O Senhor Deputado Federal Neilton Mulim (PR-RJ) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, demais senhoras e senhores aqui presentes ou que estejam nos ouvindo ou assistindo por meio da Internet, da Rádio ou da TV Câmara, e, em especial, ilustres cidadãos do Estado do Rio de Janeiro, a quem tenho o orgulho de aqui representar. Quero inicialmente agradecer ao Deputado Leo Alcântara, meu correligionário cearense de Partido da República, que gentilmente me cedeu este precioso espaço para relatar o que estou fazendo em favor da população brasileira em geral e à carioca e fluminense em particular. "Antes de falar propriamente sobre os assuntos que pretendo abordar, não poderia deixar de prestar minha solidariedade aos moradores do Estado do Rio de Janeiro, em particular às comunidades de São Gonçalo e Morro do Bumba, em Niterói, as mais prejudicadas pelas fortes e recentes chuvas que atingiram o meu estado. A tragédia é uma das mais comoventes que já ocorreram não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o País. Afinal, as casas da comunidade do Bumba, tendo sido construídas em cima de um depósito de lixo, desabaram, com a avalanche de terra provocada pelas chuvas, com uma facilidade poucas vezes vista em situações dessa magnitude. Não é hora de a sociedade carioca e brasileira, com a forte repercussão que a imprensa nacional e internacional vem dando ao caso, procurar os eventuais culpados pelos deslizamentos. Neste instante de angústia nacional, o que se espera das autoridades municipais, estaduais e federais é que providências enérgicas sejam tomadas para: 1º dar todo o apoio às vítimas do cataclismo; 2º evitar que tragédias semelhantes venham a ocorrer. Com isso -- e vejo que as medidas já vêm sendo implementadas --, poderemos tirar desses lamentáveis acontecimentos as lições necessárias para se evitar situações semelhantes no futuro." Agora vou abordar dois assuntos de relevante interesse da sociedade brasileira, ambos ligados à área da saúde. Esses dois temas, transformei em projetos de lei, que atualmente um tramita aqui na Câmara dos Deputados, e o outro no Senado Federal. São eles os Projetos de Lei nº 2776, de 2008, e o de nº 123, de 2007. O primeiro deles, o de nº 2776, estabelece a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia na equipe multidisciplinar das unidades de terapia intensiva. O médico dessa especialidade, segundo ainda a proposição, deverá compor também as equipes das clínicas e dos hospitais públicos ou privados em que existam pacientes internados. Os argumentos favoráveis à presença de um dentista nas unidades médicas são por demais óbvios, afinal a saúde bucal é um dos maiores fatores de sanidade física e mental do indivíduo, e uma simples dor de dente pode comprometer a recuperação dos internados. Se um mal tão simples pode acarretar problemas ao doente, que se dirá de moléstias mais graves e dos politraumatismos bucais ocasionados pelos acidentes de trânsito? É de causar espanto, diante da gravidade do quadro de saúde dos internados, principapalmente em UTIs, que as equipes de assistência médica não dispunham de um profissional da Odontologia. Os pacientes internados em Unidades de Terapia intensiva (UTIs) devem receber - como o próprio nome sugere - cuidados especiais e constantes, não só para tratar o problema que o levou à internação, mas também para cuidar dos demais órgãos e sistemas que podem sofrer alguma deterioração prejudicial para sua recuperação e prognóstico. Nesses cuidados, deve estar incluído o tratamento odontológico com higiene bucal adequada, dada a inter- relação entre doenças bucais e sistêmicas. No entanto, é raro encontrar um cirurgião-dentista fazendo parte da equipe multiprofissional das UTIs. Esse atendimento específico busca manter a higiene bucal e a saúde do sistema estomatognático do paciente durante sua internação, controlando o biofilme e prevenindo e tratando a cárie, a doença periodontal, as infecções perimplantares, as estomatites e outros problemas bucais. Acrescenta-se, ainda, que o atendimento odontológico do paciente crítico também contribui na prevenção de infecções hospitalares, principalmente as respiratórias, entre elas a pneumonia nosocomial, ou hospitalar, uma das principais infecções em pacientes de UTI favorecidas por microorganismos que proliferam na orofaringe. Sua ocorrência é preocupante, pois é bastante comum entre esse grupo de pacientes, provocando um número significativo de óbitos ou prolongando a internação do paciente e exigindo mais medicamentos e cuidados. Considerando, também, que a grande maioria dos pacientes de UTI não tem como se queixar de seu estado e de seus incômodos, os profissionais responsáveis por cuidarem da manutenção de suas vidas e saúde devem estar presentes na equipe multiprofissional, que deve ser a mais completa possível. Por isso, é requerida a presença dos cirurgiõesdentistas, pois o fato de não haver cuidados bucais provoca desdobramentos que vão além da boca e além até da saúde integral do paciente. Dificuldades na melhora do quadro clínico do paciente e o prolongamento da sua estada na UTI geram uma diminuição no número de vagas disponíveis e aumentam os gastos hospitalares. O atendimento odontológico desses pacientes, por outro lado, tem custo bastante baixo, é mais saudável e preventivo, e ainda promove o conforto e bem-estar deles. Há mais de cento e cinquenta anos, a higiene das mãos é a mais importante medida para o controle da infecção hospitalar. Mas, até o momento, outra fonte de infecção tão importante como a boca vem sendo esquecida. Deve-se, portanto, considerá-la um ambiente propício para o crescimento microbiano, principalmente nos pacientes que necessitam de ventilação mecânica, impedidos de fecharem a boca e em contato maior com o meio ambiente. Tanto os profissionais da medicina como a área acadêmica do setor estão plenamente convencidos da necessidade de um odontológo nas equipes das UTIs. Os estudiosos do assunto vêm recomendando essa providência há tempos. É o que se verifica, por exemplo, no artigo publicado pela Doutora Teresa Márcia Nascimento de Morais e outros na Revista Brasileira de Terapia Intensiva nº 417, Vol. 18, Nº 4, Outubro – Dezembro, 2006, cujo título é bem sintomático Importância da Atuação Odontológica Pacientes Internados em Unidade de Terapia Intensiva. Escreve a renomada Doutora: em “Estudos indicam que pacientes de UTI apresentam higiene bucal deficiente, com quantidade significativamente maior de bactérias do que em individuos que vivem integrados na sociedade...Estes resultados levam tais estudos a sugerir que os agentes patogênicos bucais, em especial os respiratorios, podem ser uma fonte especifica de infecção hospitalar importante em UTIs., uma vez que as bactérias presentes na boca podem ser aspiradas e causar pneumonias de aspiração. “Em vista de dados de fisiopatologia mostrando odontológicos possível e relação pneumonias entre cuidados hospitalares, o Cirurgião-Dentista poderia acrescentar- se à equipe multiprofissional em benefício do paciente crítico.” O outro projeto de lei já foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, faltando ser aprovado na Comissão de Direitos Humanos para virar Lei, que é o de nº 123, de 2007, que institui normas de atendimento, pelo Sistema Único de Saúde – SUS, para mulheres vitimas de violência. A proposição determina que o Poder Executivo, por meio do SUS, deverá autorizar a realização gratuita de cirurgia plástica para correção de lesões em mulheres vítimas de violência. Os hospitais e centros de saúde do SUS, ao receberem vítimas de violência, deverão informá-las, no atendimento, da possibilidade de acesso gratuito à cirurgia plástica para reparação e as providências necessárias para sua realização, tão-somente das lesões ou seqüelas da agressão comprovada. A mulher vítima de violência grave que fizer a opção pela cirurgia deverá procurar unidade que realize a cirurgia, portando o registro de ocorrência oficial da agressão. O profissional de medicina que indicar a necessidade da cirurgia deverá fazê-lo em diagnóstico formal expresso, encaminhando-o ao responsável da unidade de saúde respectiva, para sua autorização. Para a realização do disposto no projeto de lei, o Poder Executivo adotará, entre outras, as seguintes ações: I - instalação de um modelo assistencial que contemple equipes de especialistas em cirurgia plástica; II - realização periódica de campanhas de orientação e publicidade institucional com produção de material didático a ser distribuído para a população-alvo; III - distribuição gratuita de produtos farmacológicos durante o préoperatório e o pós- operatório; IV - encaminhamento para clínica especializada dos casos complementação indicados diagnóstica tratamento, quando necessário; para ou V - controle estatístico dos casos de atendimentos. O projeto se justifica por que a maioria dos casos de agressão às mulheres acontece com aquelas cujas condições socioeconômicas não suportam os custos de uma cirurgia plástica reparadora. Ficam, dessa forma, estigmatizadas pelo restante de suas vidas. As sequelas compreendem queimaduras e cortes profundos em seus corpos, que as marcam física e psicologicamente, e, como conseqüência, elas procuram se esconder da convivência social. Há casos em que as lesões comprometem, inclusive, a locomoção da mulher, retirando-lhe a capacidade para o trabalho e outros afazeres produtivos. É justo, pois, que o sistema de saúde pública ofereça o tratamento médico adequado, por meio da cirurgia reparadora, realizada segundo os procedimentos e técnicas da moderna medicina. O projeto procura, assim, devolver a dignidade à mulher lesionada e dar-lhe o conforto psicoemocional para a continuação de sua jornada como pessoa humana. Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, demais senhoras e senhores, tenho certeza de que a propostas que apresentei – odontólogo nos hospitais será em breve aprovado pelos meus pares aqui da Câmara dos Deputados, bem como o de cirurgia plástica reparadora pelo SUS – será em breve aprovado pelos meus companheiros do Senado, pois ambos são de extremo interesse de toda a sociedade brasileira. Aprovados, eles se reverterão em imediato benefício, principalmente à camada mais necessitada de atenção. Muito Obrigado!