24.06.12_2a_edicao

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Clipping - Departamento DST/AIDS e Hepatites Virais
ÍNDICE
A NOTÍCIA - SC
Vacina é assunto de gente grande ..........................................................................................................3
A TARDE - BA
Brasil amplia produção de vacina (Curtas) .............................................................................................3
A TRIBUNA - SP
Praça 14 Bis recebe evento saúde e cidadania neste domingo .........................................................4
CORREIO DO POVO - RS
Começa o cadastramento na saúde ........................................................................................................4
DIÁRIO CATARINENSE - SC
Exportação de vacina contra a tuberculose ...........................................................................................5
O que fazer para evitar e como agir quando pegar ...............................................................................5
FOLHA DE PERNAMBUCO - PE
Vacinação atinge 71% das crianças no Brasil. ......................................................................................7
O ESTADO DO MARANHÃO - MA
SUS gasta 30% mais com motociclistas no MA. ...................................................................................7
ZERO HORA - RS
Cem novos leitos abertos em Canoas.....................................................................................................8
Governo ampliará produção de vacina ...................................................................................................9
ISTO É
O novo feminismo .....................................................................................................................................10
"Vamos erradicar a pólio do mundo em dois anos" ............................................................................11
CARTA CAPITAL
Livro | O Brasil do quiproquó ...................................................................................................................13
O desejo revolucionário ...........................................................................................................................14
A ética do corpo ........................................................................................................................................16
Relatos de quem fez aborto ....................................................................................................................17
A verdade nua e crua ...............................................................................................................................18
TERRA
Ministério garante 64 barcos para resolver saúde na Amazônia ......................................................21
BOA INFORMAÇÃO
Interação ajuda portador de HIV a enfrentar doença, diz estudo .....................................................23
CORREIO DA MANHÃ
Trabalhadores protestam contra fecho da MAC ..................................................................................23
O DOCUMENTO
Estudo comprova que interação social ajuda portadores do HIV .....................................................24
A NOTÍCIA - SC | JOINVILLE
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
24/06/2012
Veja a matéria no site de origem
Vacina é assunto de gente grande
Adultos também precisam se prevenir contra a gripe A e outras doenças
Com a chegada do frio, é preciso aumentar os cuidados com as doenças virais e respiratórias. A mais comum é a gripe. Mas
não é a única. Foi a campanha para vacinação dos grupos de risco - que envolve crianças, idosos, grávidas e pessoas com
alguns tipos de doenças - que fez com que muitos adultos procurassem os postos de saúde de Joinville em busca da vacina.
Na unidade do Glória, por exemplo, atendentes disseram que, na época da campanha, pessoas com idade fora da faixa do
público-alvo foram as que mais buscaram a unidade.
Mesmo sem ter direito a vacina contra a gripe A gratuita, há uma série de imunizações disponíveis e necessárias para quem
tem acima de 18 anos. Os adultos têm de ficar em dia com a antitetânica, com a tríplice viral, contra a Hepatite e a febre
amarela. Os idosos também têm uma lista de vacinas a fazer, que inclui a que previne contra a pneumonia. A massoterapeuta
Eni de Oliveira Nunes, 33 anos, só lembrou de pôr a lista de vacinas em dia quando descobriu que estava grávida do pequeno
Igor, com menos de um mês. Antes, não tinha tomado nem a contra o tétano. Mas fez questão de regularizar a situação em
nome da saúde do bebê. Na carteira dela, já tem uma nova dose em julho.
Todas as pessoas devem ter a carteira de saúde em dia. Quem não sabe que vacinas já tomou, pode e deve buscar orientação
no posto de saúde mais próximo.
A TARDE - BA | CIÊNCIA E VIDA
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
Brasil amplia produção de vacina (Curtas)
O Governo Federal vai investir R$ 52 milhões para ampliar, em seis vezes, a produção nacional da vacina BCG contra a
Tuberculose. O principal objetivo é exportar o insumo para o mercado global, além de continuar abastecendo a demanda
interna. Para tanto,o Ministério da Saúde, que liderou a ação no âmbito do Programa de Investimentos no Complexo Industrial
da Saúde (Procis), firmou convênio com a Fundação Ataulfo de Paiva (FAP) -laboratório público produtor da vacina - que prevê
a construção de nova planta industrial, em Xerém (RJ). Informações no site do Ministério:www.saude.gov.br
A TRIBUNA - SP | BAIXADA SANTISTA
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
24/06/2012
Veja a matéria no site de origem
Praça 14 Bis recebe evento saúde e cidadania neste domingo
Este domingo é dia de cuidar da saúde e do visual, receber orientações diversas e ainda levar os filhos para brincar. Tudo isso
em um mesmo lugar: a Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho, Guarujá. Das 10 às 16 horas será realizado no local o evento
Saúde e Cidadania, promovido pela TV Tribuna e o Sesi. A ação oferecerá, gratuitamente, inúmeros serviços sociais, de saúde
e de beleza. Dentre eles, teste de glicemia, medição da pressão arterial, peso, altura e IMC (Índice de Massa Corpórea).
Haverá ainda orientação para prevenção de Tuberculose pulmonar, Hepatite, hipertensão e saúde bucal, incluindo a entrega
de kits. Dicas e brincadeiras A população poderá ainda receber dicas da Fundação Procon a respeito de cobranças indevidas,
compra segura e desbloqueio de senha para a Nota Fiscal Paulista. Haverá também instrução de como fazer um currículo e
como se inscrever em concursos públicos. Outra opção é cuidar do visual. Quem estiver a fim de mudar de estilo pode optar
por cortar o cabelo em uma das tendas, e sem gastar nada. Ou ainda se informar sobre amamentação, câncer de mama e
síndrome de Down. As crianças poderão se divertir em uma minipista rodoviária e com a apresentação dos cães e da banda da
Polícia Militar, além de conhecer a C-42 Regente, a primeira aeronave metálica projetada e montada no Brasil, em 1959,
utilizada pela Força Aérea Brasileira. Realização Saúde e Cidadania é uma realização da TV Tribuna e do Sesi, com o
patrocínio da Prefeitura de Guarujá e Terracom. Apoio Sabesp, Unaerp, Instituto Neo Mama Santos, Corpo de Bombeiros,
Polícia Militar, Diretoria de Trânsito, Governo do Estado e a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). A
organização das atividades é da Kawan Eventos.
CORREIO DO POVO - RS | ECONOMIA
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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Começa o cadastramento na saúde
Brasília - A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Ministério da Saúde deram início ao cadastramento de
beneficiários de planos de saúde no Sistema Cartão Nacional de Saúde. O ministério repassou à agência os números do
Cartão Nacional de Saúde (CNS) de 31 milhões de consumidores, dados que já estão disponíveis para as operadoras de
planos de saúde.
As prestadoras do serviço terão até 5 de junho de 2013 para cadastrar os demais beneficiários e informar os números do CNS
A meta é universalizar o cartão até 2014. O uso do número do CNS por todos os cidadãos brasileiros é uma estratégia para
integrar os cadastros do SUS e da Saúde Suplementar, proporcionando melhorias na gestão da saúde no país. O Ministério
da Saúde anunciou arrecadação recorde de reembolso de planos de saúde. Em 2011 foram mais de R$ 80 milhões de
ressarcimento dos planos de saúde ao SUS, sete vezes mais do que em 2010.
DIÁRIO CATARINENSE - SC | GERAL
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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Exportação de vacina contra a tuberculose
O Ministério da Saúde vai ampliar a produção da vacina contra Tuberculose com o objetivo de exportar o excedente. A ideia
é que pelo menos 60% (36 milhões de doses) da nova produção seja doada ou vendida.
Segundo a pasta da Saúde , a produção atual da vacina contra a Tuberculose é de 10 milhões de doses por ano, sendo a
maior parte consumida internamente e uma pequena parte doada para o Haiti.
Os primeiros lotes dessa nova produção devem ficar prontos no fim de 2013. Os candidatos iniciais são as vacinas contra
sarampo e rubéola. A ideia é também reforçar a produção da vacina contra a febre amarela.
DIÁRIO CATARINENSE - SC | GERAL
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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O que fazer para evitar e como agir quando pegar
Cuidados simples reduzem em 70% o risco de contaminação. Para quem tem sintomas, a dica é procurar tratamento rápido
Certamente, você já ouviu o ditado popular: melhor prevenir do que remediar. Usada como conselho no dia a dia, a frase
também pode ser aplicada à situação que Santa Caarina vive atualmente, sendo um dos principais focos da gripe A em todo o
país. Apesar da preocupação quanto aos sintomas do vírus H1N1 - mais sérios do que em uma gripe comum -, médicos e o
Ministério da Saúde reforçam que redobrar os cuidados de higiene, evitar ambientes aglomerados e manter uma vida
saudável ainda são formas fáceis e confiáveis de se prevenir várias outras doenças.
Em uma reunião no dia 15 de junho, em Blumenau, o governo federal frisou que, ao invés de ampliar a vacinação, municípios
do Vale - região mais afetada do Estado - devem investir na orientação à população, reforçando medidas básicas como lavar
as mãos com frequência e manter os ambientes ventilados. Para o médico pneumologista e diretor-técnico do Hospital Dia do
Pulmão, em Blumenau, Mauro Kreibich, o simples ato de lavar as mãos com água e sabão quatro vezes ao dia pode reduzir
em até 70% o risco de contaminação.
Segundo o diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive), Fábio Gaudenzi de Faria, em 2009, quando ocorreu a
pandemia de gripe A, houve uma maior preocupação em relação aos hábitos de higiene. Consequentemente, os casos de
diarreia e conjuntivite também diminuíram, já que as mãos, focos de transmissão de vírus e bactérias, estavam mais limpas.
Assim que o inverno terminar, a prefeitura fará um relatório detalhado sobre o que ocorreu em Blumenau, para determinar
exatamente como a doença se desenvolveu e como pode ser feita uma prevenção mais efetiva.
[email protected]
MORGANA MICHELS
SC é o Estado com maior número de casos do país
Neste ano, mais da metade de todos os casos de gripe A registrados no país é de Santa Catarina. De janeiro a junho, 635
pessoas foram infectadas pelo H1N1 no Brasil, 57,4% em solo catarinense. Os 365 casos confirmados em SC são seis vezes
maiores do que os contabilizados no estados vizinhos do Rio Grande do Sul e no Paraná. A explicação pode estar no clima: os
ambientes frios e úmidos são os preferidos do vírus.
Apesar de não haver estudo epidemiológico que explique pontualmente por que Santa Catarina e, em especial, o Vale do Itajaí,
tiveram um aumento tão grande dos casos de gripe A - mais que o dobro do ano passado -, para o diretor da Vigilância
Epidemiológica, Fabio Gaudenzi de Faria, um dos motivos pode ser o clima.
Ele explica que o H1N1 tem mais tempo de vida em Santa Catarina, ou seja, em localidades com clima frio e úmido. Como a
circulação dele pelas regiões varia de ano para ano. Em 2009, o Rio Grande do Sul liderou o número de casos. Em 2010, foi a
vez do Paraná. E agora, em 2012, seria a vez de Santa Catarina.
No clima catarinense, e em ambientes fechados, o vírus pode viver de 30 minutos a duas horas ou mais, o que aumenta a
possibilidade da população ser atingida. Ele utiliza a maçaneta das portas para explicar a situação.
- Quanto mais tempo o vírus ficar vivo na maçaneta, mais pessoas poderão tocar ali. Ele não se move, quem carrega o H1N1
são as pessoas. Se ele estiver na porta de um ônibus, mas do lado de fora, vai viver menos, cerca de 15 minutos, porque ele
também não suporta frios intensos. Mas se for transportado para dentro, no ambiente fechado e úmido, ele sobrevive mais e,
consequentemente, mais pessoas correm o risco de pegar a doença - explica.
Ele reitera a importância da população ficar sempre alerta durante todo o inverno, não somente com a gripe A, mas com todas
as doenças respiratórias que crescem neste período.
[email protected]
ALINE REBEQUI
Médico deve ser procurado em 48 horas
Nos últimos dias, você permaneceu em ambientes muito fechados, teve contato com pessoas resfriadas e agora está
começando a tossir e espirrar? Fique atento.
A piora dos sintomas de gripe comum, a febre alta e a falta de ar podem caracterizar gripe A e precisam ser avaliados por um
médico. O mais aconselhável é procurar um médico nas primeiras 48 horas.
Além do cuidado com a higiene e a chamada etiqueta respiratória, o Ministério da Saúde destaca que o atendimento a
pacientes com sintomas de gripe A, mesmo que seja somente uma suspeita, deve ser imediato, antes mesmo da confirmação
da contaminação pelo H1N1.
Atualmente, o medicamento oseltamivir, conhecido pelo nome comercial de Tamiflu, é ministrado, após avaliação médica, a
todos os pacientes com sintomas de gripe. Segundo a médica clínica Mara Lucia Mafra, que atua na Central de Atendimento à
Gripe de Blumenau, a eficácia do medicamento não se restringe somente à gripe A e pode também auxiliar aqueles que sofrem
com outras variações da doença.
Em uma reunião com o Ministério da Saúde, sexta-feira de manhã, o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, recebeu a
garantia de que ninguém ficará sem tratamento contra a gripe A no Estado.
Até o início da próxima semana, chegam a SC mais 250 mil doses de Tamiflu. Também serão enviadas doses específicas para
tratamento infantil.
No encontro, o ministério validou a iniciativa do município de tratar todas as pessoas que chegam com sintomas de gripe aos
postos de atendimento e reiterou o pedido de que as pessoas não deixem para procurar atendimento somente quando já estão
debilitadas.
- Estamos reforçando que a população procure atendimento médico nos primeiros sintomas da gripe. Quanto mais cedo iniciar
o tratamento, mais chances de não haver complicações - ressaltou o prefeito.
FOLHA DE PERNAMBUCO - PE | GERAL
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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Vacinação atinge 71% das crianças no Brasil.
SÃO PAULO, SP (Folhapress) - Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira aponta que mais de 10
milhões de crianças já foram vacinadas contra a paralisia infantil em todo o País. O contingente representa 71% das crianças
de até cinco anos -a meta é chegar a pelo menos 95% dos 14,1 milhões de crianças nessa faixa etária. Os Estados com as
maiores coberturas vacinais até hoje são São Paulo (83,5%), Goiás (82,7%), Paraná (82,6%), Rio Grande do Sul (82,2%) e
Santa Catarina (80,6%).
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, afirma que, embora o ritmo da campanha esteja
satisfatório, a meta ainda não foi atingida. "É fundamental que os pais e responsáveis se conscientizem da importância de
proteger as crianças para que possamos manter o Brasil livre da poliomielite."
Pelo cronograma do ministério, a campanha continua até o dia 6 de julho. Em São Paulo, a Secretaria da Saúde informou que
a campanha iria até esta sexta-feira (22), mas os pais que levarem seus filhos aos postos de saúde após a data também
poderão solicitar a vacina.
A partir de agosto, a vacinação contra a poliomielite terá uma mudança, com a combinação das gotinhas com a forma injetável
da vacina -por ter o vírus inativo em sua composição, essa nova vacina é tida como ainda mais segura. Esse novo modelo foi
anunciado no início do ano e está mantido, afirma o ministério. Crianças que nascerem nos próximos meses já devem pegar o
novo esquema vacinal. Aos dois e quatro meses de idade, a criança será vacinada com a forma injetável. Aos seis e quinze
meses e no reforço anual feito no primeiro semestre de cada ano, receberá as gotinhas.
Já no segundo semestre de cada ano, haverá uma mobilização nacional para revisar as carteirinhas de vacinação das crianças
e tapar eventuais buracos de imunização. A vacina oral será mantida no calendário da criança e nos reforços anuais para
ampliar o alcance dessa imunização. Isso porque o vírus presente na vacina cai no meio ambiente pelas fezes da criança e
consegue, assim, entrar em contato com outras pessoas.
Verba
Em todo o país, foram distribuídas 23 milhões de doses da vacina oral. O Ministério da Saúde investiu R$ 37,2 milhões em
repasses do Fundo Nacional de Saúde para aos fundos estaduais e municipais para a operacionalização das campanhas.
Também foram destinados R$ 16,7 milhões para a aquisição das vacinas.
O ESTADO DO MARANHÃO - MA | GERAL
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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SUS gasta 30% mais com motociclistas no MA.
BRASILIA - Levantamento do Ministério da Saúde mostra que, no Maranhão, o custo de internações por acidentes com
motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 30% de 2008 a 2011, passando de R$ 500 mil para R$ 650
mil. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das internações, que saltou de 577 para 1.193 hospitalizados no
período. O número de mortes por esse tipo de acidente também aumentou no estado, passando de 314, em 2008, para 443
óbitos em 2010.
"O Brasil está, definitivamente, vivendo uma epidemia de acidentes de trânsito e o aumento dos atendimentos envolvendo
motociclistas é a prova disso. Estamos trabalhando para aperfeiçoar os serviços de urgência no SUS, mas é inegável que esta
epidemia está pressionando a rede pública", avalia o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O gasto com atendimentos a motociclistas no país, em 2011, foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45 milhões
para R$ 96 milhões. O número de internações passou de 39.480 para 77.113 hospitalizados no mesmo período e o número de
mortes aumentou 21% nos últimos anos - de 8.898, em 2008, para 10.825 óbitos em 2010. Com isso, a taxa de mortalidade
cresceu de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes para 5,7/100 mil entre 2008 e 2010.
"A elevação dos acidentes envolvendo motociclistas fez com que, pela primeira vez na história, a taxa de mortalidade deste
grupo superasse a de pedestres (5,1/100 mil) e a de outros veículos automotores (5,4/100 mil), como carros, ônibus e
caminhões", alerta Padilha.
Prevenção - Para enfrentar o avanço dos acidentes de trânsito, o Governo Federal expandiu o Projeto Vida no Trânsito a todas
as capitais brasileiras. Lançado em junho de 2010, a ação é uma das iniciativas do Ministério da Saúde para prevenir e
reduzir a violência no trânsito.
Com recursos do Ministério da Saúde, as capitais poderão ampliar as políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito
por meio da qualificação, planejamento, monitoramento, acompanhamento e avaliação das ações a partir de fatores de risco.
Em 2010, o projeto foi implantado em cinco capitais - Palmas, Teresina, Campo Grande, Belo Horizonte e Curitiba -, que
conseguiram melhoras nestes indicadores.
A expansão do projeto é um dos desdobramentos do Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes no Trânsito - Pacto pela
Vida, firmado entre os ministérios da Saúde e das Cidades no ano passado. A meta é estabilizar e reduzir o número de mortes
e lesões em acidentes de transporte terrestre nos próximos 10 anos, como adesão ao Plano da Década de Ações para a
Segurança no Trânsito 2011-2020, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mais
Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de veículos registrados cresceu 16,4% entre 2008 e
2010, passando de 54.506.661 para 65.205.757. No mesmo período, os óbitos foram de 38.273 para 42.844 - alta de 12%. Já
a frota de motocicletas foi ampliada em 27% - de 13.079.701 para 16.622.937 -, implicando elevação na proporção destas em
diante do total de veículos de 24% para 25,5%.
ZERO HORA - RS | GERAL
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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Cem novos leitos abertos em Canoas
Ministro anunciou sábado medida para desafogar emergências da Capital
Na tentativa de desafogar as emergências de Porto Alegre, o Ministério da Saúde anunciou, na manhã deste sábado, a
abertura de cem novos leitos no Hospital Universitário (HU) de Canoas. As novas vagas devem atender aos pacientes do
Hospital Conceição, que começarão a ser transferidos no início de julho.
No início da manhã de sábado, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve em Canoas e assinou a portaria ministerial
que confirma a abertura dos leitos de retaguarda.
A expansão faz parte do programa SOS Emergência e terá três fases de implantação. Na primeira etapa, prevista para início
de julho, 25 vagas serão abertas. Em seguida, outros 27 leitos serão inaugurados e, depois, os 48 finais, ainda sem
confirmação de data. Os leitos ficarão no oitavo andar do hospital e abrigarão, no máximo, quatro pacientes em cada quarto.
A triagem dos pacientes que serão transferidos ficará a cargo do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que também
disponibilizará ambulâncias para o transporte dos doentes e de seus familiares. Mesmo depois da fase inicial, o GHC seguirá
responsável pelo envio de pacientes. A maioria das pessoas transferidas deve ser de casos clínicos, considerados mais
simples.
De acordo com o secretário de saúde de Canoas, Leandro Santos, o oitavo andar do hospital passou por reforma nos últimos
dois meses e os leitos são novos. Também foram contratados médicos e uma equipe de enfermagem.
- Além de dar suporte para as emergências superlotadas da Capital, os recursos do ministério ajudarão no equilíbrio financeiro
do Hospital Universitário - ponderou o secretário.
A mudança
- O Hospital Universitário (HU) é administrado pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus e está localizado no campus da
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, Região Metropolitana
- No total, são aproximadamente 56.750 metros quadrados de área física, distribuída em 10 andares
- O hospital tem 485 leitos no total, 280 estão ativos
- Serão abertos cem novos leitos, sob responsabilidade do Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
- As vagas ficarão a cargo do GHC, que será responsável pela triagem e transferência de pacientes atendidos na emergência
de Porto Alegre
ZERO HORA - RS | GERAL
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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Governo ampliará produção de vacina
O Ministério da Saúde anunciou que vai ampliar a produção da vacina contra Tuberculose com o objetivo de exportar o
excedente. A ideia é que pelo menos 60% (36 milhões de doses) da nova produção seja doada ou vendida.
- Essa é uma vacina tradicional, vamos ampliar a escala de produção e colocá-la no patamar das melhores plantas de
produção do mundo. É uma vacina integralmente brasileira, reconhecida entre as melhores do mundo - explicou Carlos
Gadelha, secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, a produção atual da vacina contra a Tuberculose é de 10 milhões de doses por ano, sendo a maior parte
consumida internamente e uma pequena parte doada ao Haiti.
ISTO É | COMPORTAMENTO
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
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O novo feminismo
Como pensam as jovens ativistas que usam o corpo como forma de expressão, protestam com ousadia e irreverência, têm
como bandeira a liberdade e a diversidade e defendem as minorias
Natália Martino e Rodrigo Cardoso
Faz meio século que a brasileira deixou de padecer de uma das amarras que pontuaram a sua trajetória. Foi somente em 1962
que o Código Penal a eximiu do consentimento do chefe da casa, no caso o homem, para trabalhar fora ou viajar. Fruto do
ativismo feminino, essa conquista soa absurda aos ouvidos das jovens que já nasceram sob a égide da emancipação. Com o
passar do tempo, o feminismo, apontado como o mais bem-sucedido movimento social do século passado, pintou um horizonte
de possibilidades às mulheres, que hoje podem ser o que quiserem e andar por onde quiserem. Mas o movimento de outrora,
cuja queima dos sutiãs se tornou o episódio símbolo (leia quadro à pág. 63), segue se reinventando na pele de jovens ativistas,
que agora usam o corpo para se expressar - leia-se os seios à mostra. Essas mulheres têm como bandeira a liberdade e a
diversidade e se arvoram para defender o direito das minorias, tudo com um toque de ousadia e irreverência, próprios de sua
faixa etária. E o topless nunca esteve tão no front das manifestações quanto agora. Exemplo disso ocorreu no início da
semana passada, durante a conferência Rio+20, no Rio de Janeiro. Em uma passeata com o slogan "Mulheres contra a
mercantilização de nossos corpos, nossas vidas e a natureza!", militantes do grupo feminista Tambores de Safo, de Fortaleza,
foram às ruas sem roupa da cintura para cima em um ato que contou com cinco mil participantes.
Outro exemplo desse novo feminismo, no mês passado, a Marcha das Vadias tomou ruas e avenidas de cerca de 200 cidades
no mundo em países como Índia, África do Sul, Austrália, Alemanha e Brasil, tendo como tônica ativistas com seios de fora. O
movimento foi criado em 2011, na cidade de Toronto, no Canadá, depois que um policial aconselhou mulheres, durante uma
palestra de segurança pública, a não vestir certas roupas para não serem estupradas. "Não são apenas as boas meninas
virgens que devem ser respeitadas. Essa é a novidade", afirmou à ISTOÉ a canadense Heather Jarvis, uma das idealizadoras
da marcha. "As mulheres podem ser quem elas quiserem e não devem ser julgadas e muito menos violentadas por causa de
suas escolhas."Traço marcante do ideário neofeminista, a agenda que pauta essas ativistas é muito mais ampla do que as
manifestações contra abusos em relação ao gênero. Elas têm se posicionado sobre modelos de desenvolvimento e
questionam o capitalismo e as violações de direitos de comunidades indígenas femininas, entre outras questões. "Lutar pelos
direitos em geral e não só ao que se refere às mulheres tem revitalizado o movimento feminista", afirma a doutora em filosofia
Carla Regina, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A forma de protestar tem conferido irreverência ao movimento e
tirado o ranço que o conservadorismo deu ao termo feminista. É o que pensa Margareth Rago, professora do Departamento de
História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para ela, a caricatura feminista dos anos 70 e 80 era a de uma
mulher séria, asséptica e nada erotizada. "As jovens que participam das Marchas das Vadias, por exemplo, entram com outras
cores, brincam com seus corpos e questionam todas as convicções", diz a pesquisadora na área de gênero e feminismo.
No Brasil, uma estudante de cinema de 19 anos tem se apresentado como representante da chamada nova ordem do
movimento feminista. Natural de São Carlos, interior de São Paulo, Sara Winter é a primeira brasileira a fazer parte da Femen,
grupo feminista ucraniano criado em 2008 que possui cerca de 400 membros espalhados pelo mundo. Essas moças, altas e
loiras em sua maioria, protestam de topless por diferentes motivos. Estiveram em Belarus de peito aberto contra o preço do
gás natural; em Milão (ITA) contra a ditadura da magreza e em Paris (FRA) gritando contra o ex-diretor do FMI Dominique
Strauss-Kahn. Grupos feministas como o Femen revelam outra marca desse movimento: essas moças não estão sozinhas.
Fazem coro com elas homossexuais, Transexuais, Travestis - e, inclusive, os homens. Isso ocorre porque a juventude
feminina, hoje inserida no mercado de trabalho e galgando cada vez mais postos de chefia, luta pela liberdade e não contra
sexo oposto. "O movimento feminista foi muito criticado em certo momento pelo fato de a mulher protestar se vitimizando. E,
hoje, ninguém está apelando ao discurso de vítima ao ir à rua com o peito de fora", afirma Carla Regina, da UFF. Na quartafeira 20, Sara embarcou para a Ucrânia onde passará três semanas fazendo um curso com as fundadoras da Femen. Ao
retornar, a estudante inicia o ativismo da Femen Brasil no País. "Os seios de fora chamam a atenção para o nosso protesto.
Mas, com o tempo, as pessoas passarão a prestar atenção também no que defendemos", diz Sara, que subiu em um dos
palcos da Virada Cultural paulista para, de topless, bradar "meu corpo me pertence", frase clássica do movimento
feminista.Mas o que dizem as precursoras do feminismo? Elas aprovam o uso do corpo como bandeira? "Eu me considero uma
feminista jurássica, mas o movimento vem se renovando com outras energias. Quero aplaudi-las e não criticá-las", afirma
Schuma Schumaher, 60 anos, da ONG feminista Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh) e uma das maiores
pesquisadoras sobre a história da mulher brasileira. Com ou sem roupa cobrindo os seios, o fato é que o novo feminismo
concretizou um sonho de cinco décadas atrás, quando a americana Betty Friedan (1921-2006) e a sua obra "A Mística
Feminina" pautavam as discussões: ele se espraiou, foi além do ambiente acadêmico, e está em todos os cantos da
sociedade. Hoje é possível encontrar articulações nas comunidades ribeirinhas e entre redes de trabalhadoras domésticas, só
para citar dois exemplos. No começo do novo milênio, estimava-se em cerca de mil os grupos feministas espalhados pelo País.
Atualmente esse número triplicou, de acordo com Schuma.
A professora de estudos culturais da Universidade de São Paulo Maria Elisa Cevasco não é tão entusiasta quanto Schuma e
tem dúvidas sobre a eficiência dos métodos utilizados pelas jovens feministas. "Estão usando o corpo, o vocabulário patriarcal
calcado no fato de que a mulher está na vitrine, como uma estratégia. Será que assim se distanciam do discurso machista ou
reforçam essa lógica da exploração sexual?", questiona Maria Elisa. "Eu gostava mais quando as feministas queimavam o
sutiã." Já a escritora americana Camille Paglia, que se tornou dissidente e crítica do movimento feminista sob o argumento de
que ele foi o responsável por fazer a mulher assumir o papel de vítima, não foge de outra polêmica ao criticar a Marcha das
Vadias. "Não se chame de vadia a não ser que você esteja preparada para viver e se defender como tal", escreveu a
professora da Universidade das Artes, na Filadélfia. "Muitas garotas de classe média superprotegidas têm uma perigosa visão
inocente do mundo."Articuladas e protestando de forma organizada, as novas feministas não deixaram de lado as antigas
demandas. Violência doméstica e abuso sexual, assim como liberdade sexual e reprodutiva, seguem como reivindicações
primordiais. "Vejo essas manifestações de hoje, acho divertido, até estive na Marcha das Vadias, mas na essência é a mesma
coisa de sempre. Nós falávamos dessas questões há 40 anos", afirma Yolanda Prado, 81 anos, uma das mais antigas
feministas brasileiras. Para Sônia Corrêa, cocoordenadora do Observatório de Sexualidade e Política, as reivindicações são
as mesmas porque os problemas permanecem. Ela acredita que as últimas décadas foram marcadas por ganhos culturais,
mas que ainda falta avançar muito em políticas públicas. "Nos hospitais acontecem 67% da mortalidade materna no Brasil. Isso
seria perfeitamente evitável se pudéssemos contar com bons serviços no pré-natal e no parto", diz. "Além disso, muitos dos
avanços não vieram do Legislativo e do Executivo, como deveriam. O direito ao aborto de anencéfalos foi uma decisão do
Judiciário, não é assim que tem que ser."
A questão do direito ao aborto, outra reclamação de outrora, é um dos pontos nos quais o movimento feminista mais encontra
resistência. O documento aprovado na semana passada pelos chefes de Estado na Rio+20 não continha o termo "direitos
reprodutivos", cunhado na IV Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (ICPD), realizada no Cairo em 1994.
"Há quase duas décadas, esses direitos têm sido reafirmados nos documentos das Nações Unidas e, agora, foi retirado dessa
Carta graças às pressões do Vaticano. O texto é frustrante", avalia Sônia Corrêa, que foi uma das dezenas de ativistas
presentes no Território Global das Mulheres da Cúpula dos Povos durante o evento no Rio de Janeiro. A ofensiva
conservadora para evitar a permissão do aborto extrapola as fronteiras brasileiras. "Essa reação fundamentalista às conquistas
da mulher tem ganhado força em toda a América Latina. Na América Central, vários países revogaram o direito ao aborto", diz
Silvia Pimentel, presidente do Comitê para Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (Cedaw) da Organização das
Nações Unidas (ONU). As chefes de Estado presentes à Cúpula das Mulheres também manifestaram contrariedade com
relação à retirada da questão sobre o direito à reprodução. No documento final, formatado com a presença da presidenta Dilma
Rousseff e a diretora-executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, conclamaram os Estados por plena igualdade de gênero,
participação equitativa das mulheres em todos os níveis de liderança, o fim das barreiras discriminatórias, o direito à saúde
reprodutiva e o fim da violência, entre outras providências. "Não podemos deixar metade da humanidade discriminada nesse
processo de desenvolvimento. A participação das mulheres é fundamental", afirmou Michelle.Segundo a escritora Rosiska
Oliveira, ex-presidente do Conselho Nacional de Direitos das Mulheres, a reivindicação que mais caracteriza o momento atual
do feminismo é a luta pelo tempo. "Precisamos reorganizar o mercado, flexibilizar horários e locais de trabalho tanto para
homens quanto para mulheres", afirma. Debates como esse têm o poder de mudar não apenas a vida das mulheres, mas toda
a organização da sociedade. A luta das novas feministas brasileiras costuma ter essa característica: uma pauta em prol de
ambos os sexos. "Mostramos aos homens que eles também poderiam ser outros, diferentes do que foram educados para ser",
diz Margareth, da Unicamp. A estudante Sara, porém, gostaria que algumas feministas que a criticam respeitassem sua
maneira de protestar. "Reclamam da exposição dos seios; dizem que eu vou manchar o feminismo", afirma. Schuma, da
Redeh, lembra que o corpo da mulher historicamente foi utilizado para justificar muitas barbáries e, portanto, o desejo desse
corpo livre é um despertar da juventude do século XXI. "Estamos assistindo a uma renovação", diz a feminista, certa de que as
bandeiras pelas quais luta há décadas estão representadas nesse novo feminismo.
ISTO É | MEDICINA & BEM ESTAR
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
24/06/2012
"Vamos erradicar a pólio do mundo em dois anos"
Um herói da saúde global. Foi assim que o júri da Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento - entidade que estimula
pesquisas em saúde, meio ambiente e economia - classificou na semana passada o epidemiologista brasileiro Ciro de
Quadros, 72 anos, a quem concedeu um prêmio na categoria Desenvolvimento. Gaúcho de Rio Pardo, ele criou estratégias
que levaram à erradicação do sarampo e da poliomielite, doença que causa a paralisia infantil, em diversos continentes.
Presidente do Instituto Sabin, (EUA), Quadros se dedica há mais de quatro décadas ao combate dessas enfermidades, motivo
pelo qual se tornou uma referência mundial. Seu trabalho é realizado em conjunto com agências da Organização das Nações
Unidas, governo e universidades. Além do reconhecimento, o médico receberá US$ 400 mil.
Quadros participa de um conselho de monitoramento da situação da poliomielite no planeta. "Acredito que vamos erradicar a
doença do mundo em dois anos", afirma o pesquisador. Eliminada da maior parte dos lugares, a pólio persiste em países como
Nigéria, Paquistão, Afeganistão e Chade. Determinado, o epidemiologista tem em mente outra campanha, desta vez para
erradicar do mundo a ideia de que o dinheiro destinado à saúde é um gasto. "É investimento. E dos mais rentáveis", afirma.
Quadros deu a seguinte entrevista à ISTOÉ, de Washington, a poucos dias da premiação, recebida na noite da quinta-feira 21
em Madri, na Espanha:
ISTOÉ - Qual é a situação da poliomielite hoje no mundo?
Quadros - Há um número importante de casos na Nigéria, Afeganistão, Paquistão e Chade. A Índia, que era um problema
seríssimo, está há mais de um ano sem casos. Para monitorar a situação mundial da pólio, criamos um grupo independente de
governos e entidades. Nós nos reunimos a cada três meses em Londres e chamamos os países para orientá-los sobre o
combate à doença.
ISTOÉ - E o que é necessário para eliminar definitivamente a pólio?
Quadros - Os programas de vacinação devem ser constantes e não podem sofrer redução de recursos. Uma das medidas
importantes para que isso ocorra, e que faz parte dos objetivos da Década das Vacinas, lançada pela Organização Mundial de
Saúde e que começa agora em 2012, é que os países se apropriem e assumam seus programas de vacinação como
prioridade. Na América do Norte, os países pagam 98% dos programas de vacinação, que são nacionais. Na África, eles
pagam menos de 40% do valor. Precisam investir mais. Também as agências internacionais que financiam esses programas
precisam mudar sua abordagem. Elas ainda atuam de forma muito paternalista em vez de trabalhar em parceria com os países
e a comunidade. A grande questão é introduzir as vacinas e sustentar a continuidade dos programas de vacinação. Mas
acredito que vamos erradicar a pólio no mundo dentro de dois anos.
ISTOÉ - Qual é a sua estratégia para convencer os países a dar prioridade aos programas de vacinação e de que a saúde é
investimento na economia da nação, no mais amplo sentido?
Quadros - Cada euro investido em vacinas em um país pode ter um retorno econômico de mais dez euros. A vacina é o melhor
investimento em saúde publica. Produz dividendos incalculáveis. Além disso, nos países latino-americanos, por exemplo,
gastam-se milhões no tratamento das enfermidades pneumônicas. Mas com as vacinas esse gasto poderia ser eliminado pela
metade, ao menos.
ISTOÉ - Pode apontar algum governo que considere o dinheiro destinado à saúde como investimento em vez de gasto?
Quadros - É o começo de um processo. Em 1993, o Banco Mundial lançou uma publicação que falava da importância do
desenvolvimento na saúde, mas os economistas foram muito lentos em mover essa agenda. Só agora os países começam a
perceber a importância desse tema. Vários economistas renomados estão levantando essa bandeira. Estudos feitos pela
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, por exemplo, mostram que quando baixamos a mortalidade infantil, aumentamos a
riqueza dos países. Há também pesquisas mostrando que as crianças vacinadas têm melhor desempenho escolar do que
aquelas que não foram vacinadas.ISTOÉ - Quais vacinas em pesquisa estão mais próximas de se tornar realidade?
Quadros - A de dengue. A malária pode vir depois.
ISTOÉ - E a vacina contra a Aids?
Quadros - Há muitas em estudo, mas não temos nenhuma candidata. No Instituto Sabin, estamos estudando uma vacina para
a ancilostomose, a doença do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato. Mas estamos distantes de algo concreto.
ISTOÉ - Há muita preocupação em relação ao custo elevado dessas novas vacinas. O temor é que seja difícil torná-las
realmente acessíveis. O que acha disso?
Quadros - Vacinas mais novas custam mais caro do que as tradicionais, desenvolvidas há 50 anos, por exemplo. As antigas
envolvem tecnologias que se tornaram simples e baratas. Deveria, porém, haver maior transparência nos preços. E isso não
está acontecendo.
ISTOÉ - Por quê?
Quadros - Ninguém sabe realmente os custos de produção das vacinas. A do Rotavírus (micro-organismo que causa diarreia e
pode ser mortal em crianças), por exemplo, estava sendo vendida a US$ 7,5 a unidade há poucos meses, mas agora está
sendo comercializada a US$ 2,5 por meio da Aliança Gavi (entidade internacional dedicada à imunização). E os fabricantes
ainda estão tendo lucro.
ISTOÉ - É possível calcular o custo-benefício?
Quadros - Sim. Em outubro, o Instituto Sabin apresentará, em São Paulo, um relatório sobre o custo e benefício de dar a
vacina de pneumococo à população na rede pública. Vamos mostrar a carga que representa a doença para os adultos. Na
Argentina, em março, demonstramos o preço da doença meningócica. Temos grande atividade no provimento de informações
para os governos tomarem decisões mais inteligentes sobre vacinas baseados em evidências epidemiológicas e econômicas.
O Instituto Sabin não cobra por isso.
"A vacina é o melhor investimento em saúde pública.
Produz dividendos incalculáveis"
CARTA CAPITAL | BRAVO
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
23/06/2012
Livro | O Brasil do quiproquó
Antologia exemplifica o teatro cômico brasileiro do século XIX
Antologia do Teatro Brasileiro (séc. XIX - Comédia) - Org, Alexandre Mate e Pedro M. Scharcz - Penguim e Companhia das
Letras. 480 págs. R$ 29
O Brasil é o país do quiproquá desde ao menos o século XIX, como atestaram Martins Pena, Joaquim Manuel de Macedo,
José de Alencar, Machado de Assis, França Júnior, Artur Azevedo e Qorpo-Santo em suas tramas de burlas, moralismos e
reviravoltas. Malvista e reconhecida, essa produção de teatro cômico ganha agora uma coletânea cuja apresentação é
assinada pelo maior especialista brasileiro no assunto, o professor da Universidade de São Paulo João Roberto Faria.
Claro ao escrever e adepto da pesquisa rigorosa, Faria explica como a comédia teatral de costumes se inseriu no cenário
cultural para reiterar a ascensão econômica da burguesia brasileira, pronta a derrubar o pensamento rural da antiga
aristocracia. As comédias do período comentavam a escravidão, a submissão da mulher, a farra dos dotes, o sexo refreado, o
amor ao dinheiro e a indecência dos políticos, tudo com a sem cerimônia permitida a um gênero que, como todos os "Se se
perdessem todas as leis, escritos, memória da história brasileira dos primeiros 50 anos deste século XIX, que está a findar, e
nos ficassem somente as comédias de Pena, era possível reconstituir por elas a fisionomia moral de toda essa época",
escreveu o crítico Silvio Romero. Faria demonstra como Pena sofreu para exercer a veia cômica. Ele tentou a escrita séria,
sem sucesso, mas com O Juiz de Paz da Roça (1838) fundou a comédia de costumes brasileira, revelando as contradições de
uma família rural diante da nova realidade burguesa.
E o livro é ainda motivador por ampliar a dimensão da comédia brasileira daquele período, desde a pretensão "realista",
contrária ao baixo cômico e defendida por José de Alencar, aos insights de Qorpo-Santo, que avançou na temática familiar a
ponto de encenar a Homossexualidade. No meio do caminho, estavam Machado de Assis, sua melancólica ironia ensaiada
no delicado O Caminho da Porta, e a plena realização da comédia de situações de Artur Azevedo. Ser cômico no século XIX
significava desistir do reconhecimento crítico. Num desabafo, Azevedo lamentou que todas as suas tentativas de fazer um
teatro mais sério apenas houvessem recebido "censuras, ápodos, injustiças e tudo isso a seco", ao passo que, "enveredando
pela bambochata", jamais lhe tivessem faltado "elogios, festas, aplausos e proventos". - ROSANE PAVAM
CARTA CAPITAL | PLURAL
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23/06/2012
O desejo revolucionário
CULTURA | Uma exposição e novos livros refazem o ambiente de contestação moral, valorização científica e florescimento
artístico que resultou na Viena do fim de século
POR FRANCISCO QUINTEIRO PIRES, DE NOVA YORK
O INDIVÍDUO DA Viena fim de século chegou intacto ao século XXL A busca por liberdade, desencadeada há mais de cem
anos por descobertas nos campos da arte e da ciência, provocou o pesadelo da ansiedade. A nova vida psicológica criada na
capital da Áustria estabeleceu um mundo sem coordenadas seguras e exigiu uma linguagem diferente. "A nossa compreensão
da mente humana deriva, em um grau incrível, daquilo que primeiro surgiu na Viena da Era do Discernimento, entre 1900 e
1918", diz Eric R. Kandel, professor da Columbia University, a CartaCapital "A visão iluminista a respeito do comportamento
humano, pretensamente determinado pela razão, foi alterada pela raiz. Os seres humanos são criaturas movidas por urgências
instintivas e inconscientes, ambas sexuais e agressivas."
Ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 2000, Kandel, de 82 anos, lançou um livro sobre esse período histórico que se
tornou best seller: The Age ofInsight, The Quest to Understand the Unconscious in A rt, Mind, and Brain, from Vienna 1900 to
the Present (Random House, 656 págs. US$ 40). Nascido em Viena, de onde aos 9 anos emigrou para Nova York, Kandel
retoma as realizações revolucionárias de pintores (Gustav Klimt, Egon Schiele e Oskar Kokoschka), escritores (Arthur
Schnitzler e Hugo von Hofmannsthal) e médicos (Sigmund Freud e Carl von Rokitansky). Ao mesmo tempo rastreia como
essas descobertas resultaram, durante o século XX, em novas propostas de entendimento sobre as ações humanas.
---A abertura mental favoreceu a mulher. Mas, eliminada a fronteira entre carne e espírito, a crise individual começou
---Neuropsiquiatra especializado no estudo da memória, Kandel enfatiza o pioneirismo da medicina na exploração do
desconhecido. Cita como exemplo a decisiva influência intelectual do patologista austríaco Carl von Rokitansky (1804-1878).
"Ele ofereceu uma nova base científica ao relacionar o exame do paciente no leito com as constatações trazidas pela autópsia
do mesmo paciente quando morresse", diz Kandel. "A medicina ganhou contornos de ciência a partir desse procedimento."
Guardadas as diferenças entre a medicina atual e a da virada para o século XX, esse diálogo entre a prática clínica e o estudo
das doenças ainda se mantém como a essência da atuação médica."Rokitansky revelou como a maioria das verdades está
escondida sob a superfície, uma ideia fixa que dominou o pensamento de Freud, Schnitzler, Klimt, Kokoschka e Schiele", diz
Kandel. Para o autor de The Age ofInsight, em vez de se contraporem, a ciência fertilizou a arte. Ou como certa vez afirmou o
escritor Italo Calvino (1923-1985): "Do momento mais obscuro e inconfessável, o processo cognitivo se desenvolve". Houve um
efeito colateral, entretanto: a dissolução das fronteiras entre carne e espírito, esferas física e metafísica, gerou a crise do
indivíduo.
A coincidência em 2012 dos 150 anos de nascimento do escritor Arthur Schnitzler (comemorado em maio) e do pintor Gustav
Klimt (em julho) torna pertinente a volta a esse período de abertura mental. O lançamento de livros e a inauguração de uma
exposição expõem detalhes das trajetórias desses dois "criadores de um novo entendimento sobre a Sexualidade feminina
que Freud e outros deixaram escapar", segundo Kandel. "Eles nos fizeram perceber antes do feminismo que as mulheres têm
existências sexuais diferentes da noção de que representam um mero objeto à disposição dos desejos masculinos."Para o
neuropsiquiatra, tanto na pintura de Klimt quanto na ficção de Schnitzler a Sexualidade feminina foi delineada em termos
psicológicos e biológicos, representações escandalosas para a época. E não só para a época. Segundo os nazistas, Schnitzler
escreveu uma "literatura porca" e ultrajou a imagem da mulher germânica.
Autor de A Arte do Combate (Boitempo Editorial), livro sobre literatura escrita em alemão, Marcelo Backes traduz para o
português os escritos de Schnitzler (1862-1931). Coordenador da coleção As Grandes Obras de Arthur Schnitzler, da Record,
ele verteu Crônica de uma Vida de Mulher (1928), O Médico das Termas (1918) e O Caminho para a Liberdade (1908). O
último volume, enviado há pouco às livrarias brasileiras, é O Tenente Gustl (96 págs., R$ 24,90), uma novela revolucionária e o
texto mais conhecido do escritor austríaco. Segundo Backes, Schnitzler mostrou com a própria conduta e a criação de
personagens "um momento importante da história da humanidade, em que principiavam as grandes transformações que
resultaram no homem tal qual o conhecemos hoje". Esse indivíduo "prefere a transitoriedade de um quarto de hotel à
estabilidade de um lar" e "tem dificuldades de criar vínculos porque significam responsabilidades afetivas e amorosas". Ele até
reflete sobre si mesmo, mas é incapaz de ir a fundo no "pântano da própria alma" e de tomar decisões definitivas.
O Tenente Gustl(1901) registra a perambulação por Viena de um oficial do exército austro-húngaro. Na saída de um concerto,
após esbarrar em um padeiro e ser por ele ofendido, Gustl pensa em se matar, pois se desonrou ao não chamar o outro para
um duelo. Durante uma noite, ele analisa a sua vida medíocre. Ao receber uma notícia inesperada sobre o padeiro, o militar
decide não se suicidar. "Essa é a primeira obra em alemão fundamentada no monólogo interior ou fluxo de consciência, que
permite um acesso direto à alma conturbada e mesquinha do protagonista", diz Backes. "O processo literário que alimenta a
imaginação do tenente Gustl é o mesmo que, mais de 20 anos depois, alimentaria Ulisses, de James Joyce."
Backes traduziu Uma Juventude Vienense, a autobiografia de Schnitzler a ser lançada no início de 2013. A obra mostra por
que "tantos personagens de Schnitzler são como são, já que o próprio autor permite, por meio de vários dados, que
especulemos sobre as semelhanças" entre ele e as suas criaturas. "Numa época em que a autobiografia, e o próprio gênero da
biografia, estava longe de ter a importância que tem hoje, Schnitzler é capaz de escrever um documento bem contemporâneo
acerca de si mesmo", diz Backes. "Ele não se poupa moralmente, tanto que o retrato que resta dele como ser humano nem de
longe é dos mais auspiciosos."
Embora fosse chamado de pornógrafo por conta de um comportamento "mulherengo", que frequentemente desafiou os valores
estabelecidos, Schnitzler viveu como um "sólido burguês", segundo Peter Gay. O ficcionista austríaco "era viciado em trabalho,
amava privacidade", escreveu o historiador norte-americano em O Século de Schnitzler (Companhia das Letras). Gay
questiona a noção de que o vitoriano (1837-1901) foi somente um período de mediocridade e puritanismo. Para o historiador, o
século XIX representou uma "época de ávido autoexame", tendência radicalizada na Viena fim de século.
Schnitzler foi vítima do mesmo recuo que Gustav Klimt (1862-1918). Ao desprezarem as convenções, ambos entraram em um
universo sem regras no qual foi difícil transitar. Em Viena Fin de Siècle, Política e Cultura (Companhia das Letras), o historiador
norte-americano Carl E. Schorske mostra como o escritor e o pintor austríacos se viram atropelados pelos "problemas
psicológicos que resultam da tentativa de liberar a Sexualidade das amarras de uma cultura moralista". Encurralado entre a
ciência e a arte, entre o compromisso com velhas moralidades e com novos sentimentos, Schnitzler, médico de formação,
fracassou na procura em si mesmo de um significado renovado e satisfatório para uma realidade pautada pelo inconsciente.
---Klimt, censurado por imoralidade, migrou com o tempo para a abstração estética
---Com Klimt deu-se o mesmo ao ser rechaçado pela elite intelectual e política austríaca, enquanto entregava à Universidade de
Viena três pinturas comissionadas. Os trabalhos do período intermediário da sua carreira (1897-1901) foram tachados de
imorais. Klimt sentiu o golpe da censura às suas obras com movimento e fluidez, símbolos da força erótica que desconhece
barreiras ou estado de repouso. Líder da Secessão Vienense (1897), grupo de pintores, escultores e arquitetos contrários à
arte acadêmica e realista, Klimt migrou com o tempo para o reino da abstração estética e da resignação social. O dinamismo
orgânico formado por suas pinceladas deu lugar à ornamentação estática e cristalina inspirada pelos mosaicos bizantinos.
Pinturas dessa fase de refluxo formam Gustav Klimt: 150 Anniversary Celebration, exposição da Neue Galerie, em Nova York,
em cartaz até 27 de agosto. Retrato de Adele Bloch-Bauer I (1907) é o quadro mais famoso da exibição e tema de The Lady in
Gold (Knopf, 368 págs., US$ 30), livro recém-publicado da jornalista Anne-Marie O"Connor. Ao confiscarem a pintura de Klimt
no fim dos anos 1930, os nazistas a renomearam A Dama de Ouro. Assim, tentaram apagar do título o nome judaico da
retratada. O"Connor trata da briga judicial posterior entre o governo austríaco e a família Bloch-Bauer, além da venda do óleo
sobre tela para a Neue Galerie, por 135 milhões de dólares, quase cem anos após ser concebido. O ouro depositado no
vestido de Adele pode ofuscar as feridas de um pintor reservado que explorou o universo da irracionalidade. Na Viena fim de
século, Klimt descobrira o mesmo que Italo Calvino perceberia mais de meio século depois: "O desejo é uma corrida rumo ao
nada".
CARTA CAPITAL | PLURAL
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
23/06/2012
A ética do corpo
PROTAGONISTA | Pela impossibilidade de ser galã, o franzino Matheus Nachtergaele abriu-se a uma infinidade de tipos
Por Orlando Margarido
CEDO MATHEUS Nachtergaele se deu conta de que seu corpo determinaria o limite e a liberdade para se expressar. "Não
poderia ser o galã e por isso me tornei mais aberto a uma infinidade de tipos", avalia. Franzino, o ator convocou uma habilidade
física a seu favor para que aos olhos do público surgisse antes o personagem irretocável na criação e no gestual do que o
intérprete destinado a um consenso. O que não impede uma divertida constatação na galeria de nomes somados à carreira.
São simbólicos o Cintura Fina de Hilda Furacão, o João Grilo de O Auto da Compadecida, o Carreirinha de América, o
Miguezim do recente Cordel Encantado e o ainda inédito Joãosinho, o Trinta, em cinebiografia a ser lançada no próximo ano.
Todos agora em companhia de Pazinho, sua nova colaboração com o parceiro habitual Cláudio Assis no novo filme deste,
Febre do Rato, que estreia sexta 22.
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"Grande Otelo é o mais bonito e brasileiro dos palhaços, aquela melancolia disfarçada pelo riso"
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O diminutivo empregado reveste-se de ironia quando vemos o que Matheus concretiza na tela. Pazinho é um coveiro que
assume sua paixão por um travesti. Não o faz em qualquer reduto, mas no lúmpen que tanto interessa a Assis. Ali, sob a
liderança de um poeta libertário (Irandhir Santos), não há demarcações no território sexual ou amoroso e Pazinho sofre por
seus próprios conceitos. Seria um tipo tragicômico, mas a espontaneidade anárquica da direção o coloca entre o humor poético
e a postura reflexiva. "Não é mais central a questão da Homossexualidade, mas como avançar nas novas constatações da
Sexualidade", ressalta o ator, que conversou com CartaCapital durante o 22° Cine Ceará, onde Febre do Rato foi exibido e
rendeu o prêmio de melhor diretor a Assis.
Moldar-se por uma irreverência e um riso é outra face contumaz do seu talento. Uma de suas primeiras referências na
interpretação é Grande Otelo. "É o mais bonito e mais brasileiro entre os palhaços, com aquela melancolia disfarçada com o
riso largo." A apreciação por certo justifica sua acolhida ao imaginário cômico nacional, como no João Grilo em O Auto da
Compadecida, que viveu nas versões para cinema e televisão. Mas a esses o ator chegou já com uma importante contribuição
corporal e dramática adquirida em diversos processos.
Um desses primeiros testemunhos é referido numa passagem divertida de A Febre do Rato, quando Pazinho diz não ser Jó
para tolerar as liberalidades do companheiro. Em 1995, Matheus interpretou o mais determinado crente do Antigo Testamento
no espetáculo O Livro de Jó, do Teatro da Vertigem, com direção de Antônio Araújo. Num hospital paulista como cenário, o
ator se desnudava para uma aventura de limite físico inesgotável. Embora tivesse participado como um anjo caído na peça
anterior do grupo, Paraíso Perdido, era a primeira vez que o franzino de menos peso ainda do que os 59 quilos atuais
exercitava sua capacidade de expressão. Pelo feito, ganhou os prêmios Shell, Mambembe e um grande colaborador. "O Araújo
é um dos nomes que me formou, ao lado de Antunes e Assis. Entendo agora como isso é importante para um ator que foi
aconselhado a desistir e tornar-se um autor.
A referência é a Antunes Filho, o diretor do Centro de Pesquisas Teatrais, onde o paulista foi bater atraído por um teste
enquanto estudava artes plásticas. Aceito, ensaiou para Paraíso Zona Norte, mas, à véspera da estreia, foi afastado e ouviu de
Antunes que nunca se tornaria um ator. "Ele dizia que eu deveria ser autor, buscar outra coisa, e eu não entendia o que isso
significava." Decepcionado, viajou para a Bélgica, origem de seu pai, músico fundador da Traditional Jazz Band, que,junto à
mãe poetisa, influenciou seu espírito para a arte. A distância ajudou-o a avaliar o que tinha passado. "Antunes foi como um pai
malvado, rigoroso e violento, que me apontou o que ler, me ensinou." Matheus diz que a lição o tornou um ator assustado.
"Acho que ele me deu um não para ver se eu seria capaz de contrariar a tese e hoje entendo a ideia de autor como criar uma
arte pessoal, a sua arte."
Nesse processo de autoria descobriu, também por Antunes, a maior referência para seu trabalho, a dança butô de Kazuo
Ohno. Acredita que o trabalho do ator se estabelece nessa junção do físico com o poético do criador japonês. "Ele nos
mostrava que o corpo deve ser ético." O bailado que dá certo com Cláudio Assis ele atribui à grande honestidade e
generosidade do cineasta, com quem trabalhou nos dois longas anteriores, Amarelo Manga, no qual vivia o atirado gay Dunga,
e Baixio das Bestas, intérprete de Everardo. Diz ter tido muito medo de se assistir neste filme, tamanha a violência do
personagem. "É uma criação caótica a de Cláudio, ele consegue o êxtase. Posso até sentir raiva ao encarar alguém como
Everardo, mas sei que no fim será uma raiva poética."
A trajetória no cinema e na televisão, ele compreende, marcou-o para tipos à margem social. "A tevê especialmente tem esse
poder, mas não me incomoda. Preparo-me para um papel tanto quanto no cinema, pois sei que para muita gente o alcance da
arte está ali e ela tem de ser boa. "Sua constelação dramática, no entanto, é mais ampla e inclui participações em O Que É
Isso, Companheiro? (1997), Central do Brasil (1998)e o marcante Cidade de Deus (2002). "Ali era o contrário, a ideia era não
haver poesia, era o bruto." Prepara-se para Serra Pelada, de Heitor Dhalia. "Achei que ia ganhar um garimpeiro, mas serei o
fazendeiro que os explora."Um raro vilão.
Dessas conjugações diferenciadas da arte de interpretar é que surge a importância do projeto Trinta para Matheus. Como
protagonista, situação que não exerce ao menos desde o caipira inspirado em Mazzaropi de Tapete Vermelho (2006), ele se
aproxima de um antigo ídolo, que conheceu antes da morte, em dezembro de 2011. Ainda, no filme de Paulo Machline,
Joãosinho Trinta é apresentado antes da consagração no desfile da Salgueiro em 1974, quando ingressou no Teatro Municipal
para ser bailarino e acabou responsável pelos adereços das óperas. "Ele não tinha tipo físico para o balé, o que lembra algo de
mim", brinca.
Pontua também as diferenças. "Trinta era culto e místico, eu não." Quanto ao misticismo, que o ator procura afastar como visão
de mundo, era dado fundamental do primeiro e elogiado longa que dirigiu em 2008, A Festa da Menina Morta. Na atuação
impressionante de Daniel de Oliveira como o "santinho" de uma vila amazônica,é inevitável enxergar o próprio Nachtergaele
em entrega física a um personagem. Reconhece que exigiu dos atores a dedicação por ele ofertada quando dirigido, que
nenhum cineasta duvida hoje ser da mais alta compleição.
CARTA CAPITAL | VIDA REAL
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
23/06/2012
Relatos de quem fez aborto
NA "ABORTEIRA"
"Ela bota um Uquido na seringa e joga lá dentro. Você começa a sentir dor como se fosse um parto. Cheguei lá uma da tarde e
às nove da manhã do dia seguinte tinha expelido a criança. Depois de 24 horas fui para o hospital fazer a curetagem, porque
ficam restos dentro."
Dayane, 23 anos, fez quatro abortos com uma "curiosa"
NA CLINICA PARTICULAR
"Eles fizeram uma coisa muito benfeita. Quando cheguei lá me trataram bem, eu chorava muito, falavam que se eu não
quisesse fazer, que eles não fariam. Me deixaram muito à vontade. Eu falei que queria fazer. Contei para meu ginecologista
depois, fiz vários exames e não tive problema algum."
Regiane, 24 anos, um aborto aos 19
O REMÉDIO
"Comprei Cytotec, botei dois e tomei dois. Tome dor, tome dor, fui socorrida para a maternidade, chegou lá o médico deu um
toque e o comprimido veio. Ele disse: "você tomou remédio pra abortar". Falei que tenho o vírus HIV, que perdi uma menina
com quatro meses, e o médico entendeu, porque por ele eu estava na cadeia até hoje."
Pernambucana, 24 anos
A MÉDICA
"Presenciei a situação de uma moça de 23 anos. Ela já estava gestante de umas 20 semanas. Usou 25 comprimidos de
Cytotec por orientação de uma amiga, provavelmente rompeu a bolsa e ficou em casa dois, três dias. Veio para cá à 1 hora da
tarde, só foi atendida às 6 e já estava em pré-choque séptico. Ela foi transferida à 1 da manhã, chegou na maternidadereferência e algumas horas depois morreu."
Trabalha em Salvador (BA)
O NAMORADO
"Ela tinha feito o aborto e eu vi a cena: estava lá, seminua, ensaguentada, de pé e chorando muito, e o feto ao lado. Devia ter
uns 10 centímetros e dava pra ver que era um menino... Eu nunca vi em toda a minha vida alguém tão arrependido quanto ela,
o desespero dela. Disseram que foi um procedimento muito malfeito, muito feio, que poderia ter consequências."
Helder, 17 anos, sobre a namorada, de 16
CARTA CAPITAL | SEU PAÍS
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
23/06/2012
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A verdade nua e crua
SAÚDE | À margem do proselitismo religioso, o drama dos abortos clandestinos
POR CYNARA MENEZES
NA PEQUENA Paulo de Faria, município de 8,5 mil habitantes a 540 quilômetros de São Paulo, a dona da casa atende outra
moradora da cidade, enviada por CartaCapital, através da janela. Parece ter receio e vergonha e não quer dar entrevista. Sua
filha de 37 anos, viciada em drogas, está prestes a ir a júri popular na vizinha São José do Rio Preto. O crime pelo qual Keila
Rodrigues é acusada foi ter utilizado um remédio para abortar dentro das dependências do hospital de base da cidade, em
2006. Denunciada por uma enfermeira, foi absolvida em primeira instância, mas no início do mês o Tribunal de Justiça de São
Paulo decidiu submeter o caso a júri popular. Se for condenada, pode pegar de um a três anos de reclusão.
A história de Keila Rodrigues é emblemática do tratamento que a discussão do aborto recebe no Brasil. Proibido por lei, todo
mundo prefere fingir que ele não existe. Pressionados pelos religiosos, os políticos fogem do assunto como o diabo da cruz,
sobretudo em ano eleitoral. Ao mesmo tempo, os abortos continuam a acontecer na clandestinidade e a causar mortes. Ou,
como pode acontecer no julgamento, a levar pessoas sem antecedentes criminais para a cadeia.
---Pesquisa inédita mapeou: de cada cinco brasileiras, uma já abortou. Boa parte o fez sem orientação adequada
---Uma pesquisa obtida com exclusividade por Cartacapital traça um retrato completo de como são feitos os abortos no Brasil.
Pela primeira vez uma revista científica brasileira, a Ciência Et Saúde Coletiva, dedicará um número inteiro para tratar do
assunto. A edição temática, financiada em parte pelo Ministério da Saúde, será publicada em julho. Os artigos traduzem os
resultados qualitativos da Pesquisa Nacional do Aborto, produzida por uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Brasília, que trouxe a público, em 2010, a informação de que uma em cada cinco brasileiras de até 40 anos já fez ao menos
um aborto. Revelados aqui em primeira mão, os textos revelam a realidade sem hipocrisia: o que se passa nas clínicas
clandestinas até o atendimento na rede pública de eventuais complicações.
"Acho que este número dedicado ao aborto será um marco para trazer o debate ao campo da ciência. O aborto não pode ser
discutido em termos religiosos. A religião é matéria de ética privada, as pessoas acreditam ou não", defende a coordenadora
da pesquisa, a antropóloga Débora Diniz, professora do Departamento de Serviço Social da UnB. "Se uma em cada cinco
mulheres aos 40 anos já fez um aborto, muita gente do seu entorno soube. A verdade inconveniente é que o aborto faz parte
da vida cotidiana no Brasil, mas ninguém quer falar a respeito, prefere ignorar. É um silêncio inacreditável."
Os artigos trazem algumas novidades. O principal deles, para as feministas, é o que afirma não estar comprovada a relação
entre a substância mais utilizada como abortivo clandestinamente no País, o misoprostol, conhecido pelo nome comercial de
Cytotec, e más formações no embrião, caso a tentativa seja malsucedida. Indicado para úlcera, o Cytotec foi descoberto como
abortivo há muitos anos e, desde 2010, é utilizado na própria rede pública nos casos autorizados legalmente ou quando o feto
morre, mas continua retido no útero. "O fármaco está aprovado para uso, sendo efetivamente empregado. Do ponto de vista
médico, nada justifica seu banimento ou restrição do uso", defende no estudo a sanitarista Marilena Dias Correa. "O contexto
legal restritivo, no Brasil e em muitos países da região, é o único fator limitante."
Em outros países, como a França e o Reino Unido, onde o aborto é legal, o misoprostol é comercializado com esse fim. Em
Cuba, o governo entrega o medicamento para a mulher e ela só retorna, após o abortamento, para avaliação médica. No
Brasil, o que acaba por acontecer é que as mulheres que querem abortar procuram vendedores clandestinos e compram o
remédio, algumas vezes falsificado, porque é vendido em comprimidos avulsos, fora da embalagem. Normalmente é o
companheiro quem recebe a tarefa de providenciar o medicamento na "boca". Mas também é frequente a própria mulher
procurar o vendedor.
---Vários médicos da rede pública têm preconceito e se recusam a atender mesmo mulheres vítimas de estupro
---Em uma investigação feita em Brasília, em 2006, e narrada pelas pesquisadoras, a auxiliar de um detetive particular acaba
sendo assediada sexualmente por um vendedor. Desconfiada de estar sendo vítima do comércio ilegal de Cytotec, a
proprietária de uma farmácia contratou o detetive para fazer o flagrante. A conversa do vendedor com a assistente, que se fez
passar por compradora, foi gravada e aparece na investigação. "Como vou aplicar isso?", pergunta a moça. "Tem de ser com o
dedo. Quer que eu aplique para você? Te levo num motel, dou um trato e depois aplico", diz o vendedor. A pesquisa relata
outros casos, reais, em que o vendedor clandestino se oferece para ajudas similares.
No fim de maio, circulou a notícia de que o Ministério da Saúde teria a intenção de modificar a forma de comercialização do
Cytotec, tão restrito quanto os psicotrópicos, como parte de uma política de redução de danos para o aborto ilegal. Atualmente,
as feministas defendem que o misoprostol seria a forma mais eficaz, barata e segura para realizar aborto, se fosse liberado mais, inclusive, que as clínicas particulares, caras e nem sempre seguras. Mas a assessoria de imprensa do ministério negou a
CartaCapital qualquer iniciativa nesse sentido. As modificações em estudo diriam respeito apenas ao aborto legal de
anencéfalos, após aprovada a descriminalização pelo Supremo Tribunal Federal.
Sem qualquer orientação médica, à mercê dos vendedores que fazem a "prescrição" do medicamento, a pesquisa traz relatos
pungentes de mulheres que praticaram o aborto clandestinamente (quadro à pág. 37). Uma delas é personagem de um
processo judicial cujo réu é o vendedor. Empregada doméstica em Brasília, 34 anos, quatro filhos, decidida a não dar
prosseguimento à gravidez, comprou Cytotec, que lhe foi introduzido na vagina pelo próprio vendedor com a ajuda de uma
mangueira de plástico. A indicação do homem era de que a mangueira não fosse retirada. Após quatro dias, com dores, mas
com medo de ir ao hospital para não ser denunciada à polícia, a mulher acabou internada às pressas e faleceu. Causa mortis:
"Falência de múltiplos órgãos, choque séptico, aborto malsucedido".
Chocantes são os relatos de mulheres ainda mais pobres que recorrem às chamadas "curiosas" ou "casas das aborteiras",
também conhecidas como "clínicas de fundo de quintal". Escondidos nas periferias, os locais são geralmente chefiados por
uma senhora de idade, descrita como "enfermeira de hospital". O que, segundo a pesquisadora Débora Diniz, sugere "que
tenha conhecimentos para além dos tradicionais". O local onde o aborto é feito é um quarto rústico, "equipado" com sonda,
lubrificante e bacia.
Alguns relatos são de embrulhar o estômago. Fala-se na utilização de "líquidos" não especificados e até em talos de mamona
como instrumentos para o aborto. Uma adolescente de Porto Alegre contou que a aborteira introduziu "um ferro abortivo, um
tipo de pegador de macarrão". Outra garota passou "vários dias com a sonda, que foi colocada com arame cozido, umedecido
com óleo lubrificante". Segundo a pesquisadora, foi na capital gaúcha que mais se verificaram relatos semelhantes.
Outra novidade do trabalho foi o questionário sobre a prática do aborto entre prostitutas."Por incrível que pareça, nunca se
tinha feito o cruzamento entre Prostituição e aborto. Parece óbvio, já que uma em cada duas mulheres prostitutas abortou
alguma vez na vida. Impressionante que tenha se demorado tanto tempo para estudar esse aspecto", afirma Débora Diniz.
Embora o estudo tenha se restringido às mulheres que praticam a Prostituição em Teresina, no Piauí, a pesquisa traz
informações importantes, como a frequência do aborto maior à medida que a idade avança, ao contrário da população feminina
que interrompe a gravidez em idades mais precoces.
O método predominantemente utilizado pelas "profissionais do sexo" para abortar é o mesmo das mulheres em geral, o
Cytotec, mas em escala ainda maior: 68,1% das prostitutas pesquisadas informaram ter recorrido ao misoprostol para
interromper a gravidez, ante 48% das mulheres comuns.
O número de abortos também é mais expressivo. Houve casos de prostitutas que relataram até seis abortos induzidos. "O
tempo mais longo de trabalho na Prostituição, que determina maior risco de exposição sexual, parece se relacionar de
maneira significativa com múltiplos abortos em prostitutas mais velhas", descreveu o autor da pesquisa em Teresina, o
ginecologista Alberto Madeiro.
Um dos objetos centrais da pesquisa foi avaliar tanto o atendimento pós-procedimento às mulheres que porventura sofreram
complicações depois de tomar o Cytotec quanto o atendimento ao aborto legal, até então permitido somente em casos de
estupro. A edição especial da revista científica trará três artigos sobre o tema. No primeiro deles, a antropóloga Silvia de Zordo
narra a resistência e o preconceito dos médicos ao se deparar com pacientes encaminhadas ao hospital por terem tentado
abortar. E mesmo alguma resistência ao aborto em mulheres estupradas. Alguns médicos exigiam, por exemplo, que
passassem por entrevista ou até pelo conselho de ética do hospital para verificar se, de fato, haviam sido vítimas de violência
sexual.
A antropóloga pesquisou maternidades públicas de Salvador, na Bahia. "A maioria dos médicos, incluindo os jovens, fazia uma
clara distinção moral entre as candidatas ao abortamento legal - pacientes "legítimas" - e as mulheres que chegavam ao
hospital com um abortamento incompleto, "clandestinas"", relata a pesquisadora. "Alguns médicos denunciaram a atitude
punitiva que alguns colegas ou auxiliares de enfermagem tinham para com as pacientes que haviam induzido o aborto, o que
fazia com que elas fossem "esquecidas" e deixadas sangrando durante horas." Eles mesmos relataram que uma dessas
mulheres "esquecidas" acabaria morrendo em outra unidade de saúde.
A maioria dos profissionais de saúde entrevistados adjetivava as mulheres pobres que tinham muitos filhos ou as adolescentes
que engravidavam como "irresponsáveis". Em relação ao aborto legal, muitas vezes o plantão inteiro do hospital se recusava a
realizá-lo. "É como o jogo de peteca", disse à pesquisadora uma obstetra que, apesar de se declarar espírita - a religião
condena todos os tipos de aborto -, passou a fazer o procedimento ao dar-se conta da longa espera enfrentada pela estuprada,
o que não raro acabava por vencer o prazo estabelecido pela lei, até a 12 semana de gestação.
Os médicos mais jovens atribuíram a mentalidade arcaica à formação na universidade, onde não havia debate sobre o tema e,
quando havia, era obscurecido pelo pensamento conservador de alguns mestres. "Há preceptores da gente que dizem que não
fazem aborto legal, que só se for em caso de risco de vida", contou à antropóloga uma jovem ginecologista. A desinformação
impressiona: embora a maioria dos obstetras entrevistados tenha presenciado mortes em consequência do aborto induzido,
apenas uma minoria sabia que o procedimento é a primeira causa de mortalidade materna na capital baiana.
A médica Estela de Aquino, autora de uma investigação sobre atendimento médico a mulheres que abortaram em Salvador,
Recife e São Luís, defende em seu estudo que a atenção ao aborto, ao menos nas três capitais investigadas, "encontra-se
bem distante do que propõem as normas brasileiras e os organismos internacionais, incluindo os acordos assumidos pelo
governo brasileiro". O mais preocupante, porém, não é o atendimento em si, mas a parca orientação sobre os cuidados para
evitar uma gravidez futura, sobretudo em São Luís. Nas três capitais, faltou às mulheres que tiveram problemas após um
aborto clandestino receber das unidades de saúde informações básicas sobre métodos contraceptivos e sobre o risco que
corriam de engravidar de novo imediatamente após o aborto.
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INFOGRÁFICO
Um retrato do aborto no Brasil
Você já fez aborto alguma vez?
Faixa etária
18 e 19 - 6%
20 a 24 - 7%
25 a 29 - 17%
30 a 34 - 17%
35 a 39 - 22%
Quantos anos tinha ao fazer o primeiro aborto?
Faixa etária
12 a 19 - 51%
20 a 24 - 18%
25 a 29 - 21%
30 a 39 - 8%
Não informou - 2%
Qual a sua religião?
Católica - 32%
Evangélica - 3%
Outras religiões - 6%
Não tem religião/não declarou - 60%
Qual o seu estado civil?
Sozinha - 29%
Com namorado - 40%
Com companheiro - 31%
Fonte: Pesquisa Nacional de Aborto 2010 com mulheres entre 18 e 39 anos em todo o Brasil Amostragem colhida entre 122
mulheres de 18 a 39 anos que já abortaram em Belém, Brasília, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro, entre 2010 e 2011
TERRA | NOTÍCIAS
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012 09:06
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Veja a matéria no site de origem
Ministério garante 64 barcos para resolver saúde na Amazônia
Quando o barco Abaré ancora nas 73 comunidades do rio Tapajós, região amazônica do Pará, cerca de 15 mil ribeirinhos têm
a oportunidade de receber gratuitamente atendimentos básicos de saúde, exames de rotina, consultas odontológicas, prénatal, planejamento familiar e pequenas cirurgias sem deixar suas casas. Atuando desde 2006, o navio hospital, mantido pela
ONG Projeto Saúde e Alegria e prefeituras locais, resolve 93% dos 18 mil atendimentos feitos anualmente e cumpre, a cada 40
dias, um rito que lhe valeu o nome indígena - em Tupi, abaré significa "gente amiga" - e inspirou o Ministério da Saúde. Até
2014, o governo federal garante colocar em circulação ao menos 64 barcos semelhantes.
"Pela característica da Amazônia e seus rios, é fundamental a alternativa dos barcos. Essa novidade importante pode mudar a
realidade da saúde na região. As prefeituras estão animadas e até 2014 teremos 64 barcos", afirmou Helvécio Magalhães,
secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. Segundo ele, as rotas, agendas, mobilizações e contratações de
funcionários serão feitas pelos municípios que aderirem ao programa.
"Estamos financiando as equipes de saúde da família, elaborando programações para que os ribeirinhos tenham acesso de
fato à saúde e não precisem ir até as cidades e colocando equipamentos nos navios", completou Magalhães. Através da
Portaria 2.191, o Ministério da Saúde levou o projeto a 10 Estados que compõe a Amazônia Legal e também ao Pantanal do
Mato Grosso do Sul. O objetivo é evitar as desgastantes viagens aos grandes centros urbanos. De Suruacá a Santarém, por
exemplo, são pelo menos três horas de barco. Até Belém, os mais de 1,3 mil km de distância exigem vários dias de
navegação.
"Não adianta o médico ir para a comunidade sem recursos. No barco, ele tem raio-X, laboratório, consultório, farmácia, entre
outras coisas. É uma grande sacada, uma solução para a saúde básica daqui", afirmou Mário Tozzi, médico responsável pelo
Abaré. Conforme o governo, a prefeitura interessada deve cumprir uma série de requisitos, como atendimentos periódicos e
lanchas de emergência, para obter uma verba de R$ 1,2 milhão para construção do navio e R$ 50 mil para manutenção. Neste
ano, 19 convênios serão aprovados.
Abaré: eficiência e conexão
Doado em comodato à ONG Projeto Saúde e Alegria pela organização holandesa Terre des Hommes, o Abaré tem um custo
anual de R$ 1,5 milhão, hoje mantido entre a iniciativa privada e o Poder Público, e opera desde o ano passado via Sistema
Único de Saúde (SUS). Já houve o pedido, segundo o coordenador da entidade, Caetano Scannavino, para que o governo
federal assuma todas as despesas e transforme o navio em um centro de estudos para novas experiências.
Construído para enfrentar as condições amazônicas de secas e enchentes dos rios, ele está equipado nos moldes do
Programa de Saúde da Família (PSF) para ser hospital e ambulatório e dispõe de instrumentos de comunicação e educação,
com espaços para palestras e oficinas de capacitação.
Mário Tozzi explica que a instalação de internet no barco, em 2011, tornou o serviço ainda mais eficiente: "as pessoas com
doenças graves ou traumas fortes são estabilizadas aqui e removidas para a cidade mais próxima. Antes, porém, já
comunicamos os locais. A internet ajuda muito para que o médico não fique isolado. Ele precisa às vezes de uma segunda
opinião e cursos de aprimoramento, portanto, a telemedicina praticada aqui é para isso."
Alegria, descontração e pesquisas
O Abaré conta sempre com um ou dois médicos fixos, pagos pela ONG e prefeituras de Belterra, Santarém e Aveiro, além de
uma equipe de enfermeiros e residentes, normalmente estudantes universitários, que se revezam ao final de cada expedição.
A equipe recebe ainda o apoio de palhaços e educadores durante as visitas às comunidades, que atraem as crianças com
oficinas temáticas de prevenção (higiene, saúde escolar, nutrição, DST/Aids) e cidadania (direitos da criança, adolescentes e
mulher, organização comunitária, controle social e meio ambiente).
Parcerias com instituições de ensino e entidades privadas permitem que o Abaré coordene pesquisas e qualifique profissionais.
"Queremos desenvolver programas para ler eletrocardiogramas, por exemplo, e estamos conversando com o hospital Albert
Einstein, em São Paulo, para que exames sejam feitos em tempo real. Estamos dando oportunidade a mais de 180 alunos
estudarem por ano diversas doenças que só conhecem em livros. Com sorte, eles podem até contrair algumas delas", brincou
Tozzi.
Amazônia, um laboratório de experiências
Caetano Scannavino comemora o sucesso do Abaré e ressalta que ações como essa nas comunidades da maior floresta do
mundo podem ser estudadas e expandidas para os grandes centros urbanos.
"Temos muito orgulho de ter criado aqui um caminho para se chegar a algo maior. Achamos uma vitória fantástica conceber
esse modelo de saúde pública, que envolve estratégias diferenciadas. Nós pensamos em soluções para pequenas localidades,
visualizando como isso possa ser replicado em larga escala", explicou Scannavino.
Polêmica
Em 2011, a fundação Terre des Hommes solicitou que o Abaré fosse devolvido à Europa, para ser enviado a missões na
África, o que gerou uma grande comoção no Tapajós e fez com que as comunidades se mobilizassem para impedir o fim da
operação do barco. Scannavino e os demais membros do Projeto Saúde e Alegria, com apoio das da região, conseguiram na
Justiça manter a embarcação circulando.
"Nada contra novos projetos ou a construção de um outro barco pela cooperação holandesa se deseja operar em outras
regiões. O difícil de entender é que, para isso, exista a quebra de um compromisso com os ribeirinhos do Tapajós a partir de
um projeto premiado e exitoso, símbolo de uma nova politica de saúde para toda região, referencia em nosso País e de
Instituições como o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde. Esperamos que isso não ocorra", afirmou Scannavino.
BOA INFORMAÇÃO | NOTÍCIAS
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
24/06/2012
Veja a matéria no site de origem
Interação ajuda portador de HIV a enfrentar doença, diz estudo
O trabalho e a rede social ajudam os portadores do vírus HIV a enfrentar a doença. Além disso, experiências anteriores ao
diagnóstico da Aids também têm função importante no processo de enfrentamento. É o que mostra um estudo da FFCLRP
(Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo), do psicólogo social Dário
Schezzi. O trabalho analisou, por meio de 10 entrevistas, quais fenômenos melhoram o processo de luta contra a Aids e
ajudam a viver melhor com ela. De acordo com Agência USP Notícias, a pesquisa observou que o enfrentamento da doença
não é tão influenciado por questões posteriores à descoberta do vírus, mas por experiências e compromissos anteriores, como
vínculos afetivos e projetos em andamento, que motivam os portadores e influenciam na imagem que formam si mesmos.
Segundo Schezzi, a identidade é uma questão importante, pois a Aids é uma doença com um estigma de alto impacto e com
capacidade de transformar a autoimagem da pessoa. - As vivências coletivas influenciam muito na construção de uma nova
autoimagem de cada um. O trabalho influencia na questão da identidade, até por causa de sua própria estrutura e de suas
redes, principalmente as afetivas.
CORREIO DA MANHÃ | NOTICIAS
ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES
24/06/2012
Veja a matéria no site de origem
Trabalhadores protestam contra fecho da MAC
Cerca de duas dezenas de trabalhadores da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) estão esta sexta-feira de manhã
concentrados em frente ao Hospital de São José, em Lisboa, em protesto contra o fecho da "maior maternidade do país",
anunciada pelo Ministério da Saúde.
Antónia Matias, técnica do laboratório de Anatomia Patológica da MAC, afirmou ao CM que "os trabalhadores acreditam que
esta não é uma batalha perdida" e que "haverá uma alteração da decisão anunciada pelo Ministério da Saúde".
"Ao contrário do que o Ministro da Saúde [Paulo Macedo] disse sobre o facto de não haver despedimentos, aquilo que tem
mostrado no terreno é que essa não é uma realidade porque já houve transferência de cuidados de serviços da MAC para o
Hospital D. Estefânia e não foi acompanhada pela transferência de trabalhadores. Os que trabalham no Hospital D. Estefânia
dizem que não precisam de mais pessoal", revelou Antónia Matias.
Neste momento uma delegação dos Sindicatos dos Enfermeiros e do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e
dos Açores estão a ser recebidos por membros do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC),
do qual faz parte o Hospital de São José.
De acordo com uma fonte hospitalar, o conselho de administração do CHLC não irá fazer qualquer declaração sobre a
manifestação ou o teor da reunião com os representantes sindicais.
O DOCUMENTO | INTERNACIONAL
DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS
24/06/2012
Veja a matéria no site de origem
Estudo comprova que interação social ajuda portadores do HIV
O trabalho e a rede social ajudam os portadores do vírus HIV a enfrentar a doença. Além disso, experiências anteriores ao
diagnóstico da Aids também têm função importante no processo de enfrentamento. É o que mostra um estudo da FFCLRP
(Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo), do psicólogo social Dário
Schezzi. O trabalho analisou, por meio de 10 entrevistas, quais fenômenos melhoram o processo de luta contra a Aids e
ajudam a viver melhor com ela. De acordo com Agência USP Notícias, a pesquisa observou que o enfrentamento da doença
não é tão influenciado por questões posteriores à descoberta do vírus, mas por experiências e compromissos anteriores, como
vínculos afetivos e projetos em andamento, que motivam os portadores e influenciam na imagem que formam si mesmos.
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