2-parte

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Fabiana Rodrigues Corrêa
MEL: UMA SOLUÇÃO SUPERSATURADA
Quando deixamos em repouso um pote de mel, cujo
principal soluto é a glicose, esta se cristaliza. Quando isso
acontece, muitas pessoas pensam que o mel se transformou
em açúcar comum (sacarose). No entanto, se aquecemos
este mel em banho-maria, o aumento da temperatura fará
com que a glicose cristalizada se dissolva, regenerando a
solução supersaturada inicial.
Melado feito de cana-de-açúcar, xarope de milho (Karo)
obtido de glicose e geléias são outros exemplos de soluções
supersaturadas usadas em nosso dia-a-dia.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
A ÁGUA OXIGENADA: UMA SOLUÇÃO AQUOSA
água
A
oxigenada,
comercializada
normalmente
em
farmácias,
na
verdade é uma solução aquosa de peróxido
de hidrogênio [H2O2(aq)], em cujo rótulo
aparecem indicações do tipo “10 volumes”,
“20 volumes” etc.
A água oxigenada é uma solução líquida
incolor e transparente que pode apresentar
aspecto viscoso em altas concentrações (100
volumes), sendo usada, neste caso, em
laboratórios e indústrias. Na concentração de 10 volumes, ela é utilizada como agente bactericida
nos ferimentos externos e em gargarejos, por apresentar ação antisséptica. Em outras
concentrações, também é utilizada como alvejante de tecidos, peles de animais, pêlos e cabelos.
Entre seus muitos usos, podem-se citar ainda:

na indústria alimentícia, como conservante;

na agricultura, como bactericida e fungicida de sementes;

na restauração de pinturas a óleo, para regenerar as cores brancas que escurecem pela ação
de alguns poluentes atmosféricos.
As aplicações da água oxigenada estão relacionadas, na realidade, com a formação de
átomos de oxigênio (oxigênio nascente: [O]), altamente reativo, produzidos na decomposição do
peróxido de hidrogênio:
H2O2
H2O + [O]
H
O
O
O
H
..
.
+ .O
..
H
H
Outra maneira bastante comum de representarmos a decomposição do peróxido de
hidrogênio é dada por:
H2O(l)
H2O2(aq)
+
½ O2(g)
Você já deve ter notado que a água oxigenada é vendida em frascos escuros ou em plásticos
opacos. Isso se deve ao fato de a luz ser um dos fatores responsáveis pela sua decomposição
(fotólise), na qual ocorre a liberação de gás oxigênio. Assim, as concentrações das soluções de
15
Fabiana Rodrigues Corrêa
água oxigenada são definidas em função do volume de O 2(g) liberado (medido nas CNTP) por
unidade de volume da solução.
Dessa maneira uma água oxigenada de concentração 10 volumes libera 10 litros de O 2(g) por
litro de solução. Para obtermos 1 litro de uma solução de água oxigenada a 10 volumes, devemos
dissolver uma massa (m 1) de H202 em água, que irá liberar, na sua decomposição, 10 litros de O 2,
medidos nas CNTP.
A determinação da massa (m 1) é feita da seguinte maneira:
(Massa molar de H202 = 34 g mol-1)
H202
H20 + ½ O2
1 mol
0,5 mol
34 g
11,2 L (CNTP)
m1
10 L
34 g . 10
M1 = L
11,2
L

M1 = 30,3 g de H2O2
Assim, a massa m 1 = 30,3 g de H202 é a necessária para produzir 1,0 litro de solução de água
oxigenada a 10 volumes.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
A TITULAÇÃO APLICADA À SAÚDE
O
soro fisiológico é uma solução de cloreto de sódio e água destilada usada em grandes
quantidades em hospitais. Sua administração geralmente é feita por via endovenosa. Essa
solução deve apresentar, então, uma concentração adequada, pois pode provocar morte de
células.
Nas indústrias, essa solução é preparada em grandes quantidades pela mistura de uma
quantidade conhecida de NaCl a uma grande volume apropriado de água destilada, a fim de se
obter uma solução de concentração adequada.
Para dar segurança máxima no uso dessa solução, costuma-se determinar a sua
concentração exata através da titulação.
É retirada uma amostra da solução preparada, sendo seu
volume determinado da maneira mais precisa possível. Em seguida,
essa amostra é titulada, utilizando-se uma solução padronizada de
nitrato de prata (AgNO3) 0,10 molar.
Nessa titulação, ocorre a seguinte reação:
NaCI(aq) + AgNO3(aq)
AgCl(s) + NaNO3(aq)
Pela equação percebemos que ocorre a precipitação do cloreto
de prata [AgCl(s)]. A primeira gota de nitrato de prata obtida após a
precipitação total do cloreto presente na amostra do soro reage com
um indicador apropriado, produzindo uma solução de cor salmão. A
partir do volume de nitrato de prata consumido determinamos o seu
número de mol.
Como, na reação, a proporção é de 1:, o número de mol de
NaCl também será determinado e, como o volume de amostra é
conhecido, conseguimos saber a sua concentração molar exata.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
VARIAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA E
PONTO DE EBULIÇÃO
N
as montanhas, onde a pressão atmosférica é menor do que ao nível do mar, a temperatura
de ebulição da água em recipiente aberto é menor que 100 ºC. No monte Everest (Ásia), por
exemplo, cujo pico está 8.882 metros acima do nível do mar, a pressão atmosférica é de 244mm
Hg e a água entra em ebulição a 71 ºC.
Na cidade de São Paulo, onde a pressão
atmosférica é de aproximadamente 700 mm Hg, o
PE
da
água
é
menor
que
100
ºC:
aproximadamente 98,3 ºC.
O fato de o ponto de ebulição ser alterado
pela variação da pressão exercida sobre o líquido
é utilizado com freqüência no nosso dia-a-dia. Um aumento de pressão provoca um aumento na
temperatura de ebulição que, por sua vez, acelera as mudanças físicas e químicas que ocorrem
durante o cozimento de alimentos, como carnes, ovos, legumes etc. esse aumento de pressão é
obtido quando utilizamos a panela de pressão. Nesse aparelho, a pressão atinge valores
superiores a 1 atm (760 mm Hg), o que provoca a ebulição da água a temperaturas superiores a
100 ºC.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
OSMOSE NA MEDICINA
HEMODIÁLISE
N
osso organismo retira dos alimentos os nutrientes
necessários à vida e, durante esse processo, são
produzidos resíduos tóxicos, como a uréia, que devem ser
eliminados. Esses resíduos normalmente são eliminados pelos
rins, porém, pessoas que apresentam mau funcionamento
renal devem ser submetidas a sessões de hemodiálise para a
eliminação desse resíduos.
O processo de diálise assemelha-se à osmose, diferindo pelo fato de tanto solvente (água)
como as pequenas partículas dos solutos (entre elas, os resíduos) serem capazes de atravessar
as membranas semipermeáveis utilizadas. Na osmose, ocorre apenas a passagem do solvente.
Na hemodiálise, o sangue é bombeado por meio de um tubo
formado por uma membrana dialisadora. Essa membrana encontra-se
imersa em solução que contém muitos componentes do plasma
sangüíneo (glicose, NaCl, Na HCO3, KCl etc) na concentração em que
nele são encontrados.
As células sangüíneas, as proteínas e outros componentes
importantes do sangue, por serem maiores que os poros dessa
membrana, não conseguem atravessá-la. Porém, os resíduos tóxicos
conseguem passar para a solução através da qual serão eliminados do
organismo.
Cada sessão de hemodiálise pode levar, em média, de 4 a 7 horas para ser realizada.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
REDUTORES E OXIDANTES
ALGUNS REDUTORES BEM CONHECIDOS: REVELADOR E SUCO DE LARANJA
Um dos redutores mais conhecidos é o revelador usado em fotografias em preto-e-branco. O
filme utilizado nesse processo de revelação consiste de uma lâmina plástica recoberta por uma
emulsão de cloreto ou de brometo de prata. Os íons de prata expostos à luz reagem com o
revelador - um agente redutor -, formado prata metálica. Esses agentes redutores geralmente são
compostos orgânicos, sendo a hidroquinona um dos mais utilizados:
hidroquinona
benzoquinona
C6H4(OH)2(aq) + 2 Ag+(aq)
C6H4O2(aq) + 2 Ag(s) + 2H+(aq)
Nox médio dos C = 1-/3
Nox médio dos C = 0
Os íons de prata que não foram expostos à luz não reagiram com a hidroquinona. O filme é,
então, “lavado” com tissulfato de sódio para a retirada desses íons, originando o negativo.
Nesse processo, o negativo fica preto nas partes em que houve deposição de prata metálica
(pontos expostos à luz) e transparente na área em que não ocorreu a redução dos íons de prata.
Em seguida, faz-se um feixe luminoso atravessar o negativo e incidir sobre um papel sensível à
luz, produzindo a fotografia – o positivo.
Em Medicina, os agentes redutores
costumam
ser
denominados
antioxidantes. Um dos mais conhecidos
é a vitamina C (ácido ascórbico).
Atualmente,
industrializados
muitos
recebem
alimentos
adição
de
vitamina C, não só pelo seu valor
nutricional, mas pelo fato de o ácido
ascórbico reagir rapidamente com vários
agentes oxidantes – como o gás oxigênio
do ar -, evitando que o alimento sofra
alterações.
A vitamina C é solúvel em água e,
por isso, ela não pode ser adicionada a
No preparo de uma salada de frutas, costuma-se
colocar um pouco de suco de laranja ou de limão
sobre os pedaços de pêra e maçã. Esse procedimento
evita escurecimento dessas frutas, pois a vitamina C,
presente nesses sucos, impede a ação oxidante do
oxigênio sobre elas.
certos alimentos como antioxidante. Nesse caso, deve ser substituída pela vitamina E, que age
também como antioxidante lipossolúvel, isto é, solúvel nas gorduras.
ALGUNS OXIDANTES POPULARES: ALVEJANTES E ÁGUA OXIGENADA
Os alvejantes, também conhecidos por branqueadores, são substâncias usadas para eliminar
cores e manchas indesejáveis ou deixar mais brancos tecidos ou outros materiais.
20
Fabiana Rodrigues Corrêa
As cores podem ser “produzidas” pelo movimento dos elétrons quando estes mudam de
níveis de energia. Se esses elétrons forem retirados por meio de oxidação, a cor do tecido
desaparecerá. Por esse motivo, todos os alvejantes são sempre agentes oxidantes. Porém nem
todo agente oxidante pode ser usado como alvejante, ou por serem tóxicos ou danosos aos
tecidos, ou por outros motivos, como, por exemplo, custo elevado.
Os três oxidantes mais usados como alvejantes são o cloro (C l 2), os hipocloritos (Cl O-) e o
peróxido de hidrogênio (H2O2).
Os alvejantes de tecidos mais usados, tanto em residências como pelas indústrias, são os
hipocloritos de sódio e de cálcio. Normalmente o NaC l O é usado em solução aquosa, enquanto o
Ca (Cl O -)2 é comercializado em pó. Este último é o mais usado em escala industrial,
principalmente para o tratamento de papel e de tecidos.
Para clarear cabelos, geralmente se usa solução aquosa de peróxido de hidrogênio a 10
volumes, que oxida o pigmento preto do cabelo (melanina), tornado-o claro. Essa solução também
é utilizada na restauração de pinturas. Os pigmentos brancos, usados em muitas tintas, contêm
íons de sulfeto, produzindo o sulfeto de chumbo, de cor preta. O peróxido de hidrogênio oxida o
sulfeto a sulfato, restaurando a cor branca, de acordo com a equação:
PbS(s) + H2O2(aq)
PbSO4(s) + H2O(l)
preto
branco
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Fabiana Rodrigues Corrêa
A ENERGIA DE ATIVAÇÃO
ara que uma reação química possa ocorrer é necessário que os reagentes recebam certa
P
quantidade de energia, chamada energia de ativação (Ea). A quantidade, assim como a forma
da Ea, varia de uma reação para outra. Em um grande número de situações, ela é fornecida aos
reagentes através de um aquecimento; porém, pode ser de outros tipos.
A reação entre os gases nitrogênio (N2) e oxigênio (O2),
componentes do ar, por exemplo, não ocorre em condições
ambientes, embora exista um grande número de choques
entre suas moléculas. A reação entre esses gases ocorre na
atmosfera apenas quando associada a descargas elétricas dos
relâmpagos, em dias chuvosos, e também no interior dos
motores de explosões internas, quando a vela do automóvel libera uma faísca elétrica. Nesses
casos, a Ea é fornecida pelas faíscas.
A Ea necessária para a combustão do
gás contido num isqueiro também é
proveniente de uma faísca. A faísca ainda
é usada para fornecer a Ea a um
dispositivo usado em carros para proteger
os motoristas, o airbag.
Esse dispositivo é inflado pelo gás
nitrogênio (N2) produzido numa reação
praticamente instantânea que ocorre entre o nitrogênio de sódio e o óxido de ferro III:
Faísca
6 NaN3 + Fe2O3
3 Na2O + 2 Fe + 9 N2
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Fabiana Rodrigues Corrêa
ANTIÁCIDOS E AZIA
O estômago secreta, diariamente, cerca de 2,5 L de suco gástrico. A substância mais
importante presente nessa secreção é o ácido clorídrico (HC l ) , que tem duas funções
importantes: eliminar microorganismos e auxiliar o processo digestório. Além do suco gástrico,
algumas células secretoras produzem o muco – camada gelatinosa que se forma sobre a parede
do estômago, protegendo-o do ácido clorídrico. Álcool, vinagre e alguns antiinflamatórios podem
fragilizar essa camada protetora e, se isso ocorrer, mesmo em concentrações normais de HC l,
inicia-se o desconforto gástrico popularmente conhecido por azia.
Esse desconforto geralmente é provocado por hiperacidez estomacal decorrente da ingestão,
em excesso, de alimentos, de cafeína, de bebidas alcoólicas e de substâncias apimentadas ou
ácidas. O excesso de ácido pode atravessar a camada de muco protetor e alcançar a parede do
estômago, bem como migrar para o esôfago, provocando uma desagradável sensação de
“queimação” no peito.
Os antiácidos são drogas usadas com o intuito de neutralizar o HC l presente no suco
gástrico, aliviando a dor gástrica associada à hiperacidez.
Há
várias
disponíveis
drogas
no mercado.
O quadro ao lado traz a
relação
dos
Nomes comerciais
bicarbonato de sódio (NaHCO3)
Alka-seltzer, Eno, Sonrisal
hidróxido de magnésio [Mg(OH)2]
Maalox, Mylanta, Di-gel
hidróxido de alumínio
Leite de Magnésia Phillips
principais
antiácidos conhecidos.
O
Nome genérico do principal antiácido
bicarbonato
de
sódio tem atuação rápida ,
levando alívio imediato a
quem o consumir. Ao ser ingerido, esse antiácido libera CO 2 e provoca eructação (arroto):
NaHCO3(s)
H2O
Na+(aq) + HCO-3(aq)
HCO3(aq) + H3O+(aq)
H2CO3(aq) + H2O(l )
H2CO3(aq)
CO2(g) + H2O(l )
O bicarbonato de sódio não deve ser utilizado em tratamentos prolongados, pois parte dele é
absorvida no intestino, podendo alcalinizar o sangue (alcalose).
O hidróxido de magnésio é uma suspensão aquosa de MgO e Mg(OH)2 que, ao ser
ingerida, neutraliza o ácido clorídrico do estômago. A reação pode ser representada por:
Mg(OH)2(s) + 2 HCl(aq)
MgCl 2 (aq) + 2 H2O(l)
Mg(OH)2(s) + 2 H+(aq)
Mg2+(aq) + 2 H2O(l )
ou, simplificadamente:
23
Fabiana Rodrigues Corrêa
Os efeitos da atuação do hidróxido de magnésio não são tão imediatos quanto os do
bicarbonato de sódio, no entanto, devido a sua baixa solubilidade, parte do hidróxido permanece
no estômago, formando um reservatório de antiácido, o que torna a sua ação mais duradoura.
Parte do cloreto de magnésio MgCl 2 (aq) produzido na reação atua como um laxante salino de
atuação discreta.
Por não provocar alterações significativas, o uso desse antiácido é recomendado para
tratamentos prolongados.
O hidróxido de alumínio neutraliza o ácido clorídrico presente no estômago mediante a
formação de cloreto de alumínio e água:
Al (OH)3(s) + 3 HCl
AC3(aq) + 3 H2O(l )
( aq)
ou, simplificadamente:
Al (OH)3(s) + 3 H+(aq)
A3+(aq) + 3 H2O(l )
Esse antiácido atua gradualmente e seu efeito continua por várias horas. O uso prolongado
desse medicamento pode provocar constipação (diminuição da freqüência de evacuação).
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Fabiana Rodrigues Corrêa
SOLUÇÃO-TAMPÃO
Em muitas soluções, inclusive nas presentes em nosso
corpo, o pH deve ser mantido
em determinada faixa de
valores. Por exemplo: o nosso sangue deve apresentar pH
entre 7,3 e 7,5.
Se o pH sangüíneo variar acima ou abaixo dessa faixa,
essa variação , mesmo sendo pequena , poderá
causar
sérios distúrbios ao organismo ou até mesmo levá-lo à
morte.Uma das maneiras de se controlar o pH de uma
solução é mediante o uso de uma solução-tampão.
A solução-tampão é uma mistura que tem a capacidade
de evitar que o pH sofra grandes variações. Ela é formada
por duas substâncias:

um ácido fraco e um sal desse ácido:
H3CCOOH/ [Na(H3CCOO)]
ou

Uma base fraca e um sal dessa base:
NH4OH / [NH4 (H3CCOO)]
Para entendermos como uma solução-tampão age, vamos estudar um dos tampões
encontrados no sangue, formado por ácido carbônico (H2CO3) e bicarbonato de sódio (NaHCO3).
A ação do tampão está relacionada aos equilíbrios existentes na solução. Observe:
H2CO3
NaHCO3
H+ + HCO-3
Na+ + HCO-3
ácido
sal
Nessa solução, temos, simultaneamente, alta concentração de H 2CO3 e HCO-3 proveniente da
dissociação do sal.
Vamos ver como a solução-tampão consegue controlar o pH quando ela sofre a adição de
pequenas quantidades de ácido ou base.
a) Adição de ácido: suponha que certa quantidade de íons H+
tenha sido introduzida no sangue. Esses íons irão se
combinar com o ânion HCO-3 proveniente do ácido e,
principalmente, do sal, originando ácido carbônico (H 2CO3)
não-ionizado.
25
Fabiana Rodrigues Corrêa
b) Adição de base: suponha, agora, que certa quantidade de íons OH - tenha sido introduzida no
sangue. Esses íons irão retirar H+ do equilíbrio do ácido (H2CO3), fazendo com que esse ácido
se ionize e produza quantidade de H+ suficiente para neutralizar o OH- introduzido.
Em nenhum dos casos ocorre variação significativa de pH.
O nosso sangue apresenta três soluções-tampão:
1) H2CO3/ HCO-3
2) H2PO-4/HPO2-4
3) algumas proteínas
Outras soluções-tampão atuam em diferentes valores de pH. Para calcularmos o pH desses
tampões, a concentração de ânion do sal ou a concentração de ácido, usamos a equação de
Henderson-Hasselbach:
-log [H+] = - log Ka –log
[ácido]
ânion do sal
ou
pH = pKa + log
ânio do sal
ácido
Para a solução-tampão estudada no texto, teríamos:
pH = pKa + log
[HCO3]
[H2CO3]
O pH de uma solução-tampão é controlado, primeiramente, pela força do ácido (Ka) e, num
segundo momento, pelas quantidades relativas do ânion proveniente do sal e do ácido. Essa
equação é válida quando a relação [ânion do sal]/[ácido] for maior que 0,1 e menor que 10.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
A BOLSA DE GELO
Bolsa de gelo instantâneo: a reação produz uma sensação
de frio, isto é, o sistema absorve calor. Assim, a entalpia final do
sistema é maior do que a entalpia inicial.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
AS PRIMEIRAS PILHAS
m 1791, o anatomista italiano Luigi Galvani observou que os músculos da coxa de rãs
E
recentemente dessecadas sofriam contrações quando em contato simultâneo com dois
metais diferentes. Galvani concluiu que o fenômeno estava associado à presença de eletricidade,
originária dos músculos, sendo que os metais serviam de condutores. Já o físico italiano
Alessandro Volta interpretou o mesmo fato de maneira diferente. Ele julgou que a eletricidade
tinha sua origem nos metais e, a partir disso, começou a realizar uma série de experiências
usando pares de diferentes metais. Os resultados dessas experiências logo comprovaram que ele
tinha razão.
Em suas experiências, Volta colocava um “condutor úmido” (solução aquosa salina) entre dois
“condutores secos” (geralmente metais), ligando-os com um fio condutor. Assim, Volta descobriu
que “se estabelece, segundo a força predominante, à direita ou à esquerda, uma corrente elétrica,
uma circulação desse fluído, que cessa apenas ao se romper o circuito, e se restabelece logo,
sempre que o circuito é restabelecido”.
Como podemos perceber, Volta já tinha, naquele momento, a idéia da pilha e também notado
que o sentido do fluxo da corrente elétrica dependia dos metais que formavam cada par de
“condutores secos”. Hoje, sabemos que o metal que libera os elétrons sofre oxidação e é aquele
que tem o maior potencial de oxidação, ou seja, menor potencial de redução.
Em 1800, em uma carta ao cientista inglês Joseph Banks,
Volta relata a construção de sua primeira pilha:
Coloco horizontalmente, sobre uma mesa ou uma
base, um dos discos metálicos – de prata, por exemplo -,
e sobre ele disponho um segundo disco de zinco; sobre
este coloco um dos discos de flanela embebido em
salmoura;
depois
outro
disco
de
prata,
seguido
imediatamente por outro zinco, sobre o qual pouso outra
vez um disco umedecido. Continuo então da mesma
maneira... até formar, com vários desses estágios, uma
coluna tão alta que possa ainda se sustentar a si mesma
sem cair.
Os discos terminais eram
constituídos por metais
diferentes e conectados por um fio condutor.
Volta realizou experiências usando pares de diferentes
metais e verificou que a quantidade de corrente elétrica variava em função dos metais utilizados.
Além disso, ele foi o primeiro a utilizar soluções eletrolíticas entre os eletrodos. Volta criou um
dispositivo, denominado coroa de copos, formado por vários copos contendo soluções
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Fabiana Rodrigues Corrêa
eletrolíticas, ligados entre si por uma haste metálica cujas extremidades eram compostas de
metais diferentes.
Coroa de copos
Esquema da coroa de copos de Volta
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Fabiana Rodrigues Corrêa
pH DO XAMPU
O xampu deve ter pH ácido, próximo ao do cabelo ( 4,0), para manter fechadas as escamas
de queratina que recobrem os fios. Em meio básico, essas escamas se abrem e isso, além de
tornar os fios vulneráveis e quebradiços, impede que a luz que incide sobre elas seja totalmente
refletida, deixando os cabelos opacos (sem brilho). O uso de xampu alcalino causa danos aos fios
e provoca aparecimento de “pontas duplas”; para se ter uma idéia, se o cabelo for submetido por
algum tempo a um pH próximo de 12, ele literalmente dissolve. É justamente esse princípio de
ação dos chamados depiladores (removedores de pêlos) encontrados no mercado na forma de
creme e mousses.
30
Fabiana Rodrigues Corrêa
A PISCINA
Uma reclamação constante de pessoas que freqüentam piscinas públicas é o forte “cheiro de
cloro” que elas apresentam, principalmente quando são cobertas. Na verdade, o ácido hipocloroso
– denominado “cloro livre” – não tem cheiro em concentrações de até 20 ppm (e o máximo
recomendado na piscina é de 3,0 ppm). Portanto, o cheiro forte é de “cloro” ou de “ácido
hipocloroso”, mas sim de compostos denominados cloroaminas, formados pela reação entre o
ácido hipocloroso e o cátion amônio, NH1+4(aq), liberado pela urina ou pelo suor dos banhistas.
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Fabiana Rodrigues Corrêa
SOLIDIFICAÇÃO DA ÁGUA
Para evitar a solidificação da água do
radiador dos automóveis nos dias muito frios
(temperatura
abaixo
etilenoglicol.
Com
solidificação
da
consideravelmente,
solidificação.
32
de
isso
0ºC)
a
água
evitando
adiciona-se
temperatura
abaixo
assim
de
abaixa
a
sua
Fabiana Rodrigues Corrêa
DESLOCAMENTO DO EQUILÍBRIO
Uma dona de casa, depois de preparar o peixe para
o almoço, usa limão ou vinagre para remover o “cheiro
de peixe” de suas mãos. Por quê? O cheiro de peixe é
causado por um composto de fórmula CH3 - NH2,
chamado metilamina, proveniente da decomposição de
certas proteínas do peixe. Esse composto é uma base,
parecida com o NH3:
CH3 - NH2 + H2O ∆
∆ CH3 – NH+3 + OHbase
O limão e o vinagre são ácidos (H+) e vão neutralizar os íons OH-, retirando-os do equilíbrio.
Este irá então se deslocar para a direita (), retirando do equilíbrio o CH3 – NH2, responsável pelo
cheiro de peixe.
33
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