Relato sobre Moradias

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Zoë 1˚ E.M. A RELATO SOBRE ATIVIDADES SAD A moradia é direito do cidadão e um dever do Estado. Esta afirmação foi registrada, oficialmente, em diferentes documentos, de diferentes formas, porém, é uma lástima não poder confirma-­‐la. Atualmente, a situação de inúmeras pessoas torna dessa não mais que uma frase digna de ser, um dia, verdadeira. O Brasil serve como um exemplo perfeito nesse aspecto. Apresentando um dos maiores índices de desigualdade, o contraste entre as classes sociais é evidente, principalmente no ambiente urbano. Essa desigualdade social é uma característica do modelo político no qual a nossa sociedade vive, o capitalismo. O capital se baseia em uma sociedade desigual. Durante a SAD, nós aprofundamos um pouco o estudo sobre moradias e habitações na cidade, visando as diferentes classes e condições da população. Começamos por assistir ao filme-­‐documentário brasileiro “Um lugar ao Sol”, dirigido por Gabriel Mascaro no ano de 2009. Foi gravado em cidades litorâneas do Brasil, retratando situações de moradia a partir do ponto de vista da classe social mais alta, que vive, especificamente, em coberturas de prédios. O filme se desenrola com os depoimentos deixados pelos moradores desses apartamentos, que, não sofrem intervenção alguma nas entrevistas, não há uma contraposição explícita ao que eles relatam. A crítica é construída ao longo do filme, sendo facilmente percebida, o que se deve ao olhar cínico do diretor. A ordem e escolha das falas das pessoas, que são até impactantes para o espectador, evidenciam a crítica e a intenção do filme. “Um lugar ao Sol” apresenta, de forma irônica, o ponto de vista desses moradores, não somente em relação à qualidade de vida que eles tem como também a qualidade de vida de pessoas de classes mais baixas. O filme nos trouxe informações muito importantes que acabaram por concretizar esse estudo, que se encaixa na área de Geografia. No dia seguinte, visitamos uma ocupação no Centro da cidade de São Paulo, conhecida como “Ocupação Martins Fontes”. Os trabalhadores que atualmente ocupam o prédio lutam, com o apoio de seis movimentos, para conseguir esse espaço, que é, até agora, propriedade do governo federal. Abandonado há vinte anos, o prédio foi habitado há cerca de um ano e meio. Os cidadãos, defendendo os seus direitos de moradia que não estão sendo atendidos pelo governo, moravam antes em cortiços e favelas, e agora estão sob pressão e ameaças de despejo. São cerca de 66 famílias morando no mesmo local. Vimos que o mesmo acontece em vários outros prédios na região. Um estudo aponta que há cerca de setecentas mil moradias abandonadas em São Paulo, levando em conta que um terço da população vive sob condições precárias. Apenas aqueles que tem dinheiro tem como se sustentar, viver com qualidade, fora de áreas de risco, fora da rua. Mesmo que seja um dever do Estado dar moradia digna para a população, na teoria, não é o que está acontecendo. No último dia de SAD, fizemos uma visita ao chamado “Casarão do Brás”. O local, que era antes uma ocupação, conseguiu ser tomado, e passou a ser moradia de, aproximadamente, 180 famílias. Apesar da conquista, o esforço foi em maioria dos moradores, que construíram o Casarão. O Estado, por sua vez, teve ação apenas no fornecimento dos materiais. O aproveitamento dos blocos também não foi por completo, e algumas obras acabaram sendo interrompidas, mesmo tendo um grande potencial para ajudar a população que reside, não somente lá, como que frequenta a região, que poderia ter virado uma creche, um centro cultural ou um posto de saúde. Ao olharmos tudo o que foi visto, do filme às visitas, pudemos compreender mais sobre as desigualdades sociais, que se projetam nas moradias e ao mesmo tempo na ação do Estado na vida do cidadão, e também a importância de determinadas moradias e a situação de grande parte do povo brasileiro. Vivemos em um sistema onde aquele que possui maior renda e é importante para o capital, de uma certa forma, tem uma vida de qualidade, moradia estável, e outros direitos de qualquer cidadão. A realidade com a qual grande parte da população brasileira vive diariamente, por outro lado, é triste e hostil. A exclusão do governo, o desleixo e o descuido dessas pessoas, acaba as tornando sobreviventes do capitalismo e da exclusão política, marginalizando essa população. A moradia, que é um direito do cidadão, passa a ser um privilégio. O Estado acaba por não cumprir sua função, o que leva a essas pessoas fazerem o possível para sobreviver nessa sociedade. Ocupar terrenos abandonados e exigir o que lhe é direito: a habitação, um lar. A região do centro da cidade é um fragmento do espaço urbano de extrema importância para essas pessoas, que moram em locais muito afastados do núcleo urbano, as cidades dormitórios, levando horas de condução para chegar no trabalho. O Centro possui uma grande concentração de atividades humanas, comércio, trabalho, educação, etc. Se grande parte dessas pessoas morasse naquela região, o processo que leva para um indivíduo chegar no trabalho chegaria a ser menor e menos exaustivo, economizando tempo. Porém, com a devida valorização do solo deste local específico, há uma forte especulação imobiliária na área, de modo que o Estado procure afastar a população mais pobre de lá. A cidade passa a se construir em cima da desigualdade social e exclusão política, e em função do mercado. 
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