DISCURSO PROFERIDO DEPUTADO WILSON (PSDB/MT), NA PELO SANTOS SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, EM ...../....../...... Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, Levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais revela que 4.671 casas de professores servem de escola pelo Brasil. Deste total, 3.967 fazem parte da rede municipal. São 30 alunos atendidos em média por casa. Os professores, muitos sem formação específica, dão aula basicamente da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. O Nordeste é o campeão de casas que viraram escolas, com 3.517, seguido pelo Norte com 876. Depois, aparecem Sudeste (110), Sul (101) e Centro-Oeste (67). Esses dados mostram, Senhor Presidente, que não é por falta da boa vontade dos professores que o Brasil apresenta índices tão ruins na área educacional. É por falta de escolas mesmo, Senhor Presidente, e de melhores condições de trabalho para os professores. 1 É triste constatar também que o número de crianças e jovens entre 4 e 24 anos fora das escolas e pré-escolas ainda passa dos 23 milhões, conforme dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apesar de todos os esforços que têm sido feitos pela inclusão escolar dessa parcela da população. O censo do IBGE mostra ainda, Senhor Presidente, que da faixa etária entre 7 e 24 anos, que envolve ensino fundamental até o superior, há 60.842.667 pessoas, portanto praticamente 61 milhões de jovens e crianças. Destes, 19.363.765 estão fora da escola, sendo que 1.087.447 nunca pisaram em uma sala de aula. É lamentável, Senhor Presidente, que tenhamos tal contingente de pessoas sem perspectivas para o futuro, quanto a educação, boa colocação no mercado de trabalho, acesso aos bens culturais e cidadania. É o caso de perguntarmos o que os governantes têm feito para atingir essas pessoas e colocá-las todas imediatamente dentro das escolas, que é onde deveriam estar. Nunca seremos um país justo e equânime com essa vergonhosa realidade. Mas nossas desgraças não param por aqui, Senhor Presidente. O problema é bem maior, e tende a se agravar se algo não for feito logo. Qualquer professor sabe que quanto mais velha a criança vai ficando é maior a chance de ela sair da escola. Na faixa dos 7 aos 14 anos, apenas 5,47% (1.485.255) não vão para a aula, enquanto que a evasão de jovens entre 15 e 19 anos é de 33,58% ou 5.977.067. O dado mais chocante aparece na faixa dos que ultrapassam a maioridade até os 24 anos. Dos 15.912.707 nessa faixa 11.901.443 estão fora da escola, ou seja 74,79% de jovens entre 20 2 e 24 anos sem estudar. Essa parcela é problemática, pois é aí que se começa a trabalhar, ter filhos e estudar fica muito difícil. Resumindo, Senhor Presidente, os governantes devem atacar o problema da educação, preocupando-se principalmente com a educação infantil e com o ensino fundamental. Sobretudo elaborando programas de fixação da criança na escola para que o problema da evasão, da desistência e da repetência não se manifestem de maneira avassaladora nas faixas etárias mais avançadas. Infelizmente não estamos vendo essa preocupação, pois dos 13,3 milhões de crianças de 4 a 7 anos de idade cerca de 4,1 milhões (31%) estão fora da pré-escola pelos dados oficiais que são muito otimistas, a julgar pela quantidade de crianças que vemos nas esquinas, nas praças e nos semáforos das cidades. Várias vezes já ocupei esta tribuna, Senhor Presidente, para falar sobre a importância da pré-escola para nossas crianças. As crianças que freqüentam a pré-escola têm muito mais chances de fazer um ensino fundamental bem sucedido. Não podemos admitir que esse tão importante nível de ensino continue sendo desprezado pelas autoridades, de tal maneira que tenhamos no país mais de 4 milhões de crianças fora das escolas, sujeitas a diversos tipos de defasagens em relação às outras que têm o privilégio de estar matriculadas no pré-escolar. É por fatores como esse que quase todos os jornais desta semana estampavam a manchete: ANALFABETISMO CAI, MAS 25 MILHÕES AINDA NÃO SABEM LER E ESCREVER. A informação 3 também é do Censo Escolar de 2000 do IBGE que classifica a situação da educação nacional como realmente perversa. Temos de abordar ainda um outro problema que representa sérias dificuldades à educação no Brasil, além do analfabetismo: trata-se da defasagem na relação idade-série, principalmente depois dos 15 anos. Entre 15 e 17 anos, faixa em que o estudante deveria estar no ensino médio, o chamado 2º grau, mais da metade (55%) ainda se encontra no fundamental. Aqueles que estão entre 18 e 19 anos, idades em que o aluno deveria estar no prévestibular ou graduação, 49% (1.756.583) estão no ensino médio, 34% no fundamental e somente 17% se encontram no curso superior ou é vestibulando. Outro detalhe triste nesta faixa etária é que apenas 50% ainda estão estudando. Outro problema, Senhor Presidente, é que o brasileiro permanece menos tempo que o necessário nas escolas. Enquanto o mínimo exigido na educação básica que envolve o ensino fundamental e o médio é de 11 anos, o estudante brasileiro só fica, em média, de 4 a 7 anos na escola. É realmente muito pouco tempo de escolaridade. Nós estamos vendo, Senhor Presidente, que o MEC, na pessoa do ministro Cristovam Buarque está trabalhando para a solução desses problemas educacionais. É preciso envidar ações para a ampliação da oferta, para construção, recuperação e melhoria da escola pública e para valorização do professor, tais como: apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino e elaboração e distribuição de material didático. Todos são programas importantes e 4 necessários. Só não podemos esquecer que quanto mais cedo investirmos na fixação, na permanência das crianças desde os 4 anos na escola é que teremos sucesso na luta pela formação educacional de nossa população. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Sala das Sessões, em de dezembro de 2003. Deputado WILSON SANTOS PSDB/MT 5