Os Santos e os Pecados Meu primeiro ensaio do Livro São Bernardo, uma obra do poeta, escritor de sonos não sonoros Graciliano Ramos remete quase um texto filosófico ou Socialista se não fosse além, e às vezes como o título o define, contextos entre o bem e o mal. Este meu ensaio faz com que eu viaje à minha infância, depois adolescência e observe o Mundo atual. Eis um ensaio que comparo personagens como “Paulo Honório”, “João Romão” e “O Pequeno Príncipe”. Uma mistura que até eu achava improvável e que com minha participação, tornou-se lógica e cheia de respostas. Se eu não tivesse a alma tão de Relações Públicas diria que seria um escritor, não, sei que não seria escritor, pois os personagens fugiriam de mim, seria talvez um advogado e defenderia pessoas que ninguém acreditaria neles. Também não seria isso, pois precisaria defender tanto minhas ideais que passaria a vida sendo eu meu cliente. Mas vamos ao que interessa, ao ensaio, esse mistério que preciso decifrar como uma “Caixa de Pandora” e que precisa criar vida como o lugar de São Bernardo. Vou buscar em minha mente um momento que define bem meu início de ensaio, a dialética de quem somos e como nos tornamos. Lembro-me da aula de literatura que o professor Rener nos abordava sempre, as pessoas nasciam boas ou ruins e ou se a sociedade é que as mudavam? Essa discussão durou anos e anos e sempre respondia que elas nasciam boas e que o social é que as educavam ao bem ou ao mal. Lendo São Bernardo de Graciliano Ramos estou tendo um surto de mudanças, crendo que as pessoas nascem vazias de sentimentos. Paulo Honório mostra um pouco desse novo stigma para minha vida. Sinto que o seu vazio foi sendo preenchido por sentimentos coesos, força, persuasivo e pelo sentimento ruim que não é mal. Pois em toda obra ele não mostrava dois caráteres e sim o seu lado seco, vazio de alegrias, sentimentos que não são opositores de mal e sim de ruim ( sem bondades cotidianas ). Toca-me muito um contexto o qual ele define que vivemos a “doença do Mundo”. Pensei, repensei, filosofei, busquei e resolvi responder, essa doença é maior que muitas que conhecemos, ela é gerada de convívios, de segredos e de momentos, a doença da indiferença. As indiferenças mantêm o Homem socialmente e egocentricamente, pois o conduz a andar, fazer, trabalhar apenas pelo seu ideal, e seja ele qual for. Preenchemos esses fatos com dois exemplos diferentes de grandes obras. O primeiro é de “O Pequeno Príncipe” do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Um personagem que não aprendeu e nunca soube entender a “doença do Mundo” e por onde passou e quem conheceu mostrou-se que o mal não o corrompia e que sua ingenuidade não o fazia de tolo ou bom e sim de uma pessoa de princípios bons. Ele nem sabia que o que movia ele a correr Mundos, buscar respostas, soluções, por mais que fosse uma flor a qual designamos como um bem supremo era também uma vítima da “doença do Mundo”. Agora outro momento, outra história a do João Romão de “O Cortiço”. Ele já vem com uma definição forte e certeira pelo Wikipédia (famoso dicionário e enciclopédia na internet): “João Romão é personagem do romance O Cortiço (1890) do escritor Aluísio de Azevedo. Ambicioso, pragmático e sem escrúpulos, constrói o cortiço após receber de herança um mercadinho. Consegue agregar ao patrimônio uma pedreira da vizinhança, garantindo ascensão social em um ambiente marcado pela desigualdade econômica. Romão explora os moradores do cortiço, abusa dos serviços da escrava Bertoleza, para quem forja uma carta de alforria, descartando-a, ao enriquecer, para casar-se com a filha do "concorrente" Miranda. Aluísio Azevedo, buscando demonstrar a imposição do meio ao destino do homem, retrata a nossa formação onde sobressaem a falta de ética e o oportunismo nas relações pessoais. Aqui traduz bem que o João definiu bem sua história com o meio que o mantinha. Um homem que pode até ter nascido vazio, mas pelo contexto ele já tinha uma boa dose de maldade preenchida em sua vida e ela foi apenas se adaptando aos tempos e ao contexto. Regresso ao Paulo Honório que cita bem sua vida como: “Não tive remorsos”, creio que ele poderia até ter sido um compadre do João Romão. Vivia cada dia, conhecia, ia, enterravam sentimentos e mortos, mas sem saudades, sem remorsos. E relembro do momento “nunca soube quais atos foram bons ou ruins”. Mais uma frase, um momento que podemos crer que ele não era um homem de ações e sentimento do mal e sim, de ser um homem ruim para lidar com sentimentos bons e de não deixava que a vida o conduzisse. Voltando aos dias atuais posso até mostrar a certeza que vivemos cada vez mais sendo corrompidos pelo social, e temos que ser muito fortesa para que o bom da vida, dignidade, respeito, caráter não saem de dentro de nós, dando lugar ao que vemos e convivemos como ambição, falta de educação, infidelidade e muito mais. O Mundo tornou-se um abismo de sentimentos, ou erro dizendo o Mundo e não nós mesmos? Posso até rever todo esse conceito através de novo à filosofia de Paulo Honório em, seu contexto na obra São Bernardo “É mulambo porque nasceu mulambo”. Vejo muita verdade nisso, e não choquem, não deixei que esse texto me corrompesse ou tirasse minha virgindade com sentimentos ruins. Quem nasce mulambo ainda tem aquele paradigma que morre mulambo, não permiti diferenciar, preencher seu ser de vida, novidades, culturas, ideais, planos. E eis que é muito difícil argumentar ou mostrar caminhos para pessoas assim. E sendo suscito e parafraseando o Honório e essa gente quase não morre direito, cai num abismo profundo de incertezas ou contos. Porque dizem que ser bom não pode ser mal e quem é mal não pode ser bom? Engraçado isso, parece que temos que ser uma coisa e só, e como fica meu leão, ou tigre quando me sinto atacado? Eles são mansos? Nunca vi um animal manso assim, calmo, nem os que metaforicamente vivem em mim. Nem tão pouco exerço a função de santo ou pecador, pois condiz que minha vida está a cada dia sendo preenchida e escolho, faço questão de escolher os professores e o social que a preenche sejam bem gabaritados de princípios, meios e finalidades, que se tornam cada vez mais raras como a caridade. Voltando minha vida em relação ao Paulo Honório, em momentos como “dinheiro é dinheiro”, “serviço é serviço e o faça o preço”, sei bem que o mundo que me cerca é isso, não é um mar de flores e nem por isso permito ser assim, idealizar meus princípios e cotidiano assim. Mas existe uma coisa maior que tudo isso, respeito o pensamento, ação do outro mesmo não concordando, pois antes de tudo respeito quem sou e como sou. A se “O Pequeno Príncipe” ouvisse-me falando assim ele ficaria vermelho e voaria para mais outro planeta. Talvez eu lhe pedisse uma carona até Plutão, pois Príncipe, realmente a confusão atual é geral tanto na base sentimental quanto de agirmos perante a vida e sou um exemplo disso. Pela vida já vi muitos Paulo Honório, já os observei, conviveram com minha família de perto. Talvez isso faça com que eu não o crucifique aqui e até lhe entendo. Pois a vida o transformou no que ele é e eu fui-me sendo transformado por mim mesmo, pois ia buscando no ensino, na fome de conhecimento a base de quem sou e de quem quero me tornar. Voltando um pouco ao ambiente de São Bernardo, posso mostrar seriamente que o Senhor Paulo em momento algum foi cercado por pessoas de atos nobres, de ações sinceras, de bondades alheias. Nem Madalena, sua esposa, antes professora de uma cidade do interior, levou a leveza da leitura para sua vida. Permitiu-se viver e ser corrompida, tanto que toda essa contradição de sentimentos e valores a levarão a morte morrida. Então quem sou eu, Graciliano Ramos, você, tu nós e eles para julgar o Paulo Honório? Por onde passamos e quem nos foi apresentado para definirmos tanta bondade em nossas vidas? Para ser sincero, vejo que no campo social, as pessoas buscam os bonzinhos, pois eles são domesticados, e revendo todo esse texto sei que sou bom e como o Sr Paulo, nosso mal atual é não sermos corrompidos e ou domesticados por diversos outros fatores sócio,culturais e ambientais. Outro momento marcante e que responde muito os dias atuais era o não gostar do Paulo Honório de pessoas que viviam e agiam por paixões. Como ele dizia: pessoas que se apaixonam, tomam decisões não justas. Quando indaga sua futura esposa Madalena que não queria e nem aceitaria um sim ao seu pedido repentino de casamento se ela dissesse que estava apaixonada. Pois paixão rápida o induzia a mentira e com isso toda a problemática de se viver. Creio que nesse contexto o Paulo Honório era um homem de visão e ou até seria um grande filósofo ou Sociólogo se buscasse nas leituras oportunidades. Não busco nesse ensaio descobrir santos ou pecadores e sim abordar que qualquer pessoa, até personagens têm uma razão de ser quem são e não do tempo agora e sim muitos desde antes do seu nascer. E também me coloco nesse patamar. Pois tenho certeza que muita coisa de quem sou só têm respostas se eu for buscar muito além de mim e de quanto eu conheço da minha história.