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Revista Eletrônica de Fisioterapia da FCT/UNESP, v.1, n.1, 2009
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DINAMOMETRIA DO GRUPO DORSIFLEXOR DO
TORNOZELO: ADAPTAÇÃO DA TÉCNICA
DYNAMOMETRY OF ANKLE FLEXOR DORSAL
MUSCULAR GROUP: METHOD ADAPTATION
MARCELA REGINA DE CAMARGO, ANDRÉA JEANNE LOURENÇO NOZABIELI, ALESSANDRA
REZENDE MARTINELLI, ALESSANDRA MADIA MANTOVANI, CRISTINA ELENA PRADO TELES
FREGONESI, CLAUDIA REGINA SGOBBI DE FARIA.
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - campus de Presidente Prudente
Correspondência para: Cristina Elena Prado Teles Fregonesi.
Laboratório de Estudos Clínicos em Fisioterapia – LECFisio.
Departamento de Fisioterapia. Rua Roberto Simonsen, 305.
Presidente Prudente – SP. CEP 19060-900. Tel.: (18) 3229-5365 Ramal 213.
Correio Eletrônico: [email protected]
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RESUMO
Introdução: Existem muitos estudos que validam a utilização do dinamômetro digital
portátil para a avaliação da força muscular isométrica do grupo dorsiflexor do tornozelo
das mais diferentes maneiras e com os mais diversos procedimentos. A grande maioria
dessas pesquisas utiliza um posicionamento que não é o mais reproduzido no cotidiano
das pessoas. Objetivo: Avaliar a força muscular isométrica dos dorsiflexores dos
tornozelos, a partir de um diferente posicionamento, e observar se os resultados dessa
avaliação são congruentes aos descritos na literatura. Metodologia: Foram avaliados
30 indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 51-72 anos. O sujeito foi
posicionado sentado sobre uma maca-divã com um dos membros inferiores em tríplice
flexão, apoiado em mesa mais baixa. Foi solicitada a realização de dorsiflexão do
tornozelo, resistida por um cabo de aço que fixou o pé sobre a mesa e transmitiu o valor
da força exercida a um dinamômetro digital portátil. Após coleta, os dados passaram
por análise de estatística descritiva, na qual foram distribuídos os valores médios de
força em relação ao gênero; idade e dominância. Resultados: De uma maneira geral,
os homens demonstraram maior força média que as mulheres; os valores médios da
força decresceram com a idade e o hemicorpo dominante foi, em média, mais forte que
o não-dominante. Conclusões: Apesar dos resultados terem sido semelhantes aos dos
estudos encontrados, os valores bruto e percentual da força muscular foi menor aos
descritos em literatura. Provavelmente esse fato ocorreu devido à diferente forma de
posicionamento do indivíduo no teste.
PALAVRAS-CHAVE: Articulação do Tornozelo, Contração Isométrica, Dinamômetro de
Força Muscular, Identidade de Gênero.
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ABSTRACT
Background: There are many studies that validate the digital portable dynamometer
use to assess ankle dorsal flexor group isometric muscle strength of many different
ways and with many different procedures. Most of these studies uses a position that is
not reproduced in the most people daily lives. Objectives: To evaluate the ankle
isometric dorsal flexors muscle strength from a different position and see if these results
are consistent with those described in literature. Methods: It was evaluated 30 healthy
subjects of both sexes and aged 51-72 years. The subject was positioned sitting on a
stretcher-bed with lower limb in triple flexion, supported by the lower table. It requested
the ankle dorsal flexion, resisted by a steel cable, which set the foot on the table and
sent the value of force applied to a portable digital dynamometer. After collection, the
data underwent analysis of descriptive statistics, which were distributed in the average
values of strength in relation to gender, age and dominance. Results: In general, men
have greater average strength than women, the average strength decreased with age
and dominant hemibody was on average stronger than the non-dominant. Conclusions:
Although the results were similar to the found studies, the muscle strength average and
percentage values were lower to those described in literature. Probably this happened
due to the different way of positioning the individual in the test.
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INTRODUÇÃO
A força muscular é a habilidade que um grupo muscular possui de exercer
tensão através de um esforço voluntário, isto é, a capacidade do tecido muscular em
gerar tensão de forma ativa. Para essa finalidade, os músculos devem se contrair, seja
para realizar um movimento ou simplesmente para manter os ossos alinhados visando
o equilíbrio postural. Este conceito ocupa um importante lugar no conhecimento
cinesiológico, tanto no campo avaliativo como terapêutico1,2.
Por ser uma ferramenta simples, objetiva e necessária na obtenção de
informações clínico-científicas, a avaliação da força muscular, muito descrita na
literatura, vem sendo realizada de diferentes maneiras e com as mais diversas técnicas.
Contudo, esses estudos apresentam em comum o fato de levarem em consideração
aspectos que podem interferir na capacidade de geração de força muscular. Em termos
gerais, esses aspectos englobam a idade; o gênero; a dominância e a presença de
fatores externos.
Em relação à idade, na fase adulta há uma diminuição progressiva da
disponibilidade de testosterona e hormônio do crescimento, que associada à redução
das taxas de síntese de proteínas musculares, contribui na diminuição da massa
muscular3. A manifestação desse declínio se inicia a partir de 25 a 30 anos e é
caracterizada pela diminuição da força máxima, perda de coordenação motora final e
decréscimo da flexibilidade em todas as articulações4,5.
O gênero é outra variável que influencia na quantidade de força que um
músculo pode exercer. Após revisão de literatura, Doherty6 concluiu que indivíduos do
sexo masculino tendem a serem mais fortes que os do sexo feminino em todas as
idades. De uma maneira geral, atribui o fato à diferença existente entre o volume de
massa muscular de homens e mulheres e conclui que fatores hormonais, nutricionais e
de atividade física colaboram, com uma menor participação.
Contribuem, ainda, no aperfeiçoamento do processo de geração de força, a
dominância lateral do indivíduo, isto é, a predileção pelo o uso de um dos hemicorpos.
Ainda não estão bem elucidadas quais as reais relações neuro-motoras para
preferência de um ou de outro lado do corpo, bem como, se essa é distinta para
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membros superiores e inferiores7, no entanto, muitos estudos observaram maior força
muscular no hemicorpo dominante8.
Em um âmbito geral, a necessidade de avaliação da força muscular ocorre,
entre outros fatores, porque a quantidade de força exercida por determinado músculo
reflete diretamente em seu desempenho motor global, uma vez que a atrofia e a
fraqueza muscular podem estar associadas aos déficits de equilíbrio e coordenação
motora9,10.
Em se tratando, especificamente, dos membros inferiores, os tornozelos e os
quadris desenvolvem estratégias para manter o equilíbrio durante as atividades do
cotidiano e são amplamente utilizados isometricamente 9. Para a avaliação da força
muscular isométrica da articulação do tornozelo, com o uso do dinamômetro portátil, a
grande maioria dos estudos posiciona o sujeito em decúbito dorsal e o teste é realizado
em toda a amplitude de movimento – da plantiflexão máxima à dorsiflexão máxima 11-14.
Todavia, considerando-se os fatores da correlação força x equilíbrio x coordenação,
anteriormente citados, o teste realizado em 90° de dorsiflexão seria mais adequado.
Isso porque, essa é a angulação do tornozelo preferida em postura bípede e é com
esse posicionamento que são realizadas grande parte das atividades do cotidiano15.
Assim sendo, o presente estudo teve por objetivo verificar se os resultados
da avaliação da força muscular isométrica do grupo dorsiflexor do tornozelo, mediante
um novo procedimento visando aproximar o posicionamento da avaliação ao ambiente
real do indivíduo, apresentam-se distintos dos encontrados em literatura, considerandose idade, gênero e dominância.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Sujeitos
Foram convidados a participar do estudo, 30 sujeitos de ambos os sexos,
com idade entre 51-72 anos escolhidos aleatoriamente no município de Presidente
Prudente e região. Todos os sujeitos tomaram ciência do estudo através da leitura de
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual concordaram em participar da
pesquisa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente
Prudente, sob parecer nº 251/2008.
Os critérios de exclusão foram presença de hipertensão arterial sistêmica
descompensada ou não-medicada, enfermidade ortopédica nos membros inferiores;
doença ou sequela de lesão neurológica; doença muscular ou neuro-muscular e índice
de massa corpórea (IMC) superior a 40 kg/m².
Equipamento
A avaliação da força muscular isométrica dos dorsiflexores de tornozelos foi
realizada com um dinamômetro digital portátil reversível, modelo DD-300 (Instrutherm®,
São Paulo, Brasil), que possui célula de carga desacoplada da unidade principal.
A célula de carga do dinamômetro foi fixada no andar inferior de uma
pequena mesa (0,30m de altura), composta de dois andares e presa ao solo. Um cabo
de aço, de cerca de 2,5m de comprimento, foi fixado, por uma de suas extremidades, à
célula de carga. Esse cabo seguiu em direção ao andar superior, transpassando-o e
retornando ao primeiro através de dois orifícios com 0,12m de distância entre si. A outra
extremidade do cabo foi presa, no primeiro andar, a uma catraca com manivela. Assim,
remanesceu no segundo andar da mesa, um “alça” ajustável via manivela e catraca
(Figura 1).
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Figura 1. Mesa confeccionada para coleta da força muscular isométrica do grupo
dorsiflexor de tornozelo.
Posicionamento
Ao indivíduo, foi solicitado que se sentasse sobre uma maca-divã (0,70m de
altura) com apoio isquiático sem se escorar à parede. Seu pé, protegido com uma
camada de borracha, foi posicionado sobre o segundo andar da mesa, sob a “alça” do
cabo de aço, de maneira a deixar toda a planta em contato com a superfície e
mantendo as articulações metatarsofalângicas entre os dois orifícios de passagem do
cabo. A manivela foi acionada e a alça foi ajustada perfeitamente sobre o pé do sujeito
de maneira a não permitir movimento. O indivíduo foi orientado a manter tanto a tríplice
flexão de 90° no membro inferior (mensurada por um goniômetro), quanto o
alinhamento dentro do plano sagital, evitando rotações (Figura 2).
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Figura 2. Posicionamento para a avaliação da força muscular isométrica do grupo
dorsiflexor do tornozelo. A seta em cinza indica a direção da força a ser executada;
medidas do mobiliário em metros (m) e dos ângulos articulares em graus (º).
Técnica
Foi explicado ao participante que não haveria movimento, pois esse seria
bloqueado pelo cabo de aço, sendo, ainda, demonstrado pelo pesquisador, o
movimento a ser realizado. Após ativar no dinamômetro e adequar o posicionamento
corporal, foi solicitado ao indivíduo realizar a dorsiflexão do tornozelo com o seguinte
comando: “Você irá manter seu calcanhar apoiado na superfície da mesa e fazer força
para tentar erguer a ponta do pé, não só os dedos, toda a ponta do pé”.
Durante a contração, não foi permitido que o participante impulsionasse o
tronco para trás, apoiasse os membros superiores contra a maca-divã ou realizasse
qualquer outro tipo de movimento compensatório. O procedimento foi repetido três
vezes em cada membro, visando diminuir o erro16, com um minuto de intervalo entre
eles17. O teste foi iniciado sempre no tornozelo dominante, com realização das três
contrações consecutivas no mesmo membro.
Análise Estatística
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Foi realizada análise descritiva dos dados utilizando-se medidas de
tendência central, como a média e a mediana, e medidas de dispersão, como o desviopadrão, a amplitude total e a distância interquartílica.
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RESULTADOS
Após coleta dos dados, os sujeitos foram distribuídos em dois grupos
segundo gênero: grupo feminino (GF) e grupo masculino (GM). Dentro de tais grupos,
os sujeitos foram subdivididos em duas classes: idade ≤ 65 anos e idade > 65 anos.
Essa distribuição pode ser observada na figura 3.
GF: Grupo Feminino; GM: Grupo Masculino.
Figura 3. Distribuição da amostra por grupo etário (anos) e por gênero.
Após análise estatística dos dados referentes ao perfil dos participantes do
estudo, obteve-se uma caracterização da amostra, a qual se encontra disposta na
tabela 1. Nota-se que o GF contou, em média, com indivíduos mais novos, de peso e
estatura menor, porém com IMC médio ligeiramente maior.
Tabela 1. Caracterização da amostra.
Grupo
Idade (anos)
Peso (kg)
Altura (m)
IMC (kg/m2)
Média (desvio-padrão)
Amplitude total
Feminino
Masculino
61,92(6,01)
67,31(3,55)
51-70
61-72
68,45(12,64)
77,31(13,72)
49,7-90,6
48,8-99,3
1,57(0,04)
1,71(0,06)
1,47-1,65
1,62-1,84
27,69(4,82)
26,36(4,51)
20,68-35,83
17,70-37,37
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Em relação à força muscular isométrica, foi realizada uma média das três
tentativas, obtendo-se um valor único para o tornozelo dominante e outro para o
tornozelo não-dominante de cada sujeito avaliado. Além disso, foi calculada a relação
entre a força do grupo dorsiflexor do tornozelo, bilateralmente, com a massa corpórea
em ambos os grupos. A média desses valores com o respectivo desvio-padrão e a
relação supracitada, em cada grupo, pode ser observada na tabela 2. O GM apresentou
força muscular, em média e em percentual em relação à massa corpórea, superior ao
do GF em ambos os tornozelos. Para ambos os grupos a média e o percentual em
relação à massa corpórea dos tornozelos dominantes foi maior que a média e esse
percentual dos não-dominantes.
Tabela 2. Média (desvio-padrão) da força muscular isométrica e percentual de força em
relação à massa corpórea, dos tornozelos dominantes e não-dominantes, para os GF e
GM.
Grupo
Muscular
GF
GM
Média (dp)
FM/MC (%)
Média (dp)
Média (dp)
FM/MC (%)
Média (dp)
DD (kg)
4,99(1,87)
9,48(2,81)
7,78(2,56)
11,86(2,53)
DnD (kg)
4,13(1,31)
7,30(1,98)
6,44(2,31)
10,11(2,91)
GF: Grupo Feminino; GM: Grupo Masculino; DD: Dorsiflexores dominantes; DnD:
Dorsiflexores não-dominantes; dp: desvio-padrão; FM/MC: Razão entre a força
muscular e a massa corpórea.
Em seguida, foi realizada uma distribuição dos resultados do teste de força,
utilizando mediana, distância interquartílica e amplitude total para confrontar o GF com
o GM. Os resultados dessa análise podem ser visto na figura 4. O comportamento dos
dados foram coerentes em relação às médias e desvios-padrão, com o GM
apresentando distribuição de força maior que o GF, em ambos os tornozelos, e com o
tornozelo dominante, mais forte, em distribuição, que o não dominante, em ambos os
grupos.
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GF: grupo feminino; GM: grupo masculino; D: tornozelo dominante; nD: tornozelo nãodominante.
Figura 4. Distribuição da força muscular do grupo dorsiflexor de ambos os tornozelo por
gênero.
Finalmente, foi realizada a média e respectivo desvio-padrão para as classes
de idade dentro de cada grupo (Figura 5). Em ambos os gêneros a força muscular
média diminuiu na classe mais idosa.
GF: grupo feminino; GM: grupo masculino.
Figura 5. Média e desvio-padrão da força muscular em relação à idade em ambos os
grupos.
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DISCUSSÃO
Os grupos do estudo foram, propositalmente, divididos em homens e
mulheres, pois se sabe que existem diferenças em relação à fisiologia, desde antes da
puberdade, até a vida adulta. Especificamente, os homens possuem maior massa
muscular em termos absolutos e relativos (por peso corporal total), enquanto que
mulheres possuem maior percentual de gordura corporal18. Assim sendo, no presente
estudo, o fato do GF ter apresentado maior IMC médio que o GM pode ser atribuída a
uma possível concentração de tecido adiposo, frequentemente maior em mulheres.
Neste estudo, verificou-se que o GM apresentou força muscular, em média e
em percentual em relação à massa corpórea, superior ao do GF, em ambos os
tornozelos. É muito expressiva, se não unanimidade nas pesquisadas encontradas, que
os indivíduos do sexo masculino apresentam maior força nos mais diversos músculos
que os do sexo feminino, corroborando com os presentes achados. Apesar da
composição de fibras musculares serem semelhante em homens e mulheres, o volume
de cada fibra, seja do tipo I ou II, é maior nos homens. Estas características conferem
maior potência e força muscular aos homens19,20.
Observou-se, também, que em ambos os grupos, a média e o percentual em
relação à massa corpórea dos tornozelos dominantes foi maior que a média e esse
percentual dos não-dominantes. Muitos estudos pesquisam sobre a dominância, porém,
ainda pouco se sabe sobre ela. Existe uma diferença entre dominância manual e
dominância lateral7. Alguns autores concordam que, algumas vezes, ocorre maior força
no membro inferior contralateral ao de dominância manual 21. Porém existem estudos
que confirmam diferença significante entre o membro inferior homolateral à mão
dominante, em relação ao hemicorpo contralateral8.
Além disso, outro fator observado está relacionado a subdivisão dos grupos
de acordo com a idade; os subgrupos mais novos de ambos os gêneros, apresentaramse, em média, com maior força muscular. Esse achado concorda com a maioria dos
encontrados em literatura, os quais apresentam consenso de que a força muscular
decresce progressivamente com a idade8,18,22.
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Estudos que validam a técnica de dinamometria muscular isométrica,
utilizando procedimentos semelhantes a do presente estudo, obtiveram alguns
resultados gerais bem semelhantes aos aqui investigados, contudo um ponto diferente
muito marcante: o posicionamento do indivíduo na coleta com a respectiva força
muscular obtida nos resultados.
Bohannon11, Andrews et al.12 e Kelln et al.14 posicionaram o sujeito deitado
em decúbito dorsal com o quadril e o joelho em extensão. Bohannon 11 e Andrews et
al.12 deram início ao teste partindo da máxima plantiflexão, contudo Kelln et al. 14
iniciaram com o tornozelo neutro. Nos três casos foi utilizado um dinamômetro digital
portátil de célula acoplada à unidade principal e o equipamento foi posicionado sobre a
linha articular metatarsofalângica.
Andrews et al.12, contou com uma amostra de ambos os gêneros com idade
entre 50-70 anos. A média de força e a relação força muscular pelo peso corporal para
os homens foram, respectivamente, de 25,06kg e 31,3% no membro não-dominante e
de 25,43kg e 31,8% no membro dominante. Para as mulheres os resultados foram
17,69kg e 27,33% no membro não-dominante e 17,87 e 27,66% no membro dominante,
além disso, todos os resultados decresceram progressivamente em relação à idade.
Bohannon11 com os mesmo procedimento obteve os seguintes resultados na faixa
etária de 40-79 anos: 22,21kg no tornozelo não-dominante e 23,10kg no dominante,
também decrescendo com a idade, porém o autor desse estudo não dividiu a amostra
de acordo com o gênero. O estudo mais recente 14, contou com homens e mulheres
adultos, porém mais jovens – 19-45 anos. Nessa pesquisa não houve divisão entre os
sexos e nem entre a dominância lateral. Os autores obtiveram como resultado uma
média de 21,4kg de força, avaliada apenas no tornozelo direito.
No presente estudo foram encontradas médias inferiores de força no GF em
relação ao GM, nos subgrupos mais idosos em relação aos mais jovens e no membro
inferior não-dominante em relação ao dominante, sugerindo que a técnica aqui utilizada
apresentou resultados semelhantes aos da literatura, não divergindo dos princípios
básicos sobre o conhecimento no assunto. Entretanto, tanto os valores brutos, quanto
os percentuais em relação à massa corporal, encontraram-se muito inferiores quando
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comparados aos dos estudos de validação. Esse achado certamente esteve
relacionado à maneira de posicionamento do sujeito para realização do teste.
Em
conclusão,
o
presente
estudo
apresentou
uma
alternativa
ao
posicionamento para a dinamometria do grupo dorsiflexor do tornozelo que demonstrou
resultados gerais semelhantes aos encontrado na literatura. Porém, com a modificação
do posicionamento na coleta, os valores de força foram menores sugerindo que, nessas
condições, o grupo muscular é menos capaz de gerar força isométrica. O estudo foi
limitado pela ausência de indivíduos com idade menor, para que se pudesse comparar
um maior número de subgrupos, e pelo tamanho total da amostra que impediu a
realização de um teste de hipótese fidedigno. Pesquisas futuras devem ser incentivadas
no sentido de difundir o novo procedimento e obter respaldo estatístico com índices de
confiabilidade, reprodutibilidade, sensibilidade e especificidade, visando consolidar sua
utilização.
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