 
                                Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira Sindrome do Desfiladeiro Torácico Karla Adryana Diniz Meireles Coordenadora da Clínica MEDFISIO em Fortaleza-CE. É a disfunção do membro superior resultando na compressão do feixe neurovascular: plexo braquial, artéria e veia subclávia, quando estas estruturas passam pelo desfiladeiro torácico. Desfiladeiro Torácico – localizado na região cervical, formado pela clavícula, 1 costela torácica, escaleno anterior, médio e diversas fascias fibrosas. Plexo Braquial O Plexo Braquial é formado por raízes cervicais C5, C6, C7, C8 e T1. As raízes C5 e C6 unem-se para formar o tronco superior do plexo braquial. A raiz C7 forma o tronco médio do plexo braquial. As raízes C8 e T1 unem-se para formar o tronco inferior do plexo braquial. Os troncos superior, médio e inferior se dividem em ramos anterior posterior Artéria Subclávia A artéria subclávia E nasce diretamente do arco aórtico. A artéria subclávia D se origina do tronco baquiocefálico, que é um ramo do arco aórtico. Ela se inicia atrás da articulação esterno-clavicular, abaixo e posterior ao ponto de inserção do escaleno anterior, passando até a axila. Neste trajeto a artéria fica angulada em dois pontos:  Sobre a 1 costela torácica  Atrás do tendão do músculo escaleno anterior. É IMPORTANTE AFIRMAR QUE A ARTÉRIA SUBCLÁVIA PODE SE ENCONTRAR ESTENOSADA DE MODO PERMANENTE QUANDO PASSA ENTRE OS MÚSCULOS ESCALENOS, O QUE JUSTIFICA NA MESMA PATOLOGIA POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES VASCULARES PERIFÉRICAS DO MEMBRO SUPERIOR. Causa de origem não Ocupacionais  Lesões abertas: traumatismos por arma, explosão ou outros objetos perfurantes, lesões do plexo por procedimentos cirúrgicos da região torácica.  Lesões fechada: contusões na região do plexo (acidentes desportivos, paralisia por mochila.  Lesões secundária a outra patologia: seqüela de fratura de clavícula ou primeira costela torácica. Pode ocorrer pela mesma força que produziu o traumatismo ou estar associada ao calo ósseo excessivo que pode reduzir o espaço costoclavicular e predispor à aparição tardia de uma compressão nervosa.  Lesões por tração: paralisias obstétricas, traumatismos cervical e de ombro pósacidente automobilístico, paralisias pós- anestésicas devido à distensão ou compressão do plexo durante a cirurgia (má postura mo membro em posições de extremas de abdução e rotação, durante períodos prolongados na cirurgia.  Alterações anatômicas: inclinação da primeira costela, que causam diminuição do espaço no forame escaleno anterior durante a passagem do plexo braquial e artéria subclávia.  Aumento de fascias fibrosas localizadas entre os músculos escalenos e por toda extensão do desfiladeiro torácico levam à uma irritação do plexo braquial.  Anomalias ósseas: costela cervical ou união cérvico-torácica que incluem a primeira costela torácica (ambas podem levar a alterações neurológicas ou vasculares. A prática diária demonstra que a presença de costela cervical ao RX não é sinal de síndrome do desfiladeiro torácico, é necessário que exista o esforço repetitivo para que ela desencadeie os sintomas. Causas de origem Ocupacional A síndrome chamada de hiperabdução está intimamente relacionada a atividades que exijam longos períodos com os braços elevados acima dos ombros abduzidos e empregando força. Nestas situações, o eixo neurovascular pode ser comprimido na axila sobre o tendão do peitoral menor e o processo coracóide, com sintomas de dor, parestesia e adormecimento nas mãos. Além disto, o plexo braquial e a artéria subclávia podem também ser comprimidas quando passam pelos músculos escalenos anterior, médio e a primeira costela, devido a movimentos repetitivos, posturas inadequadas no trabalho e/ ou trabalho que exija esforço para carregar peso. Avaliação  Inspecionar a posição e a postura ocupada pelo membro superior ou ombro ao entrar no consultório Investigar  Queixa principal ?: Dor aguda ou crônica e o Local aumenta ou diminui com o movimento/repouso (que movimentos)  Causa: ocupação (tipo e como é realizada), má postura, movimentos repetitivos Sinais e sintomas: Sintomas neurológicos (90%): inicialmente dor difusa que pode irradiar da coluna cervical para o braço e mão, sensação de peso que também se irradia da região subclávia e ombro para todo membro superior, hiperestesias são migratórias e parestesias principalmente no bordo interno do braço, antebraço, metade cubital da mão e 4 o e 5o dedos. Trigger points na cintura escapular. Sintomas vasculares (10%): edema (congestão venosa), alteração da coloração da mão de acordo com a posição, mão pode ficar pálida e cianótica quando elevada, fria e adormecida e rígida, o antebraço dor difusa. Estas queixas são agravadas pelo exercício ou quando o membro está frio, e melhorem com o calor. A sintomatologia neurovascular depende da freqüência e do grau de duração da compressão da artéria subclávia e/ou plexo braquial. A sintomatologia neurológica inicia com os transtornos sensitivos e posteriormente aparecem os motores (hipotrofia e diminuição de força muscular). Os transtornos vasomoters e as alterações tróficas acometem mais o lado radial e os dedos indicador e polegar. Situações que agravam os sintomas neurológicos:  Água e ambiente frio;  Transporte de objetos pesados;  Tração sobre o braço ou ombro;  Posturas inadequadas;  Hiperabdução do membro superior. Exame Físico  Palpação: localizar Trigger Points;  Teste de Adson;  Teste de Ross;  Teste de Wright:  Compressão costo clavicular;  Contraturas musculares  Diminuição de força (casos avançados);  Hipotrofia muscular dos intrínsecos da mão (casos avançados). Testes específicos C5  Reflexo: bicipital;  Sensibilidade: região lateral do braço;  Motor (bíceps e deltóide): V do cotovelo c/ supinação, abdução;  Deltoíde (n. axilar) e bíceps (n. músculo cutâneo) C6  Reflexo: braquio-radial;  Sensibilidade: região lateral do antebraço, polegar e indicador;  Motor (bíceps e extensores de punho): V do cotovelo, / punho;  Extensor radial longo e curto do carpo, extensor ulnar do carpo (n. radial) e bíceps (n. músculo cutâneo); C7  Reflexo: tricipital;  Sensibilidade: dedo médio;  Motor (tríceps, V de punho, / de dedos): / cotovelo, V punho, / dedos;  Tríceps (n. radial), V radial do carpo (n. mediano) e ulnar do carpo (n. ulnar), / comum dos dedos e do mínimo, / próprio do índex (n. mediano); C8  Reflexo: Æ  Sensibilidade: anular e médio;  Motor (V dedos): V dedos;  Flexor superficiais dos dedos (n. mediano), flexor profundo dedos (n. ulnar e radial) T1  Reflexo: Æ  Sensibilidade: região medial do braço;  Motor (abdutor dedos): abdução dedos;  Interósseos dorsais e abdutor do 5° dedo (n. braquial-cutâneo); Exames Complementares  Eletromiografia (estudo de condução nervosa);  Rx coluna cervical e ombro;  Eco-Dopler da artéria subclávia;  Provas laboratoriais. Diagnóstico Diferencial  Hérnia de disco cervical;  Patologia cervical degenerativa;  Patologias do ombro (lesão do manguito rotador);  Outras síndromes compressivas do membro superior;  Tumores expansivos do ápice pulmonar. Tratamento Médico Depende da identificação da causa da compressão neurológica ou vascular. Conservador  Repouso da atividade que determinou o aparecimento da SDT;  Analgesia adequada (corticóide quando indicado);  Vitamina B6 por período prolongado (indicado para tratar a neurite que se instala pela compressão); Cirúrgico  Via supra-clavicular (escalenectomia anterior);  Via axilar (ressecção da primeira costela): em casos de costela cervical. Não é raro retorno da sintomatologia no período pós- operatório, podendo existir mais de um local de compressão ao longo do desfiladeiro torácico. O tratamento conservador correto tem que ser realizado por no mínimo 6 meses para optar pela cirurgia. Tratamento Fisioterápico  Medidas analgésicas: TENS para dor crônica ou contratura (1Hz/ 150us);  Calor profundo;  Alongamento escalenos, trapézios, elevador escapula;  Alongamento Neuromeníngeo: membro contralateral se não for possível o homolateral, Maitler;  Exercícios de fortalecimento cintura escapular: posteriormente;  Orientação: reeducação postural, no retorno do paciente a atividade anteriormente executada, é fundamental recolocá-lo em atividades que não exijam hiperabdução de membro superior ou fator desencadeante desta patologia. As alterações ergonômicas são instrumentos fundamentais para a prevenção e o tratamento das patologias desencadeadas pela L.E.R.