PIB AGRO: Agronegócio pode ter leve queda em 2015 - Cepea

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Piracicaba, 10 de dezembro de 2015.
PIB AGRO/CEPEA: Agronegócio pode ter leve queda em 2015
Cepea, 10 – Nem o agronegócio resiste à crise econômico-política instalada no País. No acumulado
de janeiro a setembro deste ano, o PIB do setor recuou 0,51%, sinalizando para queda anual de 0,7%
em 2015 em relação a 2014, conforme cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A divulgação de dados oficiais referentes aos meses mais recentes
pode alterar ligeiramente este resultado. O movimento baixista ocorre tanto na agricultura quanto na
pecuária, que caem a taxas semelhantes: 0,49% e 0,54%, respectivamente, até setembro.
As retrações mais expressivas ocorrem no segmento industrial (queda de 1,31%, até setembro), mas
os resultados dos segmentos primário e de serviços relacionados ao agronegócio também recuam:
0,30% e 0,64%, respectivamente, no acumulado até setembro. O único segmento do agronegócio que
cresceu neste período foi o de insumos, 1,22%, puxado pela forte alta dos preços de fertilizantes
decorrente do câmbio. Em contrapartida, o volume importado diminuiu 13% na comparação de
janeiro a outubro de 2015 e o mesmo período de 2014, segundo dados da Anda (Associação
Nacional para Difusão de Adubos).
No segmento “dentro da porteira” do setor agrícola, os preços médios (agregado dos produtos
considerados no cálculo do PIB) estão 4,08% menores que na média de jan-set/2014, ao passo que a
produção das mesmas culturas pode ter expansão anual de 4,4%. No balanço, registra estabilidade. Já
a renda do segmento primário da pecuária tem sido pressionada pelos menores volumes de
produção, uma vez que, em preços, o cenário é de alta no comparativo com 2014. O resultado era
negativo em 0,55% até setembro.
Na agroindústria, os piores cenários foram registrados para o etanol e produtos têxteis–vestuaristas.
A indústria de base agrícola vai acumulando retração de 1,25% e a pecuária, de 1,7%.
Na avaliação da equipe Cepea, o câmbio segue positivo para as exportações, mas a desvalorização do
Real não tem sido suficiente para compensar a forte queda dos preços internacionais. De janeiro a
setembro, os preços de exportação do agronegócio, em Reais, estiveram 6% abaixo dos observados
no mesmo período de 2014.
Para 2016, a maior preocupação dos produtores está relacionada ao crédito. A liberação dos recursos
do Plano Safra 2015/16 atrasada e os produtores têm enfrentado dificuldade na contratação de
empréstimos a juros subsidiados previstos no Plano Plurianual Agrícola. Conforme instituições
bancárias, a queda nos depósitos à vista e na poupança, ao lado das exigências crescentes de
garantias, têm limitado o atendimento à demanda de financiamento rural. Conforme pesquisadores
do Cepea, são preocupantes as informações de que o crédito para investimento estaria sofrendo forte
queda, podendo comprometer o crescimento em 2016 e, talvez, por mais anos.
“A agropecuária brasileira é movida essencialmente por tecnologia, que alcança os produtores rurais
por meio de novos insumos (sementes e melhoria genética animal, agroquímicos, maquinários etc.) e
novas práticas agronômicas e administrativas capazes de enfrentar ou mitigar os contínuos desafios
ligados ao clima e à incidência maior de pragas e doenças e à volatilidade dos mercados. São fatores
que tornam o segmento bastante intensivo no uso de crédito. O prolongamento da crise econômica e
política tem grande potencial de atingir o processo de crescimento do agronegócio brasileiro ao
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Piracicaba, 10 de dezembro de 2015.
reduzir o volume e aumentar o custo do crédito e de outros instrumentos de política agrícola (seguro
e apoio à comercialização, pesquisa e extensão), dado o constrangimento fiscal”, avalia o professor
Geraldo Barros, coordenador do Cepea.
Nas perspectivas do Cepea, a economia doméstica deve permanecer em nível recessivo em 2016,
com menores níveis de emprego e salário real. No cenário externo, principal alavanca do
agronegócio brasileiro, as perspectivas também trazem preocupação. O dólar deverá seguir em
elevação ao mesmo tempo em que os juros norte-americanos deverão dar um primeiro salto depois
de anos seguidos de estagnação em níveis baixíssimos. A isso se soma o crescimento mundial mais
lento, principalmente da China. Os pesquisadores acrescentam ainda o cenário de preços de
commodities estagnados ou em queda.
“A válvula de escape para o Brasil será uma alta ainda maior do dólar no mercado interno,
compensando a evolução dos preços internacionais. Entretanto, o recrudescimento da inflação poderá
levar as autoridades monetárias a avançar na elevação dos juros e nas intervenções no mercado
cambial, em prejuízo do agronegócio (mesmo considerando-se o contrapeso do impacto sobre os
preços nos insumos)”, comenta Geraldo Barros.
No balanço, dizem os pesquisadores, não há como não antever um ano de 2016 difícil para o
agronegócio e também para os demais setores da economia. O agronegócio ficará à mercê de como
se consumarem os fatores de incerteza (clima, pragas e doenças, dólar, preços internacionais) que
definirão em que direção o PIB do setor vai se mover em relação à baixa taxa observada no ano que
termina. Independentemente dessa direção, a mudança não deve ser expressiva, antecipam.
Outras informações sobre o PIB do Agronegócio: www.cepea.esalq.usp.br/pib e por meio do
Laboratório de Informação do Cepea com o prof. Geraldo Barros e a Dra. Adriana Ferreira Silva.
(19) 3429-8836 ou 8837 e [email protected]
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