CONCEPÇÃO DOS PACIENTES DIABÉTICOS INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE PORTO VELHO – RO, SOBRE O DIABETES MELLITUS E AS COMPLICAÇÕES DO PÉ DIABÉTICO Pedro Augusto Paula do Carmo1 Paulo Faustino Mariano2 Francisco Tadeu Reis de Souza3 Andreia Regina Boff Lemos4 Vanderlei Ferreira dos Santos5 RESUMO O Diabetes mellitus (DM) doença crônico-degenerativa que vem afetando a população de forma crescente, constitui-se um importante problema de saúde pública, pois vem se destacando com índices elevados de morbimortalidade, principalmente em países em desenvolvimento. Com elevado risco de desenvolver complicações agudas ou crônicas, essa patologia está associada a maiores taxas de hospitalizações e necessidade de cuidados médicos. Os membros inferiores constituem uma das regiões do corpo mais vulneráveis em pessoas acometidas com DM, visto que as úlceras de pés e amputação de extremidades são as mais graves complicações do DM. Dessa forma, é importante identificar qual o grau de conhecimento das pessoas portadoras de DM, bem como o cuidado com as extremidades inferiores e a prevenção do pé diabético, buscando assim demonstrar o déficit no auto-cuidado do individuo acometido com a patologia e sua principal complicação. Para se chegar ao objetivo do estudo foi realizada uma pesquisa exploratório-descritiva de abordagem quantitativa através de um questionário com perguntas fechadas. Participaram da pesquisa 50 pacientes diabéticos, com idade entre 30 e 80 anos, assistidos no Serviço Assistencial Multidisciplinar Domiciliar vinculado ao Hospital e Pronto Socorro João Paulo II no município de Porto Velho – RO, durante os meses de agosto e setembro de 2014. Os resultados encontrados nessa pesquisa mostram que, mesmo os pacientes sendo conhecedores das medidas de autocuidado com os pés, apresentam condições insatisfatórias para o controle da doença e prevenção dos problemas com os pés e outras complicações decorrentes da patologia. Palavras Chave: Diabetes Mellitus; Pé diabético; Autocuidado. CONCEPCION OF DIABETIC PATIENTS ADMITTED TO A HOSPITAL IN PORTO VELHO - RO ABOUT DIABETES MELLITUS AND COMPLICATIONS OF DIABETIC FOOT ABSTRACT 1Mestrando em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás. em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás 3Mestrando em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás. 4Mestranda em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás. 5Mestrando em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás. 2Mestrando Diabetes mellitus (DM), chronic-degenerative disease that has been affecting the population increasingly, constitutes a major public health problem, as has been highlighted with high rates of morbidity and mortality, especially in developing countries. At high risk of developing acute or chronic complications, obesity is associated with higher rates of hospitalizations and need for medical care. The legs are one of the regions most vulnerable people affected by the body in DM, whereas foot ulcers and amputation of extremities are the most serious complications of diabetes. Thus, it is important to identify what degree of knowledge of people with DM people, and care for the lower extremities and prevention of diabetic foot, thus seeking to demonstrate deficits in self care Individuals affected with the disorder and its main complication. To reach the goal of the study, an exploratory-descriptive quantitative approach was conducted through a questionnaire with closed questions. Participated in the study 50 diabetic patients, aged between 30 and 80 years, assisted in Multidisciplinary Care Service home tied to the Hospital Emergency Room and John Paul II in the city of Porto Velho - RO, during the months of August and September 2014. The results found in this study show that even patients being knowledgeable self-care measures with their feet, have poor conditions for disease control and prevention of problems with the feet and other complications of the disease. KEY WORDS: Diabetes Mellitus, Diabetic foot, self-care. RESUMEN Lo diabetes mellitus (DM) enfermedad crónico-degenerativas que ha estado afectando a la población cada vez más, constituye un importante problema de salud pública, como se ha puesto de relieve con altas tasas de morbilidad y mortalidad, especialmente en los países en desarrollo. En alto riesgo de desarrollar complicaciones agudas o crónicas, esta enfermedad se asocia con mayores tasas de hospitalizaciones y necesidades médicas. Las extremidades inferiores es una de las zonas más vulnerables de la población del cuerpo que sufren de diabetes, como las úlceras y los fines de amputación del pie son las más graves complicaciones de la diabetes. Por lo tanto, es importante identificar el grado de conocimiento de las personas con DM, así como el cuidado de las extremidades inferiores y la prevención del pie diabético, buscando así demostrar el déficit de autocuidado de la persona afectada con la enfermedad y su principal complicación. Para alcanzar el objetivo del estudio de un estudio exploratorio y descriptivo con un enfoque cuantitativo se llevó a cabo a través de un cuestionario con preguntas cerradas. Los participantes fueron 50 pacientes diabéticos de entre 30 y 80 años, con la asistencia en el Servicio de Bienestar Multidisciplinario de Hogares vinculado al Hospital y la sala de emergencias Juan Pablo II en la ciudad de Porto Velho - RO, durante los meses de agosto y septiembre de 2014. Los resultados encontrado en esta investigación muestran que incluso los pacientes estar bien informado de las medidas de auto-cuidado con sus pies presentes condiciones insatisfactorias para el control de enfermedades y prevención de problemas en los pies y otras complicaciones de la enfermedad. PALABRAS CLAVE: Diabetes Mellitus, pie diabético, de autocuidado. INTRODUÇÃO O Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta a população de forma crescente, constituindo um grave problema de Saúde Pública, especialmente nos países em desenvolvimento. É definido como um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia decorrente da produção, secreção ou utilização deficientes de insulina (BARRETO et al, 2007). Destaca-se dentre as doenças crônico-degenerativas com índices elevados de morbimortalidade, o DM foi considerado no inicio do século XXI pela Declaração das Américas, uma pandemia, com estimativa de que chegasse a 45 milhões de casos até o ano de 2010. Para essa estimativa elevada levou-se em conta o envelhecimento demográfico da população e tendências relativas aos fatores de risco, relacionados com o processo de modernização dos países em desenvolvimento (PACE et al., 2012; ZAVALA e BRAVER, 2009). O diabetes mellitus é uma das principais causas de morbimortalidade em sociedades ocidentais. Sua prevalência aumenta com a idade, embora venha se tornando importante na adolescência, inclusive. Apesar de políticas mundiais como "Saúde para Todos" e reformas setoriais dos sistemas de saúde, o diabetes continua a representar um desafio para governos e sociedades, em razão da carga de sofrimento, incapacidade, perda de produtividade e morte prematura que provoca (ROSA, 2008. p. 1). A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que mais da metade das pessoas com DM desconhecem o seu diagnóstico, e que este frequentemente é feito tardiamente, aumentando as chances de complicações resultantes desta doença (GROSS et al., 2008; LOPES e OLIVEIRA, 2004). A estimativa do número de indivíduos com DM, para o ano 2000 nas Américas, foi de 35 milhões, sendo sua projeção de 64 milhões para o ano de 2025. Nos países desenvolvidos esse aumento ocorre nas faixas etárias mais avançadas devido ao aumento da expectativa de vida e crescimento populacional, já nos países em desenvolvimento esse aumento é observado em todas as faixas etárias, principalmente entre 45-64 anos (KING et al apud SARTORELLI e FRANCO, 2003). Pelo fato do diabetes estar associado a maiores taxas de hospitalizações, a maiores necessidades de cuidados médicos, a maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas de membros inferiores, pode-se prever a carga que isso representará para os sistemas de saúde dos países latino-americanos, a grande maioria ainda com grandes dificuldades no controle de doenças infecciosas (SARTORELLI e FRANCO, 2003). As despesas relacionadas ao DM não são conhecidas, pois as complicações dessa patologia, associadas às dificuldades de acesso aos cuidados de saúde para algumas populações, fazem com que a apuração dos esforços realizados no âmbito individual e social seja complicada. No entanto, pode-se afirmar que as despesas médicas dos pacientes diabéticos chegam a ser três a quatro vezes maiores que as constatadas com os pacientes que não são diabéticos (RUBIN et al apud ROSA, 2008). O impacto do DM sobre as sociedades é subestimado, uma vez que a maior parte dos custos relaciona-se com suas complicações, sendo que estas poderiam ser reduzidas e evitadas. Dependendo do país, pode gerar de 5% a 14% das despesas da assistência de saúde. Esta doença é considerada a sexta causa de internação hospitalar primária, contribuindo em 30% a 50% para outras patologias, como cardiopatia isquêmica, insuficiências cardíacas e renais, retinopatia diabética, colecistopatias, acidente vascular encefálico (AVE) e hipertensão arterial sistêmica (HAS). O DM é ainda responsável por 30% dos pacientes internados em Unidades Coronarianas em decorrência de precordialgias, sendo responsável pela quarta causa de morte no Brasil (GAMBA et al,2001; ASSUNÇÃO et al, 2011). Esta patologia está agregada ao aumento da mortalidade, devido ao elevado risco de desenvolvimento das complicações que podem ser agudas, como a hipoglicemia, cetoacidose diabética e hiperosmolar e as complicações crônicas que podem ser decorrentes de alterações na microcirculação, podendo levar a uma cardiopatia isquêmica, doença cerebrovascular, doença vascular periférica e neuropatias (SANTOS et al, 2008). Dentre as complicações crônicas, aquelas relacionadas com os pés, destacam-se, representando um estado fisiopatológico caracterizado pelo aparecimento de lesões que ocorrem como consequência de neuropatia em 80% - 90% dos casos, bem como doença vascular periférica e deformidade, denominadas pé diabético. As lesões são geralmente precipitadas por trauma e complica-se com a infecção, podendo terminar em amputação quando não iniciado um tratamento precoce e adequado. Essas complicações afetam a população com DM duas vezes mais que os indivíduos sem a doença. Aproximadamente 30% de indivíduos com 40 anos ou mais de idade apresentam esses agravos (DIAS et a., 2010; ANDRADE et al, 2010; PACE et al, 2007). Um passo fundamental para identificar fatores de risco é a avaliação podológica que se constitui em inspeção dermatológica, estrutural, circulatória e da sensibilidade tátil pressórica, além das condições higiênicas e características dos calçados. Estas ações se executadas pelos profissionais que atuam no nível primário da assistência, contribuem para diminuir o risco de morbidades e complicações nos pés dos portadores de diabetes (HERMELINDA, 2011). Cabe aos profissionais de saúde atenção na identificação das pessoas em risco para a DM e a intensificação das ações para promover o controle glicêmico, entre os já diagnosticados. Há necessidade de avaliação das extremidades dos diabéticos por parte dos profissionais de saúde, de forma minuciosa e com frequência regular, bem como desenvolvimento de atividades educativas para o seu autocuidado, envolvendo o paciente diabético, sua família e associado com um bom controle glicêmico (LOPES e OLIVEIRA, 2004; GAMBA, 2001). Como integrante da equipe interdisciplinar, o enfermeiro desempenha função importante nos diversos níveis de atenção a saúde, seja como agente cuidador e educador. Diante do exposto, fica clara a importância de se identificar o conhecimento das pessoas portadoras de Diabetes Mellitus sobre os cuidados com os pés e o e as práticas preventivas para evitar o pé diabético, pois essa complicação pode levar pessoas à invalidez, além de alto custo para o Sistema Saúde. O objetivo geral da pesquisa foi identificar a concepção das pessoas portadoras de Diabetes Mellitus sobre a doença e os cuidados com os pés. Os objetivos específicos foram: Caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes do estudo; Analisar o grau de conhecimento e compreensão dos entrevistados quanto ao diabetes mellitus e suas possíveis complicações e Identificar a prática de cuidados adequados, bem como a ocorrência de complicações decorrente de lesão em membros inferiores. A pesquisa foi baseada na elucidação da pergunta: qual a concepção das pessoas portadoras de diabetes melittus sobre a doenças e os cuidados como os pés. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa caracteriza-se por ser do tipo exploratório-descritiva de abordagem quantitativa. A população do estudo constituiu-se de pacientes diabéticos assistidos pelo Serviço Assistencial Multidisciplinar Domiciliar (SAMD) vinculado ao Hospital e Pronto Socorro João Paulo II no município de Porto Velho-RO. Participaram da amostra 50 pacientes. Os critérios de inclusão foram: ser diabético, ter idade entre 30 e 80 anos e aceitar participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de um questionário com perguntas fechadas nos períodos matutino e vespertino entre os meses de agosto e setembro do ano de 2014. O questionário de aplicação foi realizado após consentimento dos pacientes. RESULTADOS E DISCUSSÃO A população estudada foi composta por 50 pessoas, com prevalência do gênero feminino (62%), faixa etária entre 60-69 anos (36%), estado civil casado/a, união estável (54%), raça/cor parda (52%), baixa renda (46% com renda familiar de 01 salário mínimo) e baixa escolaridade (14% analfabetos e 64% ensino fundamental) (TABELA 1) Os achados que referem a faixa etária confirmam o padrão encontrado em outros estudos onde as mulheres também ultrapassam a quantidade de Homens. A predominância do sexo feminino no estudo pode está relacionado com a preocupação das mulheres com sua saúde, o que facilitaria o seu acesso ao diagnóstico do DM. Observouse também nessa variável que, nos grupos etários que compreendiam as idades acima de 60 anos, as mulheres também ultrapassam a quantidade de Homens, representando 36% da amostra, enquanto que os homens nessas mesmas faixas etárias representaram 22%. No total da amostra estudada, 58% tinha idade superior a 60 anos, comprovando a prevalência de DM entre os idosos. Resultados semelhantes sobre gênero e faixa etária foram encontrados em um estudo feito por Freitas e Neto (2010) no qual 56,8% da amostra eram do sexo feminino. Já um estudo feito por Siqueira-Batista e Gomes (2010) veio corroborar com os dados sobre a faixa etária acima dos 60 anos em relação ao sexo. Em seu estudo, o autor comprovou o padrão nacional de predominância do sexo feminino entre os idosos, onde mulheres idosas ultrapassam a quantidade de homens na mesma faixa etária. Já em pesquisas feitas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2002), os dados obtidos mostravam a prevalência do DM nos grupos etários acima dos 60 a 69 anos. Em relação ao estado civil, a maioria se declarou casado (a) ou em união estável 54%. Este fator é muito importante, visto que influencia na adesão ao tratamento e a hábitos mais saudáveis, pois a tendência é que um acompanhe a situação de saúde do outro, além do vinculo matrimonial ser importante na redução de sensação de solidão/abandono. E, apesar da proporção de pessoas casadas seja diferente para cada gênero, pôde-se afirmar que, tanto homens quanto mulheres estão menos sozinhos. Beltrame (2008) afirma que a proporção de pessoas casadas vem tendo um aumento significativo ao longo dos anos, principalmente entre as mulheres. TABELA 1 - Perfil sociodemográfico dos pacientes diabéticos assistidos pelo SAMD nos meses de agosto e setembro em um Hospital Público Estadual, segundo o sexo. Porto Velho – RO, 2014. SEXO MASCULINO FEMININO TOTAL FAIXA ETÁRIA N % N % N % 30-39 anos 2 4% 3 6% 5 10% 40-49 anos 2 4% 1 2% 3 6% 50-59 anos 4 8% 9 18% 13 26% 60-69 anos 5 10% 13 26% 18 36% 70-79 anos 6 12% 5 10% 11 22% 11 22% 16 28% 27 54% Divorciado (a) 2 4% 4 8% 6 12% Viúvo (a) 4 8% 5 10% 9 18% Solteiro (a) 2 4% 6 12% 8 16% Pardo 11 22% 15 30% 26 52% Negro 1 2% 8 16% 9 18% Branco 6 12% 6 12% 12 24% Outros 1 2% 2 4% 3 6% 01 salário 8 16% 15 30% 23 46% 02 salários 5 10% 10 20% 15 30% 03-05 salários 5 10% 2 4% 7 14% Mais de 05 salários 1 2% 4 8% 5 10% Analfabeto 3 6% 4 8% 7 14% Ensino Fundamental 12 24% 20 40% 32 64% Ensino Médio 4 8% 5 10% 9 18% ESTADO CIVIL Casado estável (a) / união RAÇA/COR RENDA FAMILIAR* ESCOLARIDADE Ensino Superior Total: - - 2 4% 2 4% 19 38% 31 62% 50 100% * dados referentes ao salário mínimo. Quanto à raça/cor, a predominância é a cor parda, com 52% dos entrevistados. Smeltzer et all. (2009) relatam que entre 1980 a 2002, a prevalência de diabetes combinada com a idade teve um aumento entre todos os grupos, independentemente de sexo ou raça. No entanto, a miscigenação brasileira deve ser levada em consideração para o fator raça/cor, o que pode dificultar a classificação genérica para o DM. A renda familiar majoritária evidenciada na amostra foi de 01 salário (46%) e 02 salários (30%) demonstrando a baixa renda dos entrevistados, além de ser um fator relevante para a não adesão ao tratamento medicamentoso e dietético, fato que pode comprometer as condições de saúde dos entrevistados. Em relação à escolaridade não foi considerado se o nível de escolaridade dos entrevistados era completo ou incompleto, sendo os mesmos indagados sobre o grau de escolaridade. Observou-se um baixo nível de compreensão cognitiva na amostra, indicando baixa capacidade de discernimento no alcance de informação e conscientização sobre o DM, fatores de risco e complicações da patologia. Todavia o grau de escolaridade não deve ser considerado como uma impossibilidade de adesão ao tratamento, devendo ser considerado as particularidades de casa caso e sua interação com o meio. Essa variável se assemelha ao achado de Torres et al (2011), onde a idade e o baixo nível de instrução dos indivíduos pode dificultar o acesso a informações, favorecendo a presença de complicações e dificultando o cuidado, o gerenciamento dos cuidados e o controle da doença. Dos 50 pacientes entrevistados, 38% tinham DM entre 06 e 10 anos e, 68% apresentavam concomitante hipertensão arterial, além de outros fatores de risco, como obesidade (28%), tabagismo (20%), etilismo (28%), história de DM na família (56%) e valores elevados de glicemia capilar (54%) (TABELA 2). Em pesquisa realizada por Silva e Carvalho (2010), foi identificado que 56% de seus pesquisados tinham até 10 anos de diagnóstico de Diabetes Mellitus o que autentica os dados da Tabela 2, na qual a soma dos dados sobre o tempo de detecção do DM foi de 68% para até 10 anos. Os resultados sobre os fatores de risco do DM são importantes, pois, podem influenciar em desdobramentos negativos do estado de saúde dos portadores da patologia levando a complicações severas e irreversíveis. TABELA 2: Características dos portadores de Diabetes mellitus assistidos no SAMD durante os meses de agosto e setembro de 2014. Porto Velho - RO. CARACTERÍSTICAS n % 0-5 15 30% 6-10 19 38% >11 13 26% Não soube responder 3 6% Total 50 100% Sim 34 68% Não 16 32% Sim 14 28% Não 36 72% Sim 10 20% Não 40 80% Sim 14 28% Não 36 72% Sim 28 56% Não 22 44% Tempo de detecção do DM (em anos) Tem Hipertensão Arterial Apresenta obesidade (de acordo com IMC*) Tabagismo Etilismo Diabetes na família Glicemia capilar elevada Sim 27 54% Não 23 46% *Índice de Massa Corporal. Sendo o DM a sexta maior causa de internação hospitalar, com percentuais elevados para internação por morbidades associadas, como cardiopatias, nefropatias, HAS e amputações decorrentes de ulcerações em membros inferiores, é necessário não só a percepção do paciente sobre as complicações que podem ser desenvolvidas, mas que este se sensibilize da importância da adoção de medidas que diminuam e/ou adiem os riscos agregados ao DM. A compreensão sobre a condição crônica de saúde é um processo contínuo, uma vez que a pessoa carece entender quais as mudanças devem ocorrer para enfrentar o seu cotidiano e obter qualidade de vida. O controle da DM somado a medidas preventivas e curativas podem prevenir ou adiar as complicações do DM, resultando em uma qualidade de vida melhor do indivíduo (FRANCIONI e SILVA, 2007; PAIVA et al apud GIL et al 2008). Sobre o conhecimento e a efetivação dos cuidados que devem ser tomados para prevenir problemas com os pés, questão que incitou a realização deste estudo, os achados da amostra foram que os pacientes entrevistados, em sua maioria, tinham ciência sobre os principais fatores que ajudam a prevenir o pé diabético (TABELA 3). TABELA 3 - Conhecimento dos pacientes diabéticos sobre os cuidados para prevenir problemas com os pés. SAMD, Porto Velho – RO, 2014. FATORES DE RISCO n % Calçados fechados 43 86% Calçados apertados 46 92% Andar descalço 26 52% Falta de higienização dos pés 36 72% Não inspeção diária dos pés 27 54% Corte inadequado das unhas 22 44% No entanto, mesmo compreendendo quais as práticas preventivas para evitar o desenvolvimento desse problema, muitos não realizavam o auto cuidado de forma adequada (TABELA 4), o que pôde ser observado na inspeção feita nos pés dos entrevistados, onde estes apresentavam algum fator de risco para desenvolver pé diabético e posterior amputação (TABELA 5). TABELA 4: Práticas preventivas adotadas para o autocuidado com os pés. SAMD, Porto Velho – RO, 2014. PRÁTICA PREVENTIVA % Faz uso de calçados adequados 56% Usa meias com os sapatos 56% Faz higienização diária dos pés 88% Faz hidratação diária da pele 52% Seca os pés após o banho 78% Faz exame diário dos pés (inspeção) 36% Usa meias adequadas 56% Os cuidados praticados para prevenção do pé diabético (TABELA 4) e os problemas observados nos membros inferiores dos entrevistados (TABELA 5) podem ser reflexo de uma possível dificuldade relacionada ao baixo nível de compreensão cognitiva e a baixa renda (TABELA 1), bem como agravamento do DM causado por seus fatores de risco (TABELA 2). Os resultados encontrados nessa pesquisa mostram que, mesmo os pacientes sendo conhecedores das medidas de autocuidado com os pés, apresentam condições insatisfatórias para o controle da doença e prevenção dos problemas com os pés e outras complicações decorrentes da patologia. TABELA 5: Problemas encontrados nas extremidades. SAMD, Porto Velho – RO, 2014. PROBLEMA Calosidade % 12% Rachadura 46% Movimentação diminuída das articulações 26% Dor 16% Ferida 26% Perda da sensibilidade 28% Ressecamento 48% Higiene insatisfatória 22% Deformidade em pés 12% Amputação 18% CONSIDERAÇÕES FINAIS O Diabetes Mellitus é um grave problema de saúde pública da atualidade no Brasil e o pé diabético uma complicação crônica devastadora responsável pela maioria das amputações não traumáticas. Sua importância é ratificada pelos esforços na divulgação da necessidade de atenção para o cuidado com os pés. Este estudo avaliou o nível de conhecimento do paciente diabético acerca dos cuidados com os pés, mostrando resultados que se contestam, pois mesmo reconhecendo quais as medidas de prevenção dessa complicação, muitos dos entrevistados não as praticam. Desta forma é imperativa a adoção de metodologias de abordagem e avaliação mais invasivas e objetivas por parte dos profissionais de saúde que prestam assistência ao paciente diabético, em todos os níveis de atenção. Medidas relacionadas ao auto cuidado, como a inspeção dos membros inferiores e educação em saúde, realizadas de forma periódica podem ajudar a conscientizar e sensibilizar o portador de DM a se apoderar das práticas preventivas do pé diabético, amputação e outras complicações. O (a) enfermeiro (a), sendo um profissional que atua junto ao diabético, principalmente na atenção primária, tem a possibilidade de implementar ações voltadas para o controle do pé diabético e subsequente redução das taxas de amputações de membros inferiores. REFERÊNCIAS ANDRADE, N.H.S; SASSO, M.K.D.D; FARIA, MARTINS, T.A; SANTOS, M.A; TEIXEIRA, CRUZ; ZANETTI, M.L. Pacientes com diabetes mellitus péd diabético em atenção primária a saúde. Rer Enferm UFRJ, vol 18, n 4, 22010. 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