CONCEPÇÃO DOS PACIENTES DIABÉTICOS INTERNADOS EM

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CONCEPÇÃO DOS PACIENTES DIABÉTICOS INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE
PORTO VELHO – RO, SOBRE O DIABETES MELLITUS E AS COMPLICAÇÕES DO PÉ
DIABÉTICO
Pedro Augusto Paula do Carmo1
Paulo Faustino Mariano2
Francisco Tadeu Reis de Souza3
Andreia Regina Boff Lemos4
Vanderlei Ferreira dos Santos5
RESUMO
O Diabetes mellitus (DM) doença crônico-degenerativa que vem afetando a população de
forma crescente, constitui-se um importante problema de saúde pública, pois vem se
destacando com índices elevados de morbimortalidade, principalmente em países em
desenvolvimento. Com elevado risco de desenvolver complicações agudas ou crônicas,
essa patologia está associada a maiores taxas de hospitalizações e necessidade de
cuidados médicos. Os membros inferiores constituem uma das regiões do corpo mais
vulneráveis em pessoas acometidas com DM, visto que as úlceras de pés e amputação
de extremidades são as mais graves complicações do DM. Dessa forma, é importante
identificar qual o grau de conhecimento das pessoas portadoras de DM, bem como o
cuidado com as extremidades inferiores e a prevenção do pé diabético, buscando assim
demonstrar o déficit no auto-cuidado do individuo acometido com a patologia e sua
principal complicação. Para se chegar ao objetivo do estudo foi realizada uma pesquisa
exploratório-descritiva de abordagem quantitativa através de um questionário com
perguntas fechadas. Participaram da pesquisa 50 pacientes diabéticos, com idade entre
30 e 80 anos, assistidos no Serviço Assistencial Multidisciplinar Domiciliar vinculado ao
Hospital e Pronto Socorro João Paulo II no município de Porto Velho – RO, durante os
meses de agosto e setembro de 2014. Os resultados encontrados nessa pesquisa
mostram que, mesmo os pacientes sendo conhecedores das medidas de autocuidado
com os pés, apresentam condições insatisfatórias para o controle da doença e prevenção
dos problemas com os pés e outras complicações decorrentes da patologia.
Palavras Chave: Diabetes Mellitus; Pé diabético; Autocuidado.
CONCEPCION OF DIABETIC PATIENTS ADMITTED TO A HOSPITAL IN PORTO
VELHO - RO ABOUT DIABETES MELLITUS AND COMPLICATIONS OF DIABETIC
FOOT
ABSTRACT
1Mestrando
em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás.
em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás
3Mestrando em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás.
4Mestranda em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás.
5Mestrando em Saúde e Tecnologia pela Faculdade Integrada de Goiás.
2Mestrando
Diabetes mellitus (DM), chronic-degenerative disease that has been affecting the
population increasingly, constitutes a major public health problem, as has been highlighted
with high rates of morbidity and mortality, especially in developing countries. At high risk of
developing acute or chronic complications, obesity is associated with higher rates of
hospitalizations and need for medical care. The legs are one of the regions most
vulnerable people affected by the body in DM, whereas foot ulcers and amputation of
extremities are the most serious complications of diabetes. Thus, it is important to identify
what degree of knowledge of people with DM people, and care for the lower extremities
and prevention of diabetic foot, thus seeking to demonstrate deficits in self care Individuals
affected with the disorder and its main complication. To reach the goal of the study, an
exploratory-descriptive quantitative approach was conducted through a questionnaire with
closed questions. Participated in the study 50 diabetic patients, aged between 30 and 80
years, assisted in Multidisciplinary Care Service home tied to the Hospital Emergency
Room and John Paul II in the city of Porto Velho - RO, during the months of August and
September 2014. The results found in this study show that even patients being
knowledgeable self-care measures with their feet, have poor conditions for disease control
and prevention of problems with the feet and other complications of the disease.
KEY WORDS: Diabetes Mellitus, Diabetic foot, self-care.
RESUMEN
Lo diabetes mellitus (DM) enfermedad crónico-degenerativas que ha estado afectando a
la población cada vez más, constituye un importante problema de salud pública, como se
ha puesto de relieve con altas tasas de morbilidad y mortalidad, especialmente en los
países en desarrollo. En alto riesgo de desarrollar complicaciones agudas o crónicas, esta
enfermedad se asocia con mayores tasas de hospitalizaciones y necesidades médicas.
Las extremidades inferiores es una de las zonas más vulnerables de la población del
cuerpo que sufren de diabetes, como las úlceras y los fines de amputación del pie son las
más graves complicaciones de la diabetes. Por lo tanto, es importante identificar el grado
de conocimiento de las personas con DM, así como el cuidado de las extremidades
inferiores y la prevención del pie diabético, buscando así demostrar el déficit de
autocuidado de la persona afectada con la enfermedad y su principal complicación. Para
alcanzar el objetivo del estudio de un estudio exploratorio y descriptivo con un enfoque
cuantitativo se llevó a cabo a través de un cuestionario con preguntas cerradas. Los
participantes fueron 50 pacientes diabéticos de entre 30 y 80 años, con la asistencia en el
Servicio de Bienestar Multidisciplinario de Hogares vinculado al Hospital y la sala de
emergencias Juan Pablo II en la ciudad de Porto Velho - RO, durante los meses de
agosto y septiembre de 2014. Los resultados encontrado en esta investigación muestran
que incluso los pacientes estar bien informado de las medidas de auto-cuidado con sus
pies presentes condiciones insatisfactorias para el control de enfermedades y prevención
de problemas en los pies y otras complicaciones de la enfermedad.
PALABRAS CLAVE: Diabetes Mellitus, pie diabético, de autocuidado.
INTRODUÇÃO
O Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta a população de forma
crescente, constituindo um grave problema de Saúde Pública, especialmente nos países
em desenvolvimento. É definido como um distúrbio metabólico caracterizado por
hiperglicemia decorrente da produção, secreção ou utilização deficientes de insulina
(BARRETO et al, 2007).
Destaca-se dentre as doenças crônico-degenerativas com índices elevados de
morbimortalidade, o DM foi considerado no inicio do século XXI pela Declaração das
Américas, uma pandemia, com estimativa de que chegasse a 45 milhões de casos até o
ano de 2010. Para essa estimativa elevada levou-se em conta o envelhecimento
demográfico da população e tendências relativas aos fatores de risco, relacionados com o
processo de modernização dos países em desenvolvimento (PACE et al., 2012; ZAVALA
e BRAVER, 2009).
O diabetes mellitus é uma das principais causas de morbimortalidade em
sociedades ocidentais. Sua prevalência aumenta com a idade, embora venha se
tornando importante na adolescência, inclusive. Apesar de políticas mundiais
como "Saúde para Todos" e reformas setoriais dos sistemas de saúde, o diabetes
continua a representar um desafio para governos e sociedades, em razão da
carga de sofrimento, incapacidade, perda de produtividade e morte prematura que
provoca (ROSA, 2008. p. 1).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que mais da metade das pessoas
com DM desconhecem o seu diagnóstico, e que este frequentemente é feito tardiamente,
aumentando as chances de complicações resultantes desta doença (GROSS et al., 2008;
LOPES e OLIVEIRA, 2004).
A estimativa do número de indivíduos com DM, para o ano 2000 nas Américas, foi
de 35 milhões, sendo sua projeção de 64 milhões para o ano de 2025. Nos países
desenvolvidos esse aumento ocorre nas faixas etárias mais avançadas devido ao
aumento da expectativa de vida e crescimento populacional, já nos países em
desenvolvimento esse aumento é observado em todas as faixas etárias, principalmente
entre 45-64 anos (KING et al apud SARTORELLI e FRANCO, 2003).
Pelo fato do diabetes estar associado a maiores taxas de hospitalizações, a maiores
necessidades de cuidados médicos, a maior incidência de doenças cardiovasculares e
cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas de
membros inferiores, pode-se prever a carga que isso representará para os sistemas de
saúde dos países latino-americanos, a grande maioria ainda com grandes dificuldades no
controle de doenças infecciosas (SARTORELLI e FRANCO, 2003).
As despesas relacionadas ao DM não são conhecidas, pois as complicações dessa
patologia, associadas às dificuldades de acesso aos cuidados de saúde para algumas
populações, fazem com que a apuração dos esforços realizados no âmbito individual e
social seja complicada. No entanto, pode-se afirmar que as despesas médicas dos
pacientes diabéticos chegam a ser três a quatro vezes maiores que as constatadas com
os pacientes que não são diabéticos (RUBIN et al apud ROSA, 2008).
O impacto do DM sobre as sociedades é subestimado, uma vez que a maior parte
dos custos relaciona-se com suas complicações, sendo que estas poderiam ser reduzidas
e evitadas. Dependendo do país, pode gerar de 5% a 14% das despesas da assistência
de saúde. Esta doença é considerada a sexta causa de internação hospitalar primária,
contribuindo em 30% a 50% para outras patologias, como cardiopatia isquêmica,
insuficiências cardíacas e renais, retinopatia diabética, colecistopatias, acidente vascular
encefálico (AVE) e hipertensão arterial sistêmica (HAS). O DM é ainda responsável por
30% dos pacientes internados em Unidades Coronarianas em decorrência de
precordialgias, sendo responsável pela quarta causa de morte no Brasil (GAMBA et
al,2001; ASSUNÇÃO et al, 2011).
Esta patologia está agregada ao aumento da mortalidade, devido ao elevado risco
de desenvolvimento das complicações que podem ser agudas, como a hipoglicemia,
cetoacidose diabética e hiperosmolar e as complicações crônicas que podem ser
decorrentes de alterações na microcirculação, podendo levar a uma cardiopatia
isquêmica, doença cerebrovascular, doença vascular periférica e neuropatias (SANTOS et
al, 2008).
Dentre as complicações crônicas, aquelas relacionadas com os pés, destacam-se,
representando um estado fisiopatológico caracterizado pelo aparecimento de lesões que
ocorrem como consequência de neuropatia em 80% - 90% dos casos, bem como doença
vascular periférica e deformidade, denominadas pé diabético. As lesões são geralmente
precipitadas por trauma e complica-se com a infecção, podendo terminar em amputação
quando não iniciado um tratamento precoce e adequado. Essas complicações afetam a
população com DM duas vezes mais que os indivíduos sem a doença. Aproximadamente
30% de indivíduos com 40 anos ou mais de idade apresentam esses agravos (DIAS et a.,
2010; ANDRADE et al, 2010; PACE et al, 2007).
Um passo fundamental para identificar fatores de risco é a avaliação podológica que
se constitui em inspeção dermatológica, estrutural, circulatória e da sensibilidade tátil
pressórica, além das condições higiênicas e características dos calçados. Estas ações se
executadas pelos profissionais que atuam no nível primário da assistência, contribuem
para diminuir o risco de morbidades e complicações nos pés dos portadores de diabetes
(HERMELINDA, 2011).
Cabe aos profissionais de saúde atenção na identificação das pessoas em risco
para a DM e a intensificação das ações para promover o controle glicêmico, entre os já
diagnosticados. Há necessidade de avaliação das extremidades dos diabéticos por parte
dos profissionais de saúde, de forma minuciosa e com frequência regular, bem como
desenvolvimento de atividades educativas para o seu autocuidado, envolvendo o paciente
diabético, sua família e associado com um bom controle glicêmico (LOPES e OLIVEIRA,
2004; GAMBA, 2001).
Como integrante da equipe interdisciplinar, o enfermeiro desempenha função
importante nos diversos níveis de atenção a saúde, seja como agente cuidador e
educador. Diante do exposto, fica clara a importância de se identificar o conhecimento das
pessoas portadoras de Diabetes Mellitus sobre os cuidados com os pés e o e as práticas
preventivas para evitar o pé diabético, pois essa complicação pode levar pessoas à
invalidez, além de alto custo para o Sistema Saúde.
O objetivo geral da pesquisa foi identificar a concepção das pessoas portadoras de
Diabetes Mellitus sobre a doença e os cuidados com os pés. Os objetivos específicos
foram: Caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes do estudo; Analisar o grau
de conhecimento e compreensão dos entrevistados quanto ao diabetes mellitus e suas
possíveis complicações e Identificar a prática de cuidados adequados, bem como a
ocorrência de complicações decorrente de lesão em membros inferiores. A pesquisa foi
baseada na elucidação da pergunta: qual a concepção das pessoas portadoras de
diabetes melittus sobre a doenças e os cuidados como os pés.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa caracteriza-se por ser do tipo exploratório-descritiva de abordagem
quantitativa. A população do estudo constituiu-se de pacientes diabéticos assistidos pelo
Serviço Assistencial Multidisciplinar Domiciliar (SAMD) vinculado ao Hospital e Pronto
Socorro João Paulo II no município de Porto Velho-RO. Participaram da amostra 50
pacientes. Os critérios de inclusão foram: ser diabético, ter idade entre 30 e 80 anos e
aceitar participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de um questionário
com perguntas fechadas nos períodos matutino e vespertino entre os meses de agosto e
setembro do ano de 2014. O questionário de aplicação foi realizado após consentimento
dos pacientes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população estudada foi composta por 50 pessoas, com prevalência do gênero
feminino (62%), faixa etária entre 60-69 anos (36%), estado civil casado/a, união estável
(54%), raça/cor parda (52%), baixa renda (46% com renda familiar de 01 salário mínimo)
e baixa escolaridade (14% analfabetos e 64% ensino fundamental) (TABELA 1)
Os achados que referem a faixa etária confirmam o padrão encontrado em outros
estudos onde as mulheres também ultrapassam a quantidade de Homens. A
predominância do sexo feminino no estudo pode está relacionado com a preocupação das
mulheres com sua saúde, o que facilitaria o seu acesso ao diagnóstico do DM. Observouse também nessa variável que, nos grupos etários que compreendiam as idades acima de
60 anos, as mulheres também ultrapassam a quantidade de Homens, representando 36%
da amostra, enquanto que os homens nessas mesmas faixas etárias representaram 22%.
No total da amostra estudada, 58% tinha idade superior a 60 anos, comprovando a
prevalência de DM entre os idosos.
Resultados semelhantes sobre gênero e faixa etária foram encontrados em um
estudo feito por Freitas e Neto (2010) no qual 56,8% da amostra eram do sexo feminino.
Já um estudo feito por Siqueira-Batista e Gomes (2010) veio corroborar com os dados
sobre a faixa etária acima dos 60 anos em relação ao sexo. Em seu estudo, o autor
comprovou o padrão nacional de predominância do sexo feminino entre os idosos, onde
mulheres idosas ultrapassam a quantidade de homens na mesma faixa etária. Já em
pesquisas feitas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2002), os dados obtidos
mostravam a prevalência do DM nos grupos etários acima dos 60 a 69 anos.
Em relação ao estado civil, a maioria se declarou casado (a) ou em união estável
54%. Este fator é muito importante, visto que influencia na adesão ao tratamento e a
hábitos mais saudáveis, pois a tendência é que um acompanhe a situação de saúde do
outro, além do vinculo matrimonial ser importante na redução de sensação de
solidão/abandono. E, apesar da proporção de pessoas casadas seja diferente para cada
gênero, pôde-se afirmar que, tanto homens quanto mulheres estão menos sozinhos.
Beltrame (2008) afirma que a proporção de pessoas casadas vem tendo um aumento
significativo ao longo dos anos, principalmente entre as mulheres.
TABELA 1 - Perfil sociodemográfico dos pacientes diabéticos assistidos pelo
SAMD nos meses de agosto e setembro em um Hospital Público Estadual,
segundo o sexo. Porto Velho – RO, 2014.
SEXO
MASCULINO
FEMININO
TOTAL
FAIXA ETÁRIA
N
%
N
%
N
%
30-39 anos
2
4%
3
6%
5
10%
40-49 anos
2
4%
1
2%
3
6%
50-59 anos
4
8%
9
18%
13
26%
60-69 anos
5
10%
13
26%
18
36%
70-79 anos
6
12%
5
10%
11
22%
11
22%
16
28%
27
54%
Divorciado (a)
2
4%
4
8%
6
12%
Viúvo (a)
4
8%
5
10%
9
18%
Solteiro (a)
2
4%
6
12%
8
16%
Pardo
11
22%
15
30%
26
52%
Negro
1
2%
8
16%
9
18%
Branco
6
12%
6
12%
12
24%
Outros
1
2%
2
4%
3
6%
01 salário
8
16%
15
30%
23
46%
02 salários
5
10%
10
20%
15
30%
03-05 salários
5
10%
2
4%
7
14%
Mais de 05 salários
1
2%
4
8%
5
10%
Analfabeto
3
6%
4
8%
7
14%
Ensino Fundamental
12
24%
20
40%
32
64%
Ensino Médio
4
8%
5
10%
9
18%
ESTADO CIVIL
Casado
estável
(a)
/
união
RAÇA/COR
RENDA FAMILIAR*
ESCOLARIDADE
Ensino Superior
Total:
-
-
2
4%
2
4%
19
38%
31
62%
50
100%
* dados referentes ao salário mínimo.
Quanto à raça/cor, a predominância é a cor parda, com 52% dos entrevistados.
Smeltzer et all. (2009) relatam que entre 1980 a 2002, a prevalência de diabetes
combinada com a idade teve um aumento entre todos os grupos, independentemente de
sexo ou raça. No entanto, a miscigenação brasileira deve ser levada em consideração
para o fator raça/cor, o que pode dificultar a classificação genérica para o DM.
A renda familiar majoritária evidenciada na amostra foi de 01 salário (46%) e 02
salários (30%) demonstrando a baixa renda dos entrevistados, além de ser um fator
relevante para a não adesão ao tratamento medicamentoso e dietético, fato que pode
comprometer as condições de saúde dos entrevistados.
Em relação à escolaridade não foi considerado se o nível de escolaridade dos
entrevistados era completo ou incompleto, sendo os mesmos indagados sobre o grau de
escolaridade. Observou-se um baixo nível de compreensão cognitiva na amostra,
indicando
baixa
capacidade
de
discernimento
no
alcance
de
informação
e
conscientização sobre o DM, fatores de risco e complicações da patologia. Todavia o grau
de escolaridade não deve ser considerado como uma impossibilidade de adesão ao
tratamento, devendo ser considerado as particularidades de casa caso e sua interação
com o meio. Essa variável se assemelha ao achado de Torres et al (2011), onde a idade e
o baixo nível de instrução dos indivíduos pode dificultar o acesso a informações,
favorecendo a presença de complicações e dificultando o cuidado, o gerenciamento dos
cuidados e o controle da doença.
Dos 50 pacientes entrevistados, 38% tinham DM entre 06 e 10 anos e, 68%
apresentavam concomitante hipertensão arterial, além de outros fatores de risco, como
obesidade (28%), tabagismo (20%), etilismo (28%), história de DM na família (56%) e
valores elevados de glicemia capilar (54%) (TABELA 2).
Em pesquisa realizada por Silva e Carvalho (2010), foi identificado que 56% de
seus pesquisados tinham até 10 anos de diagnóstico de Diabetes Mellitus o que autentica
os dados da Tabela 2, na qual a soma dos dados sobre o tempo de detecção do DM foi
de 68% para até 10 anos. Os resultados sobre os fatores de risco do DM são importantes,
pois, podem influenciar em desdobramentos negativos do estado de saúde dos
portadores da patologia levando a complicações severas e irreversíveis.
TABELA 2: Características dos portadores de Diabetes mellitus assistidos no
SAMD durante os meses de agosto e setembro de 2014. Porto Velho - RO.
CARACTERÍSTICAS
n
%
0-5
15
30%
6-10
19
38%
>11
13
26%
Não soube responder
3
6%
Total
50
100%
Sim
34
68%
Não
16
32%
Sim
14
28%
Não
36
72%
Sim
10
20%
Não
40
80%
Sim
14
28%
Não
36
72%
Sim
28
56%
Não
22
44%
Tempo de detecção do DM (em anos)
Tem Hipertensão Arterial
Apresenta obesidade (de acordo com IMC*)
Tabagismo
Etilismo
Diabetes na família
Glicemia capilar elevada
Sim
27
54%
Não
23
46%
*Índice de Massa Corporal.
Sendo o DM a sexta maior causa de internação hospitalar, com percentuais
elevados para internação por morbidades associadas, como cardiopatias, nefropatias,
HAS e amputações decorrentes de ulcerações em membros inferiores, é necessário não
só a percepção do paciente sobre as complicações que podem ser desenvolvidas, mas
que este se sensibilize da importância da adoção de medidas que diminuam e/ou adiem
os riscos agregados ao DM.
A compreensão sobre a condição crônica de saúde é um processo contínuo, uma
vez que a pessoa carece entender quais as mudanças devem ocorrer para enfrentar o
seu cotidiano e obter qualidade de vida. O controle da DM somado a medidas preventivas
e curativas podem prevenir ou adiar as complicações do DM, resultando em uma
qualidade de vida melhor do indivíduo (FRANCIONI e SILVA, 2007; PAIVA et al apud GIL
et al 2008).
Sobre o conhecimento e a efetivação dos cuidados que devem ser tomados para
prevenir problemas com os pés, questão que incitou a realização deste estudo, os
achados da amostra foram que os pacientes entrevistados, em sua maioria, tinham
ciência sobre os principais fatores que ajudam a prevenir o pé diabético (TABELA 3).
TABELA 3 - Conhecimento dos pacientes diabéticos sobre os cuidados para
prevenir problemas com os pés. SAMD, Porto Velho – RO, 2014.
FATORES DE RISCO
n
%
Calçados fechados
43
86%
Calçados apertados
46
92%
Andar descalço
26
52%
Falta de higienização dos pés
36
72%
Não inspeção diária dos pés
27
54%
Corte inadequado das unhas
22
44%
No entanto, mesmo compreendendo quais as práticas preventivas para evitar o
desenvolvimento desse problema, muitos não realizavam o auto cuidado de forma
adequada (TABELA 4), o que pôde ser observado na inspeção feita nos pés dos
entrevistados, onde estes apresentavam algum fator de risco para desenvolver pé
diabético e posterior amputação (TABELA 5).
TABELA 4: Práticas preventivas adotadas para o autocuidado com os pés. SAMD,
Porto Velho – RO, 2014.
PRÁTICA PREVENTIVA
%
Faz uso de calçados adequados
56%
Usa meias com os sapatos
56%
Faz higienização diária dos pés
88%
Faz hidratação diária da pele
52%
Seca os pés após o banho
78%
Faz exame diário dos pés (inspeção)
36%
Usa meias adequadas
56%
Os cuidados praticados para prevenção do pé diabético (TABELA 4) e os
problemas observados nos membros inferiores dos entrevistados (TABELA 5) podem ser
reflexo de uma possível dificuldade relacionada ao baixo nível de compreensão cognitiva
e a baixa renda (TABELA 1), bem como agravamento do DM causado por seus fatores de
risco (TABELA 2).
Os resultados encontrados nessa pesquisa mostram que, mesmo os pacientes
sendo conhecedores das medidas de autocuidado com os pés, apresentam condições
insatisfatórias para o controle da doença e prevenção dos problemas com os pés e outras
complicações decorrentes da patologia.
TABELA 5: Problemas encontrados nas extremidades. SAMD, Porto Velho – RO,
2014.
PROBLEMA
Calosidade
%
12%
Rachadura
46%
Movimentação diminuída das articulações
26%
Dor
16%
Ferida
26%
Perda da sensibilidade
28%
Ressecamento
48%
Higiene insatisfatória
22%
Deformidade em pés
12%
Amputação
18%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Diabetes Mellitus é um grave problema de saúde pública da atualidade no Brasil
e o pé diabético uma complicação crônica devastadora responsável pela maioria das
amputações não traumáticas. Sua importância é ratificada pelos esforços na divulgação
da necessidade de atenção para o cuidado com os pés. Este estudo avaliou o nível de
conhecimento do paciente diabético acerca dos cuidados com os pés, mostrando
resultados que se contestam, pois mesmo reconhecendo quais as medidas de prevenção
dessa complicação, muitos dos entrevistados não as praticam.
Desta forma é imperativa a adoção de metodologias de abordagem e avaliação
mais invasivas e objetivas por parte dos profissionais de saúde que prestam assistência
ao paciente diabético, em todos os níveis de atenção. Medidas relacionadas ao auto
cuidado, como a inspeção dos membros inferiores e educação em saúde, realizadas de
forma periódica podem ajudar a conscientizar e sensibilizar o portador de DM a se
apoderar das práticas preventivas do pé diabético, amputação e outras complicações.
O (a) enfermeiro (a), sendo um profissional que atua junto ao diabético,
principalmente na atenção primária, tem a possibilidade de implementar ações voltadas
para o controle do pé diabético e subsequente redução das taxas de amputações de
membros inferiores.
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