SISTEMATIZAÇÂO INDIVIDUAL 2014.1 HERLENY MOREIRA RIOS SOBRAL-2014 DIA 12/01/14: Acolhimento e Formação dos Participantes: Inicialmente fomos recebidos e acolhidos pela comissão VERSUS 2014, que realizou uma dinâmica com os integrantes dessa edição, com intuito de estabelecer um vinculo inicial e de apresentar o programa, assim como, retirar dúvidas e fornecer esclarecimento sobre as atividades que seriam desenvolvidas, sobre as devolutivas, e sistematizações. Essa dinâmica foi essencialmente importante, pois gerou um espaço acolhimento muito agradável, principalmente para mim que estava chagando de uma cidade distante e vivenciando uma realidade de imersão totalmente nova. A comissão organizadora transmitiu muita confiança e afeto entre grupo. Depois da dinâmica de acolhida foi construído um pacto de convivência entre os participantes, com o objetivo de estabelecer regras que facilitassem o convívio entre os membros durante a imersão, essa atividade tomou um espaço bastante coletivo, onde as decisões foram tomadas como bastante coerência, respeito, dinamicidade e principalmente capacidade de mediação entre os grupos. Além disso, o VERSUS preza muito pela proposta de tomadas de decisões coletivas, e essa metodologia foi extremamente rica para minha formação tanto profissional quanto pessoal, pois trabalhar no sistema único de saúde e com as Figura 1. Acolhimento dos participantes da edição. coletividades requer habilidades de trabalhar em grupo e de tomar decisões em grupo, em equipes multiprofissionais e confesso que minha formação ainda era ineficiente no que diz respeito a trabalho em equipe. Durante a tarde foi realizada a leitura do caderno VERSUS, que tratou sobre o cuidado em saúde, as leituras foram realizadas por equipes, e cada equipe apresentou de forma criativa a temática. Minha equipe apresentou o cuidado em forma de teatro, na qual representamos a relação do saber técnico e dos saberes populares, no SUS. De maneira engraçada, apresentamos varias situações de atendimentos, uns que favoreciam a relação entre os dois saberes, e outras que não, com objetivo de proporcionar reflexões a cerca das formas de cuidar. Essa atividade ao fim nos proporcionou além das conclusões sobre as formas de atuar no SUS a percepção de que o cuidador também deveria ser melhor cuidado, e que além do saber técnico o saber popular tem grande interferência na recuperação e no cuidado continuado. As outras equipes também apresentaram e foi enriquecedor visualizar tanta diversidade cultural e tantas formas de fazer e falar sobra cuidado, alguns apresentaram em forma de cordel, outros em forma de cruzadas, outros com brincadeiras enfim, com muita disposição e criatividade. A noite foi realizado uma apresentação do sistema municipal de saúde da Sobral, pela professora Hermínia Pontes, mestre em saúde coletiva e professora da escola de saúde pública de Sobral, que contribui ativamente com as atividades do VERSUS. A apresentação falou dos aspectos históricos, políticos, culturais e econômicos da cidade e de como esses fatores contribuem para o desenvolvimento da saúde publicada região. Essa palestra reforçou a percepção de que para compreender a organização do sistema de saúde e da população das varias cidades brasileiras, é preciso conhecer a história e a política Figura 2. Apresentação do Sistema de Saúde de Sobral. socioeconômica primeiro. DIA 13/01/14: Visita a Atenção primária/ Visita aos Equipamentos Sociais/Roda de Conversa com a Secretária de Saúde do Município e EFSVS/ Filme “Políticas Públicas de Saúde no Brasil”: As atividades hoje iniciaram pela manhã e fomos visitar a unidade básica de saúde da família do bairro Sinhá Sabóia e a Unidade Mista de Saúde (Figura 4), que funciona no mesmo prédio da unidade básica. Inicialmente achei inovador à proposta de duas unidades de saúde juntas, minha percepção inicial é que facilitaria o acesso da população aos dois níveis de atenção, mas acabei concluindo que a proposta causa tormento entre os usuários que não conseguem distinguir onde funciona a unidade básica e onde funciona o hospital, assim muitas vezes o hospital (Figura 5) se torna a porta de entrada da população e não o PSF (Figura 3), prejudicando o fluxo dos atendi Figura 3. PSF da Unidade. Figura 4. Fachada Unidade Mista. Figura 5. Hospital de Unidade. mentos. Durante a visita nos foi apresentado os espaços de atendimento do PSF (Figura 01) que dispõe de farmácia, ambulatórios, SAME, salas de vacinação, sala de marcação de consultas e sala de reuniões, os serviços oferecidos e as escalas de profissionais. Ainda na atenção básica tivemos a oportunidade de conversar sobre o serviço com os profissionais, os residentes multiprofissionais em saúde da família e os usuários. Dentre as dificuldades apresentadas pelos funcionários além da dificuldade da população de distinguir as unidades, estão a resistência da população em participar de atividades de prevenção e promoção em saúde, as formas de atuar multiprofissionalmente e a instabilidade profissional, por conta da administração pública, que muitas vezes chega a quebrar os vínculos dos profissionais com a população por conta da rotatividade dos profissionais. Os profissionais da administração também expressaram bastante dificuldade em conseguir transformar o espaço físico da unidade em um lugar mais organizado, mais acolhedor e humanizado, da dificuldade em conseguir vagar para realização de Figura 7. Agentes de Saúde do PSF da Unidade Mista de Sobral. exames, de manter o fluxo de remédios na farmácia. Também conhecemos e participamos de uma atividade com os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), que expuseram sua dificuldade em relação ao trabalho comunitário, a falta de equipamentos apropriados para o trabalho, a exposição excessiva ao sol que muitas vezes causam doenças de pele (Figura 6). Mas também conhecemos pontos positivos e melhoria no serviço, os ACS relataram que graças à residência, hoje tem um espaço de escuta e convivência no posto com atividades especializadas com psicólogos e educadores físicos. Os usuários mencionaram a criação da ouvidoria que é uma forma de participação popular nas decisões da unidade e de ter sempre transportes para as necessidades da população. Também me surpreendi, com a disponibilidade de Figura 6. Ouvidoria PSF Unidade Mista de sobral. camisinhas nos corredores da unidade para facilitar o acesso dos jovens, que muitas vezes tem vergonha de ir até a farmácia e pedir. A visita à unidade proporcionou uma reflexão a cerca da necessidade de informação para população sobre o Sistema de Saúde da cidade, e principalmente sobre a unidade e também a percepçãode que pequenas ações fazem a diferença numa unidade de saúde. À tarde visitamos o equipamento social a Casa São Francisco que é uma instituição filantrópica de acolhimento de crianças que estão passando por processo adoção. A instituição trabalha com voluntários e está vinculada ao Hospital Santa Casa Misericórdia e ao CREAS para ter um controle maior dos casos de abandono e da perda do pátrio poder. A Casa vive de doações sendo administrada pela organização religiosa SHALOM e de vinculação com profissionais independentes que oferecem serviços de saúde voluntariamente, dessa forma sua relação com SUS se limita apenas a serviços de urgência e emergência e vacinações. A visita causou um impacto emocional intenso relativo à incapacidade de oferecer o retorno dessas crianças a família que também tomou uma proporção de reflexão sobre as dinâmicas familiares e da importância que os pais independentemente de suas diversas condições de vida exercem no desenvolvimento das crianças. Quanto à estrutura pode se perceber que a casa é bastante adequada para receber as crianças, dispõem de quartos com decorações lúdicas, espaços de lazer, com brinquedos variados, espaços para refeições e toda no design de casa, para oferecer às crianças a sensação de lar e não de instituição. O lazer acontece de forma regular onde os missionários são responsáveis por entreterem as crianças ao final de semana com passeios em parques, praças, praias e clube com piscina, sendo esses passeios financiados por doações que a sociedade oferece a instituição. Ficou perceptível tem toda uma preocupação com o processo de desenvolvimento das crianças e também no processo de adoção. Após essa visita participamos de uma roda de conversa com o representante da secretária de saúde do município o secretário adjunto Ivan Júnior, onde ele expôs como se organiza o SUS, nessa discussão ele resaltou as falhas da atenção primária da cidade e foi questionado sobre os investimentos que secretária de saúde está fazendo para melhorar o sistema, ele acabou um pouco surpreso com a pergunta e não me respondeu o que estava fazendo ao certo. Já à noite assistimos ao filme políticas públicas de saúde no Brasil que relata a história da evolução da saúde pública no Brasil paralelamente à história política e econômica do país, o filme reforçou a discussões que vínhamos realizando em grupo sobre as falhas do sistema de saúde. DIA 14/01/14 - Visita a Atenção Secundária – SAMU/ Central de Marcação de Consultas - SACS / Roda de Discussão Sobre o Pacto do SUS /Oficina de Humanização: As visitas se iniciaram logo pela manhã no SAMU, uma unidade de urgência emergência que funciona em caráter 24 horas, e seu serviço é diferenciado, pois os mesmo fazem atendimento diretamente onde ocorrem os acidentes. O SAMU de Sobral conta com equipes compotas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e motoristas socorristas. O espaço físico da unidade tem formato de casa, conforme apresenta a figura abaixo, mas respeita a regulamentação e exigências necessárias para funcionamento. Fique bastante admirada com a estrutura de casa(Figura 8), pois senti Figura 8. Fachada do SAMU, casa adaptada. que essa proposta é extremamente rica, pois gera conforto para os profissionais que passam grande parte do tempo na unidade, mas os mesmos mencionaram a necessidade de criar um espaço na unidade para reuniões e treinamentos, já que a casa embora com uma arquitetura bonita não é funcional, e não dispõe de um espaço específico para essas atividades. Quanto aos profissionais todos passam por treinamento especifico de primeiros socorros e os médicos reguladores e as atendentes também foram devidamente treinados para identificar corretamente situações de emergências de chamadas falsas. O que é um grande potencial do SAMU diferente dos demais profissionais, pois além da formação eles têm treinamentos contínuos, o que deveria ser realizado também nos outros níveis de atenção e com os demais profissionais. O serviço funciona da seguinte maneira: as atendentes inicialmente fazem a identificação do paciente e da localização dele, após isso a chamada é repassada para o médico regulador que lhe fornecer a instrução necessária até a chegada das ambulâncias. A percepção que tive do serviço foi de uma equipe profissional de excelência, bem preparada que na maioria das vezes não se permitem errar e procuram sempre atuar de forma rápida e eficiente, porém essa excelência muitas vezes acaba expondo os profissionais a situações de frustrações, pois os mesmos vivenciam situações extremas, de muita pressão e de perdas e não dispõem um profissional de saúde mental para cuidar dessas frustrações e também como mencionaram os profissionais de plantão dos tempos ociosos na unidade. O SAMU dispõe de duas ambulâncias básicas (Figura 9) (que não necessita de médico) uma avançada (que necessita de médico) e uma motolância que oferece suporte as ambulâncias, pois tem mais facilidade de acesso por ser uma moto. O serviço informou que estão sempre abastecidos com equipamentos necessários assim como medicação e que a única dificuldade do serviço, são as excessivas chamadas falsas, e a falta de educação em saúde para com a população o que reflete no número de acidentes que as pessoas são acometidas no ambiente doméstico. Além disso, a equipe comentou que o transito muitas vezes atrapalham os atendimentos, pois a população ainda resiste em dar passagem às ambulâncias. Pensando nisso a equipe tem realizado ações educativas de conscientização nas escolas para diminuir a chamadas falsas e de manejo no transito com a população em geral. Já no período da tarde visitamos a central de marcação de consultas, que é composta por cinco atendentes sendo quatro responsáveis por agendar para diversos locais com o sistema DATASUS e um exclusivo para atender às solicitações da Policlínica, sistema SISREG. As consultas marcadas na central são agendadas para no máximo 15 dias, sendo que algumas especialidades há uma demanda acima do número de vagas disponíveis pelo sistema prejudicando assim a população que necessita desse atendimento deixando uma lacuna e muitas vezes aumentando o grau de complexidade da patologia. Observamos uma fragilidade entre a comunicação dos distritos até a central por linhas telefônicas que ficam congestionadas principalmente pela manhã fincando impossível realizar agendamentos nesse horário. É notório que a demanda oferecida pela policlínica é reduzida, pois a mesma disponibiliza aos usuários apenas mensalmente um valor fixo sendo que algumas unidades não conseguem nenhum atendimento em determinadas áreas. Enfim, a minha percepção que ainda falta muito para o serviço atender todas as demandas e que é uma atividade muito cansativa e mecânica (Figura 11), que deve gerar malefícios futuros aos profissionais de marcação. Ainda no período da tarde aconteceu uma palestra expositiva com o tema Gestão em Saúde ministrada pelo Enf. Meykel Gomes coordenador de uma das cinco Macro-áreas de Sobral. A palestra começou explanando sobre as leis de regulamentação do SUS e participação popular na gestão e o decreto da reafirmação do SUS, logo surgiu dúvidas sobre o processo de reafirmação do decreto as leis 8080 e 8142, se não funcionavam de forma correta e as dificuldades de implementação do planejamento do sistema. O decreto veio como forma de articulação para efetivação e consolidação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, sendo elas descentralização, integralidade e regionalização. Notamos uma contribuição dentro do sistema depois que as leis entraram em vigor, a punição de alguns gestores que agem de agem de má fé. A palestra foi riquíssima, pois me forneceu informações novas e uma compreensão bem maior sobre o controle das ações governamentais municipais. As atividades da noite foram ótimas, pois aliviaram a tensão que a imersão estava causando nos participantes, trabalhamos com as praticas corporais, que me remeteu ao trabalho grupal com crianças, as atividades foram aplicada por um dos participantes que desenvolveu de forma lúdica as ações e buscou nessa perspectiva trazer o nosso lado criança, o que foi extremamente relaxante, além de divertido. Logo após as práticas corporais, recebemos a visita do Arte Educador Zeca responsável pelo GTI de Educação Popular em Saúde da Escola de formação em saúde Visconde de Sabóia. Primeiramente foi feito uma roda com todos os participantes para que todos se apresentassem e falassem de si e de suas expectativas, para isso ele distribuiu entre as mesmas cartas que tinham como temáticas adjetivos, e cada participante mencionavam se ele tinha ou não aquele adjetivo. O interessante é que com gestos simples de escuta Zeca conseguiu proporcionar reflexões riquíssimas, sobre a importância das virtudes quando se trabalha com saúde. A metodologia resgatou alguns princípios como a adoção do respeito ao outro, da escuta e da partilha, sendo de fundamental importância para se trabalhar com os coletivos. DIA 15/01/14 – Visita a Atenção terciária: Hospital do Coração/ Tarde: Farmácia de medicamentos especializados/ Caso de Apoio Madre Rosa Gattorno: No período da manhã do dia 15/01/2014 visitamos o hospital do coração (HC) na qual fomos atendidos pela enfermeira Anne que ficou responsável por mostrar toda a instituição e seus serviços. Logo no primeiro contato percebemos a organização dos funcionários nos corredores para direcionar os usuários para suas respectivas consultas. Um aspecto positivo que observamos no HC foi a pouca diferença entre o sistema único de saúde (SUS) e o convenio já que esta é uma instituição filantrópica e atende 92% pelo SUS. Percebemos que no Hospital do coração visa a humanização com os usuários, pois utilizam da música para o relaxamento dos pacientes e da religiosidade pois nos dias de terça e quinta há celebrações de missa para os usuários e profissionais, demonstrando atenção do hospital e respeitando os usuários em suas singularidades. Um momento bastante importante foi poder conhecer o hospital e admirar o atendimento do SUS, um atendimento único e de forma diferenciada que busca humanização, além de respeitar o principio da equidade. Outro aspecto de destaque foi a educação permanente que os profissionais tem todo mês, e reuniões diárias dos gestores para o aperfeiçoamento da instituição. O hospital possui apenas a especialidade cardíaca, que a atende da criança ao idoso geralmente com indicação do CSF ou do especialista, mais nos casos de urgência e emergência o usuário é atendido imediatamente. No hospital possui dois tipos de UTI a primeira com dez leitos e a segunda com doze. A enfermaria é toda padronizada possuindo no total de vinte leitos na qual os profissionais têm acesso entre uma enfermaria e outra com sistema de segurança com senhas para agilizar o deslocamento do profissional da área além de possuir uma sala de visitas sendo importante frisar que há uma orientação para visitantes das regras da instituição. No período da tarde iniciamos com a visita a Farmácia de Medicamentos Especiais, onde fomos recebidos pela farmacêutica Lidiana que nos apresentou como acontece à distribuição de medicamentos disponibilizada pelo ministério da Saúde. Ela começou falando um pouco como acontece a recepção dos usuários e a recebimento dos medicamentos pelo os mesmos, além da atenção farmacêutica que é prestada aos usuários e as principais dificuldades. Na atenção farmacêutica, Lidiana juntamente com outro farmacêutico recebem os pacientes que precisam ser orientados sobre a medicação, principalmente quando é o primeiro atendimento, onde o paciente não tem noção dos efeitos que o os medicamentos causam e daí a importância de receber essa atenção, demonstrando um serviço humanizado da profissional. Ainda foi falado sobre o novo sistema de regulação de dispersação de medicamentos que é o ORUS, sistema na qual se pede exames regularmente para entrega dos medicamentos, caso paciente não entregue o exame ele não consegue adquiri-los dessa forma o tratamento será interrompido já que alguns desses medicamentos só estão disponíveis no SUS. A implantação deste sistema de regulação causara um impacto tremendo em outros níveis de atenção como a central de marcação de exames, já que exigira uma demanda maior de exames sendo que hoje o sistema já sofre com problemas atendimento para os usuários, deduzimos então que talvez esse sistema não fosses uma alternativa de extrema importância a ser aplicado hoje no sistema de dispersação de medicamentos especiais. Durante a tarde a visita foi realizada na instituição Ana Rosa Gartornno, que é uma casa de apoio de caráter filantrópico, a pessoas portadoras do vírus HVI/AIDS, que funciona a partir do incentivo do governo federal, estadual e de contribuições da população e instituições privadas. A casa atende a macrorregião de Sobral e algumas cidades do Piauí e Maranhão, e oferece serviços de hospedagem temporária a paciente que vem de outras cidades fazer tratamento mensal. Essa iniciativa se deu porque quando se iniciou o serviço de tratamento para HIV/AIDS na cidade, diversos pacientes que vinham de longe realizar os exames e receber medicação, não tinham condições financeiras de custear hospedagem e alimentação, e, portanto ficava exposta a violência nas ruas durante o período da noite. Hoje a casa atende cerca de 250 pacientes mensalmente, sendo sua capacidade apenas de 30 leitos. A casa conta com pacientes adultos e infantis, porém depois que foi implantado o projeto hoje o número de contaminação horizontal é mínimo, já que todas as gestantes portadoras do vírus são assistidas de forma integral pela casa e pelo serviço de saúde. Os voluntários da casa também realizam juntos a profissionais projetos de prevenção, orientação e ajuda mutua, tanto em escolas quanto na própria casa, acerca da vida sexual ativa, sem contaminação, e de como manter uma vida produtiva em sociedade. A organização da casa também mencionou a responsabilidade de proporcionar esclarecimento e também apoio social as famílias dos pacientes, para isso eles realizam doações de cestas básicas para que os pacientes mantenham uma alimentação saudável reduzindo os efeitos colaterais da medicação, também proporcionam apoio psicológico para os pacientes e momentos de lazer anuais, entre eles dia da criança, dia das mães e dos pais, páscoa e natal, com o objetivo de fortalecer os vínculos familiares. Minha percepção durante a visita foi a de que a casa enfrenta muitas dificuldades, e que enfrentam muito preconceito da população ainda, que acaba interferindo em suas vidas pessoais. Mas fiquei contente, pois mesmo com todas as dificuldades financeiras e de preconceito os voluntários tratam a questão da AIDS com muito bom humor, respeito, responsabilidade e acima de tudo dedicação. Ainda há uma grande necessidade de incentivos, de apoio psicológico, sociais e financeiros para com os mesmos. DIA 16/01/14 - Visita a vigilância epidemiológica / Dança circulares / Roda de conversa com os residentes sobre formação em saúde: A visita da manhã de hoje foi realizada na vigilância epidemiológica, que tem como principais ações vigiar, orientar e notificar, situações contaminação epidemiológica a que gerem população. está A intimamente risco de vigilância ligada à secretaria de saúde, pois as duas atuam juntas em casos de controle de contaminações. Ela conta com uma equipe de enfermeiros que são responsáveis pelo controle da: sífilis, tuberculose, hanseníase, diarreias, infecções respiratórias e violência. Esses profissionais também fazem controle da população diabética e hipertensa da cidade. A unidade possui a notificação compulsória, que ocorre semanalmente e a imediata que ocorre a qualquer momento, quando o risco de contaminação é muito elevado. As notificações são vindas das unidades básica de saúde, e, portanto elas que realizam o bloqueio, mas a vigilância auxilia os procedimentos iniciais, quando a unidade ainda não tem experiência no bloqueio especifico. Minha percepção a cerca do serviço, é a de que é um trabalho muito importante, mas também muito árduo e preocupante, me pareceu funcionar bem os profissionais se mostraram bastante experientes e eficientes. Também percebi que o espaço é bastante propicio para pesquisas e que os profissionais se mostraram bastante incentivadores e abertos para receber pesquisadores que queiram usar seus dados. Durante a tarde tivemos uma oficina de danças circulares com o arte educador Zeca, que já havia estado conosco em um momento anterior, no primeiro momento foi feita uma reflexão sobre a importância das danças de roda no contexto da saúde, da contribuição das mais diversas culturas nos movimentos realizados na dança e também dos elementos naturais no contexto da cura pela dança. Também foram discutidos os benefícios que ela pode trazer, nos aspectos físicos, mental e espiritual dos indivíduos, que praticam e como ela é uma meio eficiente de educar para saúde. Assim após as discussões fomos convidados a participar das danças, o Zeca fez um trabalho incrível, sempre esclarecendo a historia e o contexto de cada música e coreografia e a dança teve um efeito bastante terapêutico, melhorou todas as tensões que eu estava sentindo por conta da imersão, gerou um conforto emocional durante o processo, e o meu corpo respondeu de forma positiva todo o processo, foi pra inacreditável o efeito que obtive. Com isso pude perceber vivencialmente o quanto o saber popular tem poder sobre a cura. A integração coletiva e ao mesmo tempo a entrega dos participantes é tão positiva, tão natural há um aproveitamento satisfatório do momento. Após as danças foi feita uma dinâmica onde foi trabalhada a Multiprofissionalidade com todo o grupo conhecendo as profissões um do outro, sendo exposta de forma criativa a área de atuação de cada categoria, essa atividade foi acrescentou bastante, pois conhecemos de fato as varias profissões de saúde, e percebi também o quanto eu estava desatenta em não procurar saber antes o que os profissionais da saúde fazem, e isso,dificulta muito o trabalho multiprofissional e também interfere no plano terapêutico dos pacientes. No período da noite tivemos uma roda de conversa com os Figura 9. Objetos utilizados na oficina de danças circulares. residentes de saúde da família e saúde mental sobre a formação em saúde e a importância dos movimentos estudantil. Na fala dos residentes foi explanada a forma de atuação dos profissionais nos territórios, que segue um princípio de 60 horas semanais sendo 40 horas praticas e 20 horas teóricas, a forma como é organizada essas vivências e onde o contexto de educação permanente está bastante presente na residência. Em todas as falas foi ressaltada a importância da educação permanente, pois permanece em educação em saúde com atualizações e compartilhamentos de conhecimentos, assim levando a qualificação da atenção para o usuário. Outro ponto importante foi o principio da Multiprofissionalidade que a residência possui, pois é uma forma de está mais presente no processo terapêutico do usuário, visando o cuidado mais integral e ultrapassado o modelo biomédico. Ainda foi relatado as dificuldade que os residentes aos profissionais de saúde mental estão passando, por conta da falta de profissionais e equipamentos adequados para tratar esses pacientes e então foi falado da luta por um serviço completo, com qualidade e profissionalidade , além de boas políticas para esse público.As dificuldade da saúde mental, me geraram muito desconforto, pois vejo isso como uma regressão da cidade de sobral, e até acho um descaso dos governantes,para com esses pacientes,pois a cidade já enfrenta um histórico marcado pelo descuido com a rede de saúde mental, então deveria ter um olhar mais humanizado.Esses debates me geraram muita tristeza durante toda imersão. DIA 17/01/14 - Visita ao COAS / Roda de conversa de discussão de gênero / Oficina de Educação Popular / Celebração Ecumênica: Hoje iniciamos o dia com uma visita ao COAS onde nos foi citado os profissionais que fazem parte da organização do serviço sendo eles enfermeiros, assistente social, psicólogo, bioquímico, farmacêutica, pediatria e ginecologista. É de fundamental importância a participação de cada um no processo de saúde-doença dos portadores de HIV/AIDS e de está praticando humanização dentro do sistema. Porém o COAS trata não só de portadores HIV+, mas também de DSTs e prevenção-promoção da saúde, pois todos tem o direito de esta procurando o centro e fazendo o seu teste rápido para sorologia positiva, VDRL e hepatite. O centro é dividido por consultório, recepção e recentemente foi criada por doação uma brinquedoteca, além de disponibilizar uma assistência farmacêutica própria. As orientações são feitas para utilização de preservativo e admissão de métodos contraceptivos. Através da humanização é feito o suporte psicológico que e de extrema importância por contribuir para que o paciente possa se aceitar e possa conviver com a sociedade como endivido normais sendo esses uns dos principais focos. É também os aspectos sociais, aprendendo a conviver com o outro onde a família tem um papel importante no processo de recuperação social de convívio com as pessoas de sua comunidade. O principal desafio do serviço é adesão do paciente em tratamento e o uso de drogas por esses portadores, o que acaba sendo um campo de discussões e que os equipamentos sócios e judiciários deveriam oferecer um suporte maior, e também contribuir com o planejamento de ações para esses casos. Logo após fomos a Escola de saúde da Família para uma roda de conversa sobre discussão de gênero e sexualidade com as professoras Dra.Val e Mestranda Nora das ciências sociais. O debate foi importante para entender o processo de diversidade da humanidade com seus conceitos e complexidades, além dos enfretamentos encontrados por essas pessoas que se enquadram nesse modelo de diversidade e como podemos estar contribuindo. A presente proposta tem por objetivo promover o debate no campo da saúde em torno das desigualdades de gênero, bem como discutir e aprofundar os temas relativos à sexualidade, especialmente no que diz respeito à construção das identidades sexuais. Tratou-se de discutir as relações de poder que se estabelecem socialmente, a partir de concepções naturalizadas em torno das masculinidades e feminilidades. As expectativas sociais e culturais depositadas em meninos e meninas, homens e mulheres, quando não atendidas, geram violências de toda a ordem. E então percebi que a saúde, como um espaço social importante de formação dos sujeitos, tem um papel primordial na luta contra essas relações de poder, contra a discriminação e principalmente a favor do enfrentamento das dificuldades que são impostas para essas pessoas. À noite tivemos uma celebração ecumênica facilitada pelo Arte educador Zeca e com a participação de alguns integrantes de religiões diversificadas, expondo seus pontos de vista, culturas e espiritualidade, visando às questões que cada uma tem em particular, ressaltando sempre o respeito, as opiniões contrarias e a crença em um mesmo ser supremo. Percebemos a importância desta celebração, visto que vivemos em uma sociedade de diversas crenças, valores singulares ou até mesmo valores invertidos. Observamos que o preconceito ainda é grande em relação à religiões que não estão no padrão tradicional imposto pela a sociedade, onde indivíduos que professam tal religião sofrem descriminação, esse momento teve um papel fundamental na construção do saber e a quebra de alguns paradigmas, também contribuiu para a compreensão da minha identidade religiosa que até então era um pouco confusa pra mim, e que esse momento tomou um vertente bastante esclarecedora. DIA 18/01/14 – Visita ao Projeto Cabra Nossa (Comunidade de São Domingo) / Criação do livro de saberes popular:Conhecemos o projeto Cabra Nossa de Cada Dia, nome dado é uma alusão da oração Pai nosso, onde expressa o alimento a pessoas carentes daquela comunidade. Criado em 1993 pelo padre João Batista Frota, que viu a necessidade de várias famílias em um período de grande seca no sertão do Ceará. Viu na criação de cabras a solução para a fome e a desnutrição das crianças recém-nascidas. Na comunidade também foi implantado o projeto mandala uma horta redonda em vários círculos com vegetais, hortaliças e frutos diversificados. O projeto tem por objetivo a alimentação balanceada e de qualidade sem o uso de agrotóxico para as famílias da comunidade, visando sempre o respeito pela natureza, incentivando o desenvolvimento socioeconômico e o trabalho coletivo integrando tanto homens e mulheres. Observamos que a comunidade é bem organizada com o conselho comunitário atuante e estruturada, buscando sempre a melhoria das famílias numa visão geral, sendo proibido totalmente o uso de drogas ilícitas, onde predomina uma agricultura familiar e piscicultura sendo que todos os trabalhadores da horta têm o direito à produção, outro grande aspecto foram os resultados com a diminuição das doenças infantis, recuperação da auto-estima e o crescimento do espírito comunitário. O trabalho na fazenda é bastante árduo, a comunidade é bem simples, mas extremamente acolhedora, com princípios de responsabilidade social, e o mais importante é muito unida, conseguem tomar decisões de maneira coletiva e visam bastante à questão da convivência entre seus membros. Durante a tarde tivemos uma discussão sobre educação popular em saúde com o grupo, varias pessoas se manifestaram levantando seus conceitos em relação à educação popular, onde na qual muito apresentaram provérbios de suas referentes cidades em relação à saúde. De acordo com a criatividade do grupo, foi montado um livro com matérias artístico a fim de demonstrar a importância da educação popular que é repassada de geração para geração e como ela se relaciona hoje com saúde nos tempos modernos que se constitui de uma alta tecnologia. A partir da discussão foi possível analisar a importância dessa cultura está incluído na atenção básica como forma de auxilio no tratamento de doenças em territórios rurais, como no caso das rezadeiras que tem uma ligação direta com CSF do município tratando a criança com reza e associado ao soro, contribuindo assim com adesão do tratamento instituído pelo ministério da saúde, mas sem perda de identidade da educação cultural em saúde na comunidade. DIA 19/01/14 – Vivência da saúde Indígena (visita a Aldeia de Almofala em Itarema): A visita de hoje foi realizada na aldeia dos Tremembé localizada na cidade de ItaremaCe. Fomos recepcionados pela enfermeira e responsável pelo PSF da tribo e pela Agente de Saúde Indígena (AIS), que nos apresentaram a unidade de saúde assim como, os métodos utilizados para cuidar da saúde dos povos indígenas. Elas relataram que esses métodos são utilizados conjuntamente com a medicina tradicional da tribo e percebemos que essa não é apenas uma para se aproximar da população, mas uma forma de manter o patrimônio cultural da tribo, além disso, e pelos resultados percebemos que essa também é uma maneira de potencializar o cuidado em saúde. A saúde indígena é diferenciada, pois o calendário de vacina é diferente das outras raças e as crianças são acompanhadas pelas agentes indígenas de saúde (AIS) até os 5 anos de idade. Durante a conversa, percebemos que a AIS tem um papel de liderança muito significativo na tribo, e tanto ela como a enfermeira colocaram que a atuação tanto de uma como da outra é marcada pela mediação e que embora as decisões sejam tomadas todas em consenso com tribo inteira vezes é difícil ir contra, mesmo que necessário, as opiniões da tribo. Elas ressaltaram que ainda é muito marcante os estereótipos e que por conta disso a participação social em outras localidades fica dificultada. Durante toda conversa percebemos que eles são muitos conhecedores dos seus direitos e democráticos, lutam pelos seus objetivos coletivos e mesmo com dificuldades buscam manter sua cultura. A tribo perdeu sua língua mãe, mas ainda mantém seus rituais e cantos e nas escolas eles buscam manter e recuperar sua cultura através do repasse de seus os valores e a da cultura popular de cada tribo. A comunidade tem vinculo pequeno com a prefeitura, pois suas ações são pactuadas com o SESAI, mas opinam bastante sobre a política da localidade. Por fim eles colocaram que hoje o maior problema da tribo está associado a falta de segurança publica e ao uso de abusivo de drogas, pois somente a policia federal é quem pode estar atuando na área. Fiquei muito feliz de ter a oportunidade de conhecer a tribo e a cultura indígena que até então não tinha, é uma cultura muito rica em aspectos simbólicos e um campo maravilhoso para pesquisas. Também fiquei muito contente pelos incentivos governamentais que a tribo tem recebido. DIA 20/01/14 – Visita ao Conselho Municipal da saúde / ASTRAS (Associação Sobralense das trabalhadoras do Sexo) / Discussão sobre a reforma psiquiátrica / Oficina de massoterapia e Biodança: A visita ao Conselho Municipal De Saúde foi muito esclarecedora, pois os profissionais nos repassaram de forma extremamente didática as atividades que lá realizam. É uma unidade que teve inicio a partir da efetivação do SUS e tem como objetivo fiscalizar e garantir os direitos dos usuários do sistema único de saúde. Ele é regimentado por leis e sua formação está distribuída em 50% de usuários, 25% governamental e 25%trabalhadores de saúde. O conselho funciona juntamente com os conselhos locais de saúde e desenvolvimento social, e valoriza bastante a participação da população nas decisões, afinal eles colocaram que esse é o principal intuito do serviço. O conselho embora representando a voz da população não tem autonomia para escolher os representantes governamentais que ali participam, e isso me gerou um certo desconforto, pois é uma possibilidade de o governo continuar reproduzindo sua praticas de manipulação no órgão municipais. Minha percepção a cerca do serviço é de que ele representa de fato os interesses populares, tem uma postura militante e um vasto conhecimento a cerca da saúde pública, o que de certa forma gerou confiança, principalmente em saber que eles se preocupam com a acessibilidade da população as informações e em cumprir a lei e as diretrizes do SUS. Pela tarde visitamos a Associação Sobralense das Trabalhadoras do Sexo (ASTRAS), a qual fiquei encantada, não pelos incentivos financeiros que elas recebem, que são mínimos, mas pela coragem e iniciativa da representante da associação. É uma entidade sem fins lucrativos, com parceria da prefeitura e governo estadual e tem como objetivo trabalhar a promoção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Para isso elas realizam orientações, distribuição de preservativos, distribuição de alimentos para famílias mais carentes do bairro, visto que elas estão exporta a direitamente a fatores de vulnerabilidade social. Mas percebi que ainda falta incentivo da prefeitura e parceria com os órgão jurídicos, pois as mesmas enfrentam os mais variados tipo de violência. Além disso, ainda há um fator de discriminação e preconceito muito forte, que acaba interferindo nas ações da associação com a comunidade. A visita ao CAPS deixou evidente que sua criação representa o marco da Reforma Psiquiátrica no município, pois possibilitou a inversão do modelo hospitalocêntrico, marcado pela segregação e asilamento, para um modelo extra-hospitalar, comunitário e propiciador da inclusão social da pessoa com transtorno mental. Porém hoje o CAPS assim como toda saúde mental da cidade vem passando por dificuldades em relação a estrutura do local, desvalorização dos profissionais, faltas de medicações e estrutura adequada para o tratamento dos usuários, e o que percebi na fala dos profissionais é que embora eles estejam lutando muito, o município tem apresentado um resistência muito forte frente a esses movimentos, e acabamos todos ficando sem respostas concretas do que será feito para melhorar o sistema de fato. À noite tivemos uma oficina de massoterapia com os regressos fisioterapeutas do ver-sus onde trabalhamos a coletividade, confiança e o respeito um pelo outro. Os acadêmicos ficaram em dupla e sob orientação realizaram massagem um no outro visando o bem estar e o equilíbrio físico e mental. Após a massoterapia tivemos um momento com o psicólogo Gilmário que trouxe a proposta da biodança, que se refere à dança da vida, na qual o individuo aprende a conhecer seu próprio corpo, trabalhando com o toque e mostrando assim a importância da coletividade, espiritualidade em meio ao grupo permitindo de tal forma a integralização do coletivo. As atividades na minha concepção ressaltaram a importância do contato com o próximo e consigo mesmo, no tocar, no sentir o outro das suas mais diversas formas e tudo isso traz a afetividade que temos a tona, e também proporcionou a reflexão do entender as manifestações do corpo do outro e do seu próprio corpo. DIA 21/01/14 – Visita Fazenda Boa Esperança / Equipamentos sociais: CRAS Alto Novo / Avaliação do PROJETO VER-SUS: A fazenda boa esperança é um equipamento social que funciona na modalidade de residência terapêutica para usuários de álcool e outras drogas que desejem se reabilitar. Ela é uma instituição associada a igreja católica e trabalha diferente dos CAPS pois ela não é a favor do método de redução de danos e usa a espiritualidade como condutor de recuperação, pois segundo eles e de maneira resumida, ela proporciona autonomia, responsabilização de si próprio, respeito e a recuperação dos laços afetivos dos sujeitos. Ela se utiliza também da laborterapia voltada para agricultura e pecuárias assim como para o artesanato e com a proposta de convivência em residências que funcionam dentro da fazenda. Por assumir uma postura diferenciada dos CAPS a administração relatou um certo impasse com mesmos, pois relataram que os profissionais de saúde mental julgam o trabalho realizado. Embora com um enfoque interventivo a casa realiza atividades de prevenção em escolas, empresas e igrejas, com os depoimentos dos reabilitando e reabilitados. A casa é mantida pela igreja católica, doações de varias empresas e demonstra ser bem estruturada fisicamente, os responsáveis realizam um serviço voluntários e os trabalhos realizados pelos habilitandos na agricultura e artesanato servem como geração de renda para sua famílias, que na minha opinião é uma proposta muito boa, pois os mesmos deixam de lado a percepção de que só preocupam ou trazem prejuízos para família, mas se tornam representantes ativos de geração de renda do lar. Mas continuo acreditando que o tratamento sem a redução de danos se torna bem mais difícil e doloroso, mas acredito que seja possível sim, a casa oferece muito acolhimento, conforto, geração e recuperação de vínculos familiares, até porque quem sabe o que é melhor pra si é o paciente e a residência é mais uma opção que a população tem durante o processo de reabilitação. Na tarde fomos visitamos o Centro de Referencia da Assistência Social (CRAS), no bairro Alto Novo onde o objetivo com o objetivo de conhecer a rede sociassistêncial do município. A unidade não funciona em casa adaptada, mas possui um modelo próprio e suas ações vão desde o acompanhamento familiar, atendimentos psicossociais, programa de atualização e inscrição de famílias no programa bolsa família, grupos de crianças, oficinas de artesanato a parceria com o pronatec. Mas como uma realidade frequente nos CRASs, é perceptível certo descontentamento com as ações que são bastante prolongadas e com a dificuldade de participação da população. Na ultima noite de terça-feira, aconteceu à avaliação final do VER-SUS 2014.1, onde foi aberta uma roda de discussão para que pudéssemos avaliar o projeto em suas diferentes dimensões, mas também avaliar nossa participação. No inicio da avaliação foi criado um circulo onde todos os membros pudessem socializar suas visões em relação ao projeto, e em um segundo momento nos avaliarmos e falar um pouco da contribuição dos outros. O VERSUS para mim foi um processo de desconstrução e de construções de novos conceitos referentes ao sistema único, mas também de cultura e de relacionamentos. Foi muito rico os aprendizados, conheci coisas novas que levarei para minha cidade com certeza e mais que isso levarei para sempre o crescimento pessoal da convivência em grupo. Não tive muito que reclamar de minha participação, pois aproveitei o máximo todos os momentos e esclarecimentos, e também fiquei muito contente por todos os meus colegas participaram tão ativamente quanto eu. DIA 22/01/14 – Visita a Fábrica de Nutrilite / Assentamento Val Paraíso Hoje a visita foi à Fábrica Nutrilite, uma instituição está localizada na zona rural de Ubajara-Ce próximo ao açude Jaburu, e é uma das maiores fonte de empregabilidade da região, sua produção está relacionada à produção de matéria prima de vitamina C que é distribuída internacionalmente. O objetivo de conhecermos a fábrica é que a mesma tem uma excelente metodologia no que diz respeito à saúde de seus trabalhadores e a relação da produção com o adoecimento. O sistema de saúde da empresa funciona de forma privada e vinculado à planos de saúde, e oferece alem de atendimentos clínicos, prevenção e promoção a saúde aos colaboradores sendo a equipe formada por um Médico, um enfermeiro e uma auxiliar de enfermagem. Também dispões de uma equipe treinada nos casos de acidentes de trabalho. Notei que a empresa demonstra bastante investimento e preocupação com a saúde de seus trabalhadores e que está muito bem equipada quanto ao corpo de profissionais e equipamentos em todos os aspectos, porém senti falta na apresentação de esclarecimentos mais específicos sobre as ações desenvolvidas nas atividades de prevenção e promoção de saúde. À tarde visitamos o assentamento Val Paraíso onde fomos recebidos pelos lideres comunitários locais que nos explanaram toda a história do surgimento da comunidade. O assentamento deu-se inicio com a doação da terra do atua Bispo então de Tiangua para o INCRA (Instituto Nacional...) no ano 1988, sendo que ao mesmo tempo estava sendo construído o açude de Jaburu que incentivou a lutas entre os agricultores e fazendeiros pelos direitos do território. Eles comentaram que houve bastante enfrentamento político n época e que foi difícil se estabelecerem. Resaltaram também a importância dos líderes comunitários manterem o bom convívio do assentamento e de sempre permitir que a comunidade faça parte de fato das decisões serem tomadas. Hoje eles têm uma escola técnica agrícola, cooperativa que tem um relacionamento direto com uma fábrica multinacional Nutrilite, casa da memória e território cultural onde eles valorizam muito suas raízes, pois promovem festivais de grande magnitude a fim de provocar uma sensibilização da comunidade para que possam manter sua cultura.Durante a visita percebi que embora os lideres comunitários não tenham um nível elevado de escolaridade, são bastante conhecedores de seus direito e das políticas nacionais e que ainda tem bastante dificuldades relativas a saúde da comunidade, pois o mesmo não possui PSF e o que acompanha o assentamento é muito longe e acaba limitando o acesso dos mesmo por falta de transporte.