MANOBRAS COM ARTIGOS 1. (Fuvest) As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes , que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente (Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires) No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos têm como efeito, respectivamente, a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece. b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a generalidade das situações que são objeto de seus comentários. c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos na cidade. d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são famosas pela maledicência. e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente. MANOBRAS COM NUMERAIS 1. (ENEM) A capa de uma revista de grande circulação trazia a seguinte informação, relativa a uma reportagem daquela edição: “O brasileiro diz que é feliz na cama, mas debaixo dos lençóis 47% não sentem vontade de fazer sexo”. O texto abaixo, no entanto, adaptado da mesma reportagem, mostra que o dado acima está errado: “Outro problema predominantemente feminino é a falta de desejo — 35% das mulheres não sentem nenhuma vontade de ter relações. Já entre os homens, apenas 12% se queixam de falta de desejo”. Considerando que o número de homens na população seja igual ao de mulheres, a porcentagem aproximada de brasileiros que não sentem vontade de fazer sexo, de acordo com a reportagem, é a) 12%. b) 24%. c) 29%. d) 35%. e) 50%. 2. O texto a seguir foi extraído da coluna do ombudsman do jornal Folha de S. Paulo. "O MEU PIB CAIU MAIS DO QUE O SEU" Carlos Eduardo Lins da Silva A PRINCIPAL notícia da semana foi a queda do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2008, que colocou de vez o país entre as vítimas da crise econômica global. Na quarta, a Folha tratou dela com prioridade em dois aspectos: comparação do resultado do desempenho da economia brasileira no último trimestre do ano passado com o de outros 36 países e ênfase no fato de o governo federal vir declarando que a crise teria efeitos menores aqui. Foi um erro. A comparação com outros países pode ser importante para analistas e estudiosos, mas não é fundamental para o leitor. Mesmo se fizesse sentido priorizar a questão sobre onde o PIB caiu mais ou menos, a Folha errou, como o próprio texto principal do caderno Dinheiro deixa claro. Na capa do jornal e nos locais de destaque, insistiu-se na tese de que, por seu PIB ter tomado um dos maiores tombos entre as 37 nações listadas, o Brasil está entre os principais atingidos pela crise. Não é bem assim. Foi porque o país cresceu mais que os outros no ano inteiro que o contraste entre o quarto e o terceiro trimestres de 2008 foi tão intenso. Como diz o quinto parágrafo do texto da página B1: "E o fato de o Brasil ter sofrido uma retração maior do que nos outros países no último trimestre do ano não significa que a crise aqui seja maior". Além disso, chamada de primeira página e linha fina da manchete interna dão ao noticiário, que tem obrigação de ser isento, tom injustificável de editorial, com afirmações como "o país está entre os mais atingidos (...) ao contrário do que o governo vinha dizendo" ou o desempenho do PIB "fez ruir o discurso oficial de que país seria pouco afetado". Se o jornal quer destacar que o governo errou em suas análises, publique objetivamente declarações antigas dos governantes e dados atuais. E deixe o leitor decidir se eles fazem ruir o discurso, se o discurso era um castelo de areia, se foi a conjuntura que mudou ou se é obrigação de todo dirigente infundir otimismo na sociedade. Ou qualquer outra coisa que queira concluir. O leitor é inteligente. Não precisa dessas "mãozinhas" retóricas. (Folha de S. Paulo, 15/03/2009) Confira abaixo as Manchetes do caderno de Economia da Folha de S Paulo na quartafeira mencionada pelo ombudsman: CRISE BATE MAIS FORTE NO PAÍS E PIB CAI 3,6% Brasil tem um dos piores desempenhos no último trimestre de 08, fazendo ruir discurso oficial de que país seria pouco afetado Levantamento com 37 economias aponta que retração brasileira no final do ano passado só não foi pior do que em 5 países