Artigo: SÍNDROME DA VISÃO DO COMPUTADOR: DIAGNÓSTICOS

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Artigo: SÍNDROME DA VISÃO DO COMPUTADOR: DIAGNÓSTICOS
RELACIONADOS E SUAS CAUSAS.
Autores: Adriana Paola Castillo EstepaI; Aparecida Mari IgutiII
 IOptometrista Universidad de La Salle, Mestranda do Programa de Pósgraduação em Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp;
II.
Doutora em Anthropologie et Ecologie Humaine - Universite de Paris,
Docente do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Faculdade de
Ciências Médicas, Unicamp.
Resumo:
Objetivo: Conhecer os fatores associados aos sintomas da Síndrome da Visão do
computador, e analisar as suas principais causas. Metodologia: Revisão bibliográfica
integrativa nas plataformas Scielo, Lilacs, e Publimed dos últimos 30 anos
Resultados: Foram selecionados 32 artigos que cumpriram com os critérios de
inclusão, nos quais se encontrou a categorização da CVS em diferentes tipos de
sintomas, cada uma associada a diferentes diagnósticos visuais e/ou oculares, que
incluíam alterações vergenciais, acomodativas ou alterações da superfície ocular
como olho seco; os sintomas astenópicos são a categoria da CVS mais frequente nos
usuários do computador. A terminologia utilizada aos sintomas apresentados e a
avaliação das alterações é variada e dificulta uma análise adequada dos diagnósticos
e sintomas associados da CVS. Conclusões: Os sintomas visuais da CVS indicam
tratar-se de problemas da visão binocular e a acomodação, causados por exigentes
demandas à visão próxima. O olho seco é o principal sintoma da categoria ocular da
CVS, mas nem sempre se encontra presente, em alguns casos o simples
ressecamento do olho propiciado por fatores ambientais extremos que aumentem a
evaporação excessiva da lágrima (ar condicionado, ventiladores, temperaturas
elevadas ou umidade baixa na estação de trabalho) podem reproduzir sintomas
oculares da síndrome. Hábitos inadequados de trabalho com o computador,
combinados com ambientes extremos na estação de trabalho põem em risco a saúde
visual e ocular dos usuários de computador.
Palavras chave: Síndrome da visão do computador, alterações oculomotoras, visão
binocular, olho seco, computadores, saúde do trabalhador, videoterminais.
1
Resumen:
Objetivo: Conocer los factores asociados a los síntomas del Síndrome de la Visión del
Computador y analizar sus principales causas. Metodos: Revisión bibliográfica
integrativa en las plataformas Scielo Lilacs, y Publimed de los últimos 30 años.
Resultados: Fueron seleccionados 32 artículos que cumplieron con los criterios de
inclusión, en los cuales se encontró la categorización del CVS en diferentes tipos de
síntomas, cada uno asociado a diferentes diagnósticos visuales e y/o oculares, que
incluían alteraciones vergenciales, acomodativas o alteraciones de la superficie ocular
como ojo seco;. La terminología que se usa para mencionar los síntomas y la
evaluación de las alteraciones visuales y oculares es variada y dificulta un análisis
adecuado de los diagnósticos y síntomas asociados del CVS. Conclusiones: Los
síntomas visuales del CVS indican problemas de la visión binocular y la acomodación,
causados por exigentes demandas de la visión próxima. El ojo seco es el principal
síntoma de la categoría ocular del CVS, pero no siempre se encuentra presente, en
algunos casos la simple resequedad del ojo propiciado por factores ambientales
extremos que aumenten la evaporación excesiva de la lagrima (aire acondicionado,
ventiladores, temperaturas elevadas o humedad baja en la estación de trabajo)
pueden reproducir síntomas oculares del síndrome. Hábitos inadecuados de trabajo
con el computador, combinados con ambientes extremos en la estación de trabajo
ponen en riesgo la salud visual y ocular de los usuarios de computador.
Palabras clave: Síndrome de la Visión del Computador, alteraciones oculomotoras,
visión binocular, ojo seco, computadores, salud del trabajador, videoterminales.
2
Introdução: O uso do computador tem aumentado consideravelmente nas últimas
décadas; em 1990 existiam 40 milhões de computadores no mundo, em 2008 esta
cifra subiu a um bilhão e estima-se que em 2014, esta cifra seja de dois bilhões. A
internet no início dos anos 1990 introduziu as redes sociais, os sistemas de correio
eletrônico, o trabalho e o estudo online, entre outros contribuindo para o rápido
aumento do número de computadores no mundo.
O computador revolucionou a vida e o trabalho das pessoas, há 30 anos o trabalho de
escritório envolvia numerosos postos de trabalho e ocupações como a de datilografia,
revisão, arquivo, leitura e escritura; cada atividade fazia com que o trabalhador tivesse
movimentos físicos e mentais durante sua jornada de trabalho, com alternância de
posturas e diferentes processos cognitivos. Atualmente, existem um número muito
menor de postos, cabendo ao mesmo trabalhador realizar várias atividades, as vezes
quase simultâneas, sentado diante do computador, com rapidez e facilidade (em 2000
estimava-se que 75% dos trabalhos no mundo envolviam o uso de computadores)
(Wimalasundera, 2009),(Blehm, Vishnu, Khattak, Mitra, & Yee, 2005). Embora haja um
aumento de produtividade, também pode haver vários problemas à vida dos
trabalhadores.
Nos últimos 40 anos tem-se realizado estudos importantes sobre as diferentes
alterações que os usuários de VDT apresentam depois de várias horas de trabalho no
computador; entre elas, encontram-se sintomas como fadiga visual, dor ocular,
queimação ocular, visão turva, etc. e de 50% a 70% de usuários habituais de
computador (três ou mais horas por dia) apresentam um ou mais sintomas durante ou
após trabalhar no computador (Nakaishi & Yamada, 1999a),(Agarwal, Goel, & Sharma,
2013),(Oliveira, 1997),(Hayes, Sheedy, Stelmack, & Heaney, 2007),(Rosenfield,
2011),(Lamphar & Antonio, 2006); o conjunto desses sintomas é denominada de
Síndrome da Visão do Computador (CVS), segundo Abelson (1999) esta síndrome
seria a epidemia ocular do século XXI, o diagnóstico e tratamento desta síndrome nos
Estados Unidos custam quase dois bilhões de dólares americanos por ano (Mark B.
Abelson, 1999).
Objetivo: Conhecer os diagnósticos relacionados com os sintomas da Síndrome da
Visão do computador, e analisar as suas principais causas.
Metodologia: Revisão bibliográfica integrativa nas plataformas Scielo, Lilacs, e
Publimed dos últimos 30 anos. Palavras chave utilizadas: Computer Vision Syndrome,
Síndrome da Visão do Computador, Síndrome de la Visión del Computador, Dry Eye
AND Computer, Olho Seco AND Computador, Ojo Seco AND Computador,
Symptoms AND Vision AND Computer, Visual AND Ergonomics, Ergophthalmology.
Complementarmente usou-se literatura sobre Visão Binocular e a Fisiologia Ocular. Os
critérios de Inclusão foram: artigos nos idiomas Inglês, Espanhol e Português
publicados entre os anos 1984 a 2013 (últimos 30 anos) relevantes para o tema.
Foram excluídos os artigos com temas genéricos e os sem relação com os sintomas
da Síndrome da Visão do Computador.
Resultados: Foram selecionados 32 artigos que cumpriram com os critérios de
inclusão, 25 em Inglês, 4 em Português e 3 em Espanhol, o artigo mais antigo que se
revisou foi do ano 1987 e foi intitulado “Video display terminal use and reported health
symptoms among Massachusetts clerical workers” e o mais recente do ano 2013 e
intitulado “Evaluation of the Factors which contribute to the Ocular Complaints in
Computer Users”, os temas mais abordados foram a frequência da síndrome da visão
do computadores em usuários de VDT, sintomas visuais e oculares associados ao uso
de VDT e olho seco associado ao uso de VDT, a categorização dos sintomas da CVS
3
tem sido usada amplamente nos estudos dos últimos 10 anos para facilitar a
compreensão da síndrome.
Discussão: Síndrome da Visão do Computador
O que é?
A Síndrome da Visão do Computador é um conjunto de problemas visuais e oculares
relacionados ao uso prolongado do computador1. Esses quadros podem incluir fadiga
ocular, dor ou ardor ocular, visão turva, lacrimejamento, prurido ocular, hiperemia
ocular, diplopia, fotofobia, cefaleia. Sheedy (1991) classificou os sinais e sintomas e
vários autores introduziram modificações à classificação (Wimalasundera,
2009),(Blehm et al., 2005),(Rosenfield, 2011),(Bernard R. Blais, 1999),(Sheedy, 1991);
a tabela a seguir mostra a classificação e inclui os sintomas adicionados pelos
diferentes autores nos últimos anos.
Classe
Visual
Sintoma Específico
Foco lentificado.
Visão turva.
Visão dupla.
Ocular
Ressecamento ocular.
Lacrimejamento.
Olhos irritados.
Ardor ocular.
Astenópicos
Cefaleia.
Fadiga ocular.
Dor nos olhos.
Sensibilidade à luz
Fotofobia.
Musculoesquelético
Dor nas costas ou no pescoço.
T ABELA 1. C LASSES DE SINTOMAS DA S ÍNDROME DA V ISÃO DO COMPUTADOR .
Os quadros apresentados por cada indivíduo portadores da Síndrome da Visão do
Computador variam, alguns são mais frequentes que outros, observados por autores
como Rossignol (1987), Montalt (1999), Sá (2010), Chu (2011). Baseando-se nos
resultados desses autores são apresentados os sintomas mais frequentes (A M
Rossignol, 1987),(Juan Carlos Montalt & Elisa Torregrosa, 1999),(Sá, 2010),(Chu,
Rosenfield, Portello, Benzoni, & Collier, 2011).
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Fadiga ou cansaço visual. (mais de 70%)
Ardor ou queimação ocular. (mais de 50%)
Lacrimejamento. (mais de 40%)
Dor de cabeça. (mais de 40%)
Visão Borrada. (mais de 30%)
Outros sintomas (mais de 30%)
As sinais e sintomas que caracterizam a síndrome são de categoria astenópica e de
categoria ocular e os outros, embora de alta prevalência, se apresentam em menor
quantidade de usuários de computador, isto quer dizer que os fatores que provocam
cada um dos sintomas da CVS são diferentes, e devem ser tratados separadamente.
Causas e possíveis diagnósticos
1
American Optometric Association (AOA). Disponivel em http://www.aoa.org/x5253.xml.
4
Para entender a Síndrome da Visão do computador é importante conhecer a anatomia
e fisiologia do olho, pois só assim se poderá tomar as medidas adequadas para cada
uma das causas (Sheedy, Hayes, & Engle, 2003).
As características individuais oculares e/ou extraoculares podem predispor o usuário a
diferentes sintomas da CVS e Rossenfield (1999) descreveu dois grupos, o das
respostas oculomotoras inapropriadas, e o do olho seco (Rosenfield, 2011); esses
grupos serão analisados posteriormente.
O trabalho no VDT força aos olhos a trabalhar constantemente com a visão de perto,
ativando os sistemas vergencial e o acomodativo, para conseguir focar e fusionar as
imagens dos olhos. Diferente do trabalho de leitura ou da escrita no papel, onde a
imagem é estática e definida e tem um fundo que dá um bom contraste (em geral,
letras pretas, sobre fundo branco) na tela as letras são compostas de pequenos
pontos ou pixeis que apresentam um maior brilho no centro que diminuem em direção
às bordas; por não serem definidos, o olho humano tem maior dificuldade para focar
estes caracteres (Wimalasundera, 2009), o que se traduz por um maior esforço ocular
e dependendo das capacidades visuais pode levar ao desenvolvimento de sintomas.
Chu (2011) comparou os sintomas oculares apresentados por 30 sujeitos após a
leitura por 20 minutos de um texto impresso e após a leitura pelo mesmo tempo de um
texto no computador; as duas sessões ocorreram com intervalo de 24hrs, com o
mesmo texto nas duas sessões, a uma distância de 50cms, com a mesma iluminação
e contraste. Ao final de cada tarefa aplicou-se um questionário, com pontuação por
quantidade e intensidade de sintomas, e encontrou-se uma diferença significativa nas
pontuações totais, que foram mais altas para todos os sintomas na sessão de leitura
com VDT. O autor concluiu que os sintomas visuais e oculares após leitura de perto
são significativamente piores com os VDTs que com leitura em papel (Chu et al.,
2011); além disso, a eficiência na revisão de textos é pior no computador que no papel
(Mutti & Zadnik, 1996).
Cada sintoma tem diferentes fatores causantes e serão explicados a continuação em
ordem
Sintomas visuais:



Foco lento.
Visão turva
Visão dupla
Muitas pessoas apresentam desordens marginais de acomodação ou visão binocular
que não causam sintomas quando elas realizam tarefas visuais flexíveis, mas a
debilidade dessas funções visuais podem causar sintomas visuais ou astenópicos
incômodos quando a pessoa realiza tarefas mais exigentes, como por exemplo os
operadores de VDT (Blehm et al., 2005); essas alterações binoculares e acomodativas
produzem os sintomas da categoria visual: Foco lento, visão turva e visão dupla.
Foco lento: refere-se a dificuldade do cristalino para mudar de foco, seja de visão de
longe para de perto (ativação da acomodação) ou de visão de perto para de longe
(relaxação da acomodação). O foco lento é um sintoma de inércia acomodativa ou de
excesso acomodativo, que se associa a distúrbios na flexibilidade de acomodação2.
2
Flexibilidade de acomodação: Habilidade que tem o sistema visual para realizar mudanças
dioptricas abruptas de forma precisa e cômoda (Borrás, 2000).
5
A flexibilidade acomodativa se mede por meio de lentes positivas e negativas (flippers
+2,5dp/-2,5dp) as quais estimulam artificialmente a ativação e relaxação de
acomodação, se avalia em ciclos por minuto (cpm), os valores normais são 12cpm
monocularmente e 8cpm binocularmente (Borrás, 2000), quando a quantidade de
ciclos por minuto é menor que estes valores, diz-se que existe inflexibilidade
acomodativa.
A amplitude de acomodação se mede em dioptrias, e com a idade os valores normais
se alteram; quando existe uma inflexibilidade acomodativa tanto para ativar como para
relaxar, e a amplitude de acomodação é normal, se diagnostica inércia acomodativa;
quando existe uma inflexibilidade acomodativa especialmente para relaxar e a
amplitude de acomodação é normal se diagnostica excesso de acomodação; esses
problemas da acomodação também tem outros sinais e sintomas associados como a
astenopia, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, visão turva, dor de cabeça e
cansaço visual (Camacho & Montaño, 2009), sinais e sintomas que também compõem
a CVS.
Visão Turva: A visão turva associada ao trabalho com computadores pode se
apresentar de longe ou de perto, visão turva de longe depois de trabalhar com
computadores se associa aos excessos acomodativos fortes e espasmos
acomodativos, o cristalino não consegue relaxar a acomodação para ver de longe,
criando uma pseudomiopia, sintomas como dor de cabeça depois ou durante o
trabalho com o computador, fotofobia e diplopia. A amplitude de acomodação nestes
casos é normal e a flexibilidade de acomodação diminuída por dificuldade na
relaxação da acomodação. Excessos e espasmos acomodativos estão associados a
ocupações com alto nível de estresse e exigências no trabalho de perto, esses
trabalhadores geralmente tem problemas musculoesqueléticos como dor no pescoço,
costas, ombros e braços (Camacho & Montaño, 2009).
Tem se associado a progressão da miopia ao uso de VDTs, num estudo transversal se
compararam os resultados retinoscópicos de usuarios de VDT e datilógrafos e em
quanto os usuarios de VDT experimentavam uma mudança de -0,12dp na refração
visual depois do trabalho, os datilógrafos não tinham nenhuma mudança dióptrica na
sua retinoscopia (Blehm et al., 2005), (observa-se que uma mudança de -0.12dp é
pequena demais para alterar a acuidade visual); num outro estudo, Luberto (1989)
mostrou que 20% dos usuários de VDT apresentavam pseudomiopia ao final da
jornada de trabalho, todos referiam sintomas astenópicos, porém só 32,5% diziam
experimentar os sintomas de miopia. Não se encontra na literatura estudos que
mostrem uma associação estatisticamente significativa entre o VDT e o risco de
miopia ou de sua progressão (Mutti & Zadnik, 1996), a pseudomiopia surge com o uso
do computador, mas as mudanças permanentes no estado refrativo visual desses
usuários são desconhecidos (Blehm et al., 2005).
Visão turva de perto: associada ao uso de computadores pode se produzir por uma
insuficiência de convergência, uma fadiga acomodativa ou em casos mais graves uma
diminuição na amplitude de acomodação (Bernard R. Blais, 1999) que se diagnostica
como insuficiência acomodativa; alguns estudos tem avaliado essas funções em
usuários regulares de computadores, como Gur e Ron (1994) que compararam a
amplitude de acomodação e o estado vergencial de usuários e não usuarios de
computador durante 4 dias de trabalho, os operadores de computador apresentavam
alta prevalência de insuficiência de convergência e exoforias; além disso a amplitude
de acomodação e a convergência decresciam bastante do primeiro ao quarto dia de
trabalho (diminuição em aacc usuários de VDT: 0.69dp, diminuição em aacc não
6
usuários de VDT: 0.19dp 3 )(Gur, Ron, & Heicklen-Klein, 1994), Trusiewics (1995) e
Blehm (2005) apontam que o uso prolongado de VDT tem mostrado diminuir o poder
da acomodação, remover o ppc e aumentar as forias em visão de perto (Trusiewicz,
Niesłuchowska, & Makszewska-Chetnik, 1995), embora na maioria das vezes esses
sinais desaparecem após repouso do dia de trabalho ou da semana de trabalho.
Os sintomas da fadiga e a insuficiência acomodativa são visão turva de perto (a fadiga
acomodativa melhora depois de descanso da tarefa de perto, na insuficiência
acomodativa a visão turva de perto é permanente e a amplitude de acomodação,
diminuída mesmo após repouso), cefaleia, astenopia, lacrimejamento e desconforto
em visão de perto (Rojas, 2005).
Visão dupla
Geralmente a visão dupla associada ao uso do computador não é permanente,
aparece momentaneamente durante o trabalho de perto e é diagnosticada como
exotropia intermitente associada a insuficiência de convergência; os usuarios de
computador apresentam uma alta prevalência de exoforia e insuficiências de
convergência à diferença de trabalhadores que não usam o VDT (Bernard R. Blais,
1999),(Gur et al., 1994),(K. Kanitkar & Y. Richard, 2005). Quando as reservas
fusionais de convergência estão diminuídas ou debilitadas a exoforia se converte
numa exotropia de perto não permanente, e pode se produzir por fadiga da visão de
perto, em atividades que requerem alta concentração. Os sintomas associados a
exotropia intermitente de perto são visão dupla ocasional, fadiga ocular, dor de
cabeça, astenopia, sonolência, dificuldade de concentração em tarefas de perto, e
algumas ocasiões o trabalhador rejeita tarefas em visão de perto (Steinman, Scott,
Steinman, Barbara, & Garzia, 2000).
3
aacc: amplitude de acomodação, dp: dioptria.
7
SINTOMAS DA
CATEGORIA
VISUAL
FOCO LENTO
POSSIVEIS
DIAGNOSTICOS
SINAIS BINOCULARES
SINTOMAS ASSOCIADOS
POSSIVEIS CAUSAS ASSOCIADAS
AO USO DO COMPUTADOR
Inércia
acomodativa.
Amplitude
de
acomodação
normal,
flexibilidade
acomodativa
diminuída
por
demora na ativação e relaxação
da acomodação.
Amplitude
de
acomodação
normal,
flexibilidade
de
acomodação
diminuída
por
demora na relaxação.
Fadiga ocular, cansaço visual,
ardor ocular.
Diminuição
na
flexibilidade
acomodativa por demora no
relaxamento, a visão turva de
longe é transitória. Amplitude de
acomodação normal, podem se
apresentar endoforias.
Espasmo
Não
há
relaxamento
da
acomodativo.
acomodação, visão turva de
longe
permanente,
pseudomiopia,
podem
se
apresentar endoforias.
Insuficiência
de Reservas fusionais negativas
convergência.
diminuídas, ponto próximo de
convergência longe, exoforia de
perto maior que de longe.
Hiperemia, lacrimejamento, ardor
ocular, dor de cabeça, fotofobia,
visão turva de longe transitória.
As causas desses problemas
acomodativos e/ou vergenciais são
provavelmente falhas na higiene
visual, excesso de horas na frente
do computador, ausência de pausas
regulares, trabalho de perto com
iluminações pouco adequadas, e
falta de correção visual adequada no
trabalho com o computador, também
as condições visuais pessoais
podem agravar ou diminuir os
sintomas (Rojas, 2005)3).
Excesso
acomodativo.
VISÃO
TURVA
VISÃO
TURVA
DE
LONGE
VISÃO
TURVA
DE
PERTO
Excesso
acomodativo
forte.
Hiperemia
conjuntival,
lacrimejamento, visão turva de
longe transitória, dor de cabeça e
cansaço visual, astenopia.
Hiperemia, lacrimejamento, ardor
ocular, dor de cabeça, fotofobia,
visão turva de longe permanente.
Fadiga ocular, dor de cabeça,
visão turva de perto ocasional,
sonolência,
dificuldade
na
concentração, movimento das
letras na leitura.
T ABELA 2. DIAGNÓSTICOS , SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS E POSSÍVEIS CAUSAS DOS SINTOMAS DA CATEGORIA VISUAL DENTRO DA
S ÍNDROME DA V ISÃO DO C OMPUTADOR
8
SINTOMAS DA
CATEGORIA
VISUAL
VISÃO
VISÃO
TURVA TURVA
DE
PERTO
POSSIVEIS
DIAGNOSTICOS
Fadiga
acomodativa
Insuficiência
acomodativa.
VISÃO DUPLA
Exotropia
intermitente
associada
insuficiência
convergência.
SINAIS BINOCULARES
Amplitude de acomodação
normal,
flexibilidade
de
acomodação normal, sustento
anormal da acomodação na
visão de perto, a visão turva
de perto se apresenta depois
de certo tempo de trabalho
com o computador.
Visão turva de perto ocasional
que melhora com descanso.
Amplitude de acomodação
diminuída.
Visão
turva
de
perto
permanente.
Insuficiência de convergência.
Exoforia alta, maior de perto
a que de longe.
de Visão dupla ocasional.
Exoestrabismo transitório.
SINTOMAS ASSOCIADOS
POSSIVEIS CAUSAS
Fadiga geral, cansaço visual, dor As causas desses problemas
de
cabeça,
sonolência, acomodativos e/ou vergenciais são
lacrimejamento.
provavelmente falhas na higiene
visual, excesso de horas na frente
do computador, ausência de
pausas regulares, trabalho de perto
com iluminações pouco adequadas,
e falta de correção visual adequada
no trabalho com o computador,
também as condições visuais
Fadiga geral, cansaço visual, dor pessoais podem agravar ou
de
cabeça,
sonolência, diminuir os sintomas (Rojas, 2005).
lacrimejamento.
Fadiga ocular, dor de cabeça,
visão
embaçada
de
perto
ocasional, sonolência, dificuldade
na concentração, movimento das
letras na leitura.
T ABELA 3. DIAGNÓSTICOS , SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS E POSSÍVEIS CAUSAS DOS SINTOMAS DA CATEGORIA VISUAL DENTRO DA
S ÍNDROME DA V ISÃO DO C OMPUTADOR
9
A tabela 2. mostra um resumo dos diagnósticos, sinais e sintomas associados e
possíveis causas dos sintomas da categoria visual dentro da Síndrome da Visão do
Computador, com a tabela 2. podemos perceber que todos esses diagnósticos se
associam também com os sintomas da categoria astenópica, que possivelmente são
os primeiros em aparecer quando o sistema binocular e acomodativo não se encontra
em condições adequadas de trabalho.
Todos os problemas da categoria visual são associados a alterações binoculares e da
acomodação, causados por demandas visuais exigentes na visão de perto, como por
exemplo o excesso de horas de uso diário no computador, estudos tem mostrado que
passar mais de 4 horas na frente do VDT é um fator de risco para o desenvolvimento
da síndrome, se recomendam pausas regulares quando se trabalha com estes
dispositivos, assim como uma boa iluminação, contrastes, e tamanhos de letra
adequados, que não forcem o sistema visual excessivamente.
Sintomas astenópicos
 Dor de cabeça
 Fadiga ocular
 Dor nos olhos
Os sintomas astenópicos apresentam-se com maior frequência nos usuários de
computador (Wimalasundera, 2009),(Chu et al., 2011),(Tamez González, OrtizHernández, Martínez-Alcántara, & Méndez-Ramírez, 2003),(Wolkoff, Nojgaard,
Troiano, & Piccoli, 2005) e embora a astenopia não seja um diagnóstico específico de
uma alteração visual ou ocular, é importante saber quais condições individuais ou da
estação de trabalho podem causá-la. Collins (1990) estudou 79 usuários de
computador e categorizou seus sintomas em vergenciais e astenópicos, realizou-lhes
exames visuais que incluíam medidas vergenciais, acomodativas, refrativas e de cor;
os resultados não mostraram associações entre os sintomas visuais e astenópicos e
os achados no exame visual, concluindo que os sintomas astenópicos não são
específicos ou diferenciados com base do fator causativo (Collins, Brown, Bowman, &
Carkeet, 1990).
Sheddy (2003) na pesquisa “Toda astenopia é o mesmo” pergunta se essas possíveis
causas dos sintomas oculares e astenópicos, medidas de outras formas poderiam
distinguir-se mais facilmente, se medidas da forma correta; num estudo prospectivo, o
autor decide de induzir artificialmente diferentes estímulos que se encontram na
estação de trabalho e medir os efeitos na visão do grupo, alguns dos estímulos
induzidos foram miopia alta não corrigida com um lente de +6.0dp AO, (o paciente
teria que ler a uma distância de 17cms para conseguir enxergar as letras claras), fonte
pequena, astigmatismo misto, luz trêmula, lentes flipper, impossibilidade do piscar,
entre outros, os sintomas que os pacientes apresentavam com cada um dos estímulos
foram diferenciados em dois tipos: fatores astenópicos ou internos, e fatores externos
ou do olho seco e os resultados mostraram diferenças significativas entre as causas
que levavam a queixas astenópicas e as causas que levavam a queixas de olho seco,
por exemplo o astigmatismo misto, as lentes flippers e fonte pequena causavam mais
sintomas astenópicos que o impedimento do piscar, que causava mais sensação de
secura ocular, concluindo que os sintomas de astenopia se associam mais ao estresse
vergencial e acomodativo pelas exigências das tarefas em visão próxima e pelas
condições binoculares e refrativas de cada pessoa; o ressecamento ocular foi
relacionado ao impedimento do piscar e ao texto colocado para que o paciente tivesse
que ler olhando pra cima (Sheedy et al., 2003), a constante exposição do olho ao
ambiente e sem uma correta piscada agrava os sintomas de secura ocular.
Essa relação entre o estresse vergencial e acomodativo como causativo dos sintomas
astenópicos, pode ser o primeiro estagio para o aparecimento de sintomas visuais e
10
alterações na acomodação e a convergência mais graves e que podem ser medidos;
como se mostrou na tabela 2 todas essas alterações tinham como sintomas
associados os sintomas de astenopia, mas ainda não existem testes para medir o
estresse vergencial ou acomodativo.
È importante lembrar que o olho seco, embora não seja a principal causa de sintomas
astenópicos no VDT, também apresenta como sintomas associados, a dor e o
cansaço ocular e a dor de cabeça (International Dry Eye Workshop, 2007),(M.
Rodriguez & A. Rojas, 2008); assim, só um exame ocular e visual completo pode
definir o diagnóstico, suas causas e o um tratamento adequado para os sintomas
astenópicos. A tabela 3 apresenta uma síntese dos sintomas da categoria astenópica
e seus possíveis diagnósticos e sintomas associados.
SINTOMAS DA POSSIVEIS
CATEGORIA DIAGNOSTICOS
ASTENÓPICA
SINAIS
OCULARES
E
OCULOMOTORA
S
Estresse
Não se encontra
vergencial
ou associado a sinais
acomodativo.
binoculares
medíveis.
Fadiga ou
cansaço visual.
Dor de cabeça.
Alterações
vergenciais
ou
acomodativas.
(Explicadas
separadamente
na tabela 2).
Alterações
mensuráveis das
vergencias, forias,
e
funções
acomodativas.
Olho seco.
Diminuição
no
tempo de ruptura
lacrimal.
Diminuição
da
produção lacrimal.
Hiperosmolaridad
e ocular.
Dor ocular
SINTOMAS
ASSOCIADOS
POSSIVEIS
CAUSAS
Sonolência, falta
de concentração
nas tarefas em
visão próxima.
Altas exigências
no trabalho em
visão
próxima,
incorreta higiene
visual no posto
Sonolência, falta de trabalho.
de concentração
nas tarefas em
visão
próxima,
em alguns casos
podem aparecer
sintomas visuais
como
visão
turva,
visão
dupla, ou foco
lento.
Ressecamento
Doenças
ocular,
ardor sistêmicas,
ocular, sensação idade,
sexo,
de
corpo medicamentos,
estranho,
disfunções
sensação
de oculares,
areia nos olhos, condições
irritação ocular.
ambientais
extremas.
TABELA 4. DIAGNÓSTICOS, SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS E POSSÍVEIS
CAUSAS DOS SINTOMAS DA CATEGORIA ASTENÓPICA DENTRO DA SÍNDROME
DE VISÃO DO COMPUTADOR.
Sintomas oculares e de sensibilidade à luz



Ressecamento ocular
Lacrimejamento
Olhos irritados
11


Ardor ocular
Fotofobia
Os quatro sintomas da categoria ocular relacionam-se ao diagnóstico de olho seco e
tem sido associados aos fatores ocupacionais como os equipamentos e o ambiente da
estação de trabalho, toner ou fotocopiadoras, ventiladores ou ar condicionado,
umidade relativa baixa, temperaturas altas (Wolkoff et al., 2005),(Wimalasundera,
2009), poluição do ar (Saxena et al., 2003),(Versura, Profazio, Cellini, Torreggiani, &
Caramazza, 1999),(Norn, 1992) e aos fatores individuais, como sexo, idade, uso de
lentes de contato, doenças sistêmicas, medicamentos sistêmicos, condições oculares
e uso de cosméticos (Blehm et al., 2005), esses fatores podem produzir alterações no
filme lacrimal, e portanto alteração das suas funções principais 4 e aparecimento dos
sintomas de olho seco.
Síndrome do Olho seco: O olho seco é um processo patológico multifatorial da
superfície ocular, produzido por uma deficiência na quantidade e/ou qualidade do filme
lacrimal, provocando a incapacidade de manter a saúde dos epitélios da córnea e a
conjuntiva (Aguilar, 2008), produzindo sintomas de desconforto de sensação de
secura, irritação, ardor ou queimação, sensação de corpo estranho, sensação de
‘areia nos olhos’, dor e fotofobia (M. Rodriguez & A. Rojas, 2008); ambientes
inadequados de trabalho e características individuais contribuem à redução do fluxo
lacrimal e à hiperosmolaridade da lágrima, ativando os dois mecanismos principais do
olho seco: evaporação lacrimal e instabilidade do filme lacrimal (International Dry Eye
Workshop, 2007).
A prevalência de sintomas de olho seco em usuários de computadores é alta, Uchino
(2008) no estudo “Prevalência de olho seco entre japoneses usuários de VDT”
estudou a prevalência da doença de olho seco e os fatores de risco de usuários de
videoterminais, através de questionários aplicados a uma amostra de 3549 usuários
de VDT; os resultados indicaram que 13% da amostra sofria de olho seco
diagnosticado e 32,5% apresentava sintomas frequentes ou muito frequentes; o uso
de VDT por mais de quatro horas foi associado a um maior risco de apresentar olho
seco (OR: 1.68; IC:95%) e o uso de LC agravava os sintomas do olho seco (OR:3.91;
IC:95%), o autor conclui que a síndrome do olho seco ou seus sintomas graves são
predominantes nos trabalhadores japoneses de escritório, mais prevalente no sexo
feminino, nos usuários de lentes de contato, nos usuários com exposição maior que
quatro horas ao videoterminal; considera-se que medidas adequadas contra situações
de riscos modificáveis poderiam fornecer um impacto positivo sobre a saúde pública e
qualidade de vida de trabalhadores de escritório (Uchino et al., 2008).
Além de todas as exigências visuais no trabalho com videoterminais, também existem
exigências oculares, já que quando o usuário de VDT está focado na tela reduz a
quantidade de piscadas por minuto e consequentemente, a superfície ocular fica mais
tempo exposta; dependendo das condições de umidade relativa e temperatura no
ambiente e das correntes de ar (ar condicionado e ventiladores) que existam na
estação de trabalho, a evaporação da lágrima pode ser mais rápida, ressecando a
superfície do olho.
4
Funções principais do filme lacrimal: transferir o oxigênio à córnea, proteger a superfície
ocular de fricções com a parte interna das pálpebras, permitir uma boa transmissão dos raios
de luz, proteger o olho de infecções bacterianas, limpar o olho de resíduos externos, entre
outras.
12
Schlote et. al (2004) analisou a quantidade de piscadas em 30 usuários de
videoterminais com sintomas de olho seco, medindo frequência do piscar dos
trabalhadores quando estavam conversando, quando começavam a trabalhar e meia
hora após usar o VDT; os resultados mostraram diferenças estatisticamente
significativas, com uma diminuição de mais de 50% da frequência do piscar quando os
trabalhadores usavam o VDT, produzida provavelmente pela atenção visual acentuada
que resulta na exacerbação dos sintomas de olho seco (Schlote, Kadner, &
Freudenthaler, 2004). Esses resultados são concordantes com os de Freudenthaler
(2003) que com metodologia similar, comparou a frequência do piscar em
conversação, no uso de VDT e no uso de VDT com anestesia corneana, e a
diminuição significativa na frequência de piscar com o uso de VDT, e uma diminuição
ainda maior com anestesia corneana. Além disso, encontrou diferentes padrões de
piscada nos usuários de VDT, que podem estar relacionados com fatores exógenos e
endógenos e que podem levar a uma melhor compreensão das reações oculares com
o uso de monitores (Freudenthaler, Neuf, Kadner, & Schlote, 2003).
A diminuição na frequência do piscar em usuários de computador, somada a uma
fenda palpebral ampla (dependendo da altura da tela do computador) resulta numa
maior exposição da superfície corneana (R. Gentil, C. Okawa, C. Carvalho, & D.
Barison, 2011), que acompanhada de ar condicionado, altas temperaturas e índices de
umidade relativa baixa, ajudam a uma evaporação excessiva da lágrima, alterando o
equilíbrio da lágrima, produzindo uma cadeia de eventos fisiopatológicos que irão
agravar os sintomas de ressecamento ocular (Wolkoff et al., 2005), (Mathers, Lane,
Sutphin, & Zimmerman, 1996).
SINTOMAS DA
CATEGORIA
OCULAR E DE
DESLUMBRAME
NTO
Ressecamento
ocular.
Lacrimejamento
Olhos irritados
Ardor ocular.
Fotofobia.
POSSIVEL
DIAGNÓST
ICO
SINAIS
OCULARES
SINTOMAS
ASSOCIADOS
POSSIVEIS
CAUSAS
Olho seco.
Diminuição
no
tempo de ruptura
lacrimal.
Diminuição
de
produção lacrimal.
Hiperosmolaridade
ocular.
Dor ocular.
Cansaço
Ocular.
Cefaleia.
Doenças
sistêmicas, idade,
sexo,
medicamentos,
disfunções
oculares,
condições
ambientais
extremas
que
provoquem
evaporação
lacrimal.
T ABELA 5. D IAGNÓSTICOS , SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS E POSSÍVEIS CAUSAS
DOS SINTOMAS DA CATEGORIA OCULAR E DE ENCADEAMENTO DA S ÍNDROME DE
V ISÃO DO C OMPUTADOR .
Distinguir entre sintomas de ressecamento ocular e a síndrome do “olho seco” é uma
tarefa difícil, pois esses termos ainda não estão bem diferenciados; é importante
lembrar que o diagnóstico da síndrome do olho seco só pode ser feito por um
profissional da saúde ocular, após uma boa anamnese e os testes lacrimais, que
mostrem as alterações funcionais do aparelho lacrimal e ou da lágrima.
13
Existem várias alterações do filme lacrimal no diagnóstico da síndrome do olho seco
como a hiperosmolaridade ocular, desidratação ou perda de água da lágrima, ruptura
precoce do filme lacrimal, pouca uniformidade do filme lacrimal sobre a córnea, entre
outras e essas alterações estão associadas umas com as outras; o funcionamento
ideal da lágrima só se mantém com um correto balanço da produção lagrimal
(quantidade e qualidade), funcionamento normal da piscada (tipo de piscada e
frequência) e controle dos fatores externos (ambientais e da estação de trabalho.)
Conclusões:
Os sintomas astenópicos são os mais frequentes da Síndrome da Visão do
Computador e são os primeiros em aparecer, advertindo que algum problema visual
e/ou ocular maior se desenvolve, esses sintomas aparecem em vários problemas
visuais e oculares, embora sejam demasiado genéricos para trazer informações sobre
diagnósticos específicos.
Os sintomas visuais da CVS orientam a diagnósticos de problemas da visão binocular
e a acomodação, causados por demandas exigentes na visão próxima; hábitos
adequados no trabalho com o computador devem ser considerados para a prevenção
e o tratamento da CVS.
A síndrome do olho seco é o principal diagnóstico associado aos sintomas da
categoria ocular da CVS, mas em alguns casos representam o simples ressecamento
do olho, causado por fatores ambientais extremos com evaporação excessiva da
lagrima reproduzindo os demais sintomas oculares da síndrome.
Os sintomas da CVS e algumas das suas causas vem sendo estudados desde os
anos 80 do século passado, embora ainda não exista um consenso internacional de
definições, causas ou tratamentos da síndrome dificultando a comparação e a
significância dos estudos no mundo.
Recomendações:
A síndrome da visão de computador é um problema prevalente, seus sintomas são
variados e agrupam muitos possíveis diagnósticos; deve ser diagnosticado e tratado
por um profissional da visão que realize um diagnóstico correto e um tratamento
adequado, incluindo medidas para melhorar os hábitos de uso do computador e o
ambiente da estação de trabalho.
Faz-se necessário um consenso na comunidade cientifica internacional da definição,
causas, e tratamentos da CVS, que impulsione o desenvolvimento de estudos sobre a
síndrome e facilite a criação de medidas efetivas de promoção e prevenção da
Síndrome da Visão do Computador nos usuários de computador.
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