito agradável, principalmente para mim que estava chagando de uma
cidade distante e vivenciando uma realidade de imersão totalmente nova. A comissão
organizadora transmitiu muita confiança e afeto entre grupo. Depois da dinâmica de
acolhida foi construído um pacto de convivência entre os participantes, com o objetivo
de estabelecer regras que facilitassem o convívio entre os membros durante a imersão,
essa atividade tomou um espaço bastante coletivo, onde as decisões foram tomadas
como bastante coerência, respeito, dinamicidade e
principalmente capacidade de mediação entre os
grupos. Além disso, o VERSUS preza muito pela
proposta de tomadas de decisões coletivas, e essa
metodologia foi extremamente rica para minha
formação tanto profissional quanto pessoal, pois
trabalhar no sistema único de saúde e com as
Figura 1. Acolhimento dos participantes
da edição.
coletividades requer habilidades de trabalhar em grupo e de tomar decisões em grupo,
em equipes multiprofissionais e confesso que minha formação ainda era ineficiente no
que diz respeito a trabalho em equipe. Durante a tarde foi realizada a leitura do caderno
VERSUS, que tratou sobre o cuidado em saúde, as leituras foram realizadas por
equipes, e cada equipe apresentou de forma criativa a temática. Minha equipe
apresentou o cuidado em forma de teatro, na qual representamos a relação do saber
técnico e dos saberes populares, no SUS. De maneira engraçada, apresentamos varias
situações de atendimentos, uns que favoreciam a relação entre os dois saberes, e outras
que não, com objetivo de proporcionar reflexões a cerca das formas de cuidar. Essa
atividade ao fim nos proporcionou além das conclusões sobre as formas de atuar no
SUS a percepção de que o cuidador também deveria ser melhor cuidado, e que além do
saber técnico o saber popular tem grande interferência na recuperação e no cuidado
continuado. As outras equipes também apresentaram e foi enriquecedor visualizar tanta
diversidade cultural e tantas formas de fazer e falar sobra cuidado, alguns apresentaram
em forma de cordel, outros em forma de cruzadas, outros com brincadeiras enfim, com
muita disposição e criatividade.
A noite foi realizado uma apresentação do sistema municipal de saúde da Sobral, pela
professora Hermínia Pontes, mestre em saúde coletiva e professora da escola de saúde
pública de Sobral, que contribui ativamente com as atividades do VERSUS. A
apresentação falou dos aspectos históricos, políticos, culturais e econômicos da cidade e
de
como
esses
fatores
contribuem
para
o
desenvolvimento da saúde publicada região. Essa
palestra reforçou a percepção de que para
compreender a organização do sistema de saúde e
da população das varias cidades brasileiras, é
preciso
conhecer
a
história
e
a
política
Figura 2. Apresentação do Sistema de
Saúde de Sobral.
socioeconômica primeiro.
DIA 13/01/14: Visita a Atenção primária/ Visita aos Equipamentos Sociais/Roda de
Conversa com a Secretária de Saúde do Município e EFSVS/ Filme “Políticas
Públicas de Saúde no Brasil”:
As atividades hoje iniciaram pela manhã e fomos visitar a unidade básica de saúde da
família do bairro Sinhá Sabóia e a Unidade Mista de Saúde (Figura 4), que funciona no
mesmo prédio da unidade básica. Inicialmente achei inovador à proposta de duas
unidades de saúde juntas, minha percepção inicial é que facilitaria o acesso da
população aos dois níveis de atenção, mas acabei concluindo que a proposta causa
tormento entre os usuários que não conseguem distinguir onde funciona a unidade
básica e onde funciona o hospital, assim muitas vezes o hospital (Figura 5) se torna a
porta de entrada da população e não o PSF (Figura 3), prejudicando o fluxo dos atendi
Figura 3. PSF da Unidade.
Figura 4. Fachada Unidade Mista.
Figura 5. Hospital de Unidade.
mentos. Durante a visita nos foi apresentado os espaços de atendimento do PSF (Figura
01) que dispõe de farmácia, ambulatórios, SAME, salas de vacinação, sala de marcação
de consultas e sala de reuniões, os serviços oferecidos e as escalas de profissionais.
Ainda na atenção básica tivemos a oportunidade de conversar sobre o serviço com os
profissionais, os residentes multiprofissionais em saúde da família e os usuários. Dentre
as dificuldades apresentadas pelos funcionários além da dificuldade da população de
distinguir as unidades, estão a resistência da população em participar de atividades de
prevenção e promoção em saúde, as formas de atuar multiprofissionalmente e a
instabilidade profissional, por conta da administração pública, que muitas vezes chega a
quebrar os vínculos dos profissionais com a população por conta da rotatividade dos
profissionais. Os profissionais da administração também expressaram bastante
dificuldade em conseguir transformar o espaço físico da unidade em um lugar mais
organizado, mais acolhedor e humanizado, da
dificuldade em conseguir vagar para realização de
Figura 7. Agentes de Saúde do PSF da
Unidade Mista de Sobral.
exames, de manter o fluxo de remédios na
farmácia. Também conhecemos e participamos de
uma atividade com os Agentes Comunitários de
Saúde (ACSs), que expuseram sua dificuldade em
relação ao trabalho comunitário, a falta de
equipamentos apropriados para o trabalho, a
exposição excessiva ao sol que muitas vezes causam doenças de pele (Figura 6). Mas
também conhecemos pontos positivos e melhoria no serviço, os ACS relataram que
graças à residência, hoje tem um espaço de escuta e convivência no posto com
atividades especializadas com psicólogos e educadores físicos. Os usuários
mencionaram a criação da ouvidoria que é uma forma de participação popular nas
decisões da unidade e de ter sempre transportes para as necessidades da população.
Também me surpreendi, com a disponibilidade de
Figura 6. Ouvidoria PSF Unidade
Mista de sobral.
camisinhas nos corredores da unidade para facilitar o
acesso dos jovens, que muitas vezes tem vergonha de ir
até a farmácia e pedir. A visita à unidade proporcionou
uma reflexão a cerca da necessidade de informação para
população sobre o Sistema de Saúde da cidade, e
principalmente
sobre
a
unidade
e
também
a
percepçãode que pequenas ações fazem a diferença numa unidade de saúde. À tarde
visitamos o equipamento social a Casa São Francisco que é uma instituição filantrópica
de acolhimento de crianças que estão passando por processo adoção. A instituição
trabalha com voluntários e está vinculada ao Hospital Santa Casa Misericórdia e ao
CREAS para ter um controle maior dos casos de abandono e da perda do pátrio poder.
A Casa vive de doações sendo administrada pela organização religiosa SHALOM e de
vinculação com profissionais independentes que oferecem serviços de saúde
voluntariamente, dessa forma sua relação com SUS se limita apenas a serviços de
urgência e emergência e vacinações. A visita causou um impacto emocional intenso
relativo à incapacidade de oferecer o retorno dessas crianças a família que também
tomou uma proporção de reflexão sobre as dinâmicas familiares e da importância que os
pais
independentemente
de
suas
diversas
condições
de
vida
exercem
no
desenvolvimento das crianças. Quanto à estrutura pode se perceber que a casa é bastante
adequada para receber as crianças, dispõem de quartos com decorações lúdicas, espaços
de lazer, com brinquedos variados, espaços para refeições e toda no design de casa, para
oferecer às crianças a sensação de lar e não de instituição. O lazer acontece de forma
regular onde os missionários são responsáveis por entreterem as crianças ao final de
semana com passeios em parques, praças, praias e clube com piscina, sendo esses
passeios financiados por doações que a sociedade oferece a instituição.
Ficou
perceptível tem toda uma preocupação com o processo de desenvolvimento das crianças
e também no processo de adoção. Após essa visita participamos de uma roda de
conversa com o representante da secretária de saúde do município o secretário adjunto
Ivan Júnior, onde ele expôs como se organiza o SUS, nessa discussão ele resaltou as
falhas da atenção primária da cidade e foi questionado sobre os investimentos que
secretária de saúde está fazendo para melhorar o sistema, ele acabou um pouco surpreso
com a pergunta e não me respondeu o que estava fazendo ao certo. Já à noite assistimos
ao filme políticas públicas de saúde no Brasil que relata a história da evolução da saúde
pública no Brasil paralelamente à história política e econômica do país, o filme reforçou
a discussões que vínhamos realizando em grupo sobre as falhas do sistema de saúde.
DIA 14/01/14 - Visita a Atenção Secundária – SAMU/ Central de Marcação
de Consultas - SACS / Roda de Discussão Sobre o Pacto do SUS /Oficina de
Humanização:
As visitas se iniciaram logo pela manhã no SAMU, uma unidade de urgência emergência que funciona em caráter 24 horas, e seu serviço é diferenciado, pois
os mesmo fazem atendimento diretamente onde ocorrem os acidentes. O SAMU
de Sobral conta com equipes compotas por médicos, enfermeiros, técnicos em
enfermagem e motoristas socorristas. O espaço físico da unidade tem formato de
casa, conforme apresenta a figura abaixo, mas respeita a regulamentação e
exigências necessárias para funcionamento. Fique bastante admirada com a
estrutura de casa(Figura 8), pois senti
Figura 8. Fachada do SAMU, casa adaptada.
que essa proposta é extremamente rica,
pois gera conforto para os profissionais
que passam grande parte do tempo na
unidade, mas os mesmos mencionaram a
necessidade de criar um espaço na unidade
para reuniões e treinamentos, já que a casa
embora com uma arquitetura bonita não é
funcional, e não dispõe de um espaço
específico para essas atividades. Quanto aos profissionais todos passam por
treinamento especifico de primeiros socorros e os médicos reguladores e as
atendentes também foram devidamente treinados para identificar corretamente
situações de emergências de chamadas falsas. O que é um grande potencial do
SAMU
diferente
dos
demais
profissionais, pois além da formação
eles têm treinamentos contínuos, o
que deveria ser realizado também nos
outros níveis de atenção e com os
demais profissionais.
O serviço
funciona da seguinte maneira: as
atendentes inicialmente fazem a identificação do paciente e da localização dele,
após isso a chamada é repassada para o médico regulador que lhe fornecer a
instrução necessária até a chegada das ambulâncias. A percepção que tive do
serviço foi de uma equipe profissional de excelência, bem preparada que na
maioria das vezes não se permitem errar e procuram sempre atuar de forma
rápida e eficiente, porém essa excelência muitas vezes acaba expondo os
profissionais a situações de frustrações, pois os mesmos vivenciam situações
extremas, de muita pressão e de perdas e não dispõem um profissional de saúde
mental para cuidar dessas frustrações e também como mencionaram os
profissionais de plantão dos tempos ociosos na unidade. O SAMU dispõe de
duas ambulâncias básicas (Figura 9) (que não necessita de médico) uma
avançada (que necessita de médico) e uma motolância que oferece suporte as
ambulâncias, pois tem mais facilidade de acesso por ser uma moto. O serviço
informou que estão sempre abastecidos com equipamentos necessários assim
como medicação e que a única dificuldade do serviço, são as excessivas
chamadas falsas, e a falta de educação em saúde para com a população o que
reflete no número de acidentes que as pessoas são acometidas no ambiente
doméstico. Além disso, a equipe comentou que o transito muitas vezes
atrapalham os atendimentos, pois a população ainda resiste em dar passagem às
ambulâncias. Pensando nisso a equipe tem realizado ações educativas de
conscientização nas escolas para diminuir a chamadas falsas e de manejo no
transito com a população em geral. Já no período da tarde visitamos a central de
marcação de consultas, que é composta por cinco atendentes sendo quatro
responsáveis por agendar para diversos locais com o sistema DATASUS e um
exclusivo para atender às solicitações da Policlínica, sistema SISREG. As
consultas marcadas na central são agendadas para no máximo 15 dias, sendo que
algumas especialidades há uma demanda acima do número de vagas disponíveis
pelo sistema prejudicando assim a população que necessita desse atendimento
deixando uma lacuna e muitas vezes aumentando o grau de complexidade da
patologia. Observamos uma fragilidade entre a comunicação dos distritos até a
central por linhas telefônicas que ficam congestionadas principalmente pela
manhã fincando impossível realizar agendamentos nesse horário. É notório que a
demanda oferecida pela policlínica é reduzida, pois a mesma disponibiliza aos
usuários apenas mensalmente um valor fixo sendo que algumas unidades não
conseguem nenhum atendimento em determinadas áreas. Enfim, a minha
percepção que ainda falta muito para o serviço atender todas as demandas e que
é uma atividade muito cansativa e mecânica (Figura 11), que deve gerar
malefícios futuros aos profissionais de marcação.
Ainda no período da tarde aconteceu uma palestra expositiva com o tema Gestão em
Saúde ministrada pelo Enf. Meykel Gomes coordenador de uma das cinco Macro-áreas
de Sobral. A palestra começou explanando sobre as leis de regulamentação do SUS e
participação popular na gestão e o decreto da reafirmação do SUS, logo surgiu dúvidas
sobre o processo de reafirmação do decreto as leis 8080 e 8142, se não funcionavam de
forma correta e as dificuldades de implementação do planejamento do sistema. O
decreto veio como forma de articulação para efetivação e consolidação dos princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde, sendo elas descentralização, integralidade e
regionalização. Notamos uma contribuição dentro do sistema depois que as leis
entraram em vigor, a punição de alguns gestores que agem de agem de má fé. A palestra
foi riquíssima, pois me forneceu informações novas e uma compreensão bem maior
sobre o controle das ações governamentais municipais. As atividades da noite foram
ótimas, pois aliviaram a tensão que a imersão estava causando nos participantes,
trabalhamos com as praticas corporais, que me remeteu ao trabalho grupal com crianças,
as atividades foram aplicada por um dos participantes que desenvolveu de forma lúdica
as ações e buscou nessa perspectiva trazer o nosso lado criança, o que foi extremamente
relaxante, além de divertido. Logo após as práticas corporais, recebemos a visita do Arte
Educador Zeca responsável pelo GTI de Educação Popular em Saúde da Escola de
formação em saúde Visconde de Sabóia. Primeiramente foi feito uma roda com todos
os participantes para que todos se apresentassem e falassem de si e de suas expectativas,
para isso ele distribuiu entre as mesmas cartas que tinham como temáticas adjetivos, e
cada participante mencionavam se ele tinha ou não aquele adjetivo. O interessante é que
com gestos simples de escuta Zeca conseguiu proporcionar reflexões riquíssimas, sobre
a importância das virtudes quando se trabalha com saúde. A metodologia resgatou
alguns princípios como a adoção do respeito ao outro, da escuta e da partilha, sendo de
fundamental importância para se trabalhar com os coletivos.
DIA 15/01/14 – Visita a Atenção terciária: Hospital do Coração/ Tarde: Farmácia
de medicamentos especializados/ Caso de Apoio Madre Rosa Gattorno:
No período da manhã do dia 15/01/2014 visitamos o hospital do coração (HC) na qual
fomos atendidos pela enfermeira Anne que ficou responsável por mostrar toda a
instituição e seus serviços. Logo no primeiro contato percebemos a organização dos
funcionários nos corredores para direcionar os usuários para suas respectivas consultas.
Um aspecto positivo que observamos no HC foi a pouca diferença entre o sistema único
de saúde (SUS) e o convenio já que esta é uma instituição filantrópica e atende 92%
pelo SUS. Percebemos que no Hospital do coração visa a humanização com os usuários,
pois utilizam da música para o relaxamento dos pacientes e da religiosidade pois nos
dias de terça e quinta há celebrações de missa para os usuários e profissionais,
demonstrando atenção do hospital e respeitando os usuários em suas singularidades.
Um momento bastante importante foi poder conhecer o hospital e admirar o
atendimento do SUS, um atendimento único e de forma diferenciada que busca
humanização, além de respeitar o principio da equidade. Outro aspecto de destaque foi a
educação permanente que os profissionais tem todo mês, e reuniões diárias dos gestores
para o aperfeiçoamento da instituição. O hospital possui apenas a especialidade
cardíaca, que a atende da criança ao idoso geralmente com indicação do CSF ou do
especialista, mais nos casos de urgência e emergência o usuário é atendido
imediatamente. No hospital possui dois tipos de UTI a primeira com dez leitos e a
segunda com doze. A enfermaria é toda padronizada possuindo no total de vinte leitos
na qual os profissionais têm acesso entre uma enfermaria e outra com sistema de
segurança com senhas para agilizar o deslocamento do profissional da área além de
possuir uma sala de visitas sendo importante frisar que há uma orientação para
visitantes das regras da instituição. No período da tarde iniciamos com a visita a
Farmácia de Medicamentos Especiais, onde fomos recebidos pela farmacêutica Lidiana
que nos apresentou como acontece à distribuição de medicamentos disponibilizada pelo
ministério da Saúde. Ela começou falando um pouco como acontece a recepção dos
usuários e a recebimento dos medicamentos pelo os mesmos, além da atenção
farmacêutica que é prestada aos usuários e as principais dificuldades. Na atenção
farmacêutica, Lidiana juntamente com outro farmacêutico recebem os pacientes que
precisam ser orientados sobre a medicação, principalmente quando é o primeiro
atendimento, onde o paciente não tem noção dos efeitos que o os medicamentos causam
e daí a importância de receber essa atenção, demonstrando um serviço humanizado da
profissional. Ainda foi falado sobre o novo sistema de regulação de dispersação de
medicamentos que é o ORUS, sistema na qual se pede exames regularmente para
entrega dos medicamentos, caso paciente não entregue o exame ele não consegue
adquiri-los dessa forma o tratamento será interrompido já que alguns desses
medicamentos só estão disponíveis no SUS. A implantação deste sistema de regulação
causara um impacto tremendo em outros níveis de atenção como a central de marcação
de exames, já que exigira uma demanda maior de exames sendo que hoje o sistema já
sofre com problemas atendimento para os usuários, deduzimos então que talvez esse
sistema não fosses uma alternativa de extrema importância a ser aplicado hoje no
sistema de dispersação de medicamentos especiais.
Durante a tarde a visita foi realizada na instituição Ana Rosa Gartornno, que é uma casa
de apoio de caráter filantrópico, a pessoas portadoras do vírus HVI/AIDS, que funciona
a partir do incentivo do governo federal,
estadual e de contribuições da população e
instituições
privadas.
A
casa
atende
a
macrorregião de Sobral e algumas cidades do
Piauí e Maranhão, e oferece serviços de
hospedagem temporária a paciente que vem de
outras cidades fazer tratamento mensal. Essa
iniciativa se deu porque quando se iniciou o serviço de tratamento para HIV/AIDS na
cidade, diversos pacientes que vinham de longe realizar os exames e receber medicação,
não tinham condições financeiras de custear hospedagem e alimentação, e, portanto
ficava exposta a violência nas ruas durante o período da noite. Hoje a casa atende cerca
de 250 pacientes mensalmente, sendo sua capacidade apenas de 30 leitos. A casa conta
com pacientes adultos e infantis, porém depois que foi implantado o projeto hoje o
número de contaminação horizontal é mínimo, já que todas as gestantes portadoras do
vírus são assistidas de forma integral pela casa e pelo serviço de saúde. Os voluntários
da casa também realizam juntos a profissionais projetos de prevenção, orientação e
ajuda mutua, tanto em escolas quanto na própria casa, acerca da vida sexual ativa, sem
contaminação, e de como manter uma vida produtiva em sociedade. A organização da
casa também mencionou a responsabilidade de proporcionar esclarecimento e também
apoio social as famílias dos pacientes, para isso eles realizam doações de cestas básicas
para que os pacientes mantenham uma alimentação saudável reduzindo os efeitos
colaterais da medicação, também proporcionam apoio psicológico para os pacientes e
momentos de lazer anuais, entre eles dia da criança, dia das mães e dos pais, páscoa e
natal, com o objetivo de fortalecer os vínculos familiares. Minha percepção durante a
visita foi a de que a casa enfrenta muitas dificuldades, e que enfrentam muito
preconceito da população ainda, que acaba interferindo em suas vidas pessoais. Mas
fiquei contente, pois mesmo com todas as dificuldades financeiras e de preconceito os
voluntários tratam a questão da AIDS com muito bom humor, respeito, responsabilidade
e acima de tudo dedicação. Ainda há uma grande necessidade de incentivos, de apoio
psicológico, sociais e financeiros para com os mesmos.
DIA 16/01/14 - Visita a vigilância epidemiológica / Dança circulares / Roda de
conversa com os residentes sobre formação em saúde: A visita da manhã de hoje foi
realizada na vigilância epidemiológica, que tem como principais ações vigiar, orientar e
notificar,
situações
contaminação
epidemiológica
a
que
gerem
população.
está
A
intimamente
risco
de
vigilância
ligada
à
secretaria de saúde, pois as duas atuam juntas em
casos de controle de contaminações. Ela conta
com uma equipe de enfermeiros que são
responsáveis pelo controle da: sífilis, tuberculose,
hanseníase, diarreias, infecções respiratórias e violência. Esses profissionais também
fazem controle da população diabética e hipertensa da cidade. A unidade possui a
notificação compulsória, que ocorre semanalmente e a imediata que ocorre a qualquer
momento, quando o risco de contaminação é muito elevado. As notificações são vindas
das unidades básica de saúde, e, portanto elas que realizam o bloqueio, mas a vigilância
auxilia os procedimentos iniciais, quando a unidade ainda não tem experiência no
bloqueio especifico. Minha percepção a cerca do serviço, é a de que é um trabalho
muito importante, mas também muito árduo e preocupante, me pareceu funcionar bem
os profissionais se mostraram bastante experientes e eficientes. Também percebi que o
espaço é bastante propicio para pesquisas e que os profissionais se mostraram bastante
incentivadores e abertos para receber pesquisadores que queiram usar seus dados.
Durante a tarde tivemos uma oficina de danças circulares com o arte educador Zeca, que
já havia estado conosco em um momento anterior, no primeiro momento foi feita uma
reflexão sobre a importância das danças de roda no contexto da saúde, da contribuição
das mais diversas culturas nos movimentos realizados na dança e também dos
elementos naturais no contexto da cura pela dança. Também foram discutidos os
benefícios que ela pode trazer, nos aspectos físicos, mental e espiritual dos indivíduos,
que praticam e como ela é uma meio eficiente de educar para saúde. Assim após as
discussões fomos convidados a participar das
danças, o Zeca fez um trabalho incrível, sempre esclarecendo a historia e o contexto de
cada música e coreografia e a dança teve um efeito bastante terapêutico, melhorou todas
as tensões que eu estava sentindo por conta da imersão, gerou um conforto emocional
durante o processo, e o meu corpo respondeu de forma positiva todo o processo, foi pra
inacreditável o efeito que obtive. Com isso pude perceber vivencialmente o quanto o
saber popular tem poder sobre a cura. A integração coletiva e ao mesmo tempo a
entrega dos participantes é tão positiva, tão natural há um aproveitamento satisfatório do
momento. Após as danças foi feita uma dinâmica onde foi trabalhada a
Multiprofissionalidade com todo o grupo conhecendo as profissões um do outro, sendo
exposta de forma criativa a área de atuação de cada categoria, essa atividade foi
acrescentou bastante, pois conhecemos de fato as varias profissões de saúde, e percebi
também o quanto eu estava desatenta em não procurar saber antes o que os profissionais
da saúde fazem, e isso,dificulta muito o trabalho multiprofissional e também interfere
no plano terapêutico dos pacientes. No período da
noite tivemos uma roda de conversa com os
Figura 9. Objetos utilizados na oficina de
danças circulares.
residentes de saúde da família e saúde mental
sobre a formação em saúde e a importância dos movimentos estudantil. Na fala dos
residentes foi explanada a forma de atuação dos profissionais nos territórios, que segue
um princípio de 60 horas semanais sendo 40 horas praticas e 20 horas teóricas, a forma
como é organizada essas vivências e onde o contexto de educação permanente está
bastante presente na residência. Em todas as falas foi ressaltada a importância da
educação permanente, pois permanece em educação em saúde com atualizações e
compartilhamentos de conhecimentos, assim levando a qualificação da atenção para o
usuário. Outro ponto importante foi o principio da Multiprofissionalidade que a
residência possui, pois é uma forma de está mais presente no processo terapêutico do
usuário, visando o cuidado mais integral e ultrapassado o modelo biomédico. Ainda foi
relatado as dificuldade que os residentes aos profissionais de saúde mental estão
passando, por conta da falta de profissionais e equipamentos adequados para tratar esses
pacientes e então foi falado da luta por um serviço completo, com qualidade e
profissionalidade , além de boas políticas para esse público.As dificuldade da saúde
mental, me geraram muito desconforto, pois vejo isso como uma regressão da cidade de
sobral, e até acho um descaso dos governantes,para com esses pacientes,pois a cidade já
enfrenta um histórico marcado pelo descuido com a rede de saúde mental, então deveria
ter um olhar mais humanizado.Esses debates me geraram muita tristeza durante toda
imersão.
DIA 17/01/14 - Visita ao COAS / Roda de conversa de discussão de gênero / Oficina
de Educação Popular / Celebração Ecumênica:
Hoje iniciamos o dia com uma visita ao COAS onde nos foi citado os profissionais que
fazem parte da organização do serviço sendo eles enfermeiros, assistente social,
psicólogo, bioquímico, farmacêutica, pediatria e ginecologista. É de fundamental
importância a participação de cada um no processo de saúde-doença dos portadores de
HIV/AIDS e de está praticando humanização dentro do sistema. Porém o COAS trata
não só de portadores HIV+, mas também de DSTs e prevenção-promoção da saúde, pois
todos tem o direito de esta procurando o centro e fazendo o seu teste rápido para
sorologia positiva, VDRL e hepatite. O centro é dividido por consultório, recepção e
recentemente foi criada por doação uma brinquedoteca, além de disponibilizar uma
assistência farmacêutica própria. As orientações são feitas para utilização de
preservativo e admissão de métodos contraceptivos. Através da humanização é feito o
suporte psicológico que e de extrema importância por contribuir para que o paciente
possa se aceitar e possa conviver com a sociedade como endivido normais sendo esses
uns dos principais focos. É também os aspectos sociais, aprendendo a conviver com o
outro onde a família tem um papel importante no processo de recuperação social de
convívio com as pessoas de sua comunidade. O principal desafio do serviço é adesão do
paciente em tratamento e o uso de drogas por esses portadores, o que acaba sendo um
campo de discussões e que os equipamentos sócios e judiciários deveriam oferecer um
suporte maior, e também contribuir com o planejamento de ações para esses casos.
Logo após fomos a Escola de saúde da Família para uma roda de conversa sobre
discussão de gênero e sexualidade com as professoras Dra.Val e Mestranda Nora das
ciências sociais. O debate foi importante para entender o processo de diversidade da
humanidade com seus conceitos e complexidades, além dos enfretamentos encontrados
por essas pessoas que se enquadram nesse modelo de diversidade e como podemos estar
contribuindo. A presente proposta tem por objetivo promover o debate no campo da
saúde em torno das desigualdades de gênero, bem como discutir e aprofundar os temas
relativos à sexualidade, especialmente no que diz respeito à construção das identidades
sexuais. Tratou-se de discutir as relações de poder que se estabelecem socialmente, a
partir de concepções naturalizadas em torno das masculinidades e feminilidades. As
expectativas sociais e culturais depositadas em meninos e meninas, homens e mulheres,
quando não atendidas, geram violências de toda a ordem. E então percebi que a saúde,
como um espaço social importante de formação dos sujeitos, tem um papel primordial
na luta contra essas relações de poder, contra a discriminação e principalmente a favor
do enfrentamento das dificuldades que são impostas para essas pessoas. À noite tivemos
uma celebração ecumênica facilitada pelo Arte educador Zeca e com a participação de
alguns integrantes de religiões diversificadas, expondo seus pontos de vista, culturas e
espiritualidade, visando às questões que cada uma tem
em particular, ressaltando sempre o respeito, as
opiniões contrarias e a crença em um mesmo ser
supremo. Percebemos a importância desta celebração,
visto que vivemos em uma sociedade de diversas
crenças, valores singulares ou até mesmo valores
invertidos. Observamos que o preconceito ainda é
grande em relação à religiões que não estão no padrão
tradicional imposto pela a sociedade, onde indivíduos que professam tal religião sofrem
descriminação, esse momento teve um papel fundamental na construção do saber e a
quebra de alguns paradigmas, também contribuiu para a compreensão da minha
identidade religiosa que até então era um pouco confusa pra mim, e que esse momento
tomou um vertente bastante esclarecedora.
DIA 18/01/14 – Visita ao Projeto Cabra Nossa (Comunidade de São Domingo) /
Criação do livro de saberes popular:Conhecemos o projeto Cabra Nossa de Cada Dia,
nome dado é uma alusão da oração Pai nosso, onde expressa o alimento a pessoas
carentes daquela comunidade. Criado em 1993 pelo padre João Batista Frota, que viu a
necessidade de várias famílias em um período de grande seca no sertão do Ceará. Viu na
criação de cabras a solução para a fome e a desnutrição das crianças recém-nascidas. Na
comunidade também foi implantado o projeto mandala uma horta redonda em vários
círculos com vegetais, hortaliças e frutos diversificados. O projeto tem por objetivo a
alimentação balanceada e de qualidade sem o uso de agrotóxico para as famílias da
comunidade, visando sempre o respeito pela natureza, incentivando o desenvolvimento
socioeconômico e o trabalho coletivo integrando tanto homens e mulheres. Observamos
que a comunidade é bem organizada com o conselho comunitário atuante e estruturada,
buscando sempre a melhoria das famílias numa visão geral, sendo proibido totalmente o
uso de drogas ilícitas, onde predomina uma agricultura familiar e piscicultura sendo que
todos os trabalhadores da horta têm o direito à produção, outro grande aspecto foram os
resultados com a diminuição das doenças infantis, recuperação da auto-estima e o
crescimento do espírito comunitário. O trabalho na fazenda é bastante árduo, a
comunidade é bem simples, mas extremamente acolhedora, com princípios de
responsabilidade social, e o mais importante é muito unida, conseguem tomar decisões
de maneira coletiva e visam bastante à questão da convivência entre seus membros.
Durante a tarde tivemos uma discussão sobre educação popular em saúde com o grupo,
varias pessoas se manifestaram levantando seus conceitos em relação à educação
popular, onde na qual muito apresentaram provérbios de suas referentes cidades em
relação à saúde. De acordo com a criatividade do grupo, foi montado um livro com
matérias artístico a fim de demonstrar a importância da educação popular que é
repassada de geração para geração e como ela se relaciona hoje com saúde nos tempos
modernos que se constitui de uma alta tecnologia. A partir da discussão foi possível
analisar a importância dessa cultura está incluído na atenção básica como forma de
auxilio no tratamento de doenças em territórios rurais, como no caso das rezadeiras que
tem uma ligação direta com CSF do município tratando a criança com reza e associado
ao soro, contribuindo assim com adesão do tratamento instituído pelo ministério da
saúde, mas sem perda de identidade da educação cultural em saúde na comunidade.
DIA 19/01/14 – Vivência da saúde Indígena (visita a Aldeia de Almofala em
Itarema):
A visita de hoje foi realizada na aldeia dos Tremembé localizada na cidade de ItaremaCe. Fomos recepcionados pela enfermeira e responsável pelo PSF da tribo e pela Agente
de Saúde Indígena (AIS), que nos apresentaram a unidade de saúde assim como, os
métodos utilizados para cuidar da saúde dos povos indígenas. Elas relataram que esses
métodos são utilizados conjuntamente com a medicina tradicional da tribo e percebemos
que essa não é apenas uma para se aproximar da população, mas uma forma de manter o
patrimônio cultural da tribo, além disso, e pelos resultados percebemos que essa
também é uma maneira de potencializar o cuidado em saúde. A saúde indígena é
diferenciada, pois o calendário de vacina é diferente das outras raças e as crianças são
acompanhadas pelas agentes indígenas de saúde (AIS) até os 5 anos de idade. Durante a
conversa, percebemos que a AIS tem um papel de liderança muito significativo na tribo,
e tanto ela como a enfermeira colocaram que a atuação tanto de uma como da outra é
marcada pela mediação e que embora as decisões sejam tomadas todas em consenso
com tribo inteira vezes é difícil ir contra, mesmo que necessário, as opiniões da tribo.
Elas ressaltaram que ainda é muito marcante os estereótipos e que por conta disso a
participação social em outras localidades fica dificultada. Durante toda conversa
percebemos que eles são muitos conhecedores dos seus direitos e democráticos, lutam
pelos seus objetivos coletivos e mesmo com dificuldades
buscam manter sua cultura. A tribo perdeu sua língua mãe, mas
ainda mantém seus rituais e cantos e nas escolas eles buscam
manter e recuperar sua cultura através do repasse de seus os
valores e a da cultura popular de cada tribo. A comunidade tem
vinculo pequeno com a prefeitura, pois suas ações são
pactuadas com o SESAI, mas opinam bastante sobre a política
da localidade. Por fim eles colocaram que hoje o maior
problema da tribo está associado a falta de segurança publica e ao uso de abusivo de
drogas, pois somente a policia federal é quem pode estar atuando na área. Fiquei muito
feliz de ter a oportunidade de conhecer a tribo e a cultura indígena que até então não
tinha, é uma cultura muito rica em aspectos simbólicos e um campo maravilhoso para
pesquisas. Também fiquei muito contente pelos incentivos governamentais que a tribo
tem recebido.
DIA 20/01/14 – Visita ao Conselho Municipal da saúde / ASTRAS (Associação
Sobralense das trabalhadoras do Sexo) / Discussão sobre a reforma psiquiátrica /
Oficina de massoterapia e Biodança: A visita ao Conselho Municipal De Saúde foi
muito esclarecedora, pois os profissionais nos repassaram de forma extremamente
didática as atividades que lá realizam. É uma unidade que teve inicio a partir da
efetivação do SUS e tem como objetivo fiscalizar e garantir os direitos dos usuários do
sistema único de saúde. Ele é regimentado por leis e sua formação está distribuída em
50% de usuários, 25% governamental e 25%trabalhadores de saúde. O conselho
funciona juntamente com os conselhos locais de saúde e desenvolvimento social, e
valoriza bastante a participação da população nas decisões, afinal eles colocaram que
esse é o principal intuito do serviço. O conselho embora representando a voz da
população
não
tem
autonomia
para
escolher
os
representantes governamentais que ali participam, e isso me
gerou um certo desconforto, pois é uma possibilidade de o
governo
continuar
reproduzindo
sua
praticas
de
manipulação no órgão municipais. Minha percepção a cerca
do serviço é de que ele representa de fato os interesses
populares, tem uma postura militante e um vasto
conhecimento a cerca da saúde pública, o que de certa forma
gerou confiança, principalmente em saber que eles se preocupam com a acessibilidade
da população as informações e em cumprir a lei e as diretrizes do SUS. Pela tarde
visitamos a Associação Sobralense das Trabalhadoras do Sexo (ASTRAS), a qual fiquei
encantada, não pelos incentivos financeiros que elas recebem, que são mínimos, mas
pela coragem e iniciativa da representante da associação. É uma entidade sem fins
lucrativos, com parceria da prefeitura e governo estadual e tem como objetivo trabalhar
a promoção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Para isso elas realizam
orientações, distribuição de preservativos, distribuição de alimentos para famílias mais
carentes do bairro, visto que elas estão exporta a direitamente a fatores de
vulnerabilidade social. Mas percebi que ainda falta incentivo da prefeitura e parceria
com os órgão jurídicos, pois as mesmas enfrentam os mais variados tipo de violência.
Além disso, ainda há um fator de discriminação e preconceito muito forte, que acaba
interferindo nas ações da associação com a comunidade. A visita ao CAPS deixou
evidente que sua criação representa o marco da Reforma Psiquiátrica no município, pois
possibilitou a inversão do modelo hospitalocêntrico, marcado pela segregação e
asilamento, para um modelo extra-hospitalar, comunitário e propiciador da inclusão
social da pessoa com transtorno mental. Porém hoje o CAPS assim como toda saúde
mental da cidade vem passando por dificuldades em relação a estrutura do local,
desvalorização dos profissionais, faltas de medicações e estrutura adequada para o
tratamento dos usuários, e o que percebi na fala dos profissionais é que embora eles
estejam lutando muito, o município tem apresentado um resistência muito forte frente a
esses movimentos, e acabamos todos ficando sem respostas concretas do que será feito
para melhorar o sistema de fato. À noite tivemos uma oficina de massoterapia com os
regressos fisioterapeutas do ver-sus onde trabalhamos a coletividade, confiança e o
respeito um pelo outro. Os acadêmicos ficaram em dupla e sob orientação realizaram
massagem um no outro visando o bem estar e o equilíbrio físico e mental. Após a
massoterapia tivemos um momento com o psicólogo Gilmário que trouxe a proposta da
biodança, que se refere à dança da vida, na qual o individuo aprende a conhecer seu
próprio corpo, trabalhando com o toque e mostrando assim a importância da
coletividade, espiritualidade em meio ao grupo permitindo de tal forma a integralização
do coletivo. As atividades na minha concepção ressaltaram a importância do contato
com o próximo e consigo mesmo, no tocar, no sentir o outro das suas mais diversas
formas e tudo isso traz a afetividade que temos a tona, e também proporcionou a
reflexão do entender as manifestações do corpo do outro e do seu próprio corpo.
DIA 21/01/14 – Visita Fazenda Boa Esperança / Equipamentos sociais: CRAS Alto
Novo / Avaliação do PROJETO VER-SUS:
A fazenda boa esperança é um equipamento social que funciona na modalidade de
residência terapêutica para usuários de álcool e outras drogas que desejem se reabilitar.
Ela é uma instituição associada a igreja católica e trabalha diferente dos CAPS pois ela
não é a favor do método de redução de danos e usa a espiritualidade como condutor de
recuperação, pois segundo eles e de maneira resumida, ela proporciona autonomia,
responsabilização de si próprio, respeito e a recuperação dos laços afetivos dos sujeitos.
Ela se utiliza também da laborterapia voltada para agricultura e pecuárias assim como
para o artesanato e com a proposta de convivência em residências que funcionam dentro
da fazenda. Por assumir uma postura diferenciada dos
CAPS a administração relatou um certo impasse com
mesmos, pois relataram que os profissionais de saúde
mental julgam o trabalho realizado. Embora com um
enfoque interventivo a casa realiza atividades de prevenção
em escolas, empresas e igrejas, com os depoimentos dos
reabilitando e reabilitados. A casa é mantida pela igreja
católica, doações de varias empresas e demonstra ser bem estruturada fisicamente, os
responsáveis realizam um serviço voluntários e os trabalhos realizados pelos
habilitandos na agricultura e artesanato servem como geração de renda para sua
famílias, que na minha opinião é uma proposta muito boa, pois os mesmos deixam de
lado a percepção de que só preocupam ou trazem prejuízos para família, mas se tornam
representantes ativos de geração de renda do lar. Mas continuo acreditando que o
tratamento sem a redução de danos se torna bem mais difícil e doloroso, mas acredito
que seja possível sim, a casa oferece muito acolhimento, conforto, geração e
recuperação de vínculos familiares, até porque quem sabe o que é melhor pra si é o
paciente e a residência é mais uma opção que a população tem durante o processo de
reabilitação. Na tarde fomos visitamos o Centro de Referencia da Assistência Social
(CRAS), no bairro Alto Novo onde o objetivo com o objetivo de conhecer a rede
sociassistêncial do município. A unidade não funciona em casa adaptada, mas possui
um modelo próprio e suas ações vão desde o acompanhamento familiar, atendimentos
psicossociais, programa de atualização e inscrição de famílias no programa bolsa
família, grupos de crianças, oficinas de artesanato a parceria com o pronatec. Mas como
uma realidade frequente nos CRASs, é perceptível certo descontentamento com as ações
que são bastante prolongadas e com a dificuldade de participação da população. Na
ultima noite de terça-feira, aconteceu à avaliação final do VER-SUS 2014.1, onde foi
aberta uma roda de discussão para que pudéssemos avaliar o projeto em suas diferentes
dimensões, mas também avaliar nossa participação. No inicio da avaliação foi criado
um circulo onde todos os membros pudessem socializar suas visões em relação ao
projeto, e em um segundo momento nos avaliarmos e falar um pouco da contribuição
dos outros. O VERSUS para mim foi um processo de desconstrução e de construções de
novos conceitos referentes ao sistema único, mas também de cultura e de
relacionamentos. Foi muito rico os aprendizados, conheci coisas novas que levarei para
minha cidade com certeza e mais que isso levarei para sempre o crescimento pessoal da
convivência em grupo.
Não tive muito que reclamar de minha participação, pois
aproveitei o máximo todos os momentos e esclarecimentos, e também fiquei muito
contente por todos os meus colegas participaram tão ativamente quanto eu.
DIA 22/01/14 – Visita a Fábrica de Nutrilite / Assentamento Val Paraíso
Hoje a visita foi à Fábrica Nutrilite, uma instituição está localizada na zona rural de
Ubajara-Ce próximo ao açude Jaburu, e é uma das maiores fonte de empregabilidade da
região, sua produção está relacionada à produção de matéria prima de vitamina C que é
distribuída internacionalmente. O objetivo de conhecermos a fábrica é que a mesma tem
uma excelente metodologia no que diz respeito à saúde de seus trabalhadores e a relação
da produção com o adoecimento. O sistema de saúde da empresa funciona de forma
privada e vinculado à planos de saúde, e
oferece alem de atendimentos clínicos,
prevenção
e
promoção
a
saúde
aos
colaboradores sendo a equipe formada por
um Médico, um enfermeiro e uma auxiliar de
enfermagem. Também dispões de uma
equipe treinada nos casos de acidentes de
trabalho. Notei que a empresa demonstra
bastante investimento e preocupação com a
saúde de seus trabalhadores e que está muito bem equipada quanto ao corpo de
profissionais e equipamentos em todos os aspectos, porém senti falta na apresentação de
esclarecimentos mais específicos sobre as ações desenvolvidas nas atividades de
prevenção e promoção de saúde. À tarde visitamos o assentamento Val Paraíso onde
fomos recebidos pelos lideres comunitários locais que nos explanaram toda a história do
surgimento da comunidade. O assentamento deu-se inicio com a doação da terra do atua
Bispo então de Tiangua para o INCRA (Instituto Nacional...) no ano 1988, sendo que ao
mesmo tempo estava sendo construído o açude de Jaburu que incentivou a lutas entre os
agricultores e fazendeiros pelos direitos do território. Eles comentaram que houve
bastante enfrentamento político n época e que foi difícil se estabelecerem. Resaltaram
também a importância dos líderes comunitários manterem o bom convívio do
assentamento e de sempre permitir que a comunidade faça parte de fato das decisões
serem tomadas. Hoje eles têm uma escola técnica agrícola, cooperativa que tem um
relacionamento direto com uma fábrica multinacional Nutrilite, casa da memória e
território cultural onde eles valorizam muito suas raízes, pois promovem festivais de
grande magnitude a fim de provocar uma sensibilização da comunidade para que
possam manter sua cultura.Durante a visita percebi que embora os lideres comunitários
não tenham um nível elevado de escolaridade, são bastante conhecedores de seus direito
e das políticas nacionais e que ainda tem bastante dificuldades relativas a saúde da
comunidade, pois o mesmo não possui PSF e o que acompanha o assentamento é muito
longe e acaba limitando o acesso dos mesmo por falta de transporte.
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