Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Nº 7381 Servuction Marketing de serviços Resumo: Neste trabalho temos como objectivo principal definir Servuction1, então para melhor compreender este conceito, desenvolvido por Eigler e Langeard (1991) surge a necessidade de explicar outras noções subjacentes a este, tais como: serviço, sistema de produção, Back-office e Front-office. Surge então a definição de Servuction e o modelo de Servuction que compreende uma parte visível, front-office, e uma parte invisível a quem usa o serviço, back-office que passo a explicar ao longo deste trabalho. Este trabalho é composto por uma segunda parte, um caso prático, onde escolhi analisar o banco Montepio e explicar o serviço bancário, serviço tipo 1, e a sua forma de organização interna. Palavras-Chave: Servuction, serviços, sistema de Produção, Back- office, Front-office Introdução: O Sistema de Servuction engrandece a especificidade do sistema de produção e comercialização dos serviços, em oposição ao dos produtos. O termo Servuction nasceu da necessidade de arranjar uma equivalência do termo “produção” para o processo de criação dos serviços. Assim, o serviço é o resultado de uma servuction/servucção, assim como o produto é o resultado de uma produção. O sistema de Servuction vem assinalar a existência de uma entidade que cobre mecanismos e processos singulares, tendo sinais comuns com os da 1 Ou “servucção”. Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 1 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Servuction Nº 7381 Marketing de serviços produção, mas especificamente ajustados à natureza dos serviços e ao comportamento característico dos clientes numa relação de serviço. É um conceito que nos mostra explicitamente a lógica particular do consumo dos serviços de forma a melhor dirigir a oferta assim como melhorar a eficácia do marketing. O facto do cliente ser simultaneamente o produtor e o consumidor do serviço, ou melhor, participante activo no sistema de Servuction, esta na base de muitas especificidades do marketing de serviços, podemos então dizer que é fundamental considerar o papel central do cliente na produção do serviço. Desta forma, Servuction é um neologismo apontado pelos franceses Eiglier e Langeard, e é o resultado dos termos “service” e “production”, o qual revela a precisão de encarar a produção de serviços com procedimentos específicos que diferem da produção de bens. Eiglier e Langeard definem Servuction da empresa de serviços como “a organização sistemática e coerente de todos os elementos físicos e humanos, incluídos no interface cliente-empresa, necessário para a realização de uma prestação de serviço, cujas características comerciais e níveis de qualidade foram pré-determinados.” Temos então que compreender que o sistema é constituído por elementos, os quais estão ligados entre si, este sistema funciona conforme uma finalidade e sendo fechado ou aberto, tem sempre uma fronteira. O funcionamento do servuction tende para um estado de equilíbrio. Diferenças entre o sistema de produção e o sistema de Servuction Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 2 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Servuction Nº 7381 Marketing de serviços No sistema de produção de bens tangíveis a fase de produção é distinta da fase de comercialização e o consumidor está ausente do processo de fabrico. Os consumidores do produto só têm contacto com ele nos pontos de venda, portanto não participam na sua produção. Já no sistema de produção de serviços, o serviço é formado durante a troca com o cliente e é o resultado de um conjunto de relações mútuas entre o cliente, o prestador de serviços e outros elementos que intervêm igualmente na prática de serviços. Há um interface entre os clientes e a organização prestadora, coincidindo a produção e o consumo no espaço e no tempo. O Modelo Servuction glorifica bem os factores que influenciam a experiência de Serviços. A comparação dos sistemas de produção de produtos e de serviços mostra-nos que os encontros dos Serviços são atingidos por mais elementos do que os encontros dos produtos. Este modelo patenteia que os clientes são parte integral do processo em questão, e a sua participação pode ser activa ou passiva. Os gestores e marketeers devem ter sempre em conta a natureza interactiva dos serviços. De uma maneira geral podemos dizer que Servuction é o sistema necessário a uma empresa para fabricar o serviço que ela própria coloca no mercado. Serviço Para Kotler2 o serviço é qualquer acto que uma parte possa oferecer a outra e que seja particularmente intangível e não resulte na propriedade de nada. A sua produção pode ou não estar enraizada a um produto físico. Segundo Lovelock3, a natureza do acto do serviço, tangível ou intangível, pode favorecer directamente as pessoas ou as coisas. Se for tangível, o acto 2 3 1998. 1983. Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 3 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Nº 7381 Servuction Marketing de serviços do serviço pode destinar-se ao bem físico das pessoas, como a saúde, os ginásios, entre outros, ou a bens e outras posses físicas, como por exemplo, transporte de carga e manutenção industrial. Se o acto do serviço for intangível, este favorece o espírito das pessoas, educação, teatros, cinemas ou permite posses intangíveis, como os bancos ou os seguros. “Um serviço é um processo, consistindo numa série de actividades mais ou menos tangíveis que, normalmente, mas não necessariamente sempre, ocorrem nas interacções entre o cliente e os funcionários de serviço e/ou recursos ou bens físicos e/ou sistemas do fornecedor de serviços e que são fornecidas como soluções para problemas do cliente”4 O serviço é condicionado por uma série de elementos, uns visíveis para os clientes e outros não. Os visíveis são: Suporte físico – é um elemento com grande potencial pois ajuda o cliente a recolher indícios tangíveis de algo que à partida é intangível, estes são os suportes fundamentais para a prestação do serviço, por exemplo: ambiente (decoração) e instrumentos necessários ao serviço (maquinas, balcões). Pessoal de contacto – colaboradores da empresa que lidam directamente com o cliente. Cliente – Consumidor dos benefícios que estão a ser oferecidos pela empresa, sem a sua necessidade e iniciativa de consumir, não haveria serviço propriamente dito, mas um serviço potencial. Outros clientes – presentes no momento de consumo do cliente (experiências compartilhada; a interacção entre o cliente e os outros clientes pode gerar resultados positivos, negativos ou neutros) Os não visíveis são: 4 Segundo Gronross Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 4 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Nº 7381 Servuction Marketing de serviços Back-office – é o sistema de organização interna, ou seja, todos os departamentos que apoiam a Servuction. No back-office temos o aprovisionamento e gestão, que fornece o apoio fundamental a um bom funcionamento do Front-Office (meio físico) em que qualquer serviço aposta, no prestador do serviço, no cliente e no serviço em si. De uma forma genérica, os serviços pertencem a tipos de consumo que só se desenvolvem quando as necessidades elementares estão satisfeitas, decorrendo particularmente do aumento do nível de vida. Desta maneira, a importância da sociedade de serviços não tem a mesma expressão em economias em diferentes graus de desenvolvimento. Caso Prático Para analisar o Servuction escolhi o serviço bancário Montepio, que tem como característica principal a prática do Mutualismo, o associativismo, a solidariedade e o humanismo, ou seja, aos fins mutualistas junta-se o objectivo de satisfazer as necessidades bancárias e financeiras dos seus Associados e Clientes, com uma série de produtos e serviços. Os serviços prestados pelo Montepio consistem numa combinação entre o Back-office e o Front-office, o que facilitam um serviço final de excelência para o cliente. Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 5 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Servuction Nº 7381 Marketing de serviços A parte não visível aos “olhos do cliente”, o Back-office, serve de apoio ao pessoal de contacto para as negociações com os mesmos. Este serviço é assegurado por pessoas mas sobretudo por computadores, que operam como arquivo de armazenamento de dados, e de resposta aos estímulos fornecidos pelos clientes. Já o Front-office, parte visível do serviço, é caracterizado como sendo todo o relacionamento do pessoal de contacto com o cliente, que de alguma forma está em contacto com o meio físico do banco quando existe prestação do serviço. No Montepio, a simplificação do seu nome (antigamente Montepio Geral, agora apenas Montepio) acrescenta valor à marca, tornando-a mais simples e potenciando a sua presença e notoriedade. Podemos considerar como mais importante, do seu Front-office, a combinação entre o nome, a cor e o logótipo. O azul marinho e o amarelo torrado juntos, fazem a combinação perfeita de vitalidade e proximidade da marca. O azul marinho transmite calma, é envolvente, estimulante, harmonioso e profundo. O que remete para o património histórico da marca, para a sua longevidade e para a permanente abertura deparada pelos largos horizontes. O mar como essencial à vida, contador de experiências do passado, e também generoso em projectos de futuro. O amarelo torrado transmite vivacidade, é radiante, contagiante, natural e energético. Esta cor abre a marca à adaptação de valores que fazem parte da sua missão, e a sua promessa de acompanhamento das pessoas ao longo das diversas fases do ciclo de vida. Como fonte de energia, trata-se de um importante motor para o crescimento, uma atitude que estará sempre presente na promessa do Montepio. Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 6 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Nº 7381 Servuction Marketing de serviços Quanto ao logótipo podemos dizer que o pelicano foi desde sempre o símbolo do Montepio. Na iconografia cristã, o pelicano é visto como símbolo do sacrifício de Jesus na Cruz. Mitologicamente, esta ave marinha sempre foi vista como o expoente máximo do altruísmo, retirando de si mesmo para dar aos seus filhotes. Os balcões Montepio aparecem com cores mais próximas e mais calorosas e com uma disposição física mais ampla, fomentando a relação entre as pessoas. Apresentam então uma imagem alegre e moderna. Tipo de serviço No caso da banca falamos de um serviço do tipo 1, uma vez que existem três intervenientes, o cliente, o prestador (bancário), e o serviço que é prestado. O prestador do serviço, é a pessoa que se encontra no front–office, e que atende e orienta o cliente quando entra na agência. É então a pessoa que presta o serviço procurado pelo cliente, tais como, créditos, seguros, empréstimos e poupanças. Durante a prestação do serviço o bancário está em constante ligação com o back-office que lhe dedica todo o apoio necessário à prestação do serviço, tais como o apoio informático, informações adicionais ao serviço prestado, entre outros. Conclusão Instituto Superior Miguel Torga Comunicação Empresarial Página 7 Joana Teixeira Pinto Martins Pimenta Nº 7381 Servuction Marketing de serviços Com a realização deste trabalho podemos afirmar que o sistema de Servuction ilustra os elementos que interferem numa experiência de serviços. A presença do cliente no processo de produção do serviço é o ponto de partida para algumas especificidades do marketing de serviços. A prestação de serviços tem sempre uma natureza interactiva e que o resultado final do serviço é condicionado por uma série de elementos que completam esses processos, que podem ser: visíveis e não visíveis ao cliente. Bibliografia EIGLIER, P. e LANGEARD, E. Servuction – A gestão de marketing de empresas de services, McGraw-hill, Lisboa. LINDON, D. LENDREVIE, J.LÉVY, J. DIONÍSIO, P. RODRIGUES, J. (2004) Mercator XIX, Dom Quixote, Lisboa LOVELOCK, C; VANDERMERWE, S; LEWIS, B. (1996) – Services Marketing – A European Perspective – Prentice Hall Europe HOFFMAN, K; BATESON (2006) Princípios de Marketing de Serviços: Conceitos, Estratégias e casos. Thomson , São Paulo COTA, Bruno Valverde (2006) – Manual de Marketing de Serviços,Lisboa SAIAS, Luís (2007) Marketing de Serviços. Qualidade e fidelização de clientes, Universidade Católica Editora, Lisboa. BADOC, M. (2002) Marketing Financeiro. Gestão de marketing para instituições financeiras. Edições Sílabo, Lisboa. 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