PATRIMÔNIO CULTURAL: CONSCIENTIZAÇÃO E AÇÃO CIDADÃ – RELATOS DA EXPERIÊNCIA DO PET-GEOGRAFIA/UNICENTRO Bruno Bonsanto Dias (Bolsista PET/GEOGRAFIA), Christian Licheski Junior (Bolsista PET/GEOGRAFIA), Dulce Renata de Moura (Voluntária PET/GEOGRAFIA) [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Geografia/Guarapuava, PR. CIÊNCIAS HUMANAS; GEOGRAFIA Palavras-chave: Cidadania, extensão, patrimônio cultural, PET; Resumo: A atividade aqui apresentada, vincula-se ao Projeto de Extensão “ Acervo digital da cultura ucraniana: um projeto de educação, cidadania e cultura, financiado pelo Ministério da Educação no Programa de Extensão Universitária – PROEXT. A atividade proposta teve como base o entendimento de que a idéia de patrimônio cultural remete as questões que estão relacionadas com a identidade da população, com a memória, a herança e está dividido em duas categorias: uma de natureza material e a outra imaterial sendo este reflexo da identidade de um povo e representa tudo o que deve ser preservado, revitalizado, ou melhor, tudo o que não deve ser esquecido, ao contrário, é necessário mantê-lo presente. Nesse sentido, os bolsistas do grupo PET de Geografia da UNICENTRO desenvolveram palestras em duas escolas de Ensino Médio e Fundamental do Município de Prudentópolis – PR, com o objetivo de discutir a importância da preservação e reconhecimento do patrimônio cultural material e imaterial presente no município. Tal atividade contou com a parceria da equipe pedagógica do Colégio Estadual Barão de Capanema e Colégio Estadual Padre José Orestes Preima. Neste trabalho apresenta-se os resultados desta experiência extensionista realizada pelo grupo PET de Geografia. Introdução Historicamente, o conceito de patrimônio vem sendo associado à noção de algo sagrado, que se faz presente na memória social e individual, ou então a uma herança pessoal, como por exemplo, bens de família. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), patrimônio cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza material e imaterial considerado(s) relevante(s) para a identidade da sociedade brasileira. Para auxiliar na compreensão do conceito de patrimônio e na sua preservação, a sociedade brasileira conta hoje com o trabalho do IPHAN, órgão federal responsável pelo processo de patrimonialização no país. Criado em 1938 junto a onda do movimento modernista do país, o instituto tem realizado importante papel na defesa e preservação do acervo patrimonial existente na cultura brasileira. Mas não é só o IPHAN que possui este papel de conservar o patrimônio cultural, o Estado e, principalmente, a sociedade também devem fazer sua parte, transformando este processo numa ação Anais da III SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 24 a 26 de setembro de 2013, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – 2236-7098 coletiva. Cabe ao Estado, assegurar o direito à memória individual e coletiva, realizando ações de preservação dos bens culturais, materiais e imateriais, mediantes políticas públicas eficazes. Já a sociedade, deve intervir ativamente no processo de construção de políticas públicas, colaborando para o reconhecimento do patrimônio de sua cultura. No âmbito internacional o trabalho de apoio a preservação do patrimônio é realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), órgão regulador em escala internacional, sobre políticas referentes a educação e cultura. A UNESCO possui entidades em diversas nações do mundo, os quais são vinculadas aos seus princípios. O IPHAN é uma delas. Neste sentido, a UNESCO vem adotando políticas que visam a heterogeneidade da cultura local em todos os países que se faz presente. Como já mencionado, o patrimônio cultural nos remete as questões relacionadas com a identidade, memória e herança. Desta forma, o IPHAN classifica-o em duas categorias: material e imaterial. O patrimônio material pode ser definido como o conjunto de edifícios, obras de arte, documentos, monumentos, fotos e outros objetos pertencentes a um lugar. Ou seja, são coisas que possuem um valor histórico ou sentimental para os habitantes de determinada região, pois a população se refere às origens e à forma que escolhe para ser lembrada (MONTEIRO, 2009). O patrimônio material é classificado segundo sua natureza, podendo ser: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Quanto a sua natureza, está dividido em bens imóveis (núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais) e móveis (coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos). Já o patrimônio imaterial se define por práticas, representações, expressões artísticas, conhecimentos e técnicas (junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhe são associados) no qual as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos, reconhecem como parte integrante da sua cultura, ou seja, da sua forma de ser e viver. Também podem ser consideradas patrimônio imaterial as tradições e expressões orais, expressões artísticas, práticas sociais, ritos e atos festivos, conhecimentos e práticas relacionadas à natureza e ao universo, bem como as técnicas artesanais tradicionais. O IPHAN também protege e classifica o patrimônio natural, por exemplo, pode compreender uma área natural que apresenta características singulares, que guarda eventos do passado, ou onde existe a ocorrência de espécies endêmicas, como exemplos das Cataratas do Iguaçu, do Pinheiro-do-Paraná, da Gralha azul e as comunidades faxinalenses presentes no estado do Paraná. Seja ele material ou imaterial, este é reflexo da identidade de um povo e representa tudo o que deve ser preservado, tombado, registrado, revitalizado, ou melhor, tudo o que não deve ser esquecido, ao contrário, é necessário mantê-lo presente. É com este propósito, que os bolsistas do grupo PET de Geografia da UNICENTRO como colaboradores do Projeto “Acervo Digital da cultura ucraniana: um projeto de educação, cidadania e cultura”, desenvolveram palestras em duas escolas de Ensino Médio e Fundamental do Município de Prudentópolis – PR, com o objetivo de discutir a importância da preservação e reconhecimento do patrimônio cultural material e imaterial presente no município. Tal atividade contou com a parceria da equipe pedagógica do Colégio Estadual Barão de Capanema e do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima. Anais da III SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 24 a 26 de setembro de 2013, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – 2236-7098 Materiais e métodos Para a realização dessa atividade extensionista, realizamos inicialmente uma pesquisa bibliográfica onde buscamos publicações que abordassem a temática patrimônio cultural. Tivemos como principal ferramenta os sites de busca e das instituições responsáveis pelas políticas de registro, tombamento, catalogação dos bens culturais, ou seja, aquelas que têm por função a proteção do patrimônio cultural, como o IPHAN e a UNESCO. Construído o alicerce teórico, partimos para a montagem da apresentação da palestra que abordou os seguintes assuntos: o que é patrimônio cultural; trabalho desenvolvido pelo IPHAN e pela UNESCO; atribuições e papel do Estado e da sociedade na preservação do patrimônio e por fim trabalhouse com conceitos e exemplos de patrimônio material, imaterial e natural, entre outros aspectos. As palestras foram realizadas em dois colégios no município de Prudentópolis localizados em áreas distintas do município. A primeira palestra foi realizada no Colégio Estadual Barão de Capanema no período da manhã, localizado na área urbana e central do município de Prudentópolis. A palestra contou com a presença de diversos alunos do ensino médio. A segunda palestra, realizada no período da tarde, aconteceu no Colégio Estadual Padre José Orestes Preima, localizado na área rural do município, na comunidade de Linha Esperança. As duas palestras abordaram os mesmos temas, porém, seu desenvolvimento se deu de maneira diferente. No Colégio Estadual Barão de Capanema tivemos contato com alunos do ensino médio, na maioria adolescentes e pré-adolescentes interessados no tema apresentado. Alguns alunos do colégio colaboraram com a nossa apresentação, manifestando suas dúvidas. Observamos que ao tratarmos de exemplos relativos ao seu município os alunos trataram, quando solicitados, de contribuir com o grupo. Para a atividade no Colégio Estadual Padre José Orestes Preima, em se tratando de alunos de diferentes anos do ensino fundamental, o grupo decidiu por mudar a metodologia de trabalho, respeitando a faixa etária do publico estudantil presente. A atividade estendeu-se durante todo o período da tarde, fato que permitiu um trabalho mais consistente e produtivo junto aos alunos. Após a conclusão da palestra estes foram distribuídos em grupos para a realização de uma atividade. A atividade consistiu na elaboração de desenhos e textos sobre patrimônio cultural do município. Os alunos tinham liberdade em escolher a natureza do patrimônio, se material e imaterial. Para a realização da atividade os alunos utilizaram cartolina, canetas, lápis de cor, giz, entre outros materiais. Terminada a atividade, solicitou-se que cada grupo fizesse a exposição oral do trabalho, socializando com os demais grupos o trabalho desenvolvido pela equipe de alunos. Resultados e Discussão O objetivo central das atividades foi difundir com o apoio de recursos tecnológicos a riqueza cultural da imigração ucraniana, nas comunidades de descendentes de imigrantes ucranianos, buscando alcançar o verdadeiro sentido do ato de preservar. Ou seja, acreditamos que somente quem conhece algo, seja um objeto ou um modo de fazer, saberá reconhecer e dar valor à tal. As atividades propostas pelo grupo foram estruturadas com a intenção de promover a preservação e estimular nas crianças, adolescentes e jovens a busca do conhecimento sobre a suas raízes culturais, além de congregar iniciativas de reflexão e debate acerca dessa cultura, contribuindo para o conhecimento da Anais da III SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 24 a 26 de setembro de 2013, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – 2236-7098 diversidade cultural no Paraná e no Brasil e para o fortalecimento da cidadania. Entende-se que professores e alunos podem atuar como disseminadores da importância de valorizar a diversidade cultural e étnica e os motivos que definem as singularidades de cada grupo e demarcam as diferenças. A articulação entre pesquisa e ensino a partir da extensão universitária é um traço marcante dessa atividade e visa o fortalecimento do compromisso social da universidade pública na resolução de questões que atingem a maioria da população. De acordo com Menezes (1999), o conhecimento e a identificação com o patrimônio, desperta o sentimento de pertencimento, e por isso, entendemos que sua preservação é melhor viabilizada quando pensada em conjunto com a comunidade escolar e em geral. É, inclusive, uma maneira da população local se conhecer e discutir sua identidade, suas raízes. Conclusões Como integrantes do Programa de Educação Tutorial – PET, nossas atividades são baseadas no tripé ensino, pesquisa e extensão. Com a realização desta atividade, tivemos a oportunidade de articular um pouco essas três dimensões que compõem o principio do programa PET, tornando a atividade mais completa e satisfatória ao nosso grupo. Este trabalho possibilitou aos petianos e demais envolvidos, um contato direto com a comunidade escolar, algo muito importante em termos de experiência acadêmica uma vez que transpomos os muros da universidade, levando nossas idéias e um pouco do conhecimento acadêmico para repartir com a comunidade e com ela amadurecer as nossas idéias. Portanto, ao término da atividade, percebemos que os objetivos esperados foram alcançados, avanços estes percebidos pelo interesse demonstrado pelos alunos e toda as comunidade escolar durante a sua realização da atividade. Agradecimentos Agradecemos a parceria e colaboração da equipe pedagógica das escolas envolvidas na atividade, bem como ao apoio dado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, nos fornecendo o transporte para o deslocamento do grupo para a realização da atividade. Agradecimento especial ao Ministério da Educação e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), pelo apoio financeiro ao PET. Bibliografia Daher, A. Práticas patrimonializantes e objetos patrimonializado. Revista Est. Hist, Rio de Janeiro, v. 23, n. 45, p.199-202, 2010. Menezes, U. T. B. Os “usos culturais” da cultura. Contribuição para uma abordagem crítica das práticas e políticas culturais. In Turismo: espaço, paisagem e cultura, E. Yazigi, A. F. A Carlos, R. C. A Cruz, (ed.). Hucitec, 1999. Pelegrini, S. C. A. Cultura e natureza: os desafios das práticas preservacionistas na esfera do patrimônio cultural e ambiental. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 26, n. 51, p. 115-140, 2006. Anais da III SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 24 a 26 de setembro de 2013, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – 2236-7098