FERREIRA, Mônica Cristina Brunini Frandi (2002) A edificação residencial urbana paulista: estudo de caso - Rio claro, 1930-1960. Dissertação de Mestrado. PO. MEYER, Regina Maria Prosperi. DISSERTAÇÂO DE MESTRADO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO A EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL URBANA PAULISTA: ESTUDO DE CASO - RIO CLARO, 19301960 MONICA CRISTINA BRUNINI FRANDI FERREIRA P.O. REGINA MARIA PROSPERI MEYER São Paulo, 2002 RESUMO Esta dissertação propõe constituir uma reflexão de um caso específico da edificação residencial urbana na cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, verificando suas características e transformações numa perspectiva histórica. Os "processos de construção" e a "Legislação urbanística" são as principais fontes primárias para a pesquisa dos projetos arquitetônicos e dos memoriais descritivos, porque permite uma análise das moradias sobre documentos originais. A pesquisa dos "processos de construção" inicia-se em 1936, primeiro exercício onde há a regularidade das plantas, e termina em 1960, introdutor de novas relações entre a arquitetura e o lote urbano. Em virtude do volume de 10.450 exemplares do período, são escolhidos sete exercícios (1936, 1940, 1944, 1948, 1952, 1956 e 1960), onde são pesquisados 3.117 processos, dentre os quais somente 1.430 (13,7% do universo inicial) apresentam as informações completas e necessárias das 1.762 edificações residenciais unifamiliares. A pesquisa na "legislação urbanística municipal" inicia-se pelo seus mais antigo texto, no ano de 1867, e termina também no ano de 1960. São três os enfoques de análise do espaço da moradia, sendo que o primeiro é convencionado "tipológico" e procura, através do estudo da implantação da casa no terreno, verificar a relação da arquitetura com o espaço público e dela com o lote. As moradias dos sete exercícios são classificadas em cinco "categorias tipológicas" distintas, denominadas "A" (implantação tradicional, no alinhamento e sem afastamentos), "B" (implantação no alinhamento e com afastamento lateral), "C" (implantação com recuo frontal, com ou sem afastamentos), "D" (isolada no lote) e "E" (localizada no fundo do terreno). A Tipologia "B" é mais expressiva entre as cinco categorias tipológicas, representando 64,7% do total de moradias construídas. Os tipos "C" e "D" têm taxas bastante próximas, respectivamente 15,4% e 11,8%. O tipo "A" apresenta a menor média (191,03m2). O tamanho do lote pode condicionar a forma de implantação da edificação. Esses terrenos sempre obedecem à tradicional forma de pequena testada (entre 8,00m e 10,00m) e grande profundidade (30,00m a 44,00m), presente desde o retalhamento inicial da área urbana, em 1830, quando as terras rioclarenses recebem arruamento em "tabuleiro de xadrez". Esse esquema racional de traçado consiste na delimitação de quarteirões quadrados subdivididos em lotes regulares. Em relação à metragem média da planta, o tipo "A" dispõe da maior área (121,67 m2). Com taxas próximas estão os tipos "D" (75,04 m2), "B" (75,04 m2) e "C" (72,49 m2) e o tipo "E" (57,93 m2) apresenta a menor média. O mais expressivo número de habitações apresenta plantas de área construída bastante semelhante. A taxa de ocupação da casa no lote é maior em "A" (63,7%) e menor em "D" (19,6%), com valores intermediárias nos tipos "B" (30,6%), "C" (26,8%) e "E" (20,8%). O segundo enfoque analisa a "densidade" e o "uso" das habitações e as moradias dos sete exercícios são classificadas em "térreas" e "sobradadas" e em uso "unicamente residencial" e com "atividade mista complementar". A maioria das moradias é térrea (96,9%) e de uso unicamente residencial (95,5%). A porcentagem mais significativa de edificações sobradadas aparece no tipo "A" (31,3%), sendo que nos demais chega no máximo à 3,0% (tipo "B"). Em relação ao uso misto, é também no tipo "A" que ele aparece com maior freqüência, certamente valendo-se da implantação no alinhamento e do lote de esquina, representando 36,4% das edificações térreas e 50,0% dos sobrados. Nos demais ele é pouco recorrente. O terceiro enfoque é convencionado "programático" e verifica através do estudo do programa de necessidades, a composição e a organização interna da moradia. Devido à invariabilidade das plantas, somente os exemplares de três exercícios (1936, 1948 e 1960) estão classificados nos cinco setores funcionais, cada qual correspondendo a uma forma distinta de uso da habitação. O primeiro setor é denominado de "estar" e nele estão contidas as peças para acesso ao interior da moradia e para o recebimento de visitas. Do setor "íntimo" ou de "repouso" fazem parte os cômodos destinados à sociabilidade interna e ao repouso. O setor de "serviços" destina-se aos trabalhos domésticos e à manutenção da moradia. Há também os espaços destinados à "circulação" interna e as peças destinadas ao "uso misto". Em média, os cômodos do setor "íntimo" representam a maior área da planta (38,2%), seguida dos espaços destinados aos "serviços" (32,6%). O setor de "estar" apresenta taxa intermediária (23,5%) e os espaços destinados 1a "circulação" e ao "uso misto" dispõem das médias mais reduzidas (respectivamente, 4,7% e 1,0%). Em relação ao número de cômodos, a média é de 6,5 peças por habitação, sendo 6,1 para 1936 e 6,9 para 1948. Em virtude da forma tradicional dos lotes, com pequena testada e grande profundidade, a planta quase sempre possui seqüência de cômodos, independentemente da implantação da casa no terreno. As cinco distintas categorias tipológicas de implantação da casa no lote apresentam esse esquema de planta, sem alteração no "programa de necessidades", na localização e no uso das peças. A organização da planta está atrelada à forma dos lotes e não à maneira de implantação da casa no terreno. Na organização do espaço, "terraço" e "dormitório" geralmente ocupam a parte frontal no alinhamento ou recuada desse. A "sala" orienta a circulação interna no centro da planta, que também pode dispor de outro dormitório (isolado por corredor) e de uma segunda sala íntima, muitas vezes denominada "varanda". Na parte posterior sempre está a "cozinha" e, em menor ocorrência, o "banheiro interno" e a "despensa". Em edificação anexa do quintal, estão o "rancho para tanque", o " W.C.", o "depósito", a "edícula" e a "garagem", que também pode estar localizada na frente da casa. No setor de "estar", o "terraço" geralmente aparece em metade das novas edificações, com média de área construída de 6,27 m2. Praticamente todas as salas possuem "sala", com dimensão média de 12,42 m2. No setor "íntimo", cada moradia apresenta quase sempre dois "dormitórios", cada qual com 11,31 m2 de área construída. A "varanda" apresenta 11,94 m2 de área média e, inicialmente presente em metade das edificações, reduz sua concorrência. No setor de "serviços", quase todas as casas apresentam "cozinha", com dimensão média de 9,68 m2, cada vez menos acompanhadas pela "despensa", com 7,39 m2. Quanto aos "banheiros", a peça interna de 5,07 m2 de área média, é sempre menos recorrente do que a peça externa de 1,63 m2, pois aparece no máximo em 30,0% das novas construções, enquanto que a segunda chega a 70,0%. Todas as edificações externas aumentam significativamente sua ocorrência, seja o "rancho para tanque", de média de 6,31 m2 de área construída, seja o "depósito externo, edícula ou garagem", com dimensão de 11,00 m2. Localização nas bibliotecas da FAU FAU-PGR /043:728^F383e FAU /728.0981^F413e