MÓDULO 6 - NUTRIÇÃO Nos asteróideos, o sistema digestivo é radial, estendendo-se entre os lados oral e aboral do disco. A boca leva ao interior de um esôfago curto, que se abre, por sua vez, no interior de um grande estômago que preenche a maior parte do interior do disco e é dividido por uma constrição horizontal em uma grande câmara oral (o estômago cárdico) e uma câmara aboral achatada e menor (o estômago pilórico) (BARNES, FOX e RUPPERT, 2005). Conforme HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003), a parte superior é menor e conecta-se, por meio de dutos, a um par de grandes cecos pilóricos (glândulas digestivas) localizadas em cada braço. Segundo BARNES, FOX e RUPPERT (2005), um curto intestino tubular estende-se ao lado aboral do estômago pilórico para abrir-se através de um ânus diminuto no meio da superfície aboral do disco. O intestino porta comumente várias bolsas pequenas chamadas de cecos retais. O trato digestivo inteiro é revestido por um epitélio ciliado, e os cílios encontram-se nos dutos dos cecos pilóricos arranjados de forma a criar correntes de fluído, tanto as que entram como as que saem. FIGURA – 29. Sistema digestivo dos asteróideos. Fonte: BARNES, FOX e RUPPERT (2005). De acordo com BARNES, FOX e RUPPERT (2005), a maioria dos asteróideos é de consumidores de carniça e carnívoros e se alimenta de todos os tipos de invertebrados, especialmente de caramujos, bivalves, crustáceos, poliquetas, outros equinodermes e até peixes. Alguns têm dietas muito restritas; outros utilizam uma larga variedade de presas, mas podem exibir preferências dependendo da disponibilidade. HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003) e BARNES, FOX e RUPPERT (2005) salientam que a digestão nos asteróideos parece ser primariamente extracelular, com a parede gástrica e os cecos pilóricos produzindo um complexo de enzimas. Os produtos da digestão gástrica são transformados por tratos ciliares até a parede gástrica e através dos dutos pilóricos para o interior dos cecos pilóricos, onde ocorrem a digestão (tanto intra como extracelular) e a absorção. Os produtos da digestão podem ser armazenados nas células dos cecos pilóricos ou passar através dos cecos para o interior do celoma para a distribuição. Os dutos pilóricos também transportam resíduos para o reto, onde os cecos retais (quando presentes) agem como bombas para a expulsão pelo ânus. FIGURA – 30. Corte da estrutura externa e interna de uma estrela do mar onde se pode observar parte do sistema digestivo. Fonte: HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003). Segundo BARNES, FOX e RUPPERT (2005), os asteróideos têm uma grande importância econômica como predadores de ostras, e são algumas vezes removidos de leitos de ostras comerciais por meio de um grande esfregão que draga o fundo. As estrelas do mar prendem-se ou enroscam-se nos cordões do esfregão com suas pedicelárias e são trazidas à superfície e destruídas. Os ofiuróides são carnívoros, consumidores de carniça, de depósito ou filtradores. A maioria utiliza vários modos alimentares, mas um é geralmente predominante, o hábito filtrador. Na filtração, os braços, por exemplo, da Ophicomina, levantam-se do fundo e ondulam na água. O plâncton e os detritos aderem aos cordões mucosos esticados entre os espinhos adjacentes do braço. As partículas presas podem ser varridas para baixo em direção à escama tentacular por meio de correntes ciliares ou ser coletadas dos espinhos pelos pés ambulacrais, que se estendem para cima para esse propósito. Uma escama tentacular é um espinho reduzido. Os pés ambulacrais são então raspados pelas escamas tentaculares, depositando as partículas coletadas na frente da escama. As partículas alimentares são pegas em cada lado pelos pés ambulacrais adjacentes, compactadas em um bolo e passadas ao longo da linha meio-oral do braço em direção à boca. As esferas alimentares são movidas pelos pés ambulacrais até que atinjam as partes proximais do braço, onde o movimento em direção à boca é facilitado pelos cílios (BARNES, FOX e RUPPERT, 2005). Conforme estes autores, o consumo de depósitos de partículas intermediárias é realizado pelos pés ambulacrais. Os pés ambulacrais coletam as partículas do substrato compactam-nas em esferas alimentares e movem-nas em direção a boca. FIGURA – 31. Manipulação do alimento pelos ofiuróideos utilizando-se os pés ambulacrais. Fonte: BARNES, FOX e RUPPERT (2005). O material alimentar grande (tal como o de animais mortos) é varrido para o interior da boca por meio do movimento ondulante de um braço. Os animais utilizam seus dentes ou pés ambulacrais orais para se alimentar de algas ou de carniça. Ainda, de acordo com estes autores, o trato digestivo é simples. As mandíbulas emolduram uma cavidade pré-bucal rasa, que é limitada aboralmente por uma membrana peristomial que contém a boca. O esôfago conecta a boca com um grande estômago sacular. O estômago preenche a maior parte do interior do disco e, na maioria dos ofiuróideos, as margens são pregueadas para formar dez bolsas. Não existe intestino ou ânus, e o trato digestivo não se estende no interior dos braços. A digestão é extra e intracelular e a absorção ocorre predominantemente dentro do estômago. FIGURA – 32. Sistema digestivo dos ofiuróideos. Fonte: BARNES, FOX e RUPPERT (2005). Os equinóideos, ou seja, os ouriços do mar, em sua grande maioria, são pastejadores, que raspam superfície do substrato no qual vivem com os seus dentes. Embora as algas constituam, geralmente, o alimento mais importante, a maioria dos ouriços do mar é generalista e inclui uma grande variedade de material vegetal e animal em suas dietas. Além do mais, a dieta de uma espécie particular varia de uma área para outra área dependendo do que estiver disponível (BARNES, FOX e RUPPERT, 2005). Em decorrência deste modo de se alimentar, pastejador, HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003) assinalam que estes animais, inclusive a bolacha da praia, possuem um aparelho raspador e mastigador altamente desenvolvido chamado de Lanterna de Aristóteles. Segundo BARNES, FOX e RUPPERT (2005), a capacidade de protração e retração da lanterna da lanterna torna possíveis os atos de puxar e rasgar além de raspar. Conforme BARNES, FOX e RUPPERT (2005), o interior da Lanterna de Aristóteles contém tanto uma cavidade bucal como uma faringe que sobe pelo aparelho e passa no interior de um esôfago. O esôfago desce ao longo do lado externo da lanterna e junta com um estômago tubular. Na junção do esôfago e do estômago, encontra-se geralmente presente uma bolsa ou ceco cego. O estômago faz uma volta completa ao redor do lado interno da parede da concha, a partir do qual está suspenso. Ele então passa para o interior do intestino aboral de parede fina, que faz uma volta completa na direção oposta. O intestino então sobe para juntar-se ao reto, que se esvazia através do ânus. Por sua vez, segundo afirma HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003) e BARNES, FOX e RUPPERT (2005), um sifão ciliado liga o esôfago ao intestino e permite à água contornar o estômago, a fim de concentrar o alimento no intestino para posterior digestão extracelular. Nos holoturóideos, ou pepinos do mar, são principalmente consumidores de depósito ou de suspensão. Eles esticam seus tentáculos ramificados varrendo o fundo com eles ou mantendo-os suspensos na água marinha. Em qualquer caso, o material particulado prende-se nas papilas adesivas das superfícies tentaculares. A estrutura da superfície relaciona-se aos tamanhos das partículas normalmente escolhidas para servir de alimento. Os tentáculos então se recolhem um a um no interior da faringe, e as partículas alimentares aderidas são removidas para a boca (BARNES, FOX e RUPPERT, 2005). Conforme HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003), os tentáculos orais são pés ambulacrais retráteis modificados, variando numericamente de 10 a 30, e localizados ao redor da boca. A parede do corpo possui músculos circulares e longitudinais ao longo dos ambúlacros. Segundo BARNES, FOX e RUPPERT (2005), a boca localiza-se no meio de uma membrana bucal na base da coroa tentacular. A boca se abre no interior de uma faringe, geralmente muscular, que é circundada anteriormente de um anel calcário de ossículos. O anel calcário proporciona suporte para a faringe e o canal anelar, servindo como local para a inserção anterior dos músculos longitudinais da parede corporal, bem como dos músculos retratores dos tentáculos e da região bucal. Os tentáculos e a boca podem ser recolhidos completamente dentro da extremidade anterior do corpo quando o animal é perturbado. A protração é efetuada por meio da elevação da pressão do fluído celomático. Assim, de acordo com estes autores, a faringe abre-se no interior de um esôfago e, em seguida, no interior de um estômago. O estômago encontra-se ausente em muitos holoturóideos, mas quando presente, ele funciona como uma moela. Um longo intestino com alças compõe a maior parte do trato digestivo sendo o local de digestão e absorção. Em muitos holoturóideos, o intestino termina em uma cloaca. O processo digestivo ainda é pouco compreendido. Os crinóideos são consumidores de suspensão. Durante a alimentação, os braços e as pínulas são mantidos superesticados e os pés ambulacrais têm a forma de pequenos tentáculos portando papilas secretoras de muco ao longo de sua extensão (BARNES, FOX e RUPPERT, 2005). HICKMAN, ROBERTS e LARSON (2003) salientam que os sulcos ambulacrais são abertos e ciliados e servem para levar o alimento até a boca. Pés ambulacrais na forma de tentáculos também são encontrados nos sulcos. Conforme BARNES, FOX e RUPPERT (2005), a boca leva ao interior de um esôfago curto que depois se abre no interior de um intestino. O intestino desce, fazendo uma volta completa ao redor do lado interno da parede do cálice. A porção terminal passa então para cima ao interior de um reto curto que se abre através do ânus na ponta do cone anal. Estes autores ainda salientam que os detalhe da digestão são desconhecidos.