Sistematização dos conteúdos do 1° e 2° bimentre Ano: 8° Ano EF II Disciplina: Língua Portuguesa/Criação Professor: Renata Data: 2014 Recordemos um pouco nossas aulas como forma de visualizar a relação entre Literatura e outras disciplinas como História e Geografia: Num primeiro momento a partir da leitura do poema de Carlos Drummond de Andrade nos aproximamos do tema “O homem, as viagens” para refletir entre outras coisas sobre o sentido das viagens e descobertas levando em conta a relação que os homens estabelecem entre eles e com os lugares. Em seguida iniciamos a leitura das crônicas de Cecília Meireles nos sensibilizando para alguns aspectos de seus registros de viagem. Esse momento foi significativo para a nossa aproximação com o tema da percepção do viajante e das diferenças entre povos e culturas tematizada na crônica “Oriente- Ocidente”. A segunda crônica lida “Roma, turistas e viajantes” retoma o tema da percepção do viajante. Por meio da oposição entre dois tipos de posturas identificadas ao turista e ao viajante, a crônica nos provoca a uma reflexão sobre uma forma de relação diferenciada com a temporalidade, sobre a importância do contato com diferentes sociabilidades, sobre a experiência de aprendizagem que esse contato possibilita. A leitura da crônica “Uma remota aldeia”, por sua vez, foi o ponto de partida para um exercício de observação e descrição de lugares registrando detalhes que fizessem referência à história do lugar que vocês escolheram para observar e descrever. A partir desse exercício realizamos uma breve discussão sobre diferentes escalas de tempo e espaço, buscando refletir sobre a forma de olhar que atribui importância aos lugares. Ao compartilharmos as estratégias utilizadas na elaboração do exercício foi possível pensar que a partir da observação e do registro dos lugares podemos reconhecer uma dimensão histórica, mesmo em lugares que aparentemente não são considerados “históricos”. A partir da leitura da crônica “Onde estamos?” retomamos um pouco a discussão sobre a percepção dos lugares refletindo sobre como os habitantes de um determinado lugar representam os caminhos que eles fazem cotidianamente. Colocando-nos no lugar de alguém que é de fora do lugar buscamos pensar em como as referências que utilizamos para nos situar no espaço variam conforme esse diálogo. Com base na mesma crônica fizemos um exercício que propunha a elaboração de um mapa “subjetivo”, representando um trajeto que cada um faz cotidianamente, situando esse trajeto a partir de pontos de partida e chegada definidos e trazendo referência de experiências vividas em alguns pontos desse trajeto. Nas últimas aulas discutimos o contexto dos relatos de viagem do “descobrimento” de novas terras. A partir de um olhar sobre esses relatos dos viajantes dos primeiros séculos de colonização pudemos refletir sobre o ponto de vista dos colonizadores na relação com outros povos e culturas. Por meio dessa reflexão foi possível retomar o tema da percepção do viajante da forma como ela é apresentada no livro de Cecília Meireles. Como exemplo dos relatos de viagem do descobrimento, realizamos a leitura de um trecho de “História da província de Santa Cruz” do cronista Pêro de Magalhães de Gândavo. A partir dessa leitura foi possível discutir as diferenças entre o contexto desses relatos de viagem e o contexto em que escreveu Cecília Meirelles, principalmente em relação ao ponto de vista da autora que nos faz refletir sobre a diferença entre povos e culturas. Em relação a essas leituras discutimos a importância dos conhecimentos histórico e geográfico para compreender as crônicas de viagens: 1. Colonização 2. Sistema colonial 3. Viagens de descobrimento 4. Lugar de referência de onde partem as viagens: países da Europa: França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Holanda. 5. Visão de que o homem branco ocidental era superior aos povos com os quais entrava em contato na busca de riquezas, de mercadorias que proporcionavam um comércio vantajoso, posição desses países para acessar o oceano. 6. Rotas de comércio. 7. O contato com a África e a Índia é anterior ao contato com a América, proximidade geográfica. 8. Contato com diferentes povos que foram chamados de Índio no brasil, contato com os negros (aspectos físicos diferentes dos Europeus) 9. Os costumes e tradições somados aos aspectos físicos serviram de justificativa para a submissão, desses povos, dominação do território, exploração do trabalho, escravização. 10.Os costumes desses povos eram descritos a partir do ponto de vista dos viajantes que se “aventuraram” na descoberta e exploração das riquezas das novas terras 11.A imagem que se consagrou desses povos foi aquela que os representavam como um povo de raça inferior, bárbaro, selvagem, menos evoluídos 12.As crônicas de Cecília questionam a imagem deturpada desses povos e denuncia o ponto de vista etnocêntrico que o consagrou Crônicas lidas relacionadas: “Oriente-Ocidente” “Roma, Turistas e viajantes” “Entre o relógio e o mapa” “Quando o viajante se transforma em turista” Por meio da leitura das crônicas de Cecília Meirelles, tivemos uma aproximação com diferentes práticas de cronistas em diferentes momentos históricos. O passo seguinte foi a aproximação com outras práticas de cronistas que tratam de temas do cotidiano e da vida social, a relação entre crônica e notícia, o que elas tem em comum e em que elas se diferenciam. Discutimos algumas características do gênero crônica: A palavra crônica vem da palavra grega Khronica, de Khronos, que significa “tempo”. Há alguns séculos a palavra deu nome a uma forma de registrar por escrito os fatos históricos e por muito tempo foi utilizada dessa maneira. Pero Vaz de Caminha, assim como Pêro de Magalhães de Gândavo, era chamado de cronista, pois tinha a tarefa de registrar o que acontecia ao longo das viagens realizadas na época dos “descobrimentos”. Atualmente grande parte das crônicas é de narrativa de ficção, literárias, baseadas em fatos do cotidiano. Essas crônicas são escritas em linguagem simples espontânea, ou seja coloquial, entre a linguagem oral e a literária. Sua principal característica é tratar de assuntos cotidianos de um modo que chame atenção do leitor para aspectos que passam desapercebidos e que são importantes para formar uma opinião. Por isso geralmente os escritores recorrem a um tom provocativo, humorístico, polêmico para que o leitor perceba de um modo diferente um determinado acontecimento ou situação. Apesar de tratar de assuntos cotidianos relacionados à vida social a crônica é diferente de uma notícia, pois seu principal objetivo não é informar, mas avaliar criticamente os as informações, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista de um ângulo singular. Uma das suas principais características, portanto, é ser subjetiva, ou seja, expressar o ponto de vista do autor. Por isso é comum que os cronistas utilizem recursos como o humor e a ironia, a construção de diálogos, inspirados em cenas do cotidiano ou dados que poderiam ser encontrados em uma notícia. O efeito de humor depende da compreensão do contexto, exige por isso uma leitura atenta para que se perceba as inversões de sentido que esse humor provoca. Também a compreensão da ironia depende dessa leitura atenta, uma vez que a ironia consiste justamente em dizer o contrário do que se pretende dizer, questionando certo tipo de pensamento com o intuito de chamar atenção para a incoerência de um discurso, ou de uma ação, para ridicularizar certa situação. Nossa avaliação será a análise de uma crônica e para isso, é importante a releitura das crônicas estudadas, leitura de outras crônicas do livro “Para Gostar de ler v. 4” e o estudo das principais características desse tipo de crônica.