ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E OPERAÇÕES DO

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ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E OPERAÇÕES DO PENSAMENTO...
SABERES EM MOVIMENTO
Eixo Temático: Políticas educacionais e Currículo – com ênfase nas novas demandas
curriculares para a formação de professores e para a docência no cotidiano das escolas da
educação básica
Agência Financiadora: Não tem
Resumo
Mudança num mundo em que há sempre algo mais a ser visto significa mudança de
maneira de ver, alteração de pontos de vista, do modo como construímos o mundo. E, ao
mudar nosso modo de olhar, podemos nos dar conta de conceitos ou situações que sempre
estiveram à nossa frente, mas que não éramos capazes de, naquele momento, perceber,
porque estávamos presos a um determinado padrão mental. Enxergar ou descobrir o “novo”,
o “diferente”, é a abertura da razão. Esse é um dos compromissos assumidos pelo
Programa Docência na Educação Básica (PIBID) da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI). Como espaço e tempo de formação inicial do sujeito da docência, as estratégias
de aprendizagem experienciadas pelos(as) pibidianos(as) do sub-projeto Interdisciplinar no
CEM Tomaz Francisco Garcia (Balneário Camboriú/SC) reafirmam o pensar freireano, que
concebe a formação como um fazer permanente [...] que se refaz constantemente na ação.
Para se ser, tem de se estar sendo (FREIRE,1979). Estabelecer estratégias de
aprendizagem que fomentem a capacidade intelectual dos(as) acadêmicos(as)
potencializando a aprendizagem, a interlocução entre as diversas áreas do conhecimento, o
saber fazer, a abertura mental, a autonomia individual e coletiva, a criatividade são
elementos essenciais a uma cultura educacional que reconhece a infinita riqueza original do
ser humano. Um ser da esperança, apesar da consciência das incoerências, contradições e
dificuldades contemporâneas. “Não podemos ter a esperança de predizer o futuro, mas
podemos influir nele [...] as visões do futuro até as utopias desempenham um papel
importante nessa construção [...]. Há pessoas que temem as utopias, eu temo a falta delas”
(PRIGOGINE, 1996, p.39). Este trabalho tem a intenção de apresentar uma síntese de
diferentes ações pibidianas que buscaram superar a relação linear e mecânica entre teoria e
prática a partir da reflexão sobre a sua própria ação pedagógica, investigando “novas”
relações do saber com o fazer no contexto escolar, tendo em vista a elaboração de um
conhecimento da integração fundamentado no conceito de dimensão relacional imprimindo
“novos” significados à formação inicial de licenciandos(as) dos cursos de Pedagogia,
História, Letras e Educação Física por entender que a reflexão é um instrumento essencial
ao desenvolvimento do pensamento e da ação docente. A prática neste contexto é
entendida como uma maneira de viver a cotidianidade com toda a subjetividade. Inclui o que
se pensa, se sente, se aposta, se sonha, por isso, tem para cada ser humano um
determinado sentido e significado. Na mediação desse processo intencional, foi possível
perceber que um dos desafios postos era trabalhar com o desejo de mudança e de inovação
presentes no grupo de pibidianos(as) de forma a mobilizá-los a buscar e elaborar e a
apropriar-se de uma base conceitual inerente a temas/conteúdos que compõem a matriz
curricular dos Anos Iniciais (AI) do Ensino Fundamental (EF) e as demandas postas no
Projeto Político Pedagógico da escola. Metodologicamente o subprojeto Interdisciplinar é
estruturado em três eixos:1) O processo de ensinar e aprender no contexto da educação
formal: a prática pedagógica com foco nas vivências, organizado por meio de oficinas,
estudo do PPP da escola e diferentes estratégias de aprendizagem priorizando o
desenvolvimento de operações mentais predominantes de cada uma. 2) Ciência e Arte na
escola: sementes para a criatividade tem por objetivos: ampliar horizontes culturais por meio
da linguagem estética, biológica, histórica, reflexiva e integradora dos ambientes naturais e
culturais, desenvolvendo o conhecimento do universo científico e estabelecendo relações
com o universo artístico. Exercita a observação como habilidade fundamental para a
compreensão dos sentimentos que se expressam por meio de formas visuais ampliando o
repertório de conceitos científicos a partir de expressões artísticas. Estratégias
desenvolvidas: confecção de mandalas, visitas técnicas ao Museu do Olho e Jardim
Botânico (Curitiba/PR); Museu de Ciência e Tecnologia da PUC e Casa Cultural Mario
Quintana (Porto Alegre/RS); SESCIÊNCIA: Mostra Bichos do Sul (SESC Itajaí/SC) e oficina
de fotografia. 3) Ambiente Urbano: convivência entre o sistema natural e sistema
construído... um olhar que avalia, inclui, projeta e muda. Tem por objetivo instrumentalizar
grupos da comunidade local para que, frente à análise de problemáticas socioambientais
possam atuar como agentes transformadores do contexto em que vivem a partir da
compreensão das relações de interdependência e complementaridade que existe entre a
paisagem natural e a paisagem cultural. Estratégias de aprendizagem experenciadas: Horta
Pedagogica-ervas utilizadas na medicina caseira e alimentação da comunidade local;
pesquisa a campo “Pergunte a um idoso”, elaboração de glossário socioambiental;
produção do repelente natural, produção de sementeiras com características da
permacultura a partir do conceito de biodiversidade, caminhada da Dengue no entorno da
escolas com entrega de panfletos produzidos pelos alunos para alertar os moradores da
importância de minimizar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, produção do sabão de
ervas (alecrim) e de broas de araruta e fubá, confecção da boneca Emília com aromatizante
natural (cravo e canela), produção de jogos Trilhas e Jogo da Velha com as ervas
medicinais. Elaboração de diário de bordo com registros das sensações, atividades
realizadas, dúvidas, pensamentos, curiosidades, identificação de espaços livres da escola
indicando possibilidades de transformação produzindo um mapa com o cenário de futuro.
Mais do que repetir ou elaborar conceitos, as diferentes estratégias de aprendizagem
promoveram a vivência de conceitos, estimulando o(a) aluno(a) a reconhecê-los em seu
cotidiano. Os resultados parciais sobre a diversificação das estratégias de aprendizagem e
pelo desenvolvimento de diferentes operações do pensamento diante do objeto de estudo
permitem a inferência de que esse movimento dialógico-reflexivo consolida o aprendizado
dos(as) pibidianos(as) e alunos(as) da educação básica. Operações do pensamento de
complexidade variada e crescente fomentam a observação, a comparação,a compreensão,
a aplicação, a análise, a síntese, a avaliação, a interpretação argumentativa, a busca de
suposições, a imaginação, a criatividade, a aplicação de fatos/conceitos/princípios a novas
situações, a decisão, o planejamento de projetos/pesquisas, a dedução, o desenvolvimento
das competências comunicativa e estética. (ANASTASIOU e ALVES, 2004). Os conceitos
apropriados pelos bolsistas do PIBID interdisciplinar têm originado novas produções de
sentido e significado de ser e estar no mundo, potencializando o ser-saber-fazer da/na
docência, tendo em vista a busca por uma escola mais generosa, amorosa, includente,
articuladora de diferentes saberes contribuindo para que educandos e educadores sejam
mais que sujeitos do/no ensino: sejam seres sociais dispostos a intervir para as
transformações e a re-visão do mundo. O saber, assim, será uma conquista constante da
humanização. Essa busca da humanização, da pessoalização universal, deve ser um
caminho perseguido para a consciência universal de que somos "partes e todo" cósmicos,
agentes responsáveis pela construção solidária da paz. No dizer de Morin (2000) a
solidariedade e a responsabilidade oriundas de um profundo sentimento de filiação (affiliare,
de filius, filho), sentimento matripatriótico que deveria ser cultivado de modo concêntrico
sobre o país, o continente, o planeta.
Palavras-chave: Estratégias de aprendizagem, operações do pensamento, PIBID.
Referências
ANASTASIOU, L.G.C. e ALVES, L.P. Processos de ensinagem na universidade.
3.ed. Joinville, Univille, 2004.
FREIRE,P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
PRIGOGINE, Ilya. 1996. O fim das certezas - tempo, caos e as leis da natureza. São
Paulo: UNESP. p. 199.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez,
2000.
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