COORDENAÇÃO E ORIENTAÇÃO ESCOLAR Nome: Patrícia de Vargas do Amaral Teutônia, 01 de Fevereiro de 2017. Coordenação e Orientação escolar Ao se pensar em prática educativa, a escola tem que refletir radicalmente sobre o seu papel, como será organizado o processo de ensino e de aprendizagem. Essa reflexão deve ser realizada com o coletivo de profissionais que atua em determinada etapa da educação básica, por exemplo. Outro aspecto que merece destaque é que no momento do planejamento a reflexão sobre a organização pedagógica, como manifesta Saviani (1989, p. 24), deve ser filosófica, ou seja, radical, rigorosa e de conjunto, Radical: [...] é preciso que se vá até as raízes da questão, até seus fundamentos. Em outras palavras, exige-se que se opere uma reflexão em profundidade. Rigorosa: [...] deve-se proceder com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo métodos determinados, colocando-se em questão as conclusões da sabedoria popular e as generalizações apressadas que a ciência pode ensejar. De conjunto: [...] o problema não pode ser examinado de modo parcial, mas numa perspectiva de conjunto, relacionando-se o aspecto em questão com os demais aspectos do contexto em que está inserido. [...]. Com a análise realizada de maneira filosófica, por todos os professores e coordenador pedagógico a leitura da realidade torna-se mais clara, objetiva e a organização do trabalho é construída de uma forma que promoverá as intervenções necessárias, provocando assim, as mudanças desejadas. A coordenação pedagógica ao liderar os momentos de planejamento com os professores tem que dominar os fundamentos que regem o fazer didático e ter clareza na condução de um debate que garanta a criticidade do papel da escola e da forma de organizar os conteúdos, a metodologia a ser utilizada na sala de aula que levem o aluno a superar sua condição inicial e aprofundar o seu conhecimento, ou seja, se aproprie de conhecimentos mais elaborados, de conhecimentos científicos. No momento do planejamento a coordenação pedagógica desenvolve o trabalho com os professores objetivando orientar a elaboração dos planos de ensino abordando os seguintes aspectos: • Traçar o diagnóstico da situação – conhecer os alunos, como a turma está agrupada, suas características. Definir: Para quem se planeja? • Conhecer os objetivos e a ementa curricular do curso (anos iniciais ou finais do ensino fundamental; ensino médio ou Educação de Jovens e Adultos). Este é o momento de responder por que desenvolver tais temáticas com os alunos? A resposta a esta pergunta deve ficar muito clara para o professor, pois se justifica a importância do estudo e a definição dos objetivos de aprendizagem para cada unidade, assim como o que se pretende alcançar com os conteúdos estudados. • O que estudar a partir da ementa curricular, dos grandes temas? Momento de definir os problemas a serem trabalhados com os alunos e estabelecer as prioridades, a seleção dos conteúdos e das fontes de referências. • Como trabalhar os conteúdos com os alunos. Momento de definir a dinâmica da sala de aula, a metodologia que será utilizada para provocar as intervenções necessárias e levar o aluno ao aprendizado. • O aluno apreendeu o conteúdo estudado? Avançou na sua condição inicial de aprendizagem sobre o conteúdo? Reelaborou conceitos? Para responder a estas perguntas faz-se necessário organizar o processo de avaliação. Momento de verificar a aprendizagem do aluno e a organização do plano do professor. O resultado deste debate será a elaboração do plano de ensino, que de acordo com a periodicidade poderá ser, o plano de unidade, plano de aula. Após a realização do plano de ensino, a coordenação deve acordar com os professores como será realizado o acompanhamento do trabalho didático. Sugere-se que o acompanhamento seja sempre feito com orientações que auxiliem o professor no seu trabalho, para tanto é necessário que a coordenação leia atentamente cada plano de ensino, analise as atividades propostas, os instrumentos de avaliação e faça visitas previamente combinadas, na sala de aula. Quando a coordenação e os professores têm um bom diálogo e estão com suas ideias de trabalho alinhadas, as orientações e observações da coordenação são bem-vindas, pois têm como objetivo alicerçar e valorizar o trabalho do professor em sala de aula. Existem algumas orientações para o desenvolvimento do papel da coordenação pedagógica junto aos professores. As orientações baseiam-se nos estudos de Vasconcellos (2011). A coordenação pedagógica como líder do processo de planejamento deve observar que: • os debates sejam orientados e fundamentados em uma concepção teórica que norteie o trabalho pedagógico da escola; • todos os professores participem ativamente do planejamento, promovendo a construção coletiva das ideias; • necessariamente não tem que dominar absolutamente todos os conteúdos das disciplinas e temas em debate; • toda reunião deve ter uma pauta, logo ter objetivos definidos e tempo para as discussões; • toda reunião de planejamento, também é um momento de formação entre os profissionais; • haverá momentos de tensão e esses devem ser resolvidos no grupo, valorizar o embate saudável das ideias e não o conflito pessoal; • planeja-se para que os alunos se apropriem de conhecimentos científicos; • uma reunião polarizada não promove a pluralidade de ideias; • é salutar ter sempre alguém do grupo para auxiliar nas anotações, no controle do tempo, dentre outros. O trabalho da coordenação pedagógica é complexo e de extrema relevância para a escola, pois exerce o papel político no debate sobre a educação e o papel de indutor de novas perspectivas pedagógicas na busca pela construção do conhecimento do aluno. Na escola, o orientador educacional é um dos membros da equipe gestora, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico. Ele é o principal responsável pelo desenvolvimento pessoal de cada aluno, dando suporte a sua formação como cidadão, à reflexão sobre valores morais e éticos e à resolução de conflitos. Ao lado do professor, esse profissional zela pelo processo de aprendizagem e formação dos estudantes por meio do auxílio ao docente na compreensão dos comportamentos das crianças. Ou seja: enquanto o professor se ocupa em cumprir o currículo disciplinar, o orientador educacional se preocupa com os conteúdos atitudinais, o chamado currículo oculto. Nele, entram aspectos que as crianças aprendem na escola de forma não explícita: valores e a construção de relações interpessoais. Por tratar diretamente das relações humanas, o orientador educacional pode ter suas funções confundidas com as de um psicológico. Essa confusão, no entanto, deve ser evitada, porque, embora também lide com problemas de convivência e com dificuldades de aprendizagem das crianças, a função do orientador se aproxima mais do aspecto pedagógico e não da dimensão terapêutica do atendimento. Para conseguir realizar seu trabalho, o profissional que ocupa esse cargo não pode ficar o tempo inteiro em sua sala, apenas recebendo alunos expulsos da aula ou que desrespeitaram um colega ou um professor. Ele só consegue saber o que está acontecendo na escola, entender quais são os comportamentos das crianças e propor encaminhamentos adequados quando circula pelos espaços e convive com os estudantes. Esse trabalho também ultrapassa os muros da escola. O orientador deve atuar como uma ponte entre a instituição e a comunidade, entendendo sua realidade, ouvindo o que ela tem a dizer e abrindo o diálogo entre suas expectativas e o planejamento escolar. Apesar de essas funções do orientador serem essenciais no processo de ensino e aprendizagem, nem sempre as escolas contam com esse profissional em sua equipe. Com ou sem ele, no entanto, o trabalho não pode deixar de ser feito. Da mesma maneira que uma escola sem coordenador pedagógico não deixa de planejar as situações didáticas, uma escola sem orientador educacional não deixa de se preocupar com a formação cidadã de seus alunos. Essa missão deve ser cumprida pelo diretor, coordenador e também pelos professores. Encontramos dentro da escola diversas lideranças, atuando cada qual na sua função e que precisam definir suas ações em harmonia com o Projeto Político Pedagógico da escola. É importante sempre lembrar que para tornar a escola um espaço especial, visando a construção de uma sociedade melhor, precisamos desenvolver um trabalho em equipe, um trabalho solidário entre todos os que compõem o cotidiano escolar. Temos o gestor administrativo (diretor), o pedagógico (coordenador), o educacional (orientador), o da sala de aula (professor) e outros cargos definidos pela estrutura de funcionamento das políticas públicas. Basicamente, em todas as escolas os gestores desenvolvem as seguintes funções: Professor – deve ser entendido como um agente de educação integral, cujas habilidades, conhecimentos e atitudes em relação ao aluno, são o centro de eficácia do processo educativo. Diretor – assume uma série de funções, tanto de natureza administrativa quanto pedagógica. Entre as suas responsabilidades principais estão: Gerenciar os aspectos materiais e financeiros da escola. Harmonizar as relações entre os profissionais da educação que atuam na escola. Articular a relação escola-comunidade. Construir em parceria com todos os segmentos da escola, as normas, regulamentos, adotando medidas condizentes com os objetivos e princípios propostos. Promover um sistema de ação integrada e cooperativa. Manter um processo de comunicação claro e aberto entre os membros da escola e entre a escola e a comunidade. Estimular a inovação e melhoria do processo educacional. Coordenador Pedagógico – Auxilia os professores na elaboração e diversificação de suas aulas. Busca alternativas junto aos professores para trabalhar os conteúdos propostos de forma mais efetiva, clara e que possa atingir os alunos, melhorando e facilitando o processo de ensino-aprendizagem. Orientador Educacional - Estende seu trabalho a todos os alunos, orientandoos em seus estudos, com o objetivo de que os mesmos sejam mais proveitosos. São funções do orientador educacional: Auxiliar o educando quanto a seu auto-conhecimento, a sua vida intelectual e a sua vida emocional. Trabalhar para estabelecer na escola um ambiente de alegria e confiança. Procurar trazer a família para cooperar de maneira mais eficiente e positiva na vida do educando. Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade. Realizar observações e entrevistas pessoais com os alunos e seus familiares. Participar do processo de avaliação escolar e recuperação dos alunos. Todos os líderes mencionados precisam eleger como prioridade a aprendizagem dos alunos, desenvolvendo atitudes de gestão compartilhada, entendendo que a gestão não pode ser jamais um fim em si mesma e que para ter sentido, tem que estar a serviço do êxito dos alunos. Mas é importante ficar claro que a ação de todos os líderes que não atuam na sala de aula só faz sentido se favorecer o trabalho do professor, resultando em benefícios educacionais e sociais para os alunos. O clima organizacional precisa ser favorável à aprendizagem e precisa estimular que os professores desenvolvam trabalhos onde a curiosidade do aluno seja despertada para continuar a aprendendo e que ele receba na escola as condições para tal. Onde cada um, professores e alunos ofereçam o melhor de si. Precisamos de uma escola autônoma, aberta, flexível, democrática, participativa e que seja um espaço de socialização. Uma escola que estabeleça diálogos com a comunidade escolar, onde os professores se comprometam com os resultados dos alunos, onde os pais e mães estejam presentes. Enfim, uma escola onde o aluno seja valorizado e estimulado a aprender. Agora, é preciso transformá-la também num ambiente voltado à reflexão. Nesse sentido, o papel do gestor/diretor passa a ser muito importante. É essencial entender o conceito de liderança educacional como um tipo de intervenção junto a pessoas, por meio do qual se promovem novas maneiras de pensar. Se educadores não mudam sua forma de pensar, não mudarão sua forma de agir. Liderar é criar ambientes seguros, que sejam favoráveis para inovações educacionais. Resultado de uma parceria entre educadores brasileiros do CECIP e holandeses da APS Internacional, o livro Mestres da Mudança trata da arte e do artesanato de transformar as escolas, por mais problemáticas que sejam, em lugares onde a aventura do conhecimento acontece com prazer. O livro sistematiza uma experiência de dez anos de trabalho e mostra que liderar pessoas não é, como geralmente se pensa, um dom reservado a poucos eleitos, e sim uma competência que pode ser aprendida, desenvolvida e aperfeiçoada. Trazendo conhecimentos que ajudam a desenvolver a capacidade de refletir sobre a complexidade dos processos de mudança, o livro estimula os educadores a experimentar novas formas de atuar profissionalmente. Mestres da Mudança é dedicado a uma figura importante, mas que costuma estar em segundo plano nos processos de reforma educacional: o gestor escolar. É ele o principal responsável por apoiar processos de aperfeiçoamento de escolas. Para tanto, deve facilitar a interação entre as pessoas, baseada em confiança, transparência e respeito mútuos.