Domingo de Ramos - Ano B Testo Bíblico Marco 11,1-10 1 Jesus e os discípulos aproximaram-Se de Jerusalém, diante de Betfagé e de Betânia, perto do monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, 2 dizendo: «Ide à povoação que está em frente de vós, e logo que nela entrardes encontrareis preso um jumentinho que nunca foi montado; soltai-o e trazei-o. 3 Se alguém vos perguntar: "Porque fazeis isso?", dizei: "O Senhor precisa dele, mas logo o devolverá"». 4 Então eles foram e encontraram um jumentinho preso, do lado de fora, na rua, junto de uma porta, e soltaram-no. 5 Algumas pessoas que lá estavam disseram: «Que fazeis, soltando o jumentinho?» 6 Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e então permitiram que fizessem isso. 7 Então levaram o jumentinho a Jesus, colocaram os próprios mantos sobre ele, e Jesus montou. 8 Muitas pessoas estenderam os seus mantos pelo caminho; outros puseram ramos que haviam apanhado nos campos. 9 Os que iam à frente e os que seguiam gritavam: «Hosana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor! 10 Bendito seja o Reino que vem, o reino de nosso pai David! Hosana no mais alto do céu!» Marco 14,1-72.15,1-47 1 Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e para a festa dos Ázimos. Os sumos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam um modo de prender Jesus e depois matá-l'O. 2 Eles diziam: «A fim de que, durante a festa, não haja confusão no meio do povo». 3 Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Enquanto faziam a refeição, chegou uma mulher com um vaso de alabastro, cheio de um perfume de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o vaso e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. 4 Alguns que ali estavam ficaram com raiva e comentavam: «Porquê desperdiçar este perfume? 5 O perfume poderia ser vendido por mais de trezentas moedas de prata, que poderiam ser dadas aos pobres». E criticavam a mulher. 6 Mas Jesus disse-lhes: «Deixai-a; porque estais a atormentá-la? Ela fez-Me uma coisa muito boa. 7 Sempre tereis pobres entre vós e podereis fazer-lhes bem quando quiserdes. Mas Eu não vou estar sempre convosco. 8 Ela fez o que podia: derramou perfume no meu corpo, preparando-o para a sepultura. 9 Eu vos garanto: por toda a parte, onde a Boa Notícia for pregada, também contarão o que ela fez, e ela será lembrada». 10 Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, foi ter com os sumos sacerdotes, para entregar Jesus. 11 Eles ficaram muito contentes quando ouviram isto e prometeram dar dinheiro a Judas. Então Judas começou a procurar uma boa oportunidade para entregar Jesus. 12 No primeiro dia dos Ázimos, quando matavam os cordeiros para a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para que comas a Páscoa?» 13 Jesus mandou então dois dos seus discípulos, dizendo: «Ide à cidade. Um homem transportando um jarro de água virá ao vosso encontro. Segui-o 14 e dizei ao dono da casa onde ele entrar: "O Mestre manda dizer: Onde é a sala em que Eu e os meus discípulos vamos comer a Páscoa?" 15 Então ele mostrar-vos-á, no andar de cima, uma sala grande, arrumada com almofadas. Preparai aí tudo para nós». 16 Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus havia dito e prepararam a Páscoa. 17 Ao cair da tarde, Jesus chegou com os Doze. 18 Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus disse: «Eu vos garanto: um de vós vai trair-Me. É alguém que come comigo». 19 Os discípulos começaram a ficar tristes e, um após outro, perguntaram a Jesus: «Serei eu?» 20 Jesus disse-lhes: «É um dos Doze. É aquele que mete comigo a mão no prato. 21 O Filho do Homem vai 1 morrer, conforme diz a Escritura acerca d'Ele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!» 22 Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos e disse: «Tomai, isto é o meu corpo». 23 Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos eles beberam. 24 E Jesus disse-lhes: «Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. 25 Eu vos garanto: nunca mais beberei do fruto da videira, até ao dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus». 26 Depois de terem cantado os salmos, foram para o monte das Oliveiras. 27 Então Jesus disse aos discípulos: «Todos ireis ficar desorientados, porque a Escritura diz: "Ferirei o pastor, e as ovelhas dispersar-se-ão". 28 Mas, depois de ressuscitar, Eu irei à vossa frente para a Galileia». 29 Pedro declarou a Jesus: «Mesmo que todos fiquem desorientados, eu não ficarei». 30 Jesus disse a Pedro: «Eu te garanto: ainda hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, negar-Me-ás três vezes». 31 Mas Pedro repetiu com mais força: «Ainda que tenha de morrer contigo, mesmo assim não Te negarei». E todos disseram a mesma coisa. 32 Chegaram a um lugar chamado Getsémani. Então Jesus disse aos discípulos: «Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou rezar». 33 Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar com medo e angústia. 34 Então disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai». 35 Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-Se por terra e pedia que, se fosse possível, aquela hora se afastasse d'Ele. 36 Ele rezava: «Abbá! Pai! Tudo é possível para Ti! Afasta de Mim este cálice! Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres». 37 Depois Jesus voltou, encontrou os três discípulos a dormir, e disse a Pedro: «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar nem sequer uma hora? 38 Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca». 39 Jesus afastou-Se de novo e rezou, repetindo as mesmas palavras. 40 Voltou novamente e encontrou os discípulos a dormir, porque os seus olhos estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que dizer a Jesus. 41 Então Jesus voltou pela terceira vez e disse: «Agora podeis dormir e descansar. Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos! Vamos! Já se aproxima aquele que Me vai trair». 43 Enquanto Jesus ainda falava, chegou Judas, um dos Doze, com uma multidão armada de espadas e paus. Vinham da parte dos sumos sacerdotes, dos doutores da Lei e dos anciãos do povo. 44 O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: «Jesus é Aquele que eu beijar. Prendei-O e levai-O bem guardado». 45 Judas aproximou-se imediatamente de Jesus, dizendo: «Mestre!» E beijou-O. 46 Então eles lançaram as mãos sobre Jesus e prenderam-n'O. 47 Mas um dos presentes puxou da espada e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. 48 Jesus disse-lhes: «Saístes com espadas e paus para Me prender, como se Eu fosse um ladrão. 49 Todos os dias Eu estava convosco no Templo, a ensinar, e não me prendestes. Mas isto é para se cumprirem as Escrituras». 50 Então todos fugiram, abandonando Jesus. 51 Um jovem, vestido só com um lençol, seguia Jesus, e eles prenderamno. 52 Mas o jovem largou o lençol e fugiu nu. 53 Então eles levaram Jesus a casa do sumo sacerdote. Todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os doutores da Lei se reuniram. 54 Pedro seguiu Jesus de longe e entrou no pátio da casa do sumo sacerdote. Sentou-se com os guardas, a aquecer-se ao lume. 55 Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam contra Jesus algum testemunho, a fim de O condenar à morte. E nada encontraram, 56 porque muitos testemunhavam falsamente contra Jesus mas os seus testemunhos não eram concordes. 57 Alguns levantaram-se e testemunharam falsamente contra Jesus, 58 dizendo: «Nós ouvimo-l'O dizer: "Vou destruir este Templo feito por homens, e em três dias construirei um outro, que não será feito pelos homens!"» 59 Mas nem mesmo assim o seu testemunho concordava. 60 Então o sumo sacerdote levantou-se e, no meio de todos, interrogou Jesus: «Não respondes nada ao que estes testemunham contra Ti?» 61 Mas Jesus continuou calado e nada respondeu. O sumo sacerdote interrogou-O de novo: «És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» 2 62 Jesus respondeu: «Sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso, e vir sobre as nuvens do céu». 63 Então o sumo sacerdote rasgou as próprias vestes e disse: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64 Ouvistes a blasfémia! Que vos parece?» Então todos eles decretaram que Jesus era réu de morte. 65 Então alguns começaram a cuspir em Jesus. Cobriram o rosto de Jesus e esbofeteavamn'O, dizendo: «Faz uma profecia!» E os guardas davam-Lhe bofetadas. 66 Pedro estava em baixo, no pátio. Chegou então uma criada do sumo sacerdote, 67 e quando viu Pedro a aquecer-se, olhou bem para ele e disse: «Tu também estavas com Jesus Nazareno!» 68 Mas Pedro negou: «Não sei nem compreendo o que dizes!» E o galo cantou. 69 A criada viu Pedro e começou a dizer novamente aos que estavam perto: «Esse aí é um deles!» 70 Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois, os que ali estavam diziam novamente a Pedro: «É claro que és um deles, pois és da Galileia». 71 Então Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo: «Nem conheço esse homem de quem falais!» 72 Nesse instante, o galo cantou pela segunda vez. Pedro lembrou-se de que Jesus lhe havia dito: «Antes de o galo cantar duas vezes, negar-Me-ás três vezes». Então Pedro começou a chorar. 15,1 De manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os doutores da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se em conselho. Amarraram Jesus, levaram-n'O e entregaram-n'O a Pilatos. 2 Pilatos interrogou Jesus: «Tu és o rei dos judeus?» Jesus respondeu: «Tu o disseste». 3 E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. 4 Pilatos interrogou-O novamente: «Nada tens a responder? Vê de quantas coisas Te acusam!» 5 Mas Jesus não respondeu mais nada, e Pilatos ficou impressionado. 6 Na festa da Páscoa, Pilatos costumava soltar-lhes um prisioneiro que eles pedissem. 7 Nesse tempo, um homem chamado Barrabás estava preso com os rebeldes que tinham cometido um assassinato na revolta. 8 A multidão subiu e começou a pedir a Pilatos que fizesse como costumava. 9 Pilatos perguntou: «Quereis que solte o rei dos judeus?» 10 Pilatos bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. 11 Porém os sumos sacerdotes atiçaram a multidão para que Pilatos soltasse Barrabás. 12 Pilatos perguntou de novo: «Que farei então com Jesus, a quem chamais rei dos judeus?» 13 Mas eles gritaram de novo: «Crucifica-O!» 14 Pilatos perguntou: «Mas que mal fez Ele?» Eles, porém, gritaram com mais força: «Crucifica-O!» 15 Pilatos queria agradar à multidão. Soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e entregou-O para ser crucificado. 16 Então os soldados levaram Jesus para o pátio, dentro do palácio do governador, e convocaram toda a tropa. 17 Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça. 18 Depois começaram a cumprimentá-l'O: «Salve, rei dos judeus!» 19 E batiam-Lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam n'Ele e, dobrando os joelhos, prestavam-Lhe homenagem. 20 Depois de zombarem de Jesus, tiraram-Lhe o manto vermelho, vestiram-n'O de novo com as próprias roupas e levaram-n'O para fora, a fim de O crucificarem. 21 Passava por ali um homem chamado Simão Cireneu, pai de Alexandre e Rufo. Voltava do campo para a cidade. Então os soldados obrigaram-no a levar a cruz de Jesus. 22 Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer «Lugar da Caveira». 23 Deram-Lhe vinho misturado com mirra, mas Jesus não quis beber. 24 Crucificaram-n'O e repartiram as suas vestes, fazendo um sorteio, para ver a parte de cada um. 25 Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus. 26 E havia uma inscrição, com o motivo da condenação: «O Rei dos Judeus». 27 Com Ele crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. 28 Deste modo cumpriu-se a Escritura que diz: «Ele foi incluído entre os malfeitores». 29 As pessoas que passavam por ali insultavam-n'O, meneando a cabeça e dizendo: «Olá! Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, 30 salva-Te a Ti mesmo! Desce da cruz!» 31 Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os doutores da Lei, zombavam d'Ele, dizendo: «Salvou os outros... e não pode salvar-Se a Si mesmo! 32 O Messias, o rei de Israel... Desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!» Os que foram crucificados com Jesus também O insultavam. 3 33 Ao chegar o meio-dia e até às três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a Terra. 34 Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: «Eloi, Eloi, lamá sabactâni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» 35 Alguns dos que ali estavam, ao ouvir isto, disseram: «Vede, Ele está a chamar por Elias!» 36 Alguém correu, encheu de vinagre uma esponja, colocou-a na ponta de uma vara, e deu-Lhe, dizendo: «Deixai, vamos ver se Elias vem tirá-l'O da cruz!» 37 Então Jesus lançou um forte grito e expirou. 38 Nesse momento, a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. 39 O oficial do exército, que estava em frente da cruz, viu como Jesus havia expirado e disse: «De facto, este homem era mesmo o Filho de Deus!» 40 Estavam ali também algumas mulheres, a observar de longe. Entre elas estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé. 41 Elas haviam acompanhado e servido Jesus, desde quando Ele estava na Galileia. Muitas outras mulheres estavam ali, pois tinham ido com Jesus a Jerusalém. 42 Ao entardecer, como era o dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado, 43 chegou José de Arimateia. Ele era membro importante do Sinédrio e também esperava o Reino de Deus. José encheu-se de coragem, foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 44 Pilatos ficou admirado que Jesus já tivesse morrido. Chamou o oficial do exército e perguntou se Jesus já estava morto. 45 Depois de informado pelo oficial, Pilatos mandou entregar o cadáver a José. 46 José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz e envolveu-o no lençol. Em seguida, colocou Jesus num túmulo, que tinha sido cavado na rocha, e rolou uma pedra para fechar a entrada do túmulo. 47 Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde Jesus tinha sido colocado. Lectio Divina É impossível fazer uma lectio de todo texto proposto para a meditação deste domingo no qual iniciaremos a GRANDE SEMANA chamada SANTA; tentarei dizer algumas coisas muito simples fazendo uma síntese por sub-temas assim como é dividida na nossa Bíblia de Jerusalém. Mc segue fielmente a história da Paixão, morte e ressurreição. Para as comunidades cristãs, esta semana maior sempre será um confronto com o problema do mal do mundo. Muito sofrimento, alèm das catástrofes naturais, o mundo nos oferece muitas opçoes de morte.Mas o bom Deus nos mostra o caminho da salvação, que passa pela cruz. Foi o caminho que Deus escolheu com a encarnação de Jesus. É desse instrumento de morte, que brotou a vida, a ressurreição, a semente do novo proposta da Igreja por que “se o grão de trigo que cai na terra não morrer,permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24). Conspiração contra Jesus O primeiro ciclo da Paixão vai dos vv 1-11, incluindo a Unção de Betânia e a traição de Judas bem que os fariseus e os herodianos já tinham deliberado de matar Jesus no início do seu ministério na Galiléia (3,6). Mas como enviado escatológico ele deve ter a sorte de todos os profetas morrendo em Jerusalém (Lc 13,33). Depois que Jesus expulsou os vendedores e compradores do templo (11,18), e depois que ele contou a parábola dos vinhateiros homicidas (12,1-12), os sacerdotes e os escribas tentaram eliminá-lo, mas não conseguiram com medo da reação do povo que ainda estavam entusiasmados com os seus ensinamentos. Unção de Betânia “Para que este desperdiço de perfume...”?Quem compreende este gesto entra no mistério de Deus. O gesto desta mulher é o único no qual agrada Jesus e que ele aprova sem reservas, somente ele entende esta mulher e ela o entende. Jesus foi proclamado Messias no batismo (1,9), reconhecido por Pedro (8,29), agora que caminha rumo a cruz é consagrado pela mulher, talvez esta queria somente externalizar a sua admiração pelo o Mestre, em vez cumpre mesmo sem consciência um gesto profético, de fato ela é lembrada no mundo inteiro como Jesus mesmo pré-anunciou (v.9). 4 É interessante que o ungüento se expande por todo o ambiente. Em hebraico perfume se diz “shemem” que nos lembra a palavra “shem” que indica a presença de Deus entre os homens. Deus é amor e letícia, que se doa em Jesus. O perfume se espalha do alto da cruz, onde o seu nome será reconhecido e amado porque é o “perfume efuso” (Cant.cant 1,3) na cruz.; se quebrará o vaso precioso quer dizer o Corpo de Jesus e a sua essência espalhará perfumando a terra inteiro. A Traição O complô contra Jesus inicia com mais força por parte dos seus adversários com a colaboração de Judas que se encaminha voluntariamente em direção aos sacerdotes para entregar o Mestre. Nos vem na cabeça muitas interrogações: Como Judas pôde fazer uma coisa desta, depois de ter partilhado a vida com Jesus por um período de tempo? Quem pode sentir-se seguro se um dos amigos de Jesus teve a coragem de trair e entregar o Filho de Deus? A Ceia Pascal O 2° ciclo da Paixão compõe-se de três textos: os preparativos para a ceia (vv. 12-16); a manifestação do traidor (vv17-21); a instituição da Eucaristia (vv. 22-25). Preparativos para a ceia (vv. 12-16) Podemos observar o conhecimento sobrenatural de Jesus, a sua segurança em dar início aos preparativos. É Ele que envia os discípulos para preparar o lugar no qual celebrar a ceia. Notamos que a coisa mais importante não é a festa, mas a Páscoa, de fato a palavra é repetida 4 vezes nestes poucos versículos, porque comer a páscoa significa “consumir o cordeiro pascal”, o momento mais importante do banquete, memorial da libertação do Egito, e Jesus o cordeiro imolado. Anuncio da traição (vv. 17-21) É Jesus mesmo quem a dar o anúncio do traidor, porque o Servo de Jahweh deve ser entregue a morte “para a nossa justificação” (Rm 4,25), sendo assim Jesus manifesta a sua adesão total ao plano salvífico do Pai, isso, porém não exclui a responsabilidade do traidor, porque agiu livremente. A Instituição da Eucaristia (vv. 22-25). O momento culminante da Ceia pascal é a Instituição da Eucaristia, Jesus não faz nenhum aceno as festas hebraica que se celebrava todos os anos, Ele cria algo de novo transformando o pão ázimo no seu corpo e o vinho no seu sangue, com a oblação antecipada do próprio corpo ele se torna o cordeiro pascal. A negação de Pedro(vv26-31) Durante a última ceia Jesus anuncia a negação da parte de Judas o traidor e de Pedro com os outros discípulos. Ele conhece a sua estrada e sabe que será abandonado da parte de todos, este é o desígnio de Deus pos isso é pronto para enfrentar o sofrimento e o abandono. É o escândalo da cruz envolve o homem no seu mistério. No Getsemani (vv32-42) Mc sublinha mais do que os outros evangelistas a angústia mortal de Jesus apresentando como um exemplo de fé bíblica. Jesus é modelo para os discípulos para que eles no momento de sofrimento e prova tenham a coragem de suportar tudo a exemplo do Mestre. A prisão (vv. 53-65) Jesus é levado diante do Sumo Sacerdote, dos anciãos e dos escribas que estão reunidos esperando para condenar Justo, “o Filho de Deus Bendito” (v 61). Jesus esta ali “como um cordeiro conduzido ao matadouro, como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores” diz Isaias no IV canto do servo de Jahweh (Is 53,7). 5 Eles desesperadamente procuram uma testemunha contra, mas não encontrando pessoas certas que testemunhem contra Jesus. É interessante que Pedro está ali presente para ver o que acontece com o seu Mestre. Talvez não acreditasse que acontecesse tudo isso, esperava um milagre, mas o verdadeiro milagre é fazer a vontade do Pai, e Jesus é consciente disso por isso fica calado diante dos seus assassinos. Nesta cena terrível Jesus fala somente três vezes para responder aos guardas (14,48); aos sacerdotes (14,62); a Pilatos (15,2). A quarta vez que fala é para elevar o grito ao Pai (15,34). A negação de Pedro (vv. 63-72) Enquanto isso Jesus declarava com coragem a sua identidade messiânica diante das autoridades, Pedro lá embaixo no pátio negava de não conhecer aquele homem. A auto-revelação do Messias que vai encontro cruz, se encruza com a fraqueza de Pedro que foge da cruz. O Justo perseguido é renegado até do último discípulo que antes tinha professado de dar a vida pelo Mestre (v. 29), mas o canto do galo faz lembrar a Pedro a sua boa vontade de seguir Jesus, esta lembrança perturba o coração do discípulo e sentindo-se pecador chora amargamente por não ter a coragem de testemunhar, ou melhor, por medo do sofrimento nega ao seu Mestre. Pedro se confronta com o olhar misericordioso de Jesus que mais uma vez acolhe e perdoa. Pedro vê a sua miséria, repleta da misericórdia do Senhor e começa a chorar (v 72), Lc diz que Pedro “saindo para fora, chorou amargamente” (22,62). Ele se separa da Jesus, confuso, desiludido e amargurado de si mesmo. Mas a confiança no amor misericordioso de Jesus lhe dá uma vida nova, porque como diz Paulo “...Quem nos separará do amor de Cristo...” (Rm 8,35-39). Jesus diante de Pilatos (15,1-16) O evangelista ressalta a decisão dos chefes dos sacerdotes de reunir os anciãos, escribas e todo o sinédrio para entregar Jesus nas mãos de Pilatos. É a entrega do “Justo” nas mãos dos pagãos, predisposta por Deus e anunciada por Jesus já em 10,33. A dignidade de Jesus e o seu silêncio misterioso manifestam qual servo sofredor de Jahweh, que como cordeiro conduzido ao matadouro...ele não abriu a sua boca (Is 53,7). Uma morte graciosa enquanto o Justo morre para que se cumpra a escritura “um justo morre no lugar do malfeitor” (Is 53,5). Coroa de espinhos (vv 16-20) Jesus é constituído rei do universo através do sofrimento e da dor, porque Deus o glorificou constituindo-lhe rei, no qual “se dobra todo joelho, nos céus e na terra e sob a terra” (Fil 2,10). A crucifixão (vv.20-32) Nesta cena se completam três profecias da sorte do Filho do Homem que sobe a Jerusalém e será entregue aos chefes dos sacerdotes, aos escribas, eles o condenarão a morte e o entregarão aos gentios (10,33), é o caminho de sofrimento do Filho do Homem por vontade de Deus. “É o rei dos Judeus”, um rei mártir que sentado à direita do Poderoso e vindo com as nuvens dos céus (14, 62); é o Messias o Filho Bendito de Deus, unto (3,9) para o martírio, mas que deve passar pelos maltrato e injuria e enfim exposto no patíbulo da cruz (15,29-32). Morte de Jesus (vv.33-41) O momento culminante da “Passio iusti”descrita com muita sobriedade. No coração do dia uma escuridão misteriosa envolve toda a terra, Jesus morre com um grito suplicante ao Pai: “Eloi,Eloi, lema sabachtani” o Justo experimenta o abandono total do pai, mas não se desespera, porque na sua morte revela a humanidade inteira a sua verdadeira identidade e bondade salvifica do Pai. O “véu do templo se rasgou, de agora em diante para todos Sepultura (vv. 42-47) 6 “E já chegando à tarde”. Para Mc a véspera do sábado, e para Jo em vez era a véspera da Páscoa (Jo 19,14-42) era então na sexta-feira na qual deveria fazer a preparação para observar o repouso do dia seguinte e o sepultamento era proibido fazer-se em dia de sábado, por isso restava somente três horas para o sepultamento. José de Arimatéia veio pedir o corpo de Jesus. A morte dá coragem a quem antes tinha medo, sem dúvidas José era um discípulo secreto com medo dos judeus (Jo 19,38), ele esperava a vinda do reino porque sem dúvidas tinha escutado a mensagem de Jesus “o tempo já se completou, o reino está aqui” (1,15). Este é o Reino, o Filho do Homem entregue definitivamente nas mãos dos homens. É que Mc diz que José de Arimatéia comprou um lençol enrolou e o colocou no túmulo, cavado na rocha. A tradição diz que este lençol era de linho, um pano precioso que se usava para confeccionar paramentos sagrados. Apêndice Dos padres da Igreja Bendito em nome do senhor aquele que vem, o Rei de Israel. Vinde, subamos juntos ao monte das Oliveiras e corramos ao encontro de cristo, que volta hoje de Betânia e se aproxima espontaneamente daquela venerável e santa paixão, para consumar o mistério de nossa salvação. Está, pois por livre vontade no caminho de Jerusalém, ele que por nossa causa desceu do céu para elevar-nos consigo a nós que jazíamos por terra “acima de todo principado, potestade e virtude e de todo nome que se nomeie”, como diz a Escritura. Vem, mas não rodeado de pompa, como à conquista da glória. “Não altercará”, diz também a escritura, “não clamará, ninguém ouvirá a sua voz”. Pelo contrário, será manso e humilde, e se apresentará com vestes pobres e equipagem modesta. Coragem, pois, corramos juntos com aquele que se apressa para a paixão e imitemos os que foram ao seu encontro. Não para estendermos à sua frente no caminho ramos de oliveira, tapetes e outros ornamentos ou ainda folhas de palmeira, mas para nós mesmos nos prostrarmos, o quanto puder, com humildade e reta intenção, a fim de recebermos o verbo de Deus que se aproxima e acolhermos a Deus, que nenhum lugar pode conter. É, portanto, motivo de alegria que se tenha apresentado a nós tão manso aquele que é a própria mansidão e “se eleva sobre o ocaso” de nossa infinita baixeza, para vir e entrar em intimidade conosco e, tornando-se um de nós, erguer-nos e reconduzir-nos a ele. E embora se diga que, como as primícias de nossa humanidade, ele subiu “no oriente acima dos céus” de sua glória e divindade, creio, entretanto que, por seu amor pelos homens, não nos abandonará até que, elevado na baixeza da terra a natureza humana, a conduza consigo, de glória em glória, às sublimes alturas. Prostremo-nos assim diante de Cristo, em lugar de estendermos túnicas ou ramos inanimados e folhagens que perdem, com a seiva, o seu verdor e alegram o olhar apenas algumas horas. Nos mesmos, revestidos de sua graça, ou melhor, de todo ele, pois “todos vós que fostes batizados em Cristo vos revestistes de cristo” prostremos-nos a seus pés como túnicas estendidas. Éramos antes rubros por nossos pecados, mas, purificados pelo batismo da salvação, alcançamos a brancura da lá; portanto não ofereçamos mais ramos e palmas, mas o prêmio da vitória ao vencedor da morte. Agitando nossos ramos espirituais, unamo-nos cada dia à santa aclamação das crianças: “Bendito em nome do Senhor aquele que vem, o Rei de Israel” (Dos sermões de Santo André de Creta, bispo) 7