ECONOMIA MÓDULO 5 AS QUESTÕES CENTRAIS DA ECONOMIA Índice 1. As Questões Centrais da Economia ............................. 3 1.1. O quê e quanto produzir? ............................................. 3 2 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a 1. AS QUESTÕES CENTRAIS DA ECONOMIA O problema econômico determinado pela impossibilidade dos recursos escassos de atenderem às necessidades humanas limitadas nos conduz a questões fundamentais, que demandam soluções através dos processos econômicos: O quê e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? À ciência econômica cabe reunir informações e orientar processos que possibilitem o tratamento de cada um desses problemas. A aplicação das soluções propostas pela economia é de responsabilidade da própria coletividade, observados os aspectos de natureza social, política, histórica, física, tecnológica, etc. 1.1. O QUÊ E QUANTO PRODUZIR? A produção de determinado bem, em função da escassez de recursos, implica a não-produção de outro. Como exemplo, o fato de que a terra usada na produção de álcool, visando gerar combustível para os automóveis, não poderá ser utilizada na produção de alimentos. A fronteira de possibilidades de produção é um instrumental simples, mas que auxilia a explicar a questão relacionada com “o quê e quanto produzir”. A tabela 1 a seguir revela algumas alternativas de produção para dois bens (alfa e beta) ditadas pelos recursos disponíveis – capital, terra, trabalho, tecnologia e capacidade empresarial – e pelo estágio da tecnologia de uma determinada economia. A representação gráfica em duas dimensões – um eixo dos x, considerada a primeira variável e um eixo dos y, a segunda variável –, utilizando dados econômicos observados ou idealizados, é um instrumento de apoio de fundamental importância na apresentação das questões econômicas. Podemos apresentar os dados da tabela 1 num gráfico de duas dimensões (denominado 3 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a plano cartesiano) tal que as quantidades do bem beta sejam demonstradas no eixo dos y (das ordenadas) e as do bem alfa, no eixo dos x (abscissas). Desta forma, utilizando este sistema de coordenadas poderemos posicionar as alternativas A, B, C, D, E e F: cartesianas, O gráfico 2 une os pontos A a F, que constituem a fronteira ou curva de possibilidades de produção (CPP) e representam as alternativas apresentadas na tabela 1. Pode ser observado um decréscimo na produção do bem beta, à medida que aumenta a produção do alfa. No ponto A, todos os fatores são utilizados para a produção de beta. Em F, os recursos são alocados, exclusiva mente, para a produção de alfa. Entre esses dois extremos, há pontos intermediários (B a E) que revelam a escassez dos recursos e o sacrifício de unidades de produção de um bem quando se aumenta a produção do outro. 4 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a Todo ponto da CPP representa, pois, uma alternativa que utiliza com a máxima eficiência, dada a tecnologia disponível, as alternativas de escolhas de produção dos dois bens. Eventualmente, a produção pode ficar num ponto aquém dessa fronteira, como se observa com U no gráfico 3, em função de problemas econômicos, políticos ou sociais, como crises financeiras, guerras, epidemias, etc. Nesse caso, não estamos empregando os fatores de produção com a máxima eficiência, ou seja, não estão sendo empregados todos os recursos disponíveis com a máxima eficiência, havendo, portanto, desemprego de fatores. Poderíamos, então, expandir a produção de um ou mesmo dos dois bens até chegarmos aos limites das possibilidades de produção (CPP). 5 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a Não podemos, entretanto, produzir além da CPP, isto é, acima da curva. A CPP, porém, pode ser deslocada para cima e à direita, como demonstra o gráfico 4, a seguir, possibilitando o crescimento da produção em função de novas e melhores combinações de utilização dos fatores de produção, que pode ocorrer devido a um aumento na quantidade do fator capital, uma melhoria qualitativa na força de trabalho e, ainda, do progresso tecnológico, responsável por novos métodos de produção. Inversamente, uma diminuição de fatores de produção pode levar a um deslocamento da CPP para a esquerda, e pelo mau funcionamento da economia, devido a fatores internos ou externos. 6 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a A análise da CPP conduz à discussão sobre o conceito de custo de oportunidade, entendido como a renúncia ou sacrifício de produção ou obtenção de um bem quando outro é escolhido. Assim, o custo de oportunidade para a obtenção da primeira unidade do bem alfa é uma unidade de beta, conforme pode ser verificado na tabela 2. A segunda unidade de alfa demanda a desistência da produção de mais duas unidades de beta; a terceira unidade de alfa exige um custo de oportunidade de mais quatro unidades de beta, e assim por diante. Ao final, para a produção da quinta unidade de alfa, deverão ser sacrificadas mais oito unidades de beta. Esse custo de oportunidade, no caso específico de opções entre cada alternativa de produção de alfa e beta, está demonstrado no gráfico 5. 7 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a A análise da CPP traz, também, o conceito conhecido com “Lei dos rendimentos decrescentes” ou, ainda, “Lei da produtividade marginal decrescente”. Vimos que o aumento da utilização dos fatores de produção ocasiona deslocamentos positivos da CPP. Ampliando-se a quantidade de um fator variável e fixando a dos demais fatores, a produção aumentará, inicialmente, mas as taxas serão decrescentes. Se mantivermos essa situação, atingiremos um ponto a partir do qual teremos decréscimo da própria produção. Suponhamos, num primeiro momento, que, como resultado da utilização de 100 unidades do fator terra 8 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a 300 unidades do fator capital 50 unidades do fator trabalho obtém-se 30 unidades do bem alfa e 40 unidades do bem beta. Num segundo instante, mantendo-se constante a quantidade do fator terra e aumentando-se o capital e a mão-de-obra para 360 e 60 unidades, respectivamente, a produção passaria para 35 e 45 unidades de alfa e beta. Assim, para um aumento de 20% nos fatores, a produção cresceria em torno de 1 7%. Num terceiro momento, utilizando-se 100 unidades do fator terra 430 unidades do fator capital 70 unidades do fator trabalho a possibilidade de produção atinge 38 unidades do bem alfa e 48 unidades do bem beta. Percebe-se, nessa simulação, que a cada novo aumento de 20% nos fatores capital e trabalho, mantendo constante a terra, as possibilidades de produção aumentam menos de 9%. 9 Economia - Módulo 5: A s Q u e s t õ e s C e n t r a i s d a E c o n o m i a