TRANSFORMAÇÃO COMPORTAMENTAL: Uma Pausa para Reflexão Ame Treinamento e Desenvolvimento Visite nosso site: www.ameconsultoria.com.br TRANSFORMAÇÃO COMPORTAMENTAL UMA PAUSA PARA REFLEXÃO Introdução Estamos no século XXI. O que parecia uma época tão distante, apenas um sonho de ficção científica, agora se tornou real e faz parte concreta da nossa vida: o novo milênio. O progresso, sempre alimentado pelo crescente desenvolvimento científico e tecnológico, tem alçado o homem a níveis de vida cada vez mais altos. Ao toque de um botão, somos capazes de nos comunicar com alguém que está do outro lado do mundo, mas achamos impossível dialogar com nossos filhos. Somos capazes de ir à lua, mas não conseguimos atravessar a rua para conhecer nosso vizinho. Muitos perderam o verdadeiro sentido da vida e estão tentando preencher esse vazio com coisas materiais. Outros se deixaram envolver pelo ciclo vicioso do trabalho e já não sabem mais estar com a família, sem estar com a televisão ligada. Pessoas consomem a saúde tentando ganhar mais dinheiro e depois, consomem muito dinheiro tentando recuperar parte da saúde. E para cada avanço da medicina, novas doenças aparecem, como um subproduto do progresso. São tantas as transformações que acontecem no mundo todo, que nossas vidas não poderiam deixar de ser afetadas. A massificação dos meios de comunicação, as novas exigências para ocupar os postos de trabalho, a competição predatória, a correria, a banalização do sexo, o consumo descartável, a superficialidade das relações, a desestruturação familiar e tantas outras mudanças estão provocando uma verdadeira crise comportamental. Não se trata de uma crise brasileira ou do terceiro mundo e tampouco é uma crise política ou econômica. Vivemos uma crise planetária que abrange múltiplos aspectos, entre eles a incômoda constatação de que todo o progresso científico não trouxe as conquistas esperadas na vida afetiva e emocional. Tentamos agir pensando no futuro, mas a realidade muda todo o tempo e a cada dia precisamos rever nossos planos, nossas atitudes, nossos conceitos. E continuamos cada vez mais angustiados. No fundo, precisamos aceitar que não sabemos e reconhecer que é isso o que nos aflige. Não sabemos lidar com tantas mudanças, não sabemos dizer se as mudanças são boas ou ruins, não sabemos como educar nossos filhos para o mundo de hoje, não sabemos como estará o mundo amanhã, não sabemos o que, de tudo o que aprendemos no passado, ainda vale. E não sabemos se o que estamos tentando fazer hoje dará certo. Nossa angústia é legítima, mas precisamos aprender a confiar na sabedoria construída pelo diálogo. Precisamos confiar em nossa capacidade de desvendar e de aprender com o desconhecido. A história humana é contada por suas descobertas - novas formas de locomoção, de comunicação, de produção, novos mares, novas culturas, novos continentes, novos planetas... Agora, a grande viagem ainda é para o desconhecido, mas não é mais para fora. Agora, é preciso trilhar nossos caminhos internos para reencontrar a nossa capacidade de amar, de acolher e de ser feliz. Ame Treinamento e Desenvolvimento – Maio/2007 1 Responsabilidade com o todo Hoje, a fome mata 20 milhões de pessoas por ano, mata cerca 1500 crianças por hora e a cada dia nascem outras 220 mil que precisam ser alimentadas. Mais de um terço da população mundial não tem acesso à água potável. O grupo dos sete países mais ricos do mundo consome quase 75% dos recursos naturais do planeta. Ninguém tem qualquer responsabilidade sobre o que vai além do seu poder. E nós somos considerados responsáveis pelo todo, justamente pelo nosso poder de influência. O que acontece a cada ser humano acontece pra toda a humanidade. Quando os índios planejavam uma tribo, pensavam em sete gerações futuras. Algumas tribos indígenas ainda sobrevivem, mas a nossa civilização está com uma grande inversão de valores, focada demais no presente, sem assumir sua responsabilidade pelas futuras gerações. É como se o mundo fosse uma árvore e nós estivéssemos regando os frutos, colocando nossa atenção apenas no que consumimos aqui e agora, ao invés de regarmos suas raízes. Por pura falta de cuidados, um dia a árvore morre e os frutos se acabam. Cultivar valores éticos, que contemplem o bem comum, é como regar nossas raízes e exercitar a nossa responsabilidade perante o Todo. Dialogar a partir das diferenças é exercitar o respeito pela individualidade. Essa é a verdadeira união na diversidade. Mudança de paradigma O comportamento humano é fruto de múltiplos fatores que ainda hoje a ciência não conseguiu desvendar por completo, embora existam inúmeras pesquisas sendo realizadas nessa área. Uma das teorias aceitas pelos cientistas do comportamento, fala da influência do meio na formação psíquica do ser humano. Ou seja, os valores praticados por uma determinada cultura influenciam na formação dos indivíduos dessa sociedade, dirigindo suas atitudes e comportamentos. Qualquer conceito criado e apresentado a uma sociedade, se for validado pela cultura, pela crença popular, se transforma num valor para essa sociedade e passa a dirigir comportamentos. Como exemplo, podemos citar o conceito apresentado por Hitler de que a raça ariana era superior às outras raças humanas, e que os judeus constituíam uma raça inferior. Grande parte do povo alemão acreditou e os arianos passaram a se sentir superiores, excluindo os demais. Isso se transformou num valor tão forte, que os judeus começaram a ser exterminados, sob a justificativa de purificar a raça humana. Este exemplo torna claro que mesmo uma mentira pode ser tornar uma verdade, se um número suficiente de pessoas acreditarem nela e passarem a guiar seus comportamentos e seus princípios de vida, por ela. É a crença que determina o peso, o valor de cada conceito. O conjunto de crenças que compõem nossa atual visão de mundo está baseado em filosofias e estudos feitos a partir do século XV. Naquela época, grandes pensadores desenvolveram suas teorias sobre causa e efeito, defendendo a idéia de que se as condições iniciais de um evento forem controladas, é possível prever todas as suas conseqüências e desdobramentos. Ame Treinamento e Desenvolvimento – Maio/2007 2 Esta idéia dominou o pensamento ocidental e norteou a organização do conhecimento dentro do modelo científico, que passou a ser conhecido como paradigma newtoniano-cartesiano. As principais características desse modelo são: a) mecanicismo: o universo é visto como máquina e sujeito a leis matemáticas. b) empirismo: só o que pode ser observado e medido concretamente tem valor. c) determinismo: se conhecemos as causas de um fenômeno, ele é previsível d) fragmentação: o objeto é decomposto para ser estudado em suas partes. Em nenhum momento esse modelo considerou os aspectos emocionais presentes em qualquer sociedade, porque os sentimentos sempre estiveram num campo muito subjetivo e abstrato, ainda pouco compreendido pela ciência. Era muito mais fácil definir o homem como um ser pensante, capaz de racionalizar, analisar, medir, planejar, mas sem a possibilidade de sentir, intuir, se emocionar, amar. Essa visão, além de fragmentar o ser humano em razão e emoção, supervalorizou o pensar e negligenciou o sentir. Mesmo assim, as emoções nunca deixaram de existir e influenciar a nossa vida. Inteligência Emocional Hoje, a ciência do comportamento já defende a idéia de integralidade e sabe que não é possível dividir o ser humano em compartimentos e fingir que sentimentos, amor e felicidade são questões isoladas. Os especialistas já obtiveram um grande avanço na compreensão do funcionamento do cérebro e estes conhecimentos estão contribuindo para fortalecer um novo conceito: a inteligência emocional. Para entender melhor este conceito, é preciso considerar as conclusões da ciência nos estudos a respeito dos hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo. Observando pacientes acometidos por derrames cerebrais os cientistas puderam perceber claramente que os dois hemisférios têm funções diferentes. Por exemplo, quando a lesão é no hemisfério esquerdo, o paciente pode perder a fala, embora consiga cantar. Quando o derrame é no hemisfério direito, o paciente pode perder a orientação espacial e ter dificuldade para reconhecer rostos familiares. As pesquisas continuam sendo feitas, mas o que já ficou esclarecido é que a linguagem, o raciocínio lógico, parte da memória, o cálculo e a análise, são funções próprias do hemisfério esquerdo, enquanto que o hemisfério direito não usa palavras, é intuitivo, usa a imaginação, o sentimento e a síntese. Observando a nossa sociedade, é fácil perceber que pais, professores e empresários supervalorizaram o desenvolvimento do hemisfério esquerdo, em detrimento do hemisfério direito. Depois de muito treino e a custa de muita repressão, algumas pessoas conseguem sim, deixar suas emoções de lado. Mas isso não significa um mundo melhor. Mesmo porque, em algum momento a força das nossas emoções vão buscar uma saída, seja uma explosão emocional descontrolada ou uma doença. Empresas se deram conta de que funcionários motivados, trabalhando em equipe e com relacionamentos saudáveis, são muito mais produtivos. As escolas perceberam que os alunos que não tiveram reprimidas as funções do hemisfério direito são muito mais criativos e aptos a resolver problemas. As famílias perceberam que o distanciamento afetivo dificulta o diálogo e faz com que muitos jovens se percam isolados. Ame Treinamento e Desenvolvimento – Maio/2007 3 A ciência, enquanto estudava exaustivamente as funções cerebrais, identificou alguns feixes neurológicos que estabelecem a comunicação entre os dois hemisférios, transmitindo a memória e o aprendizado, e concluiu que a qualidade dessa comunicação afeta diretamente na qualidade do desenvolvimento humano. O hemisfério esquerdo interpreta literalmente as frases ditas, mas é o hemisfério direito que percebe a intenção de quem fala. O lado esquerdo conta, dá nome às coisas, separa por categorias e função e o lado direito não consegue fazer isso porque percebe as coisas como um todo e vê cada estímulo ou objeto como ele se apresenta no instante presente, sem significado anterior. O hemisfério esquerdo vê cada árvore, mas é o hemisfério direito que percebe uma floresta inteira. O lado esquerdo procura situações seguras, mas o lado direito gosta de se arriscar. O esquerdo sabe imitar e representar, enquanto o direito sabe criar, sonhar e inventar. Inteligência Emocional é ser capaz de integrar razão e emoção, lógica e intuição, pensamentos e sentimentos, olhar a forma e o colorido, perceber os fatos e reconhecer as pessoas. O desenvolvimento humano, para se realizar em toda sua plenitude, precisa do ser humano inteiro, íntegro. Precisa do calor dos sentimentos e da luz da razão, do hemisfério esquerdo e do hemisfério direito. Precisa do seu corpo, do seu coração, de toda sua alma. Apenas de posse de nós mesmos, de todo nosso potencial, será possível agirmos com consciência e aprender verdadeiramente com o que estamos fazendo, escolhendo a cada momento, o futuro que queremos para nós e para toda a sociedade. Um guerreiro samurai desafiou seu Mestre a explicar o conceito de céu e inferno, mas o Mestre, respondeu com desprezo: -Você é um ignorante e eu não vou perder meu tempo com gente da sua laia. Atacado em sua honra, o samurai teve um acesso de fúria, sacou a espada e gritou para o mestre: - Eu poderia te matar! - Isso, respondeu calmamente o Mestre, é o inferno. Espantado e reconhecendo a verdade no que o Mestre dizia a respeito da raiva que o dominou, o samurai acalmou-se, largou sua espada e agradeceu o Mestre pela valiosa lição. - E isso, concluiu o Mestre, é o céu! TEXTOS SUGERIDOS PARA REFLEXÃO A Lição do Fogo Isso não é problema meu Ver Vendo O Garotinho Gaiolas e Asas Ame Treinamento e Desenvolvimento – Maio/2007 4