resolução - Nacional Online

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UFU - Julho/2006
No último capítulo de São Bernardo, Paulo L
Honório relata as deformidades de seu lado hu- I
mano, como se sua brutalidade tivesse uma tra- T
dução física. Ele se vê disforme, um monstro, E
como mostra o fragmento abaixo.
R
A
(. ..)"Devo ter um coração miúdo, lacuT
nas no cérebro, nervos diferentes dos
U
nervos dos outros homens. E um nariz
R
enorme uma boca enorme, dedos enorA
mes.
Fecho os olhos, agito a cabeça para repetir a visão que me exibe essas deformidades monstruosas."
GRACILIANO RAMOS. SÃO BERNARDO.
E, no conto "O monstro", de Sérgio Sant'anna,
as personagens Antenor e Marieta são consideradas monstros, na medida em que induzem
a personagem Frederica à morte.
Considerando essas duas situações, responda:
De que forma é possível justificar a "monstruosidade" de Paulo Honório e das protagonistas
de "O monstro"?
RESOLUÇÃO:
No contexto do romance São Bernardo, a
monstruosidade do personagem Paulo Honório
se justifica a partir das deformações que a
propriedade e o capitalismo imprimiram sobre
a sua personalidade. Como mostra o fragmento,
Paulo enxerga a si mesmo de forma distorcida,
tomando consciência, no final do romance, de
que é um homem arrasado. Ele se vê como um
"monstro", um homem rude e sem sentimentos
("dedos enormes e coração miúdo"), vítima de
uma reificação imposta pela profissão
capitalista.
No contexto da nar r ativa de Sérgio
Sant'Anna, a monstruosidade das personagens
adquire outra conotação. Elas se tornam
"monstros" pelos atos bárbaros que cometem:
a sedução, o aliciamento e o assassinato de
uma jovem moça indefesa e cega. No conto, a
monstruosidade dos comportamentos é o
resultado da exacerbação dos desejos eróticos
dos protagonistas que buscam, através do sexo,
realizar suas fantasias de poder e dominação
do outro. Nesse sentido, o crime cometido se
torna o limite extremo a que pode chegar a
selvageria "monstruosa" do desejo humano.
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