Augusto Comte – Positivismo Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do Positivismo. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier, ingressando depois na escola Politécnica de Paris, de onde foi expulso em 1816 por ter-se rebelado contra um Professor.Foi então estudar medicina em Montpellier, mas logo regressou a Paris, onde passou a viver de aulas e colaborações em jornais. Em 1818 foi discípulo de Saint-Simon, de quem seguiu a orientação para o estudo das ciências sociais, mas com o qual se indispôs em 1824. Em 1826, começou a elaborar as lições do Curso de Filosofia Positiva, Sofrendo, porém, sério esgotamento nervoso, viu-se obrigado a interromper seu trabalho. Já recuperado, publica, de 1830 a 1842, sua primeira grande obra: Curso de Filosofia Positiva, constituída de seis volumes. F oi mestre repetidor examinador na Escola Politécnica, funções de que foi destituído em 1844 e 1845 respectivamente. Viveu, daí por diante, de aulas particulares – tendo por alunos vários brasileiros – e de contribuições pecuniárias de amigos. A partir de 1846 toda sua vida e obra passaram a ter um sentido religioso. Desligouse do magistério, dedicando-se mais às questões espirituais. Deixou de ser católico e fundou a religião da Humanidade. Para propagar sua nova religião, manteve correspondência com monarcas, políticos e intelectuais de toda parte, tentando por em prática suas idéias de reformador social. Emitiu sucessivamente as idéias da “virgem mãe”, a adoração da humanidade, da organização da sociedade pela ciência. Sociologia que a princípio Comte denominou “Física Social “é um vocábulo criado por ele no seu Curso de Filosofia Positiva. Para Comte, a sociologia procura estudar e compreender a sociedade, para organiza-la e reforma-la depois. Acreditava que os estudos das sociedades deveriam ser feitos com verdadeiro espírito científico e objetividade. O pensamento de Comte provocou polêmicas no mundo todo e reformulações de teorias até então incontestáveis. Sua influência foi imensa quer como filósofo social, quer como reformador social, principalmente sobre os republicanos brasileiros. Lema da Bandeira Nacional “Ordem e Progresso”, criado por Benjamin Constant, é de inspiração Comtista. O lema que resume o positivismo: A Religião da Humanidade, fundada por Augusto Come, sobre a Angélica inspiração de Clotilde de Vaux, pode ser indiferentemente caracterizada como a religião do Amor, a Religião da Ordem ou a Religião do Progresso; O Amor procura a Ordem e leva ao Progresso; A Ordem consolida o Amor e dirige o Progresso; O progresso desenvolve a Ordem e conduz o Amor, donde a sentença característica do Positivismo: “O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por Fim”. O Brasil foi o país do mundo onde a influência de Augusto Comte se fez mais sentir. Os apóstolos brasileiros que mais trabalharam para o seu desenvolvimento foram: Miguel Lemos e Raymundo Teixeira Mendes. Augusto Comte morreu em Paris a 5 de setembro de 1857. O século XIX é caracterizado por duas correntes filosóficas: o Idealismo na primeira metade e na segunda metade pelo Positivismo. O Positivismo A revolução Industrial no séc. XVIII, expressão do poder da burguesia em expansão, demonstrou a eficácia do novo saber inaugurado pela ci6encia moderna no século anterior. Ciência e técnica tornaram-se aliadas, provocando modificações no ambiente humano jamais suspeitadas. De fato, basta lembrar que antes do advento da máquina a vapor, usava-se a energia natural (força humana, das águas, dos ventos., dos animais)e, por mais que houvesse diferenças de técnicas adotadas pelos diversos povos através dos tempos, nunca houve alterações tão cruciais como as que decorreram da Revolução Industrial. A exaltação diante desse novo saber e novo poder leva à concepção do cientificismo, segundo o qual a ciência é considerada o único conhecimento possível e o método das ciências da natureza o único válido, devendo portanto, ser estendido a todos os campos da indagação e atividade humanas. Neste clima, desenvolve-se no século XIX o pensamento positivista, que tem Augusto Comte como principal representante. Comte e a lei dos três estados Para um rápido esboço do pensamento de Comte, vamos utilizar suas próprias palavras “Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro vôo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade, e que me parece ser solidamente estabelecida, que na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimento, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: (...) “No estado teológico, o espírito humano, dirigido essencialmente suas investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo”. “No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para casa uma entidade correspondente”. “Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, enuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude”. Para comte o estado positivo corresponde a maturidade do espírito humano, o termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição a indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe a formas tecnológicas ou metafísicas de explicação do mundo. Segundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”. A Classificação da ciência e da sociologia Comte fez uma classificação das ciências: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia. O critério da classificação vai de mais simples e abstrata, que é a matemática, até a mais complexa e concreta que é a sociologia. E essa ordem não é apenas lógica, mas cronológica, pois foi nessa seqüência que elas aparecem no tempo. A sociologia de Comte gira em torno de núcleos constantes, como a propriedade, a família, o trabalho, a pátria, a religião. Exclui a preocupação com uma teoria do Estado e com a economia política. A filosofia de Comte pode ser considerada como uma reação conservadora à Revolução Francesa (1789), Colocando-se no caminho contra evolucionário, quer participar da reconstrução instituindo a ordem de maneira soberana. A palavra Ordem significa ao mesmo tempo arranjo e mando. É ele mesmo que afirma: “Nenhum grande progresso pode efetivamente se realizar se não tende finalmente para a evidente consolidação da ordem”. Seu conceito da ciência é o de um saber acabado, que se mostra sob a forma de resultados e receitas. Tendo colocado a ciência positiva como o ápice da vida e do conhecimento humanos Comte prossegue estabelecendo uma série de postulados aos quais a ciência deve se conformar. O principal deles é que a ciência deve assegurar a marcha normal e regular da sociedade industrial. Ora, ao fazer isso, Comte troca a teoria filosófica do conhecimento por uma ideologia. Com a religião positivista Comte mostra-nos mais uma vez seu lado ambíguo: tratase de uma racionalização do sagrado ou de uma sacralização do racional. KARL MARX Karl Heinrich Marx, economista e filósofo alemão. Nasceu em Tréves a 5 de maio de 1818. Filho de um advogado judeu convertido ao protestantismo. Cursou as universidades de Bonn e Berlim, onde estudou direito, dedicando-se especialmente à história e à filosofia. Em Berlim, ingressou no grupo dos chamados “Jovens Hegelianos”, que interpretavam as idéias de Hegel do ponto de vista revolucionário. Não se limitou aos estudos teóricos. Desenvolveu intensa atividade política, no decorrer da qual foi elaborando a doutrina do socialismo proletário revolucionário. O caráter de suas idéias e atividades políticas valeu-lhe perseguições ; foi várias vezes exilado, enfrentando ao lado de sua esposa, Jenny Von Westphalen, uma vida de grandes privações. Iniciou a obra de difusão de sua ideologia evolucionária colaborando na Gazeta Renana que, ao ficar sob sua orientação (1842), teve a sua publicação proibida pelo governo. Mudando-se para Paris em 1843, conheceu Friedrich Engels, desde então seu amigo fiel e colaborador. Juntos elaboraram a doutrina do “comunismo científico”. Expulso da capital francesa, Marx passou a residir em Bruxelas, onde entrou para uma sociedade decreta, a liga dos Justos, cujo o nome mudou para a Liga dos Comunistas. Após o 2º congresso desta organização, redigiu o famoso “Manifesto Comunista: publicado em 1848. Nesta obra encontram-se já esboçadas suas principais idéias filosóficas e políticas: o materialismo histórico e a teoria da luta de classes”. Desterrado da Bélgica depois da revolução de fevereiro de 1848, voltou a residir em Paris, de onde teve que partir após a revolução de março, fixando-se em Colônia, Alemanha, sendo deportado no ano seguinte. Regressou a Paris de onde foi novamente expulso, assando a residir definitivamente em Londres. Atormentado pelas dificuldades financeiras, somente graças à ajuda de Engels pode levar a cabo a elaboração de sua principal obra: “O Capital”. Em prosseguimento a sua luta para estruturar o movimento do proletariado, tomou parte na organização da I Internacional, em Londres (28/09/1864), batendo-se pela união das diversas correntes socialistas. As privações e o intenso trabalho que desenvolveu minaramlhe a saúde, impedindo-o de concluir O Capital, concluído por Engels. Várias de suas idéias correram proveitosamente para o aprimoramento das ciências sociais ditas burguesas, atuando de modo positivo sobre a Economia Social, a Sociologia, a História. Mas segundo escreve Ossip K. Flechthem, “com seu determinismo fatalista e mal compreendido transformou-se num tacão opressor de toda ação socialista criadora”. Vasta é a produção de Karl Marx, quer no campo da ciência histórico-sociais, quer no campo da economia política e da filosofia. Dentre suas principais obas, além das já referidas, merecem destaque: Manuscritos de 1843, A Questão Judaica, A sagrada Família, com Engels, Teses sobre Feuerbach, ideologia Alemã, com Engels, Miséria da Filosofia, Manifesto do partido Comunista, as lutas de Classe na França, O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. Morreu em Londres a 14 de março de1883. O Marxismo O marxismo são o conjunto de teorias filosóficas, econômicas e políticas de Karl marcx, filósofo social alemão, exposta no livro : O capital”(1867). Concepção materialista da História, o marxismo é o resultado a fusão de várias correntes de pensamento, entre as quais diversos sistemas filosóficos alemães, em especial o de Friedrich Hegel, assim como da economia política inglesa e do socialismo francês. O conteúdo fundamental do marxismo – a doutrina econômica – não pode ser compreendido sem o conhecimento de sua fundamentação filosófica. Adepto do materialismo filosófico, adotou a princípio as concepções de Feuerbach, passando depois a criticá-las por defenderem um materialismo mecanicista que não aplicava o método dialético e concebia o ser humano de modo abstrato, e não como “conjunto das relações sociais”. A crítica que Marx Formulou a essa atitude contemplativa dos filósofos está sintetizada na sua célebre afirmação: “Os filósofos não fizeram senão interpretar o mundo de diversas maneiras: trata-se agora de transforma-lo”. Atribui o conjunto das condições de produção econômica uma fundamental influência sobre o desenvolvimento das culturas e estabelece a primazia da infraestrutura social (conjunto das forças produtivas materiais, ou forças econômicas)sobre o que se denominou surperestrutura social (as idéias, ou conjunto dos dados da cultura não material). Prega a revolução do proletariado e sua conseqüente ascensão a uma posição de mando, e a instituição de uma sociedade sem classes. Considerando a dialética de Hegel como a maior descoberta da filosofia clássica alemã, aplicou-a na sua interpretação materialista da natureza e da história, e nisso se opõe a Hegel, que era idealista. Enquanto para este último o processo do pensamento era o criador do real, para Mar, o pensamento não passava de reflexo do mundo real na consciência do homem. A aplicação do materialismo dialético ao estudo dos fenômenos sociais deu origem à concepção materialista da história. Assim, segundo a doutrina marxista, não são as idéias (superestrutura) que governam o mundo, mas ao lado contrário é o conjunto das forças produtivas materialistas (infra-estrutura) que determina todas as idéias e tendências. Ao se aprofundar no estudo da história, Marx elaborou a teoria da luta de classes, pela qual explica a evolução das instituições sociais. “A história de toda a sociedade humana até nossos dias é uma história de lutas de classes. Senhores e escravos, patrícios e plebeus, barões e servos da gleba, mestres e aprendizes: numa palavra, opressores e oprimidos, frente a frente, sempre empenhados em uma luta initerrupta, ora velada, ora ostensiva; em uma luta que conduz em cada etapa à transformação revolucionária de todo o regime social ou ao extermínio de ambas as classes beligerantes”. Assim como na filosofia e na história, também na economia política Marx não se limitou à elaboração de uma nova teoria, mas fez a crítica de toda a economia política burguesa e de seus métodos. A economia política burguesa procura interpretar os fatos por suas aparências. Preço, lucro e capital, ara o marxismo, não passam de mera dissimulação do valor, da mais-valia e da propriedade capitalista dos meios de produção. Na produção capitalista, embora cada um pareça produzir o que quer e como pode, existem leis, como a lei do valor, o qual é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário à produção da mercadoria. Assim, o valor resulta diretamente das relações entre as pessoas e não entre as coisas. Ao formular a teoria da mais-valia, Marx observou que na circulação capitalista o dinheiro aumenta, sendo este acúmulo que se transforma em capital. A mais-valia não é produzida pela troca de mercadorias, mas pela exploração do trabalho, sendo por isso, o produto do trabalho não pago pelo capitalista ao operário. Para obter a mais-valia o “possuidor do dinheiro necessita encontrar no mercado uma mercadoria cujo o próprio valor de uso possua a qualidade original de ser fonte de valor”.Essa mercadoria seria exatamente a força humana de trabalho, comprada pelo capitalista por um valor determinado, do mesmo dono que o que qualquer outra mercadoria, isto é, pelo tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção, ou seja, custo da manutenção do operário e sua família. Ao comprar a força de trabalho o capitalista adquire o direito de obrigá-la a trabalhar durante 8 horas, por exemplo: como, porém, operário cria, em cinco horas, o produto necessário ao custeio de sua manutenção, o que ele produz nas 3 horas restantes constitui excedente, isto é, a mais-valia, do qual se apropria o capitalista. MAX WEBER Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, na turíngia, a 21 de abril de 1864. A turíngia está hoje sumida no anonimato da República Democrática Alemã, o estado Comunista da Alemanha Oriental. Mas, em 1864, fazia parte dos domínios prussianos, dessa potência que foi a perplexidade e a obsessão de toda a vida de Weber. Seu pai, grande industrial têxtil na Alemanha Ocidental, pertenceu ao partido liberal-conservador; sua mãe era de família de professores liberais e humanistas. Weber se tornou eminente professor universitário, jornalista influente, historiador, economista, filósofo e, principalmente, sociólogo. Marcou-o o estigma de uma enfermidade psíquica, que constituiu impedimento ao initerrupto exercício do magistério universitário. Weber estudou direito nas universidades de Heidelberg, Gottingen e Berlim, adquirindo competência profissional em história, economia e filosofia. Weber morreu em 1930. A Epistemologia Weberiana A epistemologia weberiana pode ser compreendida como resultado a articulação de suas premissas com uma afirmação aparentemente antitética. As premissas são: 1. o conhecimneto só é possível a partir de referência a valores e interesses; 2. valores e interesses não podem ser validados ou hierarquizados segundo critérios objetivos. A afirmação é a seguinte: é possível alcançar um conhecimento objetivo, universalmente válido, científico, no sentido mais forte da palavra. A questão então é entender como é possível para Weber, partindo das duas premissas indicadas, chegar a essa última afirmação. Talvez a melhor estratégia seja considerar, inicialmente, as próprias premissas. O que est;á sendo chamado aqui de premissas da epistemologia weberiana, são na verdade as duas perspectivas básicas que definem a concepção de Weber no que se refere à relação entre conhecimento , com realidade e valores. Seguindo uma orientação claramente neokantiana, weber assume, de forma radical e com todas as implicações daí decorentes, o postulado da existência de uma separação clara entre os planos do conhecimento e da realidade, cuja transposição é sempre parcial, provisória e, sobretudo, mediada por uma série de categorias e construções conceituais definidas conforme os valores e interesses de quem busca o conhecimento. A realidade é entendida como algo infinito, que pode ser apreendido a partir de inúmeros ângulos, mas jamais na sua totalidade ou essência. A concepção de sociologia de Max Weber As características do paradigma sociológico weberiano só se definem à luz da visão de mundo mais ampla de weber, dentro da qual de articulam uma concepção específica sobre o que é a realidade sócio-histórica e uma reflexão profunda sobre a natureza do empreendimento científico. Talvez o ponto central da perspectiva weberiana seja o reconhecimento de que a realidade humana não possui um sentido intrínseco e unívoco, dado de modo natural e definitivo, independentemente das ações humanas concretas. Weber pressupõe que a realidade é infinita e sem qualquer sentido cognoscível imanente. Seriam os sujeitos humanos que estabeleceriam recortes na realidade e se posicionariam distante deles conferindo –lhes sentido. Weber assume essa perspectiva de modo radical. Orientado por ela, procura excluir das Ciências Sociais qualquer proposição que busque definir de modo geral e substantivo qual a lógica da história, qual a dimensão estrutural determinante da sociedade ou qual o sentido último subjacente às ações individuais. Todas essas definições suporiam a existência de uma realidade atemporal, naturalmente dada, subjacente e determinantes dos fenômenos empíricos. Weber não apenas não acredita na existência desses determinantes a históricos do comportamento humano, como defende que não seria possível defini-los de um modo objetivo, verificável segundo as regras da ciência. Quando Weber afirma enfaticamente que a Ciência Social que ele pretende praticar é uma “Ciência da realidade”o que ele esta querendo acentuar ;e, em grande medida, esse compromisso com a análise de realidades empíricas concretas, tornadas significativas por agentes historicamente situados. ÉMILE DURKHEIM Fatos sociais – externalidade e coercitividade Os fatos sociais são objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim. Os fenômenos que o autor denomina fatos sociais são: “toda maneira de agir ou pensar fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, apresentando uma existência própria independente das manifestações individuais que possa ter. Dizemos que são externos porque são fatos coletivos, como a religião ou o sistema econômico, por exemplo, independentes dos indivíduos, que já os encontram prontos quando nasce, e que morrerão antes que esses deixem de existir. Ou seja, existem fora dos indivíduos e são internalizados através do processo de socialização. Essas maneiras de agir e pensar são, além de externas, capazes, pelo seu poder coercivo, de obrigar um indivíduo a adotar um comportamento qualquer. A coerção pode se manifestar direta ou indiretamente. A coerção pode também ser formal ou informal. É formal, como o próprio nome já diz, quando a obrigação e a punição pela transgressão estão estabelecidas formalmente. O Código Penal, por exemplo, apresenta um grande número coerções formais para diversos atos predefinidos. É informal quando é exercida espontaneamente pelas pessoas no seu dia a dia. Finalmente, a coerção pode estar oculta. A pessoa que cumpre de bom grado e com satisfação as suas obrigações sociais não sente o peso da coerção sobre o seu comportamento. Uma pessoa que gosta de sua profissão, por exemplo, geralmente cumpre seus deveres com prazer, sem a necessidade de imposições. Mas a coerção nunca deixa de existir. Está sempre à espreita. Fatos sociais: fixos e não fixos Quando se diz que são fatos sociais fixos ou não fixos significa que podem se apresentar de duas maneiras diferentes: como maneiras de agir ou como maneira de ser. As maneiras de agir são formas de agir e pensar coletivas, que determinam o comportamento dos indivíduos, que os obrigam de uma determinada forma, mas não tem uma longa duração de tempo, ou seja, são efêmeras e instáveis. As maneiras de ser também são fenômenos de ordem coletiva que determinam o comportamento indivíduo, mas nesse caso há uma durabilidade no tempo, uma permanência ou estabilidade. Há uma relação importante entre esses dois fenômenos. Muitas vezes um movimento social se inicia como maneira de agir e pode vir a se fixar e estabelecer (se institucionalizar) e daí se tornar uma maneira de ser. A dualidade dos fatos morais. Fatos morais ou sociais são externos em relação aos indivíduos e portanto são estranhos a eles em alguma medida. No mínimo são coisas que não foram criadas pela pessoa e assim pode diferir mais ou menos de seu pensamento. Além disso, esses fatos externos e “estranhos” em a capacidade de exercer coerção, podem se impor aos indivíduos como uma obrigação. Desse ponto de vista a sociedade, as regras e a moral aparecem como realidade que constrangem o indivíduo, que limitam a sua ação e a possibilidade de realização de suas vontades. Viver em sociedade representaria, assim, um sacrifício ou, no mínimo, um incômodo. Mas esse é apenas um dos lados dessa questão. Se a sociedade e a moral só tivessem esse lado negativo e coercitivo, seria muito difícil explicar a existência da ordem social. É sabido que nenhum grupo ou sociedade pode sobreviver por muito tempo com base apenas na coerção. Pessoas muito insatisfeitas são capazes de enfrentar qualquer tipo de perigo para encontrarem uma saída. Basta observar que mesmo nos regimes políticos muito fechados, mantidos pela violência, a residência não deixa de existir e, na maioria das vezes, leva o sistema à ruína. Os fatos sociais ou morais não são apenas obrigações desagradáveis que temos que seguir independentemente de nossa vontade. São também coisas que queremos e necessitamos. Nesse caso, a coerção deixa de se fazer sentir, se transforma em um dever. Algo que poderia ser visto como um sacrifício passa a ser visto como um prazer. Isso acontece porque o indivíduo não se realiza fora da sociedade ou do grupo. Só entre outras pessoas, num meio onde exista ordem e um conjunto de instituições morais reguladoras do comportamento coletivo, o indivíduo pode encontrar segurança (tanto física como psicológica) e tranqüilidade para levar a sua vida. Por isso, ou seja, em retribuição a essa segurança, o indivíduo passa a ver a sociedade não como um conjunto de obrigações estranhas a ele, mas como um conjunto de direitos e deveres que ele precisa e, acima de tudo, quer respeitar. Coesão, solidariedade e os dois tipos de consciência A solidariedade social, para Durkheim, é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, uns aos outros formando a coesão social. Há dois tipos deferentes de solidariedade social. Esses tipos tem relação com o espaço ocupado na mentalidade dos membros da sociedade pela consciência coletiva e pela consciência individual. A consciência coletiva é apresentada pelo conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria. São as crenças, os costumes, as idéias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros. A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz deferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais. Solidariedade mecânica ou por semelhanças – A consciência coletiva recobre “espaços” de distintos tamanhos na consciência total das pessoas de acordo com o tipo de sociedade onde elas vivem. Assim, quanto maior for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total das pessoas em uma sociedade, mais a coerção, nessa mesma sociedade, origina-se da conformidade e da semelhança existentes entre seus membros. Nesse caso, segundo Durkheim, a ordem social se fundamenta na “solidariedade mecânica”. Isto é, quanto maior a consciência coletiva, mais os indivíduos se parecem uns com os outros e portanto se ligam, se aproximam pelo que tem em comum. Pelo fato de terem os mesmos pensamentos, os mesmos costumes, acreditarem nas mesmas coisas, etc. A coesão, ou a solidariedade, resulta das semelhanças. Solidariedade orgânica ou por diferenças – Quanto menor for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total das pessoas em uma sociedade, ou quanto maior for a “área” ocupada pela consciência individual, mais a coesão se fundamenta nas diferenças existentes entre os indivíduos. Se a consciência individual é maior numa sociedade, os indivíduos são diferentes uns dos outros e a solidariedade só pode surgir da percepção geral de que cada um, com suas especialidades, contribui de uma maneira diferente, e importante, para a sobrevivência de todo, ao mesmo tempo que depende dos demais membros, especialistas em outras funções. É essa rede de funções interdependentes que promove a solidariedade orgânica. Os indicadores dos tipos de solidariedade – Durkheim não poderia visualizar “a olho nu” qual tipo de solidariedade seria predominante em uma sociedade dada. A solidariedade, como um fenômeno moral, só seria identificada a partir de algum indicador que a fizesse visível. Os tipos de normas do direito indicam, para Durkheim, o tipo de solidariedade que predomina em uma sociedade. Direito Repressivo – A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto é que o criminoso agride uma regra social importante para a coletividade e, portanto, merece um castigo de intensidade equivalente a seu erro. Direito Restitutivo – A preocupação principal nesse tipo de direito é fazer com qe as situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo , mas apenas uma função específica desempenhada nela. Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva, maior é a diferenciação individual. Portanto ao identificar o tipo de direito que predomina em uma sociedade, estamos identificando o tipo de solidariedade existente. Se predomina o direito repressivo, uma maior quantidade de normas é mantida pela consciência coletiva (solidariedade mecânica). Se predomina o direito restitutivo uma menor quantidade de normas diz respeito à sociedade como um todo (solidariedade orgânica). OPINIÃO: Na minha opinião o pensador que mais contribuiu para a administração foi Max Weber, com sua objetividade e sua ciência da realidade. Comte dominou e continua a dominar, grandemente a cabeça e as idéias de grande parte do mundo. Embora defendendo a existência uma classe dominante e preparada para governar o proletariado, foi vertiginoso. Suas idéias, porém, não eram a verdade absoluta. Em 1920,as descobertas de Broglie no campo da física quântica, considerando o elétron um sistema ondulatório, permitiram a Heisenberg a formulação do princípio da incerteza. Segundo esse princípio, é impossível determinar simultaneamente e com igual precisão a localização e a velocidade do século XIX. O positivismo de Comte começa a morrer. Com a queda do muro de Berlim, caiu também todo o império russo e com ele foi junto o sonho de um mundo comunista de Marx. Assim como o positivismo, o marxismo mostrou-se inviável na prática, ficando a mercê da interpretação pelo sujeito do objeto focado. O positivismo de Comte conseguiu a proeza de influenciar até as ciências que abominava, como o Direito que julga ser desnecessário em seu universo de ordem e progresso. Penso que o positivismo é uma demasiadamente totalitária, assim como o marxismo eu admitia uma etapa intermediária entre a sociedade atual e o comunismo. Aliás, admitir que este estágio (denominado como socialismo por Marx) seria uma ditadura e que ela acabaria de forma harmoniosa e pacífica é por demais ingênuo para um homem que pregava a revolução constante entre as mudanças históricas. Como tivemos o privilégio de observar, quando os grandes líderes comunistas assumiram o poder, governaram como reais déspotas, matando mais que qualquer guerra Uma vez experimentado o gosto do poder, o homem, em sua pequenez, não cedeu lugar ao ideal que para lá o levou. Isto se fiando que as tomadas pelo poder forma de cunho social verídico. Fica difícil verificar isso quando se esperava uma evolução do pensamento de Marx sobre a influência do método positivista. Sob este enfoque a revolução não se fazia tão necessária, e o movimento socialista poderia se perder em abstrações. Assim, acabaram por fracassar as várias tentativas de se positivar o marxismo para torna-lo uma ciência nos moldes “normais”unido ao positivismo pela sociologia, que estudaria de forma científica a sociedade. Porém, de forma científica significava isenção e afastamento dos ideais de luta e revolução. Com Lênin e Rosa Luxemburgo voltou aos seus trilhos revolucionários. Para finalizar, ma observação: os socialistas eram extremamente práticos, buscando sempre formas de execução de seus ideais, enquanto que o positivistas ficavam divagando no mundo do “pode-ser”, do “deve-ser” sem conseguir concretizar seu pensamento. Émile Durkheim grande pensador explanava a sociologia de maneira diferenciada, atribuindo tipos a condutas e etc. Enfim Max Weber, contribuiu por demais na Administração, ainda mais quando ele não tentou definir as organizações, nem estabelecer padrões de administração que elas devessem seguir. Seu tipo ideal não era um modelo prescritivo, mas uma abstração descritiva. Weber descreveu as organizações burocráticas como máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com regras que ele chamou de racionais – regras que dependem de lógica e não de interesses pessoais. Segundo Weber existia três tipos de autoridades – a tradicional, a carismática e a legal-racional, e dessa forma contribui demais com as organizações e com a administração de uma forma geral. BIBLIOGRAFIA MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito e Hegel. 2a.Ed Lisboa: Editoral Presença, 1983 VICENTE, Gilson (Supervisor). Filosofia- Positivismo em EDIPE – Enciclopédia Didática de Informação e Pesquisa Educacional. V.5, p.1504, 5a.Ed: Livraria e Editora Iracema Ltda, 1989. FRANCO, Walter Silveira. Filosofia – Materialismo Histórico. Belém: Junho 1995. COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva, Coleção os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.p.9-11. ARANHA, Maria Lúcia e MARTINS, Maria Helena. Filosofando – Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 1996. DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico. Ao Paulo, Ed. Nacional, 1990. ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo. Martins Fontes. 1993. FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987