Circuitos RC e RL – Freqüência de Corte

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Circuitos RC e RL – Freqüência de Corte
Introdução
Utilizando conceitos de fontes de tensão alternadas, estudaremos os circuitos RC e RL,
relacionando os componentes de cada circuito com determinadas freqüências da fonte,
concluindo que os circuitos podem ser vistos como filtros de freqüências.
Objetivos
Inicialmente, encontraremos a relação matemática que rege os efeitos dos dois circuitos RC
V
e RL. Então,construímos o gráfico da curva de resposta de freqüência ( C  f ) do circuito
V0
RC; deste gráfico, extraímos a freqüência de corte f C , encontrada pela interseção das retas
no gráfico referido. Feito isso, montamos um circuito RL e repetimos o procedimento.
Concluindo, interpretamos os resultados, indicando porque estes circuitos podem ser filtros
“passa baixa” e “passa alta”.
Modelo Teórico
Circuito 1: Resistor – Capacitor em série: Filtro de freqüência
I)
Figura I: Circuito 1
Para esse circuito, temos que:
:
VC
1

(1)
1
V0
2 2 2 2 2
1  4 f C R

VR

V0

R
 2  1 

 R  

 2fC 
2



1
2
(2)
VC
diminui com o aumento de f, assim,
V0
apenas os sinais de baixa freqüência aparecem na saída. Por isso, dizemos que este é um
circuito que funciona como um filtro passa baixa.
Analisando a expressão acima, notamos que
VR
aumenta com o aumento da freqüência ( f ), ou seja, apenas os
V0
sinais de alta freqüência aparecem na saída, sendo esta nova configuração um filtro “passa
V
V
alta”. Ver curva teórica a seguir com as curvas do C e R .
V0
V0
Já na expressão (2),
Curva Teórica
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
Vc/V0
Vr/V0
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Frequência (Hz)
Figura 2: Gráfico da Curva teórica de
C= 1F .
VC
V0
e
VR
. Os valores utilizados R=100  e
V0
Neste circuito, quando a resistência R se iguala a reatância Capacitiva XC, a freqüência
observada é chamada de “freqüência de corte” – f C . Para calcula-la fazemos:
1
, substituindo W  2f , temos
WC
1
1
R
 fC 
2f C C
2RC
R  XC 
Além disso, o gráfico da curva teórica nos mostra que neste valor da freqüência, os valores
V
VR
e C são iguais, ou seja, os gráficos se cruzam. Podemos comprovar essa observação
V0
V0
fazendo:
VC VR
1
R
1
R2





1
1
1
V0 V0
1  2fCR
1  2fCR 2  2
R2 
1 2
2fC 2
R 
2 
2fC  

R2 
1
2fC 
2
 R 2 (1  2fCR) 2  f 
1
 fC
2RC
da equação (1), fazendo f  f C  (2RC ) 1 , temos:
VC

V0
1
 2RC 
1 

 2RC 
1
2

1
2

VC
 0,7071
V0
fazendo o mesmo na equação (2), temos:
VR

VC
R
 2  2RC  2 
 
R  
 2C  

1
2

R
(2 R 2 )
1
2

VR
 0,7071
V0
Portanto, para esta freqüência, a tensão no capacitor e no resistor é a mesma, indicando
aproximadamente 70,7% da tensão máxima do gerador (V0).
(II) Circuito II: Resistor – Indutor em série: filtro de freqüência
Os filtros de freqüência também podem ser visualizados a partir de um circuito RL.
V
Podemos portanto, encontrar a relação L e, de forma análoga ao circuito I determinar
V0
quando ele se comporta como um filtro de passa alta e baixa, encontrando também a
freqüência de corte. Assim, temos:
VL
, X L  WL
XL
V0  Z .L ,
I
2
Z  R  XL
2
VL

V0
2
2
V 
V 
V
X2
 V0  R  X  L   L   2 L 2   L  
XL
R  XL
 V0 
 V0 
2
1
  R 

1  
  2fL 
2



1
2
2
L
1
 R 
1 

 WL 
2
(III)
Agora, colocando no canal 2 do osciloscópio a resistência R do circuito 2, encontramos
VR
:
V0
VR
 V0  Z  I , Z  R 2  X L2
R
V
V
R
V0  R 2  X L2  R  R 
, X L  WL
1
R
V0
2
2 2
R  X L 
I
VR

V0
R
R
2
 2fL

1
2 2
(IV)
O comportamento das equações (III) e (IV) é mostrado abaixo:
Curva Teórica - filtro com Indutor
1,00
0,80
0,60
Vc/V0
0,40
Vr/V0
0,20
0,00
0
1000
2000
3000
4000
5000
Frequência (Hz)
Figura 3: Valores utilizados R=100  e L=3mH.
6000
VL
, a tensão no indutor é baixa para baixas freqüências e
V0
vice-versa. Portanto, esta montagem do circuito II é vista como um filtro passa-alta. Já para
V
a curva R , notamos que ocorre exatamente o inverso, sendo as maiores tensões no resitor
V0
atingidas para menores freqüências. Esta montagem é, portanto, vista como um filtro passa
baixa.
Novamente, a freqüência de corte é atingida quando a reatância do indutor (X L) se iguala à
resistência R, ou seja,
Deste gráfico vemos que para
R  X L  WL  2f C L
fC 
R
2L
Para verificar as relações entre tensões dos componentes R e L e de fonte para a freqüência
de corte, através de suas amplitudes, temos:
VR

V0
VL

V0
R
 2  2RL  2 
 
R  
 2L  

1
  2LR  2 
 
1  
  2LR  
1
2
1
2

R

R 2
1
2


VR
 0,7071
V0
VL
 0,7071
V0
neste circuito a tensão nos componentes também fica a 70,1% da tensão total V0 fornecida
pela fonte quando a freqüência de corte é ajustada, como no circuito I.
Montagem Experimental
Inicialmente, monta-se o circuito como na figura 1 e mede-se os valores V0 e VL para
diversas freqüências. Então, liga-se o canal 2 do osciloscópio no resistor e mede-se para
V
V
diversas freqüências os valores de VR e V0. Assim, constrói-se o gráfico R e C em
V0
V0
função da freqüência, determinando o valor da freqüência de corte.
Posteriormente, monta-se o circuito 2 e, de modo análogo ao anterior, encontra-se a
freqüência de corte deste circuito.
Previsões
Circuito I: RC
Sabendo que R=100ohm e C= 1F , podemos pré determinar “fC”
fC 
1
1

 f C  1592,35Hz
2RC 2    100  10 6
Circuito II: RL
Temos R=100ohm e L=50mH
fC 
R
100

 318,47 Hz
2L 2. .0,05
Dados Experimentais
Após montar um circuito como mostrado na figura1, colhemos dados para tensão sobre o
capacitor (VC) e tensão fornecida pela fonte (V0) para diferentes valores de freqüências do
gerador (f). alternando a posição do canal 2 do osciloscópio, fazendo-o ficar focalizado
sobre o resistor deste mesmo circuito, podemos também obter medidas para a tensão sobre
o resistor (VR) em função de cada freqüência, analogamente. Esses dados são mostrados na
tabela abaixo.
Freq
1,10
1,16
1,22
1,30
1,35
1,40
1,50
1,57
1,63
1,72
1,77
1,83
1,90
1,96
2,00
Vo
1,030
1,015
1,010
0,990
0,990
0,975
0,965
0,950
0,950
0,940
0,935
0,930
0,930
0,925
0,925
Vc
0,800
0,780
0,752
0,722
0,708
0,684
0,656
0,632
0,612
0,592
0,580
0,564
0,546
0,534
0,526
Vc/Vo
0,777
0,768
0,745
0,729
0,715
0,702
0,680
0,665
0,644
0,630
0,620
0,606
0,587
0,577
0,569
Teór.
0,823
0,808
0,794
0,774
0,763
0,751
0,728
0,712
0,699
0,679
0,669
0,656
0,642
0,630
0,623
Erro
6%
5%
6%
6%
6%
7%
7%
7%
8%
7%
7%
8%
9%
8%
9%
Freq
1,08
1,16
1,22
1,31
1,37
1,45
1,51
1,58
1,64
1,72
1,77
1,86
1,89
1,97
2,00
Vo
1,295
1,285
1,265
1,245
1,240
1,220
1,215
1,205
1,195
1,190
1,185
1,170
1,165
1,165
1,165
Vr
0,774
0,798
0,814
0,834
0,848
0,862
0,872
0,882
0,892
0,902
0,906
0,918
0,924
0,926
0,930
Vr/Vo
0,598
0,621
0,643
0,670
0,684
0,707
0,718
0,732
0,746
0,758
0,765
0,785
0,793
0,795
0,798
Teórico
0,562
0,589
0,608
0,636
0,652
0,673
0,688
0,705
0,718
0,734
0,744
0,760
0,765
0,778
0,782
Erro
6%
5%
6%
5%
5%
5%
4%
4%
4%
3%
3%
3%
4%
2%
2%
Tabela 1: dados experimentais do circuito I, mostrando tensão do capacitor (VC) e tensão
do resistor (VR) e tensão do gerador (V0) em função da freqüência (f).
Com os dados da tabela 1, pudemos traçar o gráfico mostrando a relação da tensão sobre o
V 
capacitor pela do fonte  C  e a freqüência (f) e a razão entre a tensão sobre o resistor pela
 V0 
V
fonte  R
 V0

 em função também da freqüência. Este gráfico é mostrado na figura a seguir:

Medidas Realizadas - filtro com Capacitor
0,85
0,80
0,75
0,70
Vc/Vo
0,65
Vr/Vo
0,60
0,55
0,50
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
Freqüência (kHz)
2,00
Figura 4:
V 
Verificando o gráfico “  C  ” da figura acima, podemos verificar que antes de cruzar o
 V0 
outro gráfico (ponto P), o circuito deixava passar uma parcela alta da voltagem fornecida. A
partir dessa freqüência, somente uma baixa parcela da tensão total fornecida. A partir dessa
freqüência, somente uma baixa parcela de tensão toral fornecida deixa-se passar. Por isso,
dizemos que este circuito é denominado Passa Baixa.
V 
O fenômeno inverso ocorre com o gráfico “  R  ”. Após o ponto P quase que toda a
 V0 
tensão fornecida é permitida pelo circuito. Assim, esta montagem (onde o canal 2 do
osciloscópio concentra-se no resistor) é vista como um filtro passa alta.
No ponto “P” onde os gráficos se cruzam, a freqüência lida é chamada freqüência de corte,
a partir da qual cada montagem acima filtra as tensões. Neste gráfico, pudemos encontrar a
freqüência de corte que ficou em torno de 1500  conforme esperado.
Montamos então um segundo circuito, utilizando um indutor. Então, analogamente ao
processo anterior obtivemos os seguintes valores, medidos com o auxilio do osciloscópio.
Passa baixa com Indutor
Freq [Hz]
200
298
499
698
898
1052
1200
1295
1404
1502
1600
1705
1800
2000
2470
+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/-
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
Passa alta com indutor
Freq [Hz]
200
298
499
698
898
1052
1200
1295
1404
1502
1600
1705
1800
2000
2470
+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/-
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
Vo [V]
1,52 +/- 0,05
1,52 +/- 0,05
1,52 +/- 0,05
1,53 +/- 0,05
1,54 +/- 0,05
1,54 +/- 0,05
1,55 +/- 0,05
1,55 +/- 0,05
1,56 +/- 0,05
1,57 +/- 0,05
1,57 +/- 0,05
1,57 +/- 0,05
1,58 +/- 0,05
1,57 +/- 0,05
1,58 +/- 0,05
15,20
15,20
15,20
15,30
15,40
15,40
15,50
15,50
15,60
15,70
15,70
15,70
15,80
15,70
15,80
Vo [V]
+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/+/-
0,22
0,30
0,45
0,60
0,73
0,82
0,90
0,95
1,00
1,04
1,08
1,12
1,15
1,21
1,31
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
0,05
Vl [V]
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
+/- 0,02
0,14
0,20
0,30
0,39
0,47
0,53
0,58
0,61
0,64
0,66
0,69
0,71
0,73
0,77
0,83
Vl/Vo
Teór. Erro
+/- 0,67 0,13 9%
+/- 0,38 0,20 1%
+/- 0,19 0,32 6%
+/- 0,12 0,42 7%
+/- 0,09 0,51 8%
+/- 0,08 0,58 7%
+/- 0,07 0,63 7%
+/- 0,06 0,65 6%
+/- 0,06 0,68 6%
+/- 0,06 0,71 7%
+/- 0,05 0,73 6%
+/- 0,05 0,75 5%
+/- 0,05 0,77 5%
+/- 0,05 0,80 4%
+/- 0,04 0,86 3%
Vr [V]
13,80 +/- 0,02
13,80 +/- 0,02
13,20 +/- 0,02
12,80 +/- 0,02
12,40 +/- 0,02
11,90 +/- 0,02
11,50 +/- 0,02
11,30 +/- 0,02
10,90 +/- 0,02
10,70 +/- 0,02
10,30 +/- 0,02
10,00 +/- 0,02
9,80 +/- 0,02
9,40 +/- 0,02
8,20 +/- 0,02
Vr/Vo
0,91
0,91
0,87
0,84
0,81
0,77
0,74
0,73
0,70
0,68
0,66
0,64
0,62
0,60
0,52
Teór.
0,99
0,98
0,95
0,91
0,86
0,82
0,78
0,76
0,73
0,71
0,68
0,66
0,64
0,60
0,52
Erro
8%
7%
8%
8%
6%
6%
5%
4%
4%
3%
4%
3%
3%
0%
0%
Tabela 2: dados experimentais do Circuito 2 (RL), mostrando tensão do gerador, (V0), do
indutor (VL) e do resistor (VR) em função da freqüência (f).
Traçamos então, o gráfico seguinte, mostrando novamente uma comparação entre os dados
experimentais e a curva teórica, obtida pelos modelos III e IV determinados na seção
“Modelos teóricos”.
Medidas Realizadas - filtro com
Capacitor
Medidas Realizadas - filtro com Indutor
1,00
0,90
0,80
0,80
Vc/ Vo
0,70
Vc/ Vo
0,40
Vr/ Vo
Vr/ Vo
0,20
0,60
0,00
0,50
1,00
0,60
1,20
1,40
1,60
1,80
F r e q üên c i a ( k H z )
2,00
0
500
1000
1500
2000
F r e q üên c i a ( H z )
2500
3000
Neste gráfico, também verificamos modelos vistos como filtros passa baixa e alta. No caso
V
do gráfico “ L ”, após o ponto Q (referente a freqüência de corte) altas tensões (altas
V0
V
porcentagens) podem ser verificadas. Este é, portanto um filtro passa alta. Já o gráfico R ,
V0
somente uma baixa parcela da tensão fornecida pode ser verificada após a freqüência de
corte. Este é, portanto, um modelo de filtro passa baixa.
A freqüência de corte obtida pelo gráfico ficou em torno de 300  , conforme esperado.
Conclusão
Situando maiores concentrações de pontos nos gráficos da seção Dados Experimentais em
torno da freqüência de corte de cada um, verificamos em ambos os casos uma boa
concordância entre os valores experimentais da freqüência de corte e o valor teoricamente
calculado na seção “Previsões”.
Nos dois casos, o erro percentual mostrou-se baixo. Talvez este êxito se explique por uma
grande quantidade de pontos obtidos durante o experimento. Apesar de pequena, a variação
existente ocorre devido a alguma alteração nos valores nominais dos instrumentos, vistos
que neste experimentado foi utilizado o valor nominal, ao invés de medir cada componente.
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