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Universidade Federal de Ouro Preto
Programa de Estímulo à Docência – PED
Escola Estadual D. Pedro II
Bolsista: Bárbara L. Tavares
Texto para utilizar exclusivamente na sala de aula
O Bem e o Mal
Podemos pensar sobre o que é fazer o bem e o que é fazer o mal. Mas como podemos definir
o que seja a coisa certa e a errada?
Na nossa sociedade, temos leis e regras que definem como devemos proceder uns com os
outros e quais regras obedecer. A partir desta perspectiva, sabemos então qual punição
teremos ao infringirmos determinadas leis. Desta forma, temos definido socialmente e
culturalmente o que é lícito ou ilícito. Mas será que concordamos com essas definições? Será
que algumas leis não nos parecem injustas? Não entraremos em detalhes sobre a justiça que é
outra discussão, mas veremos aspectos dela que nos interessa no momento: o bem e o mal.1
É possível falar de boas e más ações, de acordo com a forma como elas podem se enquadrar
dentro das normas sociais. Uma criança comporta-se mal quando desobedece aos seus pais e
não cumpre com as ordens que lhe tenham sido dadas. A regra geral é que uma má ação
resulta num castigo por parte de alguma autoridade social (os pais, os encarregados da
educação, os professores, a polícia, um juiz, etc.).
Para compreendermos este assunto iremos usar como fundamento das nossas discussões o
livro “Sem fins lucrativos” de Martha Nussbaum e “Pequena introdução à Filosofia” de
Françoise Raffin. Nussbaum em seu livro nos fala que a verdadeira educação se dá através da
cidadania. Para que se possa educar um indivíduo, devem-se estabelecer normas e ensinar
qual a conduta ideal de um cidadão dentro da sociedade em que vive. Ora, as normas e
definições de conceitos, como bem e mal, mudam. Cada sociedade tem sua própria cultura,
fazendo com que o conceito em si seja algo a ser discutido.
As diferenças dos conceitos em cada cultura são baseadas e disseminadas através dos meios
de comunicação adotados pela comunidade, assim já se definem quem são as pessoas que
fazem o bem e o mal naquele espaço social, no entanto não sabemos se realmente esta
definição é justa. Através da cultura disseminada, formamos a ideia de que as coisas só serão
boas quando aquilo que é considerado mal for eliminado, como por exemplo,o desfecho dos
contos de fadas para crianças, filmes de faroeste e filmes de temas gerais da atualidade.
Podemos nos questionar: será que o mocinho não seria o bandido e vice e versa?
Atualmente estamos sofrendo de falta de empatia. Para compreendermos o porquê desta
afirmação, vejamos o significado da palavra empatia:
“s.f. Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como
ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Aptidão para se identificar com o outro,
sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele
aprende etc. Etm. do grego: empátheia”.
1
Para usarmos corretamente essas duas palavrinhas-problema, basta fazer a oposição entre seus antônimos. Observe: Mal é
advérbio, antônimo de bem. Mau é um adjetivo, antônimo de bom.
A afirmação de que estamos vivendo tempos onde a empatia está em falta, vem da cultura que
nos foi oferecida e de sua evolução. A partir desta ideia, vamos de encontro às concepções
dos conceitos de bem e mal. Se alguém agiu mal, a maioria das pessoas não se coloca no lugar
desta pessoa para tentar compreender os motivos desta ação. Há julgamentos e críticas
justificando porque aquela pessoa é má. A discussão do conceito de bem e mal parece simples
e de pouca importância, mas como estamos vendo no texto, influencia muito em nossas vidas.
Para a autora Martha Nussbaum uma educação adequada pode fornecer as crianças à noção da
importância da empatia e da reciprocidade, fazendo com que se tornem adultos mais sóbrios
diante das interações sociais que viverá. O livro de Fraçois Raffin tem um tópico chamado
“Pensar colocando-se no lugar do outro”. Este tópico trata-se da empatia e de sua
importância. Assim como Nussbaum, ela também acredita que para alcançar o conhecimento
é essencial que as pessoas aprendam sobre a empatia, deixando de lado assim suas opiniões
pessoais e sendo mais imparcial ao resolver assuntos na sociedade.
Quando nos deparamos como culturas diferentes, passamos pelo que Nussbaum chama de
“choque de civilizações”. Realmente é um bom termo, pois, muitas vezes nos chocamos com
determinados costumes de um povo. Essas diferenças abrangem aspectos como a língua, a
culinária, os relacionamentos, a hierarquia familiar, as roupas, as leis etc. Um exemplo desta
diferença são as regras que as mulheres na Arábia Saudita devem seguir, vamos conferir
algumas delas: 1) Elas não podem pedir justiça se caso forem agredidas (a única punição ao
agressor é uma multa - como as de trânsito aqui no Brasil); 2) Só podem viajar com um
guardião (pai, irmão e marido); 3) Não podem dirigir; 4) Não podem escolher quais roupas
vestirem; 5) Não devem falar com homens que não sejam da sua família; Entrar em cemitério
etc. – Fonte: http://noticias.uol.com.br/internacional/listas/veja-dez-coisas-que-uma-mulhernao-pode-fazer-na-arabia-saudita.htm
Como podemos ver essas regras não se aplicariam a nossa cultura. Mas será que uma mulher
da Arábia Saudita que entra em um cemitério ou fala com um homem que não é de sua
família agiu mal? E se agiu mal é então uma pessoa má? Ela deve ser punida? Este choque de
civilizações nos faz pensar sobre o que é o bem e o mal e qual o tipo de educação queremos.
O papel da educação é instruir os jovens em suas áreas diversas. O papel das humanidades,
ensinar sobre a história da civilização humana, suas relações sociais, localizações, economia,
transações comerciais e questões filosóficas. Sendo assim, convido a todos da turma
conversarmos agora sobre as questões apresentadas no texto.
Bibliografia:
PEREZ, Luana Castro Alves. Mau ou mal?- Brasil Escola. Disponível em:
http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/mau-ou-mal.htm. Acesso em 11 de outubro de 2016.
NUSSBAUM, Martha C. Sem fins lucrativos: por que a democracia precisa das humanidades
– Tradução: Fernando Santos – São Paulo: Editora: WMF – Martins Fontes – 2015.
RAFFIN, Françoise. Pequena introdução à Filosofia – Tradução: Constância Morel e Ana
Flaksman – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
AULETE, Caldas. Minidicionário Contemporâneo da língua portuguesa – Edição: Paulo
Geiger – 2.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009.
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