Segunda Guerra Mundial(JUL-SET-1942)

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De Julho a Setembro de 1942
O próximo equilíbrio de forças
Durante todo o verão de 1942, o conflito mundial subordinou-se a uma única operação de importância. Em
conseqüência do avanço alemão para o Volga e o Cáucaso, e da tenaz resistência russa que impediu um êxito
decisivo, os resultados da luta que estava sendo travada ultrapassavam os de qualquer outra operação noutro
teatro de guerra e eram, possivelmente, decisivos para a futura história do mundo. Exigiu-se do poderio da
máquina militar alemã um esforço desesperador para esmagar o último grande obstáculo que se apresentava à
dominação nazista na Europa continental. Os russos apegavam-se tenazmente aos recursos que ainda lhes
restavam e que permitiriam à União Soviética a continuar como força militar, e manter viva, desta forma, a
possibilidade de desfechar um assalto coordenado e decisivo sobre a Alemanha, assalto em que as Nações
Unidas punham tão grandes esperanças mas que, após tantos meses de preparo e expectativa, permanecia ainda
tão incerto quanto seu próprio futuro.
Nas outras frentes dispersas do conflito mundial não se verificaram acontecimentos de tal importância. Não
que isso significasse qualquer forma de inatividade nessas frentes. Na Líbia e no Pacífico havia, de ambos os
lados, tentativas para aproveitar todas as oportunidades de conquistar vantagens. Mas nenhum dos beligerantes
pôde registrar qualquer êxito digno de nota. Os beligerantes permaneciam paralisados por um equilíbrio de
forças que os colocava na defensiva durante a maior parte do tempo. Nenhum foi capaz de conseguir mais que
uma iniciativa temporária ou algumas vitórias locais.
Sob certo aspecto, isso servia para medir o avanço que as forças do Eixo já haviam realizado. Suas extensas
conquistas levaram-nas a grandes frentes de batalha que se estendiam por uma vasta região. Também as Nações
Unidas tinham de preocupar-se com distâncias enormes e operações muito espalhadas. Os pontos de contato
ficavam agora muito afastados das grandes bases dos principais contendores. Unicamente na Rússia existia
uma zona onde confinavam os territórios das nações beligerantes, e no qual suas forças concentradas poderiam
atracar-se em luta, a fim de forçar uma decisão militar. Nas outras frentes, o problema imposto pelo espaço e
as crescentes atividades de transporte reduziam as proporções da luta. Mesmo na Europa ocidental onde os
ataques aéreos sobre a Alemanha continuavam a aumentar de intensidade, o canal da Mancha constituía uma
barreira que as forças terrestres de ambos os lados ainda não estavam preparadas para desafiar. No Egito e na
Líbia a importância da batalha tornava-se cada vez maior à medida que aumentavam de efetivo as forças
contendoras; tal aumento, porém, efetuava-se lentamente e em face de contínuas dificuldades. As forças
japonesas na Ásia e no Pacífico ocupavam pontos estratégicos no orla de um grande círculo que abrangia um
terço do globo terrestre, e as tropas aliadas que as enfrentavam situavam-se a milhares de quilômetros das suas
principais fontes de abastecimentos e reforços. Estas fontes eram constituídas por postos avançados que
possuíam limitados efetivos. Os ingleses acumulavam uma força crescente da Índia a fim de equiparar-se às
forças que os japoneses estavam organizando na Birmânia. Mas ainda não havia prova de que os preparativos
tivessem chegado a um ponto que revelasse uma próxima operação ofensiva da parte dos aliados. A Índia
continuava a correr o risco de uma invasão, encontrando-se também a braços com os sérios distúrbios internos
que se seguiram à proclamação feita por Gandhi nos primeiros dias de agosto, e da qual resultou a sua prisão
assim como a de outros líderes do Congresso. Além disso, as forças ao comando de MacArthur na Austrália
não eram suficientemente fortes para projetar um esforço ofensivo de importância. Os Estados Unidos e a GrãBretanha partilhavam a convicção de que a Europa era agora o teatro decisivo da guerra. Procuravam, tanto
quanto possível, concentrar-se neste objetivo central e evitar o desperdício de forças que tão desastrosas
conseqüências tivera no passado. Houve uma tentativa de impedir qualquer novo avanço inimigo em outros
teatros de guerra, mas naquela ocasião qualquer esforço ofensivo aliado nestas zonas poderia ser considerado
simples ataques de fixação.
Mesmo assim, atrás desta paralisação cada vez maior, apresentavam-se sinais de um deslocamento gradual do
equilíbrio de forças em favor das Nações Unidas. Esforços como os que o Eixo fazia em cada novo avanço
eram de pouco resultado. Era mais fraco o impacto dos golpes. As defesas enfrentavam-nos com maior
eficiência e contra-atacavam com mais vigor. Este equilíbrio poderia ser restabelecido se a Alemanha
concentrasse o grosso de suas forças contra a Rússia e pudesse alcançar um êxito decisivo que destruísse o
poder ofensivo da União Soviética. Por ora, entretanto, persistia o fato de que as forças do Eixo eram
eficientemente contidas em todas as outras zonas, e que as vitórias registradas, embora de menor importância,
eram vitórias aliadas. A força defensiva dos aliados estava aumentando, e a não ser que houvesse alguns
desastres importantes, como o desmoronamento do poder militar russo, aproximava-se, afinal, o ponto em que
os aliados não mais teriam de ficar na defensiva mas poderiam passar finalmente à ofensiva.
A Ásia e o Pacífico
No Extremo Oriente já eram evidentes os sinais reveladores da aproximação desta nova atitude. Até agora não
havia perspectivas imediatas de uma ofensiva importante; mas na Ásia continental e nos postos avançados
insulares do Pacífico, o Japão sofria os primeiros verdadeiros reveses em seu triunfante avanço desde Pearl
Harbor.
Na própria China, a campanha nipônica pelo controle das províncias meridionais da costa paralisou-se
subitamente, e de modo um tanto misterioso, no decorrer do verão. Em princípios de julho as invasores tinham
o controle das principais bases aéreas em Chekiang e Kiangsi e estenderam seu domínio sobre as estradas de
ferro que ainda permaneciam nas mãos dos chineses. Poderia ser precária a posse da linha entre Hangchow e
Nanchang pelos japoneses - e os chineses, com efeito, insistiam que jamais fôra completa e que 40 quilômetros
de sua extensão ainda lhes pertencia. Apesar de tudo, as forças japonesas avançando nestes dois pontos, haviam
conseguido fazer junção e outras forças lançaram um ataque a oeste de Nanchang e na direção de Changsha,
local onde haviam sido anteriormente repelidos. Ao mesmo tempo os japoneses prosseguiam em seus esforços
para conseguir um controle completo da costa, e em meados de julho penetraram no importante porto de
Wenchow e ameaçavam Foochow situada mais ao sul.
Este era o ponto máximo do avanço japonês. Os chineses já se haviam lançado numa contra-ofensiva que iria
obter consideráveis resultados nos dois meses seguintes. Um avanço que os japoneses efetuavam a sudeste de
Nanchang, foi repelido após uma progressão de cerca de 130 quilômetros, ao serem os atacantes cercados e
derrotados em Nanchang na segunda semana de julho. Alguns dias mais tarde os japoneses foram desalojados
de sua base perto de Foochow e forçados a uma retirada por mar. Wenchow foi retomada, e novamente perdida,
no decorrer do mês, porém em 15 de agosto passou novamente às mãos dos chineses. Isto significava o fracasso
do esforço japonês em conquistar as últimas regiões costeiras que continuavam sob controle chinês.
Entrementes perdiam também o controle sobre as vias férreas e os aeródromos que haviam tomado
recentemente ao custo de consideráveis perdas. A 18 de julho os contra-ataques chineses desalojaram os
nipônicos de um trecho de 40 quilômetros de extensão da ferrovia entre Iyang e Hengfeng que os invasores
afirmavam haver capturado no princípio do mês. Ao mesmo tempo os chineses prosseguiam nos seus êxitos
em Nancheng, avançando para o noroeste em direção da importante base militar de Linchwan. Eram auxiliados
e encorajados em suas operações pela eficiência agora revelada por um pequeno contingente aéreo americano,
no qual serviam, muitos dos antigos membros da Formação de Voluntários Americanos, que na Birmânia
prestara tão notáveis serviços. Lançavam devastadores ataques de surpresa contra as principais bases aéreas
japonesas. Repeliam repetidos ataques japoneses contra sua base, causando pesadas perdas aos atacantes.
Intervieram nas operações para proteger a capital de Chungking, grandemente castigada, contra uma tentativa
de ataque japonês no dia 27 de julho e a intercepção e o destroçamento dos bombardeiros japoneses que, até
então, não haviam encontrado quase oposição aérea, foi um marco simbólico na luta da China contra os
invasores. No fim do mês, numa batalha que durou 36 horas e foi travada sobre suas próprias bases aéreas em
Hengyang, os americanos destruíram pelo menos 17 dos 119 aviões atacantes e perderam 4; alguns dias mais
tarde deram apoio aéreo às tropas terrestres chinesas que atacavam Linchwan. Seu número era limitado e sua
superioridade apenas local, constituíam, porém, um acréscimo bem-vindo às forças que havia cinco anos
lutavam à mercê da força aérea japonesa.
Em fins de agosto as chineses obtiveram notáveis êxitos. Desalojaram os japoneses de um trecho ferroviário
de cerca de 160 quilômetros de extensão e o que era mais significativo, retomaram duas das três mais
importantes bases aéreas dessa região e se aproximavam da terceira. Era um acontecimento dos mais
significativos. O propósito inicial dos japoneses durante as primeiras operações fôra obter o controle das bases
aéreas chinesas situadas à uma distância de onde os bombardeiros americanos poderiam repelir o ataque de 18
de abril. Agora, o invasor desistira destes importantes objetivos. Chuhsien e Lishui foram capturadas no dia 28
de agosto. Kinhwa, onde ficava o terceiro aeródromo principal, estava sob apertado cerco em setembro. Foi
defendida com êxito durante este período e no fim do mês, os japoneses repeliram os defensores com
arremetidas para o oeste e sudoeste. Mas, embora os chineses não tivessem todo terreno perdido, privaram o
inimigo das conquistas que tantos esforços lhes custara durante a primavera.
Reconheceu-se francamente que estas vitórias não eram inteiramente devidas à intrepidez dos chineses ou à
oposição aérea que apresentaram aos japoneses. Repetidas notícias de Chungking afirmavam que tropas
japonesas estavam sendo removidas para o norte como medida preparatória de um ataque à Rússia. Parecia
exato que forças japonesas estavam sendo desviadas para outra parte; e mesmo a conquista das províncias
costeiras havia passado a plano secundário em favor de outros objetivos ainda não revelados. Os ataques
chineses ampliaram a extensão desta retirada. As primeiras vitórias foram obtidas com certo esforço devido à
tenaz resistência japonesa nos pontos mais importantes e aos periódicos contra-ataques para deter o avanço
chinês Mas, as bases aéreas que consideravam de tanta importância, foram, afinal cedidas pelos japoneses. Não
se podia ainda saber ao certo para onde suas forças estavam sendo desviadas. Tanto a Rússia como a Índia eram
objetivos prováveis; e o ataque americano às ilhas Salomão introduziu um outro fator; embora menos
importante, que podia despertar, com justiça, uma nova preocupação por parte dos japoneses.
No Pacífico, as posições japonesas estendiam-se num grande arco, desde o sul das ilhas Salomão até a
extremidade norte da corrente das Aleútas. Nesta última zona, ocupavam-se em estabelecer e desenvolver uma
base na ilha de Kiska. Durante certo período ocuparam Attu e Agattu situadas bem na extremidade da torrente,
mas, em princípios de outubro foram abandonadas. Por ora, o principal esforço japonês consistia em consolidar
seus postos avançados de defesa, concentrando-se em Kiska. Também os Estados Unidos não faziam sérios
esforços de expulsar o inimigo de suas bases. Esforçavam-se apenas em restringir as atividades dos japoneses,
conservando-os sob constante observação e atacando-os tantas vezes quantas o permitia o tempo variável desta
zona.
Aviadores canadenses e americanos faziam ataques periódicos e a atividade submarina contra os cruzadores e
navios de abastecimento foi adicionada em princípios de agosto por um bombardeio do porto de Kiska por
forças de um agrupamento tático naval americano. Este teatro teve pouca atividade em ambos os lados ao passo
que as atenções mais sérias se concentravam nos acontecimentos da Nova Guiné e das ilhas Salomão.
Estas duas posições consistiam as tenazes dos persistentes esforços do Japão em estender seu controle mais
para sudoeste. A luta da Nova Guiné travava-se pela posse das vias de acesso próximas à Austrália. A base
aliada de Port Moresby na costa sul foi o baluarte exterior contra ulteriores penetrações japonesas nesta região.
A base japonesa em Salamaua e Lae sustentadas pela base aérea e naval de Rabaul, na vizinha Nova Bretanha,
foi a trampolim de onde eram dirigidos ataques periódicos tanto a Darwin e a outros pontos do continente
australiano como a Port Moresby.
Os japoneses tentaram por diversas vezes penetrar para o interior, porém sem êxitos significativos. A região
coberta de selvas impedia seu avanço e a cordilheira de Owen Stanley que dividia a ilha, formava uma barreira
formidável a qualquer avanço da direção de Lae e Salamaua. Os japoneses num esforço de firmar-se numa
posição mais favorável, avançaram a uma nova base da costa na região de Buna-Gona. Apesar do comboio ter
sido avistado e bombardeado durante sua travessia e as forças terrestres terem aportado sob feroz ataque aéreo,
os japoneses conseguiram desembarcar cerca de 2.500 homens na noite de 21 de julho, sem encontrar oposição
por parte das forças terrestres aliadas.
Esta ação constituiu um movimento de surpresa que teve resultados perturbadores. Os invasores imediatamente
avançaram para o interior em direção de uma brecha escarpada de dois quilômetros de extensão, que constituía
um caminho acidentado através das montanhas e em direção de Port Moresby. A 3 de agosto, enfrentando a
oposição de patrulhas aliadas, chegaram a Kokoda, aldeia situada no meio das selvas e capturaram o pequeno
aeroporto improvisado que havia sido ali construído. Mas foram detidos neste ponto e recomeçaram à procura
de um caminho mais fácil que os levasse ao seu objetivo.
Desta vez, porém, seu empreendimento não obteve tão bons resultados. Tomou a forma de um novo avanço,
descendo pela costa até a baía de Milne, no extremo sul da Nova Guiné. Ali conseguiram desembarcar uma
força relativamente pequena na madrugada de 26 de agosto. A surpresa, desta vez, foi incompleta. Foi prevista
a possibilidade de uma tentativa de apoderar-se desta posição, e tropas terrestres estavam à espera dos invasores.
A força dos defensores não era adequada à tarefa que lhes fôra imposta. Viram-se na impossibilidade de evitar
que os japoneses formassem uma base ou a reforçassem. Apesar da oposição terrestre e aérea sobre os
transportes e lanchas de desembarque, os atacantes conseguiram fazer recuar as forças aliadas e pôr em terra
alguns tanques. Avançaram até os aeródromos situados a diversos quilômetros de seu ponto de desembarque.
Foram, entretanto detidos neste setor por um súbito fogo de artilharia apesar de renovados ataques nos dois
dias seguintes. Mesmo assim, os invasores foram finalmente repelidos e ficaram na defensiva, tendo diante de
si a possibilidade de destruição. Uma parte destas forças foi evacuada em navios de guerra que entraram na
baía a coberto da noite de 29 de agosto. Os que permaneceram foram impelidos a uma estreita península e em
poucos dias desbaratados.
Esta derrota levou novamente os japoneses à tentativa de atravessar a ilha por meio de um avanço terrestre da
zona de Buna-Gona. Na primeira semana de setembro foi iniciada uma nova tentativa de avanço pelas
montanhas de Kokoda. Tratava-se desta vez de uma operação mais vigorosa. Aplicando os métodos de
infiltração das selvas que já se lhes haviam tornado familiares, os invasores flanquearam persistentemente as
patrulhas defensivas e avançaram pela brecha, ao sul da cadeia de montanhas. A 9 de setembro chegaram à
aldeia de Efogi, encontrando-se então a 70 quilômetros de Post Moresby. Ali foram detidos por uma semana,
mas um novo esforço em 17 de setembro levou-os mais 19 quilômetros adiante, antes de serem novamente
detidos.
Estas vitórias, embora alarmantes, foram temporárias. A dificuldade de estabelecer uma rota de abastecimentos
adequada através das montanhas, cedo colocou as forças japonesas em situação incômoda. Uma série de ataques
aéreos contra Buna e Rabaul simultaneamente com ferozes ataques de bombardeio sobre Lae e Salamaua,
contribuíram para criar dificuldades nas zonas de retaguarda. Um ataque japonês às posições aliadas - uma das
poucas operações de certa monta neste período - não conseguiu abrir caminho a um novo avanço. A 26 de
setembro, as tropas aliadas conseguiram tomar a iniciativa com uma série de reconhecimentos ofensivos,
apoiados pela artilharia leve. Chegou então a vez dos australianos aplicarem contra os japoneses a tática de
infiltração das selvas, forçando os nipônicos a recuar a fim da evitar o cerco. A 30 de setembro foram
desalojados de sua principal posição avançada na montanha de Ioribaiwa e recuavam em direção à brecha por
onde tinham atravessado no princípio do mês. Apesar de continuar o inimigo perigosamente próximo a Port
Moresby, a perspectiva imediata da captura desta base foi frustrada.
Estas operações, cuja intensidade era pouco maior que uma forte ação de patrulha, mantinham, mesmo assim,
um lugar de importância nas formações estratégicas da luta no Pacífico sul. Também nas ilhas Salomão as
operações, apesar de envolver forças mais consideráveis, não eram de modo algum em maior escala; no
entretanto também representavam um revés para o Japão e a importância que este dava ao resultado era
demonstrada pelos seus persistentes esforços para recuperar as posições de onde fôra repelido.
A posição japonesa nas ilhas Salomão tinha uma possibilidade de avanço da qual poderiam advir as mais graves
conseqüências. Em Tulagi possuíam um excelente porto cujas possibilidades como base de futuras invasões
navais foram acentuadas pelas circunstâncias que precipitavam a batalha no mar de Coral. Na grande ilha de
Guadalcanal estavam os japoneses construindo uma base aérea que contribuiria para a proteção de Tulagi e
facilitaria um esforço para avançar a sudeste em direção das Novas Hébridas e da Nova Caledônia. Tais
possibilidades constituíam grave ameaça à linha aliada de abastecimento para a Austrália e, em última análise,
para a própria Austrália.
A fim de evitar ameaças desta natureza, foi lançada uma expedição contra as principais posições japonesas nas
ilhas Salomão. No dia 7 de agosto uma poderosa força de fuzileiros navais americanos, acompanhada por um
agrupamento tático naval em que participavam belonaves australianas, fizeram um ataque que apanhou os
defensores completamente de surpresa. Enquanto que bombardeiros de longo raio de ação vindos de bases
australianas realizavam pesados ataques de diversão sobre Rabaul e outros centros de onde poderiam ser
enviados reforços e apoio aéreo às guarnições militares japonesas nas ilhas Salomão, aviões de transporte das
forças do agrupamento tático neutralizaram as defesas terrestres e surpreenderam no solo a maioria dos aviões
de defesa. Com tal apoio e o fogo protetor dos navios de guerra de escolta as primeiras forças de desembarque
obtiveram uma base que aumentava rapidamente à medida que desembarcava a força principal.
Havia dois objetivos principais em vista. O primeiro era o porto da pequena ilha de Tulagi. Encontraram forte
resistência ao atacar esta posição e a ilha vizinha de Gavutu. As tropas japonesas lutaram até a exaustão no
terreno escarpado e nas cavernas espalhadas pela ilha, e infligiram perdas estimadas em um quarto das forças
atacantes. Estas baixas, porém, não foram consideradas excessivas em face das circunstâncias e no fim do
primeiro dia os fuzileiros navais estavam com o controle de Tulagi e Gavutu, restando ainda algumas operações
de limpeza. As ocupações do dia seguinte estenderam-se às pequenas ilhas abrigadas de Makambo e
Tanambogo para completar a posse da posição de Tulagi.
O segundo objetivo consistia na zona da baía de Lunga situada ao norte do litoral de Guadalcanal. Nesta região,
os japoneses estavam a completar um aeródromo cuja posse poderia tornar-se a chave de toda a operação.
Simultaneamente com o primeiro ataque a Tulagi foi efetuado um desembarque nas praias próximas ao
aeródromo. Ali a surpresa foi ainda mais completa do que em Tu!agi, e encontraram uma resistência inicial
muito menor. No segundo dia o aeródromo estava sob controle dos americanos e os fuzileiros navais
estabeleceram defesas para proteger esta posição e uma faixa de 11 km de praia situada atrás dela.
A importância desta vitória foi claramente demonstrada nos dias seguintes. Os japoneses se restabeleceram
rapidamente deste choque inicial, e revidaram com vigorosos contra-ataques. Na noite de 8 de agosto uma força
de pesados cruzadores e destróieres tentou atacar os navios americanos que realizavam as operações de
desembarque. Focam interceptados pelas forças navais de cobertura e repelidos numa ação violenta. No
decorrer da luta o cruzador australiano Canberra e os três cruzadores pesados americanos, o Quincy, o
Vincennes e o Astoria foram afundados. Não se pôde averiguar ao certo as perdas infligidas aos japoneses, mas
foram repelidos sem terem alcançado os transportes americanos e as operações de desembarque foram
completadas sem sérias interrupções.
Mas, apesar de terem os fuzileiros navais estabelecido suas posições na praia, tiveram de enfrentar lutas duras
e contínuas para mantê-las. Bombardeiros japoneses vindos de bases no norte, apesar de repetidos ataques de
aviões aliados, faziam sucessivos ataques contra os navios engajados nas operações e contra as posições das
tropas em terra. Seu objetivo principal era o aeroporto de Guadalcanal. Este setor não sofria apenas ataques
diários de bombardeio; forças navais leves penetravam ocasionalmente nesta zona para bombardeá-la do mar,
e as forças japonesas que permaneceram na ilha faziam contínuas arremetidas às linhas americanas. Porém os
ataques desferidos por pequenas forças durante os últimos dias de agosto não conseguiram efeitos de vulto ou
desalojar os fuzileiros navais, já então equipados com tanques, das posições que haviam capturado.
Foi também repelido um contra-ataque por mar efetuado pelos japoneses. Estes tentavam agora, num grande
esforço, chegar a Port Moresby e aumentavam em direção sul a ocupação das ilhas Gilbert. Estes movimentos
eram coordenados com forte ataque às ilhas Salomão. No dia 24 de agosto lançaram um pesado ataque aéreo
sobre Guadalcanal e simultaneamente um destacamento japonês de mais de 40 navios, incluindo três de
transporte e dois cruzadores, foi avistado aproximando-se das ilhas Salomão pelo norte. O ataque aéreo foi
interceptado por aviões com bases em Guadalcanal e rechaçado com pesadas perdas. A expedição marítima foi
imediatamente atacada por aviões com base em um porta-aviões de um destacamento naval americano, e mais
tarde bombardeiros com bases em Guadalcanal tomaram parte na batalha. Mais uma vez foi travado um
combate naval sem que os navios de um e outro lado tivessem tomado contato, embora uma pequena força de
destróieres japoneses que tentou lutar em Guadalcanal tivesse sido repelida pelo fogo das baterias da praia. A
frota principal foi desbaratada pelo peso do ataque aéreo desfechado contra ela. É quase certo o afundamento
de um pequeno porta-aviões identificado como o Ryuzyo; um porta-aviões maior foi danificado e diversos
cruzadores inimigos ou pelo menos um couraçado sofreram avarias. Continuaram os ataques nos dias seguintes,
sendo danificados alguns destróieres e navios de transporte. As tentativas feitas pelos aviões japoneses contra
o destacamento naval americano resultou em grandes perdas e as informações americanas não assinalavam
danos nos seus cruzadores. Apesar do poder da força japonesa, estes golpes eficazes dissuadiram-na de
prosseguir no ataque às ilhas Salomão. No dia 27 de agosto a força japonesa desistiu da luta e retirou-se da
zona de Tulagi.
Esta retirada, porém, era apenas temporária. A ação tinha aumentado a grande vantagem dos defensores que,
de posse da base aérea em Guadalcanal, tinham comandamento sobre as vias de acesso do mar com
bombardeiros com base na praia. Ainda havia a possibilidade de arrebatar esta base aos americanos. Os
fuzileiros navais dominaram apenas uma pequena zona de 11 km de comprimento e 6 a 7 km de largura
rodeando o aeródromo e as praias. As forças japonesas continuaram em grande atividade na ilha e
desembarcavam continuamente reforços sob a proteção da noite. Foi lançada uma série de ataques de
inquietação contra as linhas americanas e na segunda semana de setembro os japoneses lançaram um ataque de
maior envergadura, com apoio marítimo e aéreo, na tentativa de expulsar os americanos de suas posições.
A nova tentativa foi iniciada no dia 11 de setembro com um pesado ataque aéreo japonês. As forças americanas
responderam com ataques às bases japonesas da ilha de Gizo e da baía de Rekata; os ataques, porém,
continuaram, e forças navais dirigiram-se a Guadalcanal a fim de reforçar o bombardeio. Aviões de caça com
base em porta-aviões entraram em ação sobre a ilha e na noite de 12 de setembro os navios de guerra entraram
para bombardear as posições americanas enquanto que forças japonesas atacavam as linhas avançadas. Alguns
japoneses conseguiram infiltrar-se durante a noite. No dia seguinte foram castigados pela artilharia americana
enquanto que aviões de caça repeliam os bombardeiros e aviões de caça japoneses. Mas à noite as forças navais
inimigas reiniciaram o bombardeio enquanto as tropas terrestres lançavam decidido ataque contra os três pontos
das linhas americanas. Foram rechaçados nos flancos, mas suas forças eram superiores no centro e conseguiram
penetrar nas defesas. No entretanto os contra-ataques aliviaram a situação e infligiram consideráveis perdas às
forças japonesas. Cessou esta luta que consistiu sério esforço para capturar o aeródromo. Subsistiu a luta
terrestre, enquanto os aviadores americanos localizavam poderosa força naval japonesa, inclusive couraçados
e cruzadores, repelindo-a para o norte. Faziam constantes bombardeios contra as bases japonesas e instalações
das praias. Foram noticiadas possíveis avarias em dois couraçados e três cruzadores japoneses foram avariados
nas operações subseqüentes. O destróier americano Jarvis, um mercante armado em destróier e dois transportes
foram afundados neste período; mais uma vez, porém, conservaram as posições e forçaram o inimigo a retirarse.
Isto, entretanto, ainda estava longe de ser uma vitória decisiva. A situação da base americana continuou um
tanto precária. Os japoneses não haviam sido desalojados de Guadalcanal e as suas tropas nesta zona poderiam
ser reforçadas futuramente com novos elementos. As forças navais japonesas foram tratadas rudemente e
demonstraram não estarem dispostas a arriscar um ataque com todas as suas forças em face das formidáveis
defesas aéreas. Porém tais forças ainda existiam e encontravam-se em bases situadas a uma distância
inconfortavelmente próxima das posições americanas recém adquiridas. O ataque às ilhas Salomão aumentava
de intensidade indicando que as Nações Unidas poderiam tomar uma iniciativa limitada. Constituiu, porém, um
êxito defensivo que em verdade anulou uma perigosa ameaça de novo avanço japonês; mas não era, porém,
ainda bastante forte para ser considerada como perspectiva de uma verdadeira ofensiva que forçasse as tropas
japonesas a uma retirada geral de seus principais postos avançados do sul.
O Mediterrâneo e o Egito
Na África do Norte as forças de ambos os lados achavam-se durante este período numa incômoda paralisação.
Rommel, que se achava detido no seu avanço em direção ao delta do Nilo, constituía uma constante ameaça a
pouco mais de 100 km da base de Alexandria. Mas, embora o prêmio estivesse tão próximo, ele não conseguia
alcançá-lo. Não só foi obrigado a deter-se, mas também forçado por diversas vezes a deixar que a iniciativa
passasse temporariamente às forças que barravam seu avanço. Mas demonstrou também sua habilidade em
retomá-la, apesar de não progredir de maneira decisiva. Os ingleses eram bastante fortes para repelir os ataques
do Eixo e iniciarem operações de envergadura limitada. Ainda não estavam preparados para um ataque com
todas suas forças para destruir o inimigo, o que era, para ambos os contendores, o principal objetivo.
O castigado 8° Exército reorganizado sob o comando de Auchinlek para uma resistência em El Alamein
conseguiu transformar completamente a situação em dois dias. As vitoriosas, porém fatigadas tropas de
Rommel, defrontaram-se com uma defesa tenaz que em vão tentaram romper. Os ingleses haviam reunido todas
as forças que puderam trazer do Oriente Médio para manter a barreira diante da posição vital. A força aérea
lançou todo seu peso sobre as colunas mecanizadas do Eixo que avançavam para o assalto. Uma concentração
de toda a artilharia disponível bateu o ataque com um fogo devastador. Foi determinado no fim da tarde o
aspecto decisivo da batalha com um contra-ataque britânico ao flanco e à retaguarda das forças que Rommel
lançara numa tentativa para contornar pelo sul as defesas britânicas. No dia seguinte tomaram os ingleses a
iniciativa no setor norte diante de El Alamein. Esta pressão não só deteve os alemães e italianos como forçouos a recuar e consolidar suas posições de defesa. No fim da semana, a batalha degenerou em assaltos locais de
ambos os lados contra as posições inimigas.
Tentavam agora os ingleses não apenas conservar, mas ampliar a iniciativa antes que Rommel pudesse
estabilizar suas próprias linhas. No dia 10 de julho um violento assalto a oeste de El Alamein resultou num
avanço de 8 km e na captura das elevações de Tel el Eisa. Quatro dias mais tarde lançaram novo ataque no
centro, o que lhes deu controle, no dia seguinte, da extremidade leste da cadeia de Ruweisat. Mas careciam de
força para transformar estes assaltos locais em uma ofensiva geral ou ameaçar romper as linhas inimigas. Mas
em vez disso, os britânicos tinham de lutar arduamente contra ferozes contra-ataques, para reter suas posições
adquiridas. Rommel lançou grande parte de suas forças numa tentativa para retomar o terreno perdido e durante
uma semana travou-se uma batalha indecisa nas disputadas colinas e montanhas cuja posse daria o domínio do
terreno deserto das vizinhanças. Tel el Eisa mudaram de dono por diversas vezes naqueles dias. A posição de
Ruweisat foi disputada ainda com mais ardor. Mas os ingleses, finalmente, conseguiram conservar suas
conquistas originais e a 20 de julho estabeleceu-se uma ligeira calmaria sobre o campo de batalha.
Foi porém rompida no dia seguinte por novos ataques britânicos nos três setores principais com apoio de uma
preparação extremamente pesada de artilharia. O ataque no centro conseguiu alguns progressos ao longo da
cadeia de Ruweisat, e o seu peso auxiliou o avanço das tropas para o norte a fim de completar a posse de Tel
el Eisa e melhorar suas posições no setor intermediário. Algumas destas conquistas locais foram perdidas em
contra-ataques, mas a 24 de julho a maior parte das novas posições foi consolidada. Dois dias mais tarde os
britânicos lançaram novo ataque. Os alemães, porém, já haviam construído poderosas defesas; e embora os
ingleses fizessem uma brecha nos campos de minas não puderam alargá-la o suficiente para lançar um ataque
de tanques; e a artilharia e infantaria alemães situadas em posições poderosamente defendidas impediram que
a principal força de ataque tirasse partido de seus êxitos iniciais. A 28 de julho os ingleses desistiram da
tentativa e retiraram-se para as posições que ocupavam alguns dias antes.
Estas experiências custosas para ambos os lados demonstraram claramente que o equilíbrio das forças era por
demais perfeito para que qualquer dos contendores lançasse uma ofensiva com quaisquer esperanças de êxito.
A única solução era que surgisse algum fator alterando o equilíbrio ou que um dos contendores recebesse um
reforço que lhe desse uma clara vantagem sobre o inimigo. O elemento característico da situação era a corrida
em que se empenhavam ambos os lados no sentido de receber mais reforços, e, sob a calmaria que durou um
mês e que se estabeleceu em fins de julho, faziam-se preparativos urgentes a fim de tentar romper o equilíbrio
de forças que representava tantas perspectivas de perigo para ambos os lados.
O problema apresentava-se muito mais crítico para os ingleses do que para seus oponentes. No presente estado
de equilíbrio a chegada de apenas um comboio poderia fazer pender a balança o suficiente para que o lado
favorecido tentasse uma nova ofensiva. Mas um pequeno aumento das forças britânicas teria conseqüências
limitadas, que talvez fizessem recuar as forças de Rommel até a fronteira egípcia e diminuir a ameaça imediata
à Alexandria, mas que dificilmente conviria ao objetivo de destruir o exército de Rommel, única maneira de
obter completa segurança. Por outro lado, bastaria a Rommel uma vantagem relativamente pequena para afetar
o assalto temporário que era o que ele necessitava a fim de limpar o caminho para um assalto ao vale do Nilo.
Em comparação, os ingleses possuíam uma zona de manobras muito menor, e uma perda de terreno que pouca
significação teria para Rommel, poderia ter conseqüências desastrosas para a defesa do Egito e para toda a
posição aliada no Oriente Médio.
Uma feliz circunstância contribuiu para aliviar esta situação tensa. No seu discurso de 8 de setembro na Câmara
dos Comuns, afirmou Churchill que desde março havia sido aumentada a remessa normal de reforços para o 8°
Exército. Foram requisitados dos Estados Unidos navios suplementares com o fim de transportar cerca de
50.000 homens, e a aquiescência do presidente Roosevelt tornou possível enviar um comboio que já estava
contornando o cabo da Boa Esperança "num momento crítico" e que poderia preencher as grandes perdas que
o 8° Exército sofreu na retirada. Nas semanas subseqüentes continuou o afluxo de homens e abastecimentos,
incluindo tanques e aviões provenientes das Estados Unidos e que tinham um papel importante na luta travada
naquela região. As desvantagens da longa rota por mar constituíam ainda um sério problema, porém não tinham
o caráter tão inexorável quanto poderiam ter sob circunstâncias diferentes.
Rommel também se encontrava em condições desvantajosas. Suas forças ficavam muito mais perto das bases
metropolitanas que as dos ingleses, mas as necessidades da campanha da Rússia obrigavam os nazistas a
explorarem ao máximo os recursos da Alemanha. Embora Rommel recebesse reforços, eram em quantidades
limitadas. Em tanques, o Afrika Korps apenas recebia pouco mais do que o necessário para recuperar-se das
perdas, embora uma segunda divisão armada italiana, a Vitória, ter sido acrescentada à divisão Airete. A força
aérea de Rommel também permanecia limitada e não conseguia vencer a superioridade de que dispunham,
neste período, a RAF e as outras forças aéreas que combatiam a seu lado, inclusive a aviação americana.
Estas limitações eram acentuadas pelas perdas infligidas aos abastecimentos enviados a Rommel. A perda do
litoral da Líbia dificultou em parte os ataques da marinha inglesa contra as rotas de navegação no Mediterrâneo,
e a posse de Tobruk deu a Rommel o melhor porto entre Trípoli e Alexandria, auxiliando a aliviar suas linhas
terrestres de comunicação. Mesmo assim os comboios do Eixo estavam sob constante ataque, particularmente
por bombardeiros e submarinos e o número crescente de bombardeiros de grande raio de ação possibilitava a
realização de pesados ataques sobre portos distantes como Benghazi e baía de Suda. Em princípios de agosto
Tobruk era atacada quase todas as noites. Rotas terrestres, depósitos de abastecimentos, e transportes
motorizados eram constantemente atacados. Num esforço para reduzir ao mínimo suas perdas marítimas e
tornar os abastecimentos menos sujeitos à utilização dos portos, objetivos favoritos dos bombardeiros
britânicos, as forças do Eixo recorreram às barcaças motorizadas de 120 toneladas que eram particularmente
úteis no transporte costeiro. Mesmo assim, a declaração britânica de 13 de agosto, afirmando que 53 navios do
Eixo de todos os tipos foram afundados ou avariados por ataques aéreos nas últimos 19 dias, indicava o
crescente número de barcos perdidos
Essas perdas causadas pela aviação eram completadas pela atividade das forças navais e terrestres. Coube mais
uma vez ao poderio naval britânico a missão de inquietar o flanco costeiro do Eixo. A importante base de
Matruh foi seis vezes bombardeada em fins de julho. El Daba foi canhoneada em setembro em coordenação
com as operações combinadas contra Tobruk. No dia 13 de agosto, Rodes foi submetido a um bombardeio que
durou 12 minutos. Exatamente um mês mais tarde foi levado a cabo, contra Tobruk, um golpe de mão de
comandos, apoiado por forças navais, tendo de enfrentar grande resistência e perdendo dois destróieres. Na
mesma data, uma coluna móvel que atravessou sem impecilhos a Líbia, atacou Barce e Benghazi, e dois dias
depois o oásis de Gialo ocupado pelos italianos sofreu um ataque que durou seis dias e que só foi repelido com
o aparecimento de reforços blindados. Quaisquer que tenham sido os êxitos obtidos por esses esforços,
indicavam estar bem vivo o espírito ofensivo do 8° Exército.
Entrementes Malta continuava como base de onde poderiam ser desfechados ataques contra os portos italianos
e comboios do Eixo no mar. Notava-se, em agosto, que diminuíra a intensidade dos bombardeios contra a ilha,
que ainda assim era submetida a contínuos ataques aéreos. Mas isso não era devido a que Malta tivesse perdido
em importância, e sim em conseqüência das exigências inadiáveis da campanha russa. Quando um poderoso
comboio, incluindo três porta-aviões conseguiu levar novos abastecimentos à ilha, esta sofreu um feroz ataque
no dia 11 e 12 de agosto, que resultou na perda do porta-aviões Eagle, do cruzador Manchester, do cruzador
antiaéreo Vairo e do destróier Foresight. A violência do ataque e o fato de que tais perdas fossem aceitas como
o preço da sobrevivência de Malta, demonstraram a importância desta ilha para ambos os lados.
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