ts1.esboço da matéria - Professor Landon Jones

Propaganda
ESBOÇO DA MATÉRIA
REVELAÇÃO
A Necessidade de Revelação
A revelação é um elemento de todas as religiões. Todas mantêm a noção de
que a divindade é capaz de comunicar ao ser humano. Na Bíblia a revelação é
necessária por causa da natureza de Deus e do ser humano.
DEUS
SER HUMANO
Infinito
Espírito
Finito
REVELAÇÃO
Espírito/corpo
Perfeito
Imperfeito
Ilimitado
Limitado
2
A doutrina cristã de revelação é baseada em duas pressuposições:
1.
Deus é capaz de se revelar e, de fato, se revelou.
2.
O ser humano é capaz de entender essa revelação.
A Definição de Revelação
A terminologia
As palavras bíblicas principais são galah (tirar ou descobrir) e apokalupto,
apokalupis (descobrir, descoberto). Existem outras palavras e frases que
descrevem a ação de revelação, como, epifaneia (aparecer), semaínou
(mostrar, fazer conhecido).
A definição da revelação bíblica:
A auto-manifestação de Deus de modo que o ser humano pode conhecêlo pessoalmente.
Os elementos da revelação bíblica
1.
Um ato de Deus. Deus inicia a revelação. O nosso conhecimento de Deus
depende da sua revelação. Deus tem que se revelar se o ser humano vai
conhecê-lo. Mas, isso não quer dizer que Deus se revela a parte da experiência
do ser humano. Se fosse assim o ser humano não compreenderia a revelação.
Uma maneira de entender o papel do ser humanos no ato de revelação é dizer
que o próprio Deus, no ato de se revelar, desperta no indivíduo o desejo de
conhecê-lo. Assim, as próprias aspirações do ser humano para conhecer a
Deus vem do próprio Deus. Veja Ex. 3; Luc. 2.8-15. Leia e compare.
2.
Deus se revela. O próprio Deus é o objeto da revelação.
a.
A revelação de Deus é principalmente pessoal e não de
proposições, isto é, Deus se revela a si mesmo e não verdades
sobre ele mesmo. Assim, Deus é o centro da revelação bíblica e
não as declarações que Deus faz.
3.
A revelação de Deus é mediada por meio de Jesus Cristo. Jesus é o meio
da revelação de Deus ao ser humano.
4.
A revelação de Deus possibilita conhecimento de Deus e comunhão
com Deus. A revelação de Deus não tem por propósito principal
conhecimento dos mistérios de universo mas, sim, relacionamento
pessoal com Deus. O conhecimento que a revelação possibilita é
principalmente para comunhão.
A Natureza da revelação bíblica
3
Universal
Na criação. As palavras bíblicas que se referem à revelação não se referem
especificamente à revelação de Deus na criação. Mas, a Bíblia fala de
"teofanias", revelações, em termos de fenômenos naturais. Geralmente, essa
forma de revelação é chamada "geral" ou "universal" porque é uma revelação
que é evidente ao ser humano em termos gerais ou que evidente
universalmente. As suas características gerais são:
1.
É acessível a todos em toda hora e
2.
Não é específica em termos de hora, conteúdo, lugar, etc.
Duas perguntas sobre essa forma de revelação:
1.
A revelação por meio de natureza realmente existe?
2.
Essa revelação é realmente eficaz?
As Evidências bíblicas:
1.
Salmo 19
a.
"Os céus proclamam"(safar - também, "relatar, fazer conhecido,
reportar") - particípio no Piel, sugere um processo contínuo
b.
"O firmamento anuncia" (galah) - declarar ou mostrar.
c.
"um dia faz declaração"(nb') - efervecer, derramar, emitir
d.
"uma noite revela" (chvh) - anunciar, informar
V. 3 é a chave: "não há fala, não há palavras, não se ouve a sua voz"
Várias interpretações:
a.
o universo é uma testemunha silenciosa.
b.
Sem falar em voz alta, o testemunho alcance toda parte do mundo
c.
v. 3 nega vv. 1 e 2.
d.
Lutero, Calvino, et al: "Não há língua (idioma) onde a sua voz não é
ouvida." Dá ênfase à universalidade da mensagem. Toda língua,
nação, tribo, etc. tem acesso a esta mensagem.
e.
LXX: "Não há língua, nem palavras cuja voz não é ouvida", isto é,
não existem falas ou palavras que não podem ser ouvidas.
v. 4: "Por toda a terra se estende a sua linha" (TM); LXX - "a sua voz".
v. 4 implica na eficácia desta revelação pelo menos em termos da
sua universalidade. Não há lugar sem acesso a essa
revelação.
2.
Rom. 1:18-32
4
a.
b.
c.
d.
e.
3.
A chave da epístola se encontra em vv. 16 e 17. Mas, a salvação
pressupõe a revelação da ira de Deus em vv. 18-32.
A ira de Deus é justificada na base da verdade revelada por Deus
mas rejeitada pelos homens. Deus se manifestou claramente ao ser
humano.
Esta revelação começou na criação e continua
As qualidades (atributos) de Deus que são reveladas: poder eterno
e divindade. Assim os ímpios não têm desculpa para não conhecer
pelo menos estes atributos. Mesmo com conhecimento de Deus,
não honram a Deus.
O problema: como interpretar "o que de Deus se pode conhecer" e
"Deus lho manifestou"? Em v. 21 a frase "tendo conhecida a Deus"
implica em conhecimento de verdade.
Rom. 2:12-16
Todos são julgados (condenados). O judeu é condenado porque tem a lei
mas não obedece a lei. O gentio é condenado porque, mesmo sem a lei
judaica, tem uma "lei" escrito no seu coração. Quando o gentio faz o que
a lei diz, mostra que a lei está no seu coração.
4.
Atos 14:15-17
a.
b.
c.
5.
Deus "permitiu que as nações andassem nos seus próprios
caminhos", isto é, não interfere com as nações.
Mesmo assim, Deus dá um testemunho à sua bondade--a chuva,
comida, e fazendo bem para todos.
O testemunho de Deus ao mundo é a preservação benevolente do
mundo.
Atos 17:22-31
a.
b.
O "deus desconhecido", o deus das especulações, sem uma
revelação específica, é o Deus que Paulo conheceu por meio de
uma revelação específica.
Citou um poeta grego que chegou a reconhecer a origem de todo
ser humano, "dele também somos geração."
As Implicações da Revelação por meio da natureza
1.
Todos tem conhecimento de Deus, mas, nem todos reconhecem a
verdade de Deus na criação.
5
2.
3.
4.
5.
Existe a possibilidade de conhecer uma porção da verdade divina fora da
revelação particular; a revelação "geral" é um complemento à revelação
particular.
Deus é justo quando condena aqueles que nunca ouviram falar do
evangelho porque
(a) todos tem uma noção de Deus e
(b) se não perceberam efetivamente, é porque eles suprimem a
verdade.
Revelação universal serve para explicar a presença das religiões no
mundo.
Existe um vínculo entre a verdade do evangelho e a verdade científica do
mundo natural.
EXCURSO:
A Teologia Natural
1.
Definição - Existe uma revelação objetiva, válida, e racional na criação.
Duas pressuposições:
a.
A verdade sobre Deus é realmente presente na criação; não é uma
projeção do crente da sua fé para a criação.
b.
O mundo (o universo) de hoje é essencialmente o mesmo que Deus
criou.
2.
A pessoa que percebe essa revelação é íntegra. As limitações humanas
(pecado, etc.) não impedem a interpretação correta da revelação por
meio da natureza.
3.
A mente humana é capaz de receber e deduzir informação sobre Deus
por meio da natureza. Os princípios de lógica são válidos para entender a
revelação.
4.
A essência de uma teologia natural: É possível chegar a uma
compreensão verdadeira de Deus na base da razão sem pressuposições
cristãs e sem outra autoridade (a Bíblia, a igreja, etc).
5.
Um exemplo de uma teologia natural: Tomás Aquino (Suma Teologica)
a.
Seu argumento: é possível validar algumas crenças da igreja só por
meio de razão pura, por exemplo, a existência de Deus.
b.
As provas da existência de Deus:
(1) A prova cosmológica - (a) cada coisa que existe tem uma
causa, uma origem. (b) Não pode ser uma série infinito de
causas porque, se fosse, nada seria sido criado. (c) Tem que
ter uma Causa Primária - Deus.
6
(2)
A prova teleológica - A ordem e estrutura do universo é o
resultado de um ser inteligente. O universo e seu mecanismo
não apareceu por acaso; deve ser o produto de um plano ou
propósito específico.
6.
Outras provas
a.
Emanuel Kant - o argumento antropológico, isto é, existe no ser
humano evidências da revelação de Deus, e.g., o impulso moral.
b.
Anselmo - (a) Deus é o maior de todo ser concebível. (b) Um ser
que não existe não pode ser o ser maior, porque um ser que existe
certamente é maior do que um ser que não existe. (c) Assim, Deus
tem que existir.
7.
Conclusão
a.
As provas da existência de Deus não são conclusivas. Pode ser
usadas para provar que Deus não existe, também. Por exemplo, a
primeira causa é o Deus de que a Bíblia fala ou é simplesmente um
ser muito grande e poderoso para dar início ao universo?
b.
As implicações das passagens bíblicas indicam que Deus deixou
uma revelação objetiva na criação mas o ser humano não pode
"ver" Deus claramente por causa das influencias do pecado.
Particular (Especial)
Deus se manifesta pessoalmente a pessoas específicas, em lugares e horas
específicas, de maneira que pessoas possam estabelecer um relacionamento
redentor com ele. Aspectos de revelação particular:
Teofanias
Teofanias são eventos específicos em que Deus aparece na história. São
específicos em termos de tempo e lugar, isto é, Deus se revela em um
momento histórico específico e em um lugar geográfico específico. Exemplos
bíblicos de teofanias:
1. Ex.3
2. Jz.6
À vezes, a teofania aconteceu em uma visão:
1. Is.6
7
2. Ez.1,2
A história como meio de revelação
1.
G.E. Wright, O Deus que age
a.
A revelação acontece numa séria de eventos históricos.
b.
A Bíblia é uma coletânea (registro) dos atos de Deus e a
resposta humanas aos atos.
c.
Por meio destes atos podemos aprender algo sobre Deus.
d.
Assim, a Bíblia não especificamente "a palavra de Deus" mas, sim,
o registro dos atos de Deus.
2.
Revelação por meio de história - Karl Barth (neo-ortodoxia)
a.
Deus agiu na história para se revelar mas os eventos da história
não são a revelação, mas, sim, o meio da revelação.
b.
Revelação é Deus se manifestando num encontro pessoal com o
ser humano.
c.
A presença de Deus num evento é a revelação e não o evento em
si.
d.
Assim, a Bíblia é um relatório que a revelação aconteceu, mas não
é parte da revelação.
e.
A Bíblia pode ser um veículo através do qual Deus se revela ao
leitor.
3.
Wolfhart Pannenberg
a.
Os eventos da história são a própria revelação de Deus.
b.
Assim, é possível ver os atributos de Deus nos eventos.
c.
Pannenberg entendeu a história como a história universal, isto é,
Deus não se revelou somente na história de Israel mas, sim, na
história universal do mundo.
A revelação como palavra
1.
No AT
a.
Em termos gerais, no AT as palavra têm uma característica
dinâmica. Não foram simplesmente sons que saíram da boca, mas
uma vez faladas, elas conseguiram uma "existência" independente.
Por exemplo, uma benção falada não pode ser retirada. (Gn. 27.3238). As vezes as palavras são tratadas como "objetos" físicas (Veja
1Sam. 3:19).
8
Em termos da revelação de Deus, no AT a palavra é o modo
característico pelo qual Deus revelou seus propósitos ao ser
humano. A palavra hebraica que mais caracteriza a noção de
palavra é dabar.
b.
Duas modalidades:
(1) A lei
(a) O judaísmo do primeiro século dC disse que Deus
sempre existia e revelou sua natureza, caráter, seus
propósitos, e sua vontade.
(b) Os judeus aceitaram a revelação da lei por Deus. Essas
palavras foram transmitidas de Deus para os seus
servos, principalmente Moisés, por meio do seu Espírito.
Assim, essas palavras têm a qualidade de palavras
inspiradas, ou, de origem divina.
(2) A palavra profética - "a palavra do SENHOR"
(a) uma palavra dinâmica e particular. Deus fala e o profeta
ouve (Veja Jer. 18.1, Os. 1.1, Joel 1.1.). Outras
expressões são usadas pelos profetas, também, como
"o oráculo (peso) de Deus" (Hb. 1.1) ou "a visão de
Deus" (Ez.1.1). Assim, o profeta "vê" a palavra de Deus
numa visão. Veja Is. 2.1; Miq. 1.1; Naum 1.1.
(b) A revelação por meio da palavra é a maneira pela qual
Deus comunicou a sua vontade ao ser humano. Essa
comunicação não deve ser interpretada como
informação esotérica ou gnóstica, mas, sim, seu desejo
para o ser humano no que diz respeito ao
comportamento humano.
(c) contextualizada - em tempo e espaço, numa língua
específica.
(d) O poder da palavra de Deus - O poder da palavra de
Deus pode ser visto no imperativo que essa palavra
produziu na vida dos profetas. Veja Amós 3:8, Jer. 20:9.
Essa palavra produziu uma compulsão divina. A
iniciativa é com Deus mas o livre arbítrio do profeta é
também respeitado. O poder da palavra é também visto
no mundo em termos gerais. Veja Sal. 33.6; Is.
55.10,11.
No NT
b.
2.
9
a.
b.
c.
No grego as palavras que mais comunicam a noção de palavra são
logos e rhema. As duas palavras são usadas na LXX para traduzir
davar mas a palavra rhema é a palavra preferida no Pentateuco e a
palavra logos é preferida nos profetas. logos tem vários sentidos no
grego: contar, relatar, recitar, dizer, falar, explicar, narrar, etc.
rhema quer dizer principalmente "dizer" ou aquilo que foi falado ou
dito.
"A palavra de Deus" no NT
(1) a lei no AT - Mar. 7.13
(2) uma passagem específica do AT - Jo.10.35
(3) A vontade revelada de Deus, seu propósito para o ser
humano - Luc. 11.28; Rom. 9.6; Col. 1.25-27.
(4) As palavra de Jesus e as referências de Jesus à palavra de
Deus - Luc. 5.1; Jo. 5.38; 8.55; 17.6.
(5) A mensagem do evangelho - Luc. 8.11; Atos 4.31; 1Cor.
14.36; Ef. 1.13; Col. 1.5.
(6) As vezes a palavra rhema se refere às palavras de Jesus
(Atos 11.16) e o evangelho (1Ped. 1.25).
Jesus como a palavra de Deus - Jo. 1.1-14; 1Jo. 1.1; Ap. 19;13.
(1) João se referiu a Jesus como a Palavra (logos) porque a
terminologia messiânica judaica não foi totalmente adequada
para descrever a revelação de Deus em Jesus Cristo para
audiências não-judaicas.
(2) Além dessa designação O NT usa as expressões "Filho de
Deus" e "Filho do Homem." A frase "Filho de Deus" se refere
a preexistência de Cristo (Gl. 4.4; Fil. 2.6; Col. 1.15, 17). João
se referiu a preexistência de Jesus como o agente de Deus
pai na criação (Jo. 1.3). A expressão "Filho do Homem" se
referiu a designação de Jesus como o "homem do céu" ou "o
segundo Adão." Jesus é o arquétipo do homem verdadeiro,
criado à imagem de Deus.
As implicações da revelação particular
1.
2.
3.
4.
5.
6.
A revelação é pessoal - Deus se revela e revela a verdade.
O conhecimento da revelação é pessoal e não teórico.
A revelação é realmente algo novo.
A revelação é por meio de atos e palavras.
A revelação particular de Deus é inteligível.
A revelação é por meios humanos
 O homem Jesus
10




Os atos de Deus
As palavras proféticas
Os escritores bíblicos
A comunidade cristã
A DOUTRINA DE DEUS
I.
INTRO
Uma discussão da pessoa de Deus e seus atributos dependem de uma
pressuposição que Ele existe e que pode ser conhecido pelo ser humano.
Como escreveu L. Berkhof: "Para nós, a existência de Deus é a grande
pressuposição da teologia." Uma discussão teológica de Deus
normalmente inclui:
a.
As provas lógicas da sua existência
b.
A natureza da sua pessoa
c.
Seus atributos
II.
As provas da existência de Deus
(Uma discussão das provas de Deus se encontra no livro texto e não será
tratado na sala de aula.)
III.
A Natureza de Deus
Não há consenso entre os teólogos quanto a maneira de falar da
natureza de Deus. Normalmente, a “doutrina” de Deus é apresentada por
uma descrição dos atributos de Deus. Há várias maneiras de classificar
esses atributos:
Naturais
Absolutos
Transcendente
Incomunicáveis
Grandeza
1.
Morais
Relativos
Imanente
Comunicáveis
Benevolência
Deus como pessoa (Conner)
11
É necessário tratar de Deus como pessoa por causa da sugestão que
vem de outras crenças e filosofias dizendo que Deus é meramente uma
"força" impessoal. A nossa posição é que Deus é uma pessoa com as
qualidades que fazem parte de personalidade como nós entendemos.
Qual é a definição de pessoa e/ou personalidade? W. T. Conner sugeriu
três itens:
a.
a inteligência - a capacidade de conhecer o universo ao seu redor;
relacionar-se ao universo; a capacidade de se identificar dentro do
universo
b.
a auto determinação - a capacidade de influenciar a si mesmo;
determinar a direção da sua vida; dirigir-se numa ou outra direção
c.
a consciência moral - a capacidade de distinguir entre o bem e o
mal e a obrigação de escolher o bem e rejeitar o mal.
À luz da Bíblia, podemos dizer que Deus tem tudo isso e, assim, é uma
pessoa. O ser humano somente possui essas características até certo
ponto, em uma escala limitada. Se Deus é a pessoa perfeita e nós somos
imperfeitos, podemos concluir que a nossa personalidade deve ser no
processo de desenvolvimento.
Evidências da personalidade de Deus
a.
a personalidade do ser humano. De onde veio se não de Deus?
b.
O nome de Deus - Êx. 3.14,15; 6.2,3
c.
sua capacidade de agir; sua capacidade de iniciar relacionamentos,
falar, sentir, pensar, etc. A vida é o que faz a distinção principal
entre Javé e os ídolos. Isa. 44.18,19 e Jer.10.10 mostram a
situação entre Deus e os ídolos.
d.
sua auto-suficiência - At. 17.25
e.
a pessoa de Jesus Cristo:
1)
seu relacionamento com o Pai
2)
suas qualidades como, seu amor,, sua retidão, etc. são
pessoais
3)
sua capacidade de iniciar relacionamentos pessoais
f.
a experiência cristã nos mostra que a reposta que o crente recebe
de Deus é pessoal - o perdão, a transformação, etc.
2. A Espiritualidade de Deus
João 4.24 declara que Deus é espírito:
Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e
em verdade.
(pneuma o qeus )
12
a.
b.
c.
d.
e.
Deus não é um espírito, mas é de natureza espiritual, isto é, não
tem matéria como parte do seu ser. Veja 1Tim. 1.17; 6.15,16.
Ex. 20.4 implica na impossibilidade de fazer uma representação
concreta de Deus
A nossa comunhão com Deus é de natureza espiritual. Não
podemos alcançá-la por meios dos sentimentos humanos.
Ele não tem limitações físicas; não é preso pela natureza física do
universo. Veja Atos 17.24.
As antropomorfismos e antropopatias
(1) Os antropomorfismos são figuras de linguagem humana que
nos ajuda a entender a natureza de Deus, como ele age, etc.
Veja Dt. 26.8; Is. 59.1, Ex. 33.22,23.
“e o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço
estendido, com grande espanto, e com sinais e maravilhas”
Dt. 26.8
E quando a minha glória passar, eu te porei numa fenda da
penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja
passado. Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas
costas; porém a minha face não se verá. Ex. 33.22,23
Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não
possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa
ouvir; Is. 59.1
(2)
As antropopatias são descrições de Deus em termos de
sentimentos humanos, por exemplo, a ira, o ódio, ou o
arrependimento.
“Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na
terra, e isso lhe pesou no coração” Gên. 6.6
(3)
As teofanias visíveis de Deus são auto-manifestações de
Deus em forma ou humana ou de fenômenos naturais que
permitem uma visão de Deus sem prejudicar a sua santidade
ou ferir o ser humano.
3. A natureza absoluta de Deus
13
A natureza absoluta de Deus refere-se à impossibilidade de conter Deus em
nossos pensamentos ou pelas nossas expressões. Ele não depende de
nada para sua existência. O mundo depende dele. Os relacionamentos que
ele mantém com o mundo são os relacionamentos que somente ele deseja.
As implicações:
a. A auto existência
Deus é a fonte de tudo que existe e ele não depende de nada para sua
existência. Seu domínio é eterno, sem limites de tempo, sem início ou
fim. Ele não se desenvolve. Veja Sl. 90.1,2; Judas 25.
b. A unidade
Deus é só um e é indivisível. Uma noção básica no AT e no NT é que
Deus é um. Veja Ex. 20.2; Dt. 6.4. Essa unidade não anula a doutrina da
Trindade porque essa doutrina também ensina que Deus é um. Sendo um
só, Ele é o único Deus que deve ser adorado. Assim, o politeísmo é
excluído. Jer. 10
c. O poder absoluto
Deus é soberano sobre o universo. Seu poder é ilimitado e sem igual.
Veja Jer. 35.17; Mt. 19. 26. Ele pode tudo que é apropriado ao seu poder.
Veja Gên. 1; Is. 40.12-29. A sua soberania é visto no seu domínio sobre
as nações no AT. Veja Is.14.24-27. Ele usa outras nações para castigar o
seu povo Israel. Assim, o elemento nacionalista é eliminado. Veja Is.
10.5-19.
d. O conhecimento absoluto
Deus conhece tudo que pode ser conhecido e a sua compreensão das
coisas é ilimitada.
Veja Sl. 147.7 Não há nada que acontece que Deus não sabe; Ele não é
surpreso quando algo acontece. Veja Pr. 15.3; Mt. 10.29, 30; Hb. 4.13.
Ele possuí todos os fatos e faz decisões na base do seu conhecimento
completo. O ser humano não entende tudo que Deus faz porque é Deus.
Veja Is. 55.8,9; Rm. 11.33. A melhor ilustração da incapacidade do
homem compreender os caminhos de Deus é a história de Jó. 38-41
(Veja 42.1-6)
4. A Transcendência e Imanência de Deus
A imanência é a presença e atividade de Deus na criação, na história e na
natureza humana. A crença na imanência de Deus estabelece uma defesa
contra o deísmo, a crença em um deus impessoal. Veja Dt. 4.7; Sl. 46.1;
119;151; 148.18; Is. 55.6; Jr. 23.23,24; Atos 17.27,28
As implicações:
14
a. Deus não é limitado quanto a maneira de agir. Ele pode usar qualquer
coisa para cumprir os seus desejos—sobrenatural ou natural (científico).
b. Deus pode usar qualquer pessoa para cumprir seus propósitos.
c. Existe a possibilidade de conhecer algo de Deus por meio da criação.
d. Devemos apreciar a criação.
A transcendência de Deus estabelece a separação de Deus da criação. A
transcendência estabelece a defesa contra o panteísmo. Veja Gn. 1.1; Sl.
113.5,6; Is. 45.15; 55.8,9; 57.15.
As implicações:
a. Existe algo mais alto do que o ser humano.
b. Deus não pode ser totalmente compreendido por meio do pensamento
humano.
c. A salvação não é obra do ser humano.
d. Sempre vai haver uma diferença entre Deus e o ser humano.
e. O nosso relacionamento com Deus deve ser caracterizado pela
reverência e adoração. Podemos esperar uma intervenção por parte de
Deus, não somente por meios naturais.
A NATUREZA MORAL DE DEUS
I.
II.
INTRODUÇÃO
1. Pensar em Deus deve enfatizar a sua natureza moral
2. Se desejarmos conhecer a Deus, devemos começar por Jesus
como pessoa moral.
3. As qualidades principais de Jesus são, ao mesmo tempo, as
qualidades principais de Deus.
AS QUALIDADES DIVINAS
1. Santidade
a. Santidade não é principalmente uma característica de Deus, mas é
sua essência. Deus é santo por natureza.
b. Implica a transcendência de Deus, isto é, a sua separação do
mundo que ele criou.
c. No AT, as coisas associados com Deus são separadas das demais
coisas quanto ao seu uso—templo, altar, utensílios, etc.
d. Implica a transcendência ética também, isto é, ele não é como
homem (Is.55.8,9) e a sua separação é motivo para adoração
(Is.6.3; Ap.4.8; 15.4)
15
e. O NT enfatiza a santidade na oração modelo de Jesus (Mt.6.9).
Jesus falou com o Pai como “Pai nos céus.”
f. Algumas implicações:
1) Deus é conhecido como “Santo” pela sua separação das
coisas do mundo e pela sua natureza ética. Sua bondade é
mais que qualquer outra entidade. Jesus disse que somente
Deus é bom (Mc.10.18)
2) Sua justiça é uma justiça ética, assente de falhas morais.
3) Sua bondade e misericórdia supera qualquer demonstração
do ser humano (Mi.7.18,19).
4) A santidade de Deus é o alvo para conduta humana: “Sereis
santos porque eu, seu Deus, sou santo”(Lv.19.2).
2. Retidão
a. Implica no caráter correto de Deus, nele não há erro ou mal.
b. Deus é perfeito em retidão e sempre vai agir de maneira correta.
c. Como reto em tudo, Deus é contra tudo que é mal e age contra o
mal.
d. Quando Deus age, não é de forma caprichosa. Sua vontade
expressa sua retidão
e. A retidão de Deus em relação ao ser humano:
a) A retidão de Deus exige a retidão do ser humano. 1)
Deus deseja que o ser humano faça o que é reto. A
consciência humana pode indicar o que ele deve fazer,
mas não é infalível. É uma indicação que a natureza
moral de homem é revelação de Deus.
2) A revelação do requerimento moral do ser humano se
encontra nas escrituras. Exemplos da revelação das
exigências morais de Deus:
- Os Dez Mandamentos
- O sermão do monte
- As exortações nas cartas de Paulo
- A vida e pessoa de Jesus é o exemplo supremo da
vida moral que Deus deseja do ser humano.
16
3) Mostra que a base de moralidade não é a experiência
humana (uma visão utilitária), mas na natureza reta de
Deus, nas sua transcendência e natureza imutável.
b) A retidão de Deus condena o pecado do ser humano.
1) O ser humano universalmente não alcance a
retidão de Deus (Rm.3.23).
2) Porque Deus é totalmente reto, ele tem que
condenar o pecado do ser humano. Negar isso é
dizer que Deus não é moral e que não reconhece
a distinção entre bem e mal.
3) Sua retidão condena o pecado do homem, mas
não significa que Deus não ama o ser humano. O
amor de Deus para com o ser humano é devido a
sua criação à imagem de Deus. O ser humano “é
digno de ser salvo, mas não merece ser salvo”
(Conner, p. 95).
4) Jesus nos mostrou a atitude divina sobre o pecado
do homem. “Tratar o pecado com indulgência não
é misericórdia para o pecador” (e, p.96). Jesus
tratou do pecado com compaixão mas condenou
todos que permaneceram na descrença voluntária.
c) A retidão de Deus o motiva para remir o pecador; é
retidão redentora.
1) Redenção e retidão podem ser consideradas
sinônimas (Sl.40.10; 71.15; 98.2; Is.51.5,6,8; 56.1;
1Jo.1.9)
2) A retidão de Deus o motiva a condenar o pecado e
resgatar o ser humano das consequências do seu
pedado.
3) A retidão de Deus é a fonte da nossa retidão. A
nossa retidão deve nos levar a praticar o que é
reto, isto é, de viver uma vida reta, praticando atos
de justiça e bondade.
3. Amor
a. A natureza do amor de Deus
17
a) Mais que emoção e sentimento; é a característica
de Deus que o leva a fazer decisões inteligentes
conforme a sua vontade.
b) É benevolente, visando o nosso bem estar
(Dt.7.7,8; Mt.6.26-28; Lc.15; Jo.15; 1Jo.4.10).
c) É reto; é demonstrado conforme os princípios
eternos de retidão. É condicionado pela sua
moralidade e por isso não é caprichoso ou
arbitrário.
d) A graça de Deus; amor que não é baseado em
mérito; é o favor não merecido de Deus (Rm.5.8;
Ef.2.8,9). Demonstrado na sua misericórdia e
compaixão (Sl.103.13; Mt.9.36; 14.14).
e) É persistente (1Pe.3.20; 2Pe.3.9,15).
f) É o amor que se dá a si mesmo; é amor vicário.
g) Exige o amor do ser humano para com Deus. Deus
é Deus zeloso e exige fidelidade completa.
h) 1Jo.4.7-5.3
A TRINDADE
I.
Unidade
1. Unidade fundamental – Dt.4.35; Is.43.11; Dt.6.4,5; Mc.12l29,30
2. Diversidade de manifestações – Gn. 16.7ss; Sl. 34.7; Pr.8.22ss;
Hb.1.1,2
3. Diversidade se torna trindade – Pai, Filho, Espírito Santo são
necessários para completar o “retrato” bíblico de Deus.
a. O Pai não é completo sem o Filho que o revela.
b. O Espírito “acorda” o nosso coração à revelação do Pai pelo
Filho.
c. O Pai envia o Filho, o Filho revela o Pai, e o Espírito capacita o
ser humano conhecer e apreender o Pai como é revelado pelo
Filho.
4. Outras doutrinas – mais duas doutrinas são centrais à doutrina da
Trindade:
a. A divindade de Cristo
b. A personalidade do Espírito
18
II.
A deidade dos três
1. O Pai – poucos discutem a deidade do Pai (1Co.8.4; 1Ti.2.5,6)
2. O Filho – Fi.2.5-11 usa a palavra morphe para descrever Jesus.
3. Traduzida “forma” e significa a natureza essencial de alguma coisa,
o que ela realmente é. Deve ser comparada à palavra schema.
morphe nunca muda, schema pode. Schema expressa a
aparência; morphe, a essência. Em Fi. 2.6, Paulo disse que Jesus
possui a natureza imutável de Deus.
Outras referências: Cl.1.19; Hebreus 1.3, 5, 8.
4. O autoconhecimento de Jesus (Mc.2.8-10; Mt. 13.41; 25.31)
5. O Espírito – Atos 5.3,4; Jo.3.8; 1Co.12.4-11; 3.16,17
6. Os três – Mt.28.19; 2Co.13.14; 1Pe.1.2.
III.
Várias Interpretações oferecidas
1. Unitariana - Exclui Cristo da Trindade, considerar Cristo como
um homem dotado de poderes sobrenaturais ou pelo menos um
homem de capacidades excepcionais.
2. Modalismo – Afirma que Deus é uma pessoa só que se
manifestou em três “aspectos” ou modos ou formas. Pai, Filho, e
Espírito são manifestações diferentes do mesmo Deus. Mesmo
tratando da divindade de Cristo, não reconhece a natureza
essencial de um relacionamento permanente entre as três
pessoas.
3. Triteísmo – afirma que Deus é três indivíduos que cooperam um
com o outro, um tipo de concílio eterno de deuses. O uso da
palavra pessoa pode nos levar a pensar numa separação
extrema entre Pai, Filho, e Espírito. Podemos falar de Deus em
três pessoas, mas não em termos de três indivíduos. Não pode
haver três indivíduos infinitos e absolutos.
4. A natureza triuno de Deus – Duas verdades tem que ser
reconhecidas: a unidade de Deus e a trindade. Deus é um,
indiviso que sustem tudo que existe. Dentro desta unidade existe
uma trindade unida em ação.
 A obra do Pai, Filho, e Espírito é a obra de Deus. A obra de
Cristo é a obra de Deus, Cristo não é um tipo de
“representante” enviado por parte de Deus nem o Espírito
um agente externo de Deus. Quando Cristo ou o Espírito
trabalham, é a obra de Deus triúno.
 A obra de um é incluída na obra de todos. Às vezes
falamos dos “ofícios” das três pessoas como cada pessoa
19
assumiu uma parte da obra divina, cooperando um com o
outro. A Bíblia não apresenta Deus trabalhando numa
sequência de obras para completar o programa. Isso é um
tipo de triteísmo. Ao invés disso, a obra de um é a obra de
todos. Existe uma distinção de ofício ou função. O Pai é a
fonte e origem de tudo, o Filho é o intermédio do poder de
Deus, o Espírito age para completar todas as coisas.
 A palavra “pessoa” quando se aplica às distinções da
Trindade sempre tem sido usada com certa cautela porque
existe a tendência de pensar das pessoas em termos
exclusivos como três pessoas independentes que
trabalham como “comitê divino.” No caso da Trindade, a
palavra “pessoa” não implica a identidade independente da
pessoa, mas o poder de incluir outras pessoas na obra. A
palavra pessoa só deve ser usada para se referir à unidade
da Trindade e não a independência das três pessoas.
 A Trindade é imanente e eterna, não é temporal e
“econômico”, isto é, que funcionou em épocas e maneiras
distintas e funcionais. Uma sugestão é que a Trindade é
uma unidade aparente, isto é, porque é além da
compreensão do ser humano, Deus aparece
aparentemente como três pessoas.
 O aspecto mais importante é a expressão histórica da
Trindade. Não é uma teoria sobre a natureza de Deus, mas
uma reflexão dos fatos históricos e de experiência. A
revelação de Deus deve revelar como Deus realmente é. A
revelação na história deve ser aceita como a chave para
entender o Deus eterno. Se Deus é revelado como Pai por
Jesus no tempo e espaço, então Deus é Pai na sua
existência.
O DEUS QUE CRIOU E SUSTEM
I.
Porque estudar a criação?
1. A Bíblia trata da questão. (Gn.1.1)
2. Faz parte das declarações doutrinárias da igreja.
CREDO APOSTÓLICO
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.
20
II.
III.
CREDO NICENO (325)
Creio num só Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra,
de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
3. A compreensão da doutrina de criação nos ajuda compreender
outras doutrinas, como a natureza do ser humano e o destino final
do universo.
4. Ajuda separa cristianismo das demais religões.
5. Cria uma ponte de diálogo entre fé e ciência.
Textos bíblicos chave
1. Gn.1
2. Sl.8
3. Sl.104
4. Is. 40.12-31
5. 2Pe.3.7, 10, 12
6. Is. 65.17; Ap.21.1,2
7. Outras: Mt. 13.55; 19.4; 24.21; Mc.10.6; 13.19; Hb.1.10; Ap.3.14
Elementos da visão bíblica da criação
1. De nada
2. Tudo que existe
3. Sem dualismo
4. A obra do Deus triuno
5. Para glorificar a Deus
Download