29 de janeiro de 2009 Nº 144 SUS terá Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica O Ministério da Saúde editou a Portaria GM nº 81, de 20 de janeiro de 2009, que institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, a Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica. Entre as considerações apresentadas pelo ministro José Gomes Temporão estão dados da Organização Mundial da Saúde, da Sociedade Brasileira de Genética Clínica e da Sociedade Brasileira de Genética, segundo os quais aproximadamente 5% das gestações resultam no nascimento de uma criança com algum tipo de anomalia congênita ou doença genética que comprometerá seu desenvolvimento e qualidade de vida; e que as condições de etiologia predominantemente genética respondem por 15% a vinte e 20% das causas de mortalidade perinatal e infantil em nações em desenvolvimento, tendo as anomalias congênitas passado da quinta para a segunda causa de mortalidade infantil no Brasil nos últimos vinte e cinco anos. A Portaria considera, ainda, a necessidade de estruturar no SUS uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada que permita a atenção integral em Genética Clínica e a melhoria do acesso a esse atendimento especializado. E ressalta as indicações de que as anomalias congênitas e as doenças geneticamente determinadas têm maior prevalência nos países em desenvolvimento, possivelmente refletindo a falta de medidas preventivas e terapêuticas adequadas; que o aconselhamento genético é o pilar central da atenção à saúde em genética clínica e deve ser garantido a todos os indivíduos e famílias sob risco de anomalia congênita ou doença genética; a necessidade de estabelecer critérios mínimos para o credenciamento e a habilitação dos serviços de genética clínica na rede SUS; a necessidade de auxiliar os gestores do SUS na regulação, fiscalização, controle e avaliação da assistência prestada aos usuários em genética clínica; e a decisão da Comissão Intergestores Tripartite, em reunião de 27 de novembro de 2008. “A instituição de uma política específica no âmbito do SUS, com atendimento por equipe multidisciplinar, vem ampliar a assistência às gestantes e crianças vítimas de anomalias, entre elas a anencefalia, e mostra a preocupação do governo em garantir saúde pública de qualidade à população”, destaca o presidente da CNTS, José Lião de Almeida. A anencefalia é um dos casos de anomalia e é objeto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 54, ajuizada junto ao Supremo Tribunal Federal pela CNTS, em parceria com o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero – ANIS. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que a má formação cerebral atinge 8,6 fetos a cada dez mil partos. Durante audiência pública realizada pelo STF para ouvir especialistas, religiosos e movimentos sociais sobre a antecipação terapêutica do parto no caso de feto anencéfalo, uma das indagações foi em relação à capacitação do SUS para diagnosticar a má formação e assistir a gestante. O ministro Temporão explicou que o SUS é capaz de dar um diagnóstico seguro sobre anencefalia e que está preparado para acompanhar todas as fases com a gestante, desde o momento em que é informada sobre o problema até a orientação para procurar o Judiciário, fazer o enterro do natimorto ou como planejar uma nova gestação. Os cientistas e médicos garantiram a segurança do diagnóstico e a simplicidade do exame necessário. Gestão e objetivos - A Política Nacional será implantada de forma articulada nas três esferas de gestão do SUS e tem entre os objetivos a tarefa de organizar uma linha de cuidados integrais à gestante (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação) que perpasse todos os níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a atenção por intermédio de equipe multiprofissional, com atuação interdisciplinar; e possibilitar a identificação dos determinantes e condicionantes dos principais problemas de saúde relacionados a anomalias congênitas e doenças geneticamente determinadas, de forma a fornecer subsídios para a elaboração de ações e políticas públicas no setor, sem prejuízo da participação social. Também são objetivos da Política Nacional definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento, o monitoramento e a avaliação dos serviços que realizam os procedimentos e técnicas em genética clínica; incentivar a realização de pesquisas e projetos estratégicos destinados ao estudo do custo-efetividade, eficácia e qualidade e incorporação de tecnologias na área de genética clínica; qualificar a assistência e promover a educação permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a implantação e a implementação da Política, em conformidade com os princípios da integralidade e da Política Nacional de Humanização (PNH). A Política Nacional será constituída dos seguintes níveis: Atenção Básica, em que serão identificadas e acompanhadas as famílias e indivíduos com problemas relacionados a anomalias congênitas e doenças geneticamente determinadas; e Atenção Especializada, em que será realizado o acompanhamento multidisciplinar e os demais procedimentos do elenco deste nível de atenção dos casos encaminhados pela atenção básica. A atenção especializada será composta por unidades de Atenção Especializada e Centros de Referência em Genética Clínica. A atenção integral em genética clínica deverá ser organizada em conformidade com o Plano Diretor de Regionalização (PDR) de cada ente federado e com os princípios e diretrizes do SUS. Cabe à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal a fiscalização, o controle e a avaliação das ações de atenção em genética clínica no seu âmbito de atuação e gestão. As atribuições deverão ser fundamentadas nas diretrizes, protocolos de conduta e mecanismos de referência e de contra-referência em todos os níveis de atenção que permitam o aprimoramento da atenção, da regulação, do controle e da avaliação. Compete à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) a adoção das medidas necessárias à plena estruturação da Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica. (Consulte a Portaria no sítio da Confederação, www.cnts.org.br, no item documentos). MTE define prazo para substituição de perfurocortantes Os empregadores devem promover a substituição dos materiais pérfurocortantes por outros com dispositivo de segurança no prazo máximo de vinte e quatro meses contados a partir da data de publicação desta Portaria de 19 de novembro de 2008, em obediência ao que determina a Norma Regulamentadora 32, que dispõe sobre saúde e segurança do trabalhador da saúde. Nesse sentido, o Ministério do Trabalho e Emprego editou a Portaria n° 939, de 18 de novembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União de 19 de novembro de 2008 (Seção 1, pág. 238) com o cronograma previsto no item 32.2.4.16 da NR 32. O prazo é de seis meses para divulgação e treinamento dos trabalhadores e de 18 meses após esse período para implementação e adaptação de mercado. As empresas que produzem ou comercializam materiais perfurocortantes devem disponibilizar, para os trabalhadores dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização do dispositivo de segurança. O empregador deve assegurar, aos trabalhadores dos serviços de saúde, a capacitação prevista. (Fonte: MTE) MS traça perfil da mortalidade no Brasil As doenças da modernidade são as que mais matam no Brasil. Dados do Ministério da Saúde confirmam que o perfil da mortalidade no país mudou ao longo dos anos, acompanhando a tendência mundial de mais mortes por doenças crônicas e violentas. Por grupo de causa, as doenças do aparelho circulatório – associadas à má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo e falta de atividade física – lideram o ranking e são as que mais matam homens e mulheres. Ao todo, 283.927 pessoas perderam a vida por problemas do aparelho circulatório – 32,2% das mortes em 2005. É o que mostra os dados do capítulo Mortalidade no Brasil e Regiões da publicação Saúde Brasil 2007, do Ministério da Saúde, que traz o perfil detalhado da mortalidade dos brasileiros. Nas regiões, as doenças do aparelho circulatório também são as que mais matam, com percentuais de 33% no Sudeste, 32,9% no Sul, 31,9% no Nordeste, 31% no Centro-Oeste e 24,9% no Norte. Para o Ministério da Saúde, esse perfil de mortalidade mostra mudanças que refletem a urbanização rápida e desenvolvimento do país – no passado, o que mais matava eram as doenças infecciosas e parasitárias, tais como as diarréias, tuberculose, malária, entre outras. “Como as doenças crônicas estão ligadas à inatividade física, ao consumo de álcool, tabaco e alimentação inadequada, os dados reforçam que o brasileiro deve investir na mudança de hábitos e buscar, por exemplo, parar de fumar, consumir alimentos saudáveis como frutas, legumes e verduras, praticar atividades físicas regularmente e diagnosticar e controlar a hipertensão arterial e a diabetes”, recomenda o diretor do Departamento de Análises de Situação de Saúde (Dasis) do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio. De acordo com informações da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), em 1930, as doenças infecciosas respondiam por cerca de 46% das mortes em capitais brasileiras. A partir de então, verificou-se a redução progressiva, sendo que, em 2003, essas doenças responderam apenas por cerca de 5%. Por outro lado, as doenças cardiovasculares, que representavam apenas 12% na década de 30, são, atualmente, as principais causas de morte em todas as regiões brasileiras, respondendo por quase um terço dos óbitos. Mesmo com os avanços estruturais e econômicos obtidos nas últimas décadas, dados do Ministério da Saúde mostram que uma parcela expressiva da população perde a vida prematuramente no país. De acordo com as informações, 413.345 pessoas faleceram antes de alcançar a terceira idade, considerada a partir dos 60 anos. Isso representou 41,2% do total de 1.003.350 óbitos registrados no Brasil em 2005. Dentre as pessoas com 60 anos ou mais, os óbitos totalizaram 590.015, o que correspondeu a 58,8% do total de falecimentos registrados no país. As causas de mortes podem ser agrupadas em grandes grupos (circulatórias, respiratórias, neoplasias, causas externas) ou categorizadas por causas específicas (AVC, pneumonia, atropelamento, homicídio). Ao separar por causas específicas, dentro do grupo das doenças do aparelho circulatório, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) se destaca como a causa que mais mata. Em 2005, 90.006 pessoas morreram por essa causa. Isso representa 31,7% das mortes decorrentes de problemas circulatórios e 10% dos óbitos totais do país. A segunda maior causa específica de óbito no Brasil é a Doença Isquêmica do Coração, principalmente o infarto agudo do miocárdio, que também pertence ao grupo das circulatórias. Em 2005, 84.945 pessoas perderam a vida por causa do infarto – 9,4% do total de mortes. Na avaliação das 10 primeiras causas de mortes no país, estão outras duas doenças circulatórias. A doença hipertensiva e a insuficiência cardíaca ocupam o 8º e 9º lugar, com 33.487 (3,7%) e 31.054 (3,4%) mortes, respectivamente. No quadro geral da mortalidade dos brasileiros, as neoplasias malignas, grupo que reúne os vários tipos de cânceres, ocupam o segundo lugar entre as causas de mortes no Brasil, com o registro de 147.418 mortes em 2005, o que representou 16,7% dos óbitos totais. Alguns dos fatores que levam ao câncer são os mesmos que também expõem o indivíduo ao risco de ter doenças do aparelho circulatório, tais como o uso de tabaco, de bebidas alcoólicas, exposição intensa ao sol, alimentação inadequada, entre outros. Os fatores externos respondem por 80% a 90% das neoplasias, de acordo com o Ministério da Saúde. Os demais têm origem genética e alguns outros determinantes. Na avaliação por regiões, o perfil é diferente. Os cânceres são a segunda causa de morte no sul e sudeste e a terceira para as demais regiões. Com número expressivo de óbitos, as causas externas respondem pela terceira posição no ranking da mortalidade no Brasil. Os dados regionais mostram um cenário preocupante: as causas externas são a segunda maior causa de óbitos em três das cinco regiões do país – norte, centro-oeste e nordeste. No sudeste e no sul, as causas externas ocupam o terceiro lugar. Embora estudos do Ministério da Saúde já tenham apontado redução na tendência de mortes por homicídios, principal causa específica do grupo das externas, essa mortalidade se mantém em patamar elevado, principalmente nos homens jovens, de baixa escolaridade e negros. Dentre as causas específicas desse grupo (causas externas), os homicídios correspondem à primeira causa no grupo e à terceira causa no total de óbitos do país. Outra causa importante nesse grupo é o acidente de transporte terrestre, constituindo a sétima causa específica no total de óbito. As causas de mortes por doenças do aparelho respiratório ocupam o quarto lugar. Em 2005, foram 97.397 óbitos, o que corresponde a 11,1% do total. Essa tendência é a mesma para todas as regiões. Em ordem decrescente, os percentuais de regionais foram de 11,7% no sudeste e sul, 10,9% no norte, 10,4% no centro-oeste e 9,4% no nordeste. A base de informações utilizada na publicação foi a do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que capta os óbitos ocorridos no país, dentro ou fora de ambiente hospitalar, com ou sem assistência médica. Os dados analisados são os de 2005. Como a tendência de morte não muda tanto em um curto período de tempo, para o Ministério da Saúde as informações refletem a atual situação da mortalidade no país. De acordo com a publicação, em 2005, o SIM captou 1.006.827 óbitos em todo o país, o que representou coeficiente de 5,5 mortes por mil habitantes. A base populacional utilizada foi a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2005 – 184.184.074 habitantes, dos quais 50,8% do sexo feminino. Os dados do Ministério da Saúde trazem análises por grupo de causas, como as do aparelho circulatório, neoplasias e causas externas, por exemplo; por causas específicas, como as provocadas por AVC, câncer, trânsito, arma de fogo, entre outras; além das informações por região, sexo, faixa etária e raça/cor. (Fonte: Ministério da Saúde) Vai a estrela, fica a sua luz “Escucha la tristeza de la rama que muere, de la estrella que se apaga, del animal enfermo, pero ante todo, la tristeza del hombre". Na citação de Nazim Himet, poeta turco, a CNTS e a Federação dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde da Região Nordeste traduzem o sentimento de pesar pelo falecimento da eterna companheira de luta Cleonor Mendes Carvalho, aos 81 anos, 60 deles dedicados a conquistar direitos e dignidade para seu povo. Não apenas para os trabalhadores da saúde da Paraíba, onde nasceu e atuou de forma incansável, mas para todos os trabalhadores do país, a perda é incalculável. Enfermeira auxiliar formada nos cursos ministrados pela Cruz Vermelha nos portos em que os navios atracavam, Tia Nô, como era carinhosamente chamada, foi destemida em sua luta. Toda sua atividade profissional fora exercida na Maternidade Cândida Vargas. Em companhia de outras companheiras de missão, entre elas Celina Modesto (já falecida) e Ivone Paiva Figueiredo, na década de 60, fundou a Associação dos Profissionais de Enfermagem e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde de João Pessoa, primeira entidade de representação da categoria no Estado. Mais tarde, a associação foi transformada no Sindicato dos Enfermeiros e Empregados dos Hospitais e Casas de Saúde do Estado da Paraíba, cuja carta sindical fora conquistada em 1963. Foi presidenta, tesoureira e secretária do Sindicato, exemplo de dedicação e trabalho. Mesmo sob os tempos de repressão, nos anos 70, e da discriminação à mulher, Cleonor e Ivone se uniram e compraram a sede própria da entidade, com recursos de empréstimo pessoal financiado pelo banco do Brasil. A partir dali surgiram outras representações, como o Sindicato estadual da Saúde e a Federação da Saúde do Nordeste, da qual foi fundadora e dirigente, e a própria CNTS, que tem como entidade fundadora a FEESNE. “Como pessoa, teve um comportamento exemplar. Desde jovem, e como filha mais velha, ajudou a mãe a criar os demais irmãos. Foi profissional solidária e dedicada e dirigente sindical aguerrida. Tia Nô foi, acima de tudo, amiga de todas as horas e de todas as batalhas. O sentimento dos trabalhadores da saúde da Paraíba é de tristeza, mas também de reconhecimento pela sua inestimável contribuição. A FEESNE e a CNTS se unem à categoria, aos familiares e amigos nessa dor, na certeza de que suas atitudes foram e serão exemplos de trabalho, dignidade e companheirismo”, ressalta o vicepresidente da Confederação e presidente da Federação, João Rodrigues Filho. Fale com a CNTS E-mail: [email protected] - Sítio: www.cnts.org.br Tel: (61) 3323-5454