INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA A

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA DIMINUI O TEMPO DE PERMANÊNCIA E
VENTILAÇÃO MECÂNICA DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE
TRATAMENTO INTENSIVO?
VIVIANE NUNES LOPES OLIVEIRA MEDEIROS
RIO DE JANEIRO 2010.
1
INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA DIMINUI O TEMPO DE PERMANÊNCIA E
VENTILAÇÃO MECÂNICA DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE
TRATAMENTO INTENSIVO?
VIVIANE NUNES LOPES OLIVEIRA MEDEIROS
Trabalho de conclusão do Mestrado Profissionalizante em Terapia
Intensiva do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva – IBRATI, para
obtenção do grau de Mestre em Terapia Intensiva reconhecido pela
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva.
Área de Concentração: Terapia Intensiva
Orientadores: Profº Drº: Rogério Ultra, Drª Dlyann Swarovsky Figueira
RIO DE JANEIRO 2010.
2
INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
VIVIANE NUNES LOPES OLIVEIRA MEDEIROS
A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA DIMINUI O TEMPO DE PERMANÊNCIA E
VENTILAÇÃO MECÂNICA DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE
TRATAMENTO INTENSIVO?
Trabalho de conclusão do Mestrado Profissionalizante em Terapia
Intensiva do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva – IBRATI, para
obtenção do grau de Mestre em Terapia Intensiva.
Área de Concentração: Terapia Intensiva
Orientadores: Profº Drº: Rogério Ultra, Drª Dlyann Swarovsky Figueira
Aprovada em ___/________/____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
____________________________________
RIO DE JANEIRO 2010.
3
AGRADECIMENTOS
Aqui me dedico a homenagear aqueles que acompanharam, apoiaram,
colaboraram e motivaram este trabalho e toda a trajetória de estudos que
decidi trilhar e que, com certeza, especialmente a mais ampla, pela
participação de pessoas muito especiais. Quero agradecer não apenas àquelas
pessoas que me auxiliaram no trabalho prático de construção desse Trabalho,
mas aos amigos e colegas que partilharam comigo idéias e produziram críticas.
Assim como aqueles que, mesmo neutros ou distantes dirigiram uma palavra
de apoio, e fé. Aos meus pais Paulo e Jaqueline, a Maria das Graças meus
sinceros agradecimentos com amor. A Ana Amélia, Neyde e Dlyann meu
carinho mais que especial, pois essas pessoas souberam dar apoio e atenção
num momento de tantas dúvidas e inseguranças.
4
RESUMO
Na maioria dos hospitais de países desenvolvidos, a fisioterapia é vista
como uma parte integrante do tratamento de pacientes em Unidades de
Terapia Intensiva (UTI). O fisioterapeuta que atua em Terapia Intensiva
promove a assistência ao paciente baseado em diretrizes médicas, devendo
ser capaz de avaliar adequadamente o paciente e aplicar o melhor
procedimento, pesando os benefícios e os riscos em potenciais, sempre
presentes em pacientes críticos.
Porem quanto a sua eficácia e diminuição do tempo de permanência e
ventilação mecânica invasiva poucos estudos foram realizados. Esse trabalho
retrospectivo descritivo visou investigar a atuação da fisioterapia respiratória na
UTI e apontar sua real eficácia na diminuição do tempo de internação e uso de
prótese ventilatória. Tendo como importantes autores referenciados nas bases
de dados como MEDLINE, PUDMED, SCIELO, RBTI, COCHRANE, BIREME,
CHEST, LILLACS.
Palavras Chaves: Fisioterapia, UTI, Ventilação Mecânica, tempo de permanência
5
ABSTRACT
In most hospitals in developed countries, physiotherapy is seen as an
integral part of treating patients in intensive care units (ICU). The physical
therapist who works in intensive care promotes patient care based on medical
guidelines and should be able to properly assess the patient and apply the best
procedure, weighing the benefits and potential risks, always present in critically
ill patients. But as to its effectiveness and decreased length of stay and invasive
mechanical ventilation, few studies have been conducted. This retrospective
descriptive study was to investigate the role of physiotherapy in the ICU and
point their real effectiveness in reducing hospitalization and use of mechanical
ventilation. Having such important authors referenced in databases such as
MEDLINE, PUDMED, SCIELO RBTI, COCHRANE, BIREME, CHEST, and
LILLACS.
Key word: Physioterapy, ICU, Mechanical Ventilation, length of stay.
6
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
8
2. OBJETIVO
10
3. MATERIAL E MÉTODOS
10
4. DISCUSSÃO
11
4.1. Unidade de tratamento intensivo (UTI)
11
4.2. Fisioterapia no mundo
13
4.3. Fisioterapia no Brasil
15
4.4. Fisioterapia Respiratória na diminuição do tempo de internação e
ventilação mecânica
23
5. CONCLUSÃO
27
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
28
7
1-INTRODUÇÃO:
Na maioria dos hospitais de países desenvolvidos, a fisioterapia é vista
como uma parte integrante do tratamento de pacientes em Unidades de
Terapia Intensiva (UTI). O papel preciso que este profissional desempenha,
varia consideravelmente de uma unidade para outra e depende de fatores
financeiros, multidisciplinares e até tradicionais de acordo com a região ou país
em que a UTI está situada. (STILLER 2000).
Os pacientes com restrição ao leito na Unidade de Terapia Intensiva
podem apresentar complicações motoras, respiratórias, hemodinâmicas,
cardíacas, neurológicas, além de condições pós-traumáticas, condições préoperatórias e pós-operatórias. A atuação da Fisioterapia em âmbito hospitalar
tem por objetivo minimizar os efeitos da imobilidade no leito e tratar ou prevenir
complicações respiratórias.
As indicações de intervenção fisioterapêutica e os tipos de condutas
utilizadas variam de acordo com o local e o preparo técnico do profissional.
Existem locais em que a indicação da fisioterapia é determinada pelo médico e
locais em que todos os pacientes internados na UTI recebem fisioterapia. A
variação de técnicas também é restrita sendo que alguns profissionais tratam a
maioria dos pacientes com uma combinação de técnicas pré-determinadas
desconsiderando a condição patológica global. Baseado no empirismo,
também é discutível se a atuação do profissional estaria relacionada com a
precocidade de alta hospitalar, já que a atuação do fisioterapeuta está
relacionada a um menor índice de complicações, o que seria conveniente para
8
o sistema de saúde por reduzir despesas hospitalares e garantir rotatividade de
leitos para pacientes mais graves (STILLER 2000).
9
2- OBJETIVO:
Este trabalho tem por objetivo elucidar a atuação da fisioterapia
respiratória na UTI e apontar sua real eficácia na diminuição do tempo de
internação e uso de prótese ventilatória.
3 - MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho é de caráter retrospectivo, descritivo, que busca
informações existentes sobre o tema, em base de dados como medline,
pudmed, scielo, RBTI, COCHRANE, BIREME, CHEST, LILLACS, a fim de que
possa servir de parâmetro para nortear futuras pesquisas que comprovem a
efetividade, a técnica e a atuação do profissional fisioterapeuta em Terapia
Intensiva.
10
4. DISCUSSÃO
4.1 Unidades de tratamento intensivo (UTI)
A Unidade de Terapia Intensiva possui registros de sua existência desde
o século XIX.
Porém, eles se tornaram mais evidentes a partir de 1969,
quando se verificou a necessidade de criação de uma unidade de cuidados
específicos para pacientes críticos. Durante a II Guerra Mundial, a necessidade
de um local para assistência aos soldados vitimados e a escassez de equipes
de enfermagem para manter os cuidados necessários exigiu a criação de uma
sala onde a atenção intensiva pudesse ser assegurada, o que resultou na
difusão de salas de recuperação (ARAÚJO 1983).
A propagação do conceito de um local próprio para atenção intensiva
aconteceu, por sua vez, em função da alta mortalidade provocada pelas
epidemias de poliomielite ocorridas na Dinamarca e nos Estados Unidos na
década de 50. Nessa época foi criado o centro de tratamento respiratório no
Massachusetts General Hospital e em 1958, a primeira UTI multidisciplinar em
Baltimore (COSTA, 1994).
No Brasil, a primeira UTI surgiu no ano de 1967 na cidade do Rio de
Janeiro. No Estado de Santa Catarina, a primeira UTI foi inaugurada em 1968,
no Hospital Governador Celso Ramos. Em 1983 inaugurou - se a UTI do
Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal
de Santa Catarina (COSTA).
11
As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são Unidades complexas
dotadas de sistema de monitorização contínua que admitem pacientes
potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas
orgânicos e que com o suporte e tratamento intensivos tenha possibilidade de
se recuperar (CALLEGARI, 2007). Atualmente, estas unidades desempenham
um papel decisivo na chance de sobrevida de pacientes gravemente enfermos,
sejam eles vítimas de trauma ou de qualquer outro tipo de ameaça vital
(PEREIRA e col. 1999)
A RESOLUÇÃO-RDC Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 Dispõe
sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia
Intensiva e dá outras providências. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do
Art.11 do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de
1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54 do
Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria nº 354 da
ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., de 21 de agosto de
2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro de 2010; adota a seguinte
Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente, determino sua
publicação: Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funcionamento
de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolução. No que se
refere à fisioterapia, o Art. 14 dispõe: IV - Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um)
para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno,
perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação. Pacientes internados em
UTIs apresentam necessidades especiais e básicas, as quais, na maioria das
12
vezes exigem assistência sistematizada, além de uma série de cuidados
objetivando evitar complicações (LOPES et. al 1996). O trabalho do profissional
em fisioterapia nesses casos tem se mostrado eficaz e imprescindível, sendo
considerada parte integrante da equipe responsável pelos cuidados em
pacientes de UTIs (STILLER 2000).
4.2 Fisioterapia no Mundo
A função que o fisioterapeuta exerce na UTI varia consideravelmente de
uma unidade a outra, dependendo do país, da instituição, do nível de
treinamento e da situação do paciente (STILLER 2000). Em alguns países ou
instituições o fisioterapeuta tem a responsabilidade de avaliar todos os
pacientes em UTIs, sendo que, em outros locais, participam da equipe de
cuidados quando o médico responsável solicita sua participação (STILLER
2000). Em pesquisa realizada em 460 UTIs de 17 países considerados
desenvolvidos da Europa, NORRENBERG e VINCENT (2000) verificaram
variações consideráveis no papel do fisioterapeuta em UTIs. 48% dos
fisioterapeutas localizavam-se em hospitais universitários, sendo que, 38% dos
hospitais apresentaram em torno de 30 fisioterapeutas trabalhando e 25% dos
hospitais não têm em sua equipe, fisioterapeutas exclusivos para UTIs; 34%
têm fisioterapeuta disponível à noite e 85% durante o fim de semana. Em
quase 100% das UTIs a função do fisioterapeuta é na mobilização do paciente
e ajustes na função do ventilador mecânico, sendo que, 12% têm papel ativo
no ajuste da ventilação mecânica, 25% na extubação, 22% no desmame da
ventilação mecânica e 46% na execução da ventilação mecânica não-invasiva.
Quanto à presença dos fisioterapeutas à noite, 80% dos pesquisados do Reino
13
Unido afirmam manter atividade neste período, enquanto na Alemanha e
Suécia isso não ocorre em nenhuma instituição hospitalar. CHABOYER et. al
(2004) em estudo realizado em 77 hospitais australiano públicos, limitadas à
UTIs para adultos mostraram que 90% das instituições mantêm fisioterapeutas
em UTIs de segunda a sexta-feira, 25% os mantém apenas nos finais de
semana e 10% todos os dias da semana, sendo que a maioria dos
fisioterapeutas foi solicitada a UTI somente para funções básicas como
aspiração de secreções endotraqueais, mobilização e posicionamento do
paciente.
As técnicas mais comuns usadas por fisioterapeutas em UTIs são
quanto ao posicionamento, mobilização de articulações, hiperinflação manual,
percussão, vibrações, aspiração, tosse assistida, drenagem postural e
exercícios não bem definidos, chamados de respiratórios (STILLER 2000).
O tema, no entanto, ainda é causa de discussões tanto na sua função e
importância como nas técnicas e métodos aplicados. JONHSON et. al (1996),
testou a intervenção da fisioterapia através da realização de um estudo
randomizado, onde os pacientes em fase de pós-operatório imediato de cirurgia
cardíaca, foram divididos em dois grupos recebendo técnicas diferenciadas
consideradas como alta ou baixa intensidade de tratamento. Não verificou
diferenças entre os dois grupos, referindo-se a complicações pulmonares e
tempo de permanência hospitalar. Relata ainda que no grupo de alta
intensidade, os custos hospitalares foram mais elevados.
14
4.3.Fisioterapia no Brasil
No Brasil, embora os fisioterapeutas estejam cada vez mais envolvidos
nas UTIs, sua atuação difere em cada instituição, não estando suas
competências bem definidas. Diferentemente de outros profissionais como
médicos e enfermeiros que, tradicionalmente tem delimitadas as suas funções
devido a própria existência já consagrada (MORENO & MIRANDA 1998, BLOT
ET
AL.
2005),
a
Fisioterapia
no
Brasil
é
uma
profissão
que
só
recentemente foi reconhecida, em 1968.
A inserção do fisioterapeuta em UTI começou no final da década de 70
e sua afirmação como membro integrante da equipe de assistência intensiva
tem sido progressiva. Embora a atuação da Fisioterapia se faça por
profissionais da área e o processo educacional e de treinamento em terapia
intensiva seja divulgado em todo o país, não se sabe com precisão qual a real
inserção do fisioterapeuta nesta área de especialidade.
Existem no Brasil cerca de 1500 unidades de terapia intensiva, com
diferentes características e, possivelmente, com fisioterapeutas que nelas
trabalham. Porém, é difícil analisar as práticas assistenciais fisioterapêuticas e
as responsabilidades assumidas por este profissional sem conhecer as
condições atuais da Fisioterapia nas várias UTIs brasileiras.
A SOBRAFIR (Sociedade Brasileira de fisioterapia Respiratória e
fisioterapia em Terapia intensiva) realizou a sistematização dos seguintes
dados: dos 1194 questionários enviados para os hospitais cadastrados pela
AMIB (Associação Medicina Intensiva Brasileira), apenas 25 (0,02%) foram
15
devolvidos por não encontrar o destinatário. Dos 280 restantes 280 hospitais
(24%) responderam até o prazo estabelecido (60 dias) para o encerramento da
coleta*, totalizando 401 UTIs do Brasil, como pode ser observado na Figura 1,
em porcentagem por Região do país.
Figura1. Distribuição das 401 UTIS que responderam aos questionários, em
%, pelas Regiões do país.
a) Tipo de Instituição das UTIs brasileiras
Constata-se na Tabela-1, que a maioria das respostas (54,6%) provém de
instituições privadas, seguida das Instituições Estaduais (16,7%), Municipais
(10,7%), Estaduais e Universitária (7,3%), Federais Universitária (3,0%) e
Privadas Universitárias (2,3%), restando 5,4% de instituições que não se
enquadram nas categorias estabelecidas.
16
b) Área de Atuação do Fisioterapeuta nas UTIs brasileiras
Na figura 2, observamos que os fisioterapeutas atuam em UTIs
com predomínio Assistencial (52,4%), seguido de Assistencial e Ensino
(28,5%), Assistencial, Ensino e Pesquisa (13,4%) e, Assistêncial e
Ensino (5,3%).
c) Tipos de UTIs existentes no Brasil
De acordo com os dados da Tabela 2, os tipos de UTIs brasileiras
caracterizam-se por: Adulto Geral (64,6%); seguido de Cirurgia Geral
(54,4%); Pediatria (34,4%); Neonatal (28%); Coronariana ( 25,4%);
Queimados (8,2%), Oncologia (3,0%) e Outros (12%).
17
d)Estrutura
Administrativa
da
Fisioterapia
nas
UTIs
Brasileiras
De acordo com as informações sobre a denominação que recebe a
organização da Fisioterapia, pode-se constatar que a maioria é denominada
de Serviço, (70,9%), seguida de Setor (21,2%), Unidade (2,6%) e Outros
(5,4%).
e) Chefia dos Serviços de Fisioterapia nas UTIs brasileiras
d) Número de Fisioterapeutas nos Serviços de Fisioterapia
Tabela 5- Número, em percentual, de fisioterapeutas nos Serviços
de Fisioterapia.
18
g) Tempo de atendimento fisioterapêutico aos pacientes
Tabela 6- Tempo semanal de atendimento fisioterapêutico ao paciente nas
UTIS brasileiras
De acordo com os dados da tabela 6, 35,2% das UTIs brasileiras assistem aos
pacientes durante 24 horas, 33,7% tem 12 horas de assistência; 22%
menos
de
12
horas;
5,8%
tem assistência 18 horas e 3,3% possui
atendimento esporadicamente.
19
h) Procedimentos de Ventilação Mecânica realizado pela Fisioterapia
Tabela7-Procedimentos
de
Ventilação
Mecânica,
realizados
pela
Fisioterapeuta
I).Autonomia em Ventilação mecânica invasiva
Em relação à autonomia da ventilação mecânica invasiva constata-se que na
maioria (69,1%) das UTIs o fisioterapeuta atende aos pacientes sob protocolo
discutido com a equipe médica, seguido de 20% com autonomia completa e
11% sem autonomia.
De acordo com o estudo realizado pela SOBRAFIR, pode-se notar que
os fisioterapeutas brasileiros atuam, em sua maioria, em instituições privadas,
com vínculo empregatício tipo CLT, em
jornada de
trabalho de 30 horas
semanais e a maioria possui curso de especialização. Os Serviços (assim são
20
denominados) possuem estrutura administrativa e em sua direção encontra-se
o profissional Fisioterapeuta. A inserção da Fisioterapia em UTI ocorre pela
presença
do profissional em instituições assistenciais, principalmente em
UTIs Adulto, (geral e cirúrgica), trabalhando com técnicas fisioterapêuticas e
manuseando a ventilação mecânica invasiva e não invasiva sob protocolo. A
assistência fisioterapêutica está predominantemente durante 24 horas nessas
UTIs e o atendimento está contemplado em sua maioria nos finais de semana.
A discussão do perfil do fisioterapeuta dentro das UTIs está sendo
constantemente discutida por órgãos de classe, como foi citada anteriormente,
a SOBRAFIR - Sociedade Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Fisioterapia
em Terapia Intensiva, diferenciar três modos de atuação dentro da realidade
brasileira, conforme descreve FELTRIM (2002):
a) equipes que permanecem 24 horas na unidade: em geral, são
profissionais incorporados na rotina da unidade e trabalham sob protocolos de
assistência, delineados pelas equipes médicas, de enfermagem e de
fisioterapia. Neste modelo estão as equipes dos grandes hospitais deste país e
o trabalho tem transcorrido de maneira harmônica, com os problemas sendo
resolvidos internamente;
b) equipes que permanecem 12 horas na unidade: em geral, os
profissionais por atuarem no período diurno assumem parte das funções que
outras equipes de maior tempo de cobertura executam. Nessas circunstâncias,
embora possa haver um trabalho integrado, o médico ou a enfermeira assume
não somente aspectos de assistência ventilatória como a própria realização de
21
técnicas fisioterápicas, no período em que não há esse profissional na unidade.
Nesse modelo, a integração deve ser intensa incluindo a presença do
fisioterapeuta na orientação e treinamento de outros profissionais;
c) equipes que durante o período diurno atendem aos pacientes de
terapia intensiva, porém não exclusivamente. Nesse modelo, o grau de
inserção dentro da unidade é menor e suas funções, em geral, estão restritas
aos procedimentos fisioterápicos. Portanto, a maneira como se trabalha em
Terapia Intensiva decorre da política interna da Instituição, do modelo da
dinâmica de trabalho que não sustenta o manuseio de ventiladores por parte do
fisioterapeuta por falta de continuidade (visto nos modelos b e c
principalmente), e do poder de resultados que a equipe de Fisioterapia possa
demonstrar.
O fisioterapeuta que atua em Terapia Intensiva promove a assistência ao
paciente baseado em diretrizes médicas, devendo ser capaz de avaliar
adequadamente o paciente e aplicar o melhor procedimento, pesando os
benefícios e os riscos em potenciais, sempre presentes em pacientes críticos.
Deve entender a condição clínica do paciente, os objetivos médicos traçados, a
competência e as limitações de cada instrumento e procedimento. Deve
determinar se o procedimento a ser realizado tem alta probabilidade de
alcançar os resultados clínicos esperados ou se outro procedimento pode ser
mais eficiente e benéfico. Quando esta for a situação, o fisioterapeuta deve
contatar a equipe médica e negociar um plano de assistência que seja o melhor
para o paciente (FELTRIM 2002).
22
4.4 Fisioterapia respiratória na diminuição do tempo de internação e
ventilação mecânica.
Porem quanto a sua eficácia e diminuição do tempo de permanência e
ventilação mecânica invasiva poucos estudos foram realizados. STILLER
(2000) com base em trabalhos publicados previamente descreveu a fisioterapia
em terapia intensiva avaliando um grupo de técnicas comumente utilizadas nos
pacientes internados nas unidades. Relata que a fisioterapia não representou
diferencial negativo na taxa de pneumonia nosocomial, no tempo de
permanência hospitalar, no desmame do ventilador mecânico e na prevenção
de complicações pulmonares. Os benefícios comprovados foram relacionados
ao aumento da complacência pulmonar e índice de oxigenação, mas de curto
prazo de duração, o que evidenciaria a necessidade do uso das técnicas,
diversas vezes ao dia. Neste caso, faz uma menção a custos relacionados ao
tratamento do paciente, podendo ser encarecido em parte pela fisioterapia.
KRAUSE E HOEHN (2000),realizaram uma revisão de fisioterapia
respiratória em crianças que são ventiladas mecanicamente em UTIs
pediátricas e destaca a fisioterapia como fator estressor para as crianças, onde
existe um aumento do consumo de oxigênio acompanhado de elevação da
freqüência cardíaca e pressão intracraniana. Relata ainda, que a fisioterapia
respiratória leva a um decréscimo da pressão arterial e maior flutuação do
débito cardíaco. Não foi possível coleta de dados referente a alterações de
capacidade vital e complacência pulmonar em virtude da caixa torácica das
crianças serem muito variável de acordo com a idade, o que interferiria
diretamente nos resultados. Sua conclusão foi de que a fisioterapia pode trazer
23
benefícios a alguns pacientes em especial, porém, não pode ser considerada
terapia standard. Discorre sobre a necessidade de estudos controlados
avaliando o impacto da fisioterapia respiratória em crianças ventiladas
mecanicamente, em doenças críticas e no tempo de estadia hospitalar.
BERNEY et. al (2002) em pesquisa em UTI entre novembro de 1997 e
novembro de 1999 com pacientes traqueostomizados, mostrou que a
fisioterapia intensiva (incluindo o período noturno) aliada a entubação, pode
diminuir o tempo necessário de permanência na UTI, indicando que os custos
com a fisioterapia são cobertos pela diminuição do tempo na Unidade de
Terapia Intensiva.
RONCATI e PORTIOLLI (1998) enfatizam, no entanto, que o
fisioterapeuta precisa ter bom conhecimento em fisiologia, ventilação mecânica
e técnicas fisioterapêuticas apropriadas para prevenção e tratamento de
afecções no paciente grave tanto na área respiratória como motora, para atuar
em UTIs, em função de que o trabalho envolve um grande número de técnicas
associadas às modalidades de ventilação mecânica como manobras de higiene
brônquica, cinesioterapia respiratória, exercícios com aparelhos de incentivo
inspiratório, respiração com pressão positiva intermitente (RPPI), treinamento
muscular e ,adicionalmente, algumas técnicas ventilatórias que podem auxiliar
a fisioterapia respiratória.
A literatura discorre sobre a fisioterapia como um fator agressor e
oneroso ao paciente internado nas UTIs, o que não é evidenciado na prática
clínica. Entretanto, as condutas fisioterapêuticas são tomadas baseando-se em
24
experiências pessoais e na autoridade de indivíduos com maior titulação
acadêmica, o processo de fisioterapia baseada em evidências ainda é
encarado como primário motivado principalmente pela escassez de produções
científicas relativas a comprovações de técnicas exclusivas deste profissional
(REGENGA 2000).
No estudo de Cook realizado em Ontário no Canadá, os pacientes que
recebiam ventilação mecânica invasiva foram submetidos a um treino com a
ventilação não invasiva (CPAP); observou-se que, a capacidade residual
funcional aumenta com o uso da ventilação não invasiva através do CPAP,
concluindo assim, que a fisioterapia minimiza a possibilidade de fracasso no
processo do desmame. Outra pesquisa realizada no Canadá cita que, para
edema pulmonar agudo, o CPAP sozinho reduz drasticamente a necessidade
de intubação e reduz taxas de complicações em pacientes. O estudo de
Bersten mostrou uma redução significativa no tempo de permanência na
unidade de terapia intensiva entre os pacientes tratados com CPAP
VARELA, 2006 têm descrito a utilização da fisioterapia respiratória,
comprovando sua eficácia e necessidade de aplicação para os pacientes que
necessitam de cuidados em Unidades de Terapia Intensiva, como mostra um
estudo embasado nos resultados observados após a fisioterapia respiratória
para prevenção de pneumonia associada ao ventilador, em 60 pacientes
intubados e ventilados mecanicamente por no mínimo 48 horas. Os pacientes
foram divididos em grupo controle, que não recebia. Fisioterapia e grupo de
intervenção, onde foram aplicadas as técnicas. Os resultados mostraram que a
25
pneumonia associada ao ventilador ocorreu em 39% do grupo controle e
apenas 8% no grupo de intervenção. (NTOUMENOPOULOS).
26
5.CONCLUSÃO
A importância que a fisioterapia ocupa hoje em vários âmbitos da saúde,
parece ser muito recente e, a inserção de ensaios clínicos randomizados é
ainda irrelevante, pois, há pouca evidência sobre os efeitos das intervenções
fisioterapêuticas. Embora ainda existam poucos estudos que comprovem a
eficácia da fisioterapia respiratória nas Unidades de Terapia Intensiva, sabe-se
que, quando bem empregada, traz resultados satisfatórios e contribuem muito
para a recuperação do paciente.
Ainda existe pouco investimento financeiro de pesquisa na área, assim
como baixo número de profissionais com titulação e formação específica para a
produção de evidências científicas claras e fortes. Esta revisão comprova que
se faz urgentemente necessária a produção de melhores e mais rigorosas
investigações acerca do trabalho da fisioterapia em Unidades de Terapia
Intensiva especialmente no que concerne as complicações pulmonares, tempo
de desmame e internação nas unidades, a fim de avaliar sua importância e
necessidade nas mesmas, objetivando o melhor tipo de serviço prestado ao
paciente gravemente enfermo, além da padronização e defesa da classe
profissional dentro das Unidades de Terapia Intensiva, a qual é diretamente
relacionada com a comprovação científica de sua efetividade.
27
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