ANDREW JACKSON DAVIS 1826 - 1910 Nasceu no dia 11 de agosto de 1826, nas margens do rio Hudson, nos Estados Unidos da América do Norte e desencarnou em 1910, com a idade de 84 anos. Davis foi o precursor americano do Espiritismo. Apesar de semi-analfabeto e além do mais "fraco de corpo e mentalmente pobre" como enfatiza Conan Doyle, ele foi o continuador da obra de Swedenborg, que passa a orientá-lo um século após ele mesmo haver desenvolvido suas potencialidades mediúnicas. Em 1844 Davis é arrebatado em transe mediúnico para as montanhas de Catskill, para receber instruções espirituais. Seus orientadores são: Galeno, o médico grego, e Swedenborg. Jackson Davis descendia de família humilde. Sua faculdade mediúnica desabrochou quando tinha apenas 17 anos. Primeiro, desenvolveu a audiência. Ouvia vozes que lhe davam bons conselhos. Depois, surgiu a clarividência, tendo notável visão, quando sua mãe morreu. Viu ele uma belíssima região muito brilhante, que supôs fosse o lugar para onde teria ido a sua mãe. Mais tarde, manifestou-se outra faculdade muito interessante e muito rara: a de ver e descrever o corpo humano, que se tornava transparente aos seus olhos espirituais. Dizia ele que cada órgão do corpo parecia claro e transparente, mas se tornava escuro quando apresentava enfermidade. Não é de se admirar que Davis descrevesse a constituição anatômica do ser humano, pois já Hipócrates, o pai da medicina, dizia: “A alma vê de olhos fechados as afecções sofridas pelo corpo”. Na tarde do dia 6 de março de 1844, deu-se, com Davis, um dos mais extraordinários fenômenos - o do transporte. Foi ele tomado por uma força estranha que o fez voar da cidade de Poughkeepsie a Catskill, cerca de quarenta milhas de distância. Naquela época não se sabia explicar esse fenômeno, porquanto os fatos dessa natureza ainda eram desconhecidos. Davis apresenta-se na história do Espiritismo como um poderoso elo mediúnico que sustenta a unidade do processo doutrinário. Era comum vê-lo discorrer em língua hebraica sobre questões de Geologia, Arqueologia, Mitologia e outros assuntos. Swedenborg, já no plano espiritual há um século aperfeiçoando-se, teve oportunidade de passar descrições e orientações mais detalhadas e precisas que as suas próprias, registradas em sua obra. O sueco vira o céu e o inferno, como Davis também vira e minuciosamente os decrevera. Mas a visão clara de Davis foi mais exata ao repassar a situação dos mortos e da verdadeira natureza do mundo espiritual com possibilidade de retorno. A série de livros de Davis, intitulada "Filosofia Harmônica" teve mais de 40 edições no Estados Unidos. A esta série seguiu-se, nos anos finais de sua vida, a das "Revelações Divinas da Natureza". Num dos seus livros, intitulado "Princípios da Natureza", Davis prevê o aparecimento do Espiritismo, como doutrina e prática mediúnica. Depois de acentuar que as comunicações espirituais se generalizarão, declara: "Não decorrer muito tempo para que essa verdade seja demonstrada de maneira viva. E o mundo saudar alegremente o alvorecer dessa era, enquanto o íntimo dos homens se abrir é para estabelecer a comunicação espiritual, como a desfrutam os habitantes de Marte, Júpiter e Saturno". Além dessas previsões, ele desenvolve a doutrina de Swedenborg, estendendo os seus princípios nos rumos da próxima codificação. O mundo espiritual se lhe apresenta com a mesma nitidez com que o vidente sueco o descrevia, e sujeito as mesmas leis de evolução que o Espiritismo afirmaria mais tarde. Davis foi o elo entre Swedenborg, as irmãs Fox e Kardec, desde que, quatro anos depois do seu encontro com Swedenborg, vemo-lo escrever no seu diário as anotações referentes à voz que lhe anuncia os fatos de Hydesville. A falta de visão de conjunto tem levado muitas pessoas a considerarem Davis como um caso à parte. Chegou-se mesmo a propor a tese da existência de um "espiritismo americano", iniciado por Davis, em oposição ao "espiritismo europeu" de Allan Kardec. Mas os fatos históricos e as ligações mediúnicas são de tal ordem, que todas essas proposições nasceram condenadas ao esquecimento. A unidade do processo histórico se evidencia nas poderosas ligações espirituais dos fatos mediúnicos. Davis é um elo, jamais um caso isolado, pois a humanidade é una, e a fase das revelações parciais já ficou muito para trás. Essa foi a grande importância de Davis. Continuar o trabalho já iniciado, com progressivas revelações, e deixar claro que é sendo ele apenas intermediário de tais ensinamentos, a sua condição de pessoa inculta não foi obstáculo para que de suas mãos brotassem a invulgar ciência, a preciosa filosofia e a refinada moral espírita. O contraste entre a condição humilde do médium em seu aspecto intelectual e a sua magnífica obra, elaborada opostamente ao seu acervo cultural, foi ainda um relevante ensinamento para os que possuem olhos de ver.