filosofia - Colégio São José

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FILOSOFIA
APOSTILA 0
TODAS AS SÉRIES
PARA QUE FILOSOFIA ?
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As evidências do cotidiano :
“Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade,na
verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre
verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença
entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade,
do bem e do mal, da moral, da sociedade “
A atitude filosófica
Atitude Filosófica é aquela atitude de questionamento frente à vida,
portanto, quando perguntamos :
“O que é Filosofia ? “ “A decisão de não aceitar como obvias e
evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os
comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los
sem antes havê-los investigado e compreendido”
“Para que Filosofia ? “ Para podermos exercitar o nosso eu interior
; para poder sermos agentes e sujeitos de nossas ações, enfim,
para
estarmos conectados com esse
cosmo do qual fazemos parte.
A atitude crítica:
1º atitude é a negativa :dizer não ao senso comum, aos préconceitos, aos
pré-juízos, aos fatos e às
idéias da experiência cotidiana,
ao que
todo mundo pensa e diz.
2º atitude positiva : uma interrogação sobre o que são as coisas,
as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores,
nós mesmos. É
também uma interrogação
sobre o porquê disso tudo e de nós, e
uma
interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra
maneira. O que é ? Por que é ? Como é ? . Essas são as
indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face positiva e negativa da atitude filosófica é o que chamamos
de atitude crítica e pensamento crítico.
Atitude filosófica : indagar
O que ? O que a coisa ou a idéia, ou o valor é ?
Como ? Como a coisa , ou o valor, ou a idéia é ?
Por que ? Por que a coisa , a idéia, ou o valor existe ?
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Essas questões se referem à nossa capacidade de conhecer, a
capacidade de
pensar. É por isso que elas se dirigem , por fim, ao próprio
pensamento.
A filosofia torna-se o pensamento interrogando-se a si mesmo.
Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a
Filosofia se
realiza como REFLEXÃO.
Reflexão Filosófica
Como é possível o próprio pensamento ?
Que é pensar , falar e agir ?
Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro ?
Portanto:
A atitude filosófica inicia-se indagando - O que, Como e Por que
?
São
perguntas
sobre
a
essência,
a
significação
ou
a
estrutura
e
a
origem de todas as coisas a reflexão filosófica indaga : Por que ,
O que , Para que ?
São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para
conhecer e agir .
A Filosofia é uma ciência ?
A Filosofia não é uma ciência: é uma reflexão crítica sobre os
procedimentos e conceitos científicos. Não é uma religião: é uma
reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas.
Não é arte : é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas,
das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é
sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica
dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é
política , mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a
origem , a natureza e as formas do poder. Não é história, mas
interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no
tempo e
compreensão do que seja o
próprio tempo.
Conhecimento do conhecimento e da ação humana, conhecimento
da transformação temporal dos princípios do saber e do agir,
conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, a
Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.
Qual seria a utilidade da Filosofia ?
“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum
for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias
dominantes e aos poderes estabelecidos
for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da
cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações
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humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada
um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes
de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a
felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é
o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são
capazes. “
Marilena Chauí
A CONSCIÊNCIA MÍTICA
INTRODUÇÃO
A noção de mito é complexa .
O Mito não é exclusividade dos povos primitivos, existe em todos os
tempos e culturas como componente indissociável da maneira
humana de compreender a realidade.
O mito entre os primitivos
Entre os povos primitivos o mito é estrutura dominante
Enquanto processo vivo de compreensão da realidade, o mito surge
como verdade.
O critério de adesão do mito é a crença, e não a evidência racional
O Mito é portanto uma instituição compreensiva da realidade, é uma
forma espontânea de o homem situar-se no mundo.
As raízes do mito não se acham nas explicações exclusivamente
racionais, mas na realidade vivida.
Funções do mito
A função principal do mito é acomodar e tranqüilizar o homem em
um mundo assustador.
MITO – RITO – ÍDOLO
No mundo primitivo tudo é sagrado e nada é natural
Para Mircea Eliade : “uma das funções do mito é fixar os modelos
exemplares de todos os ritos e de todas as atividades humanas
significativas “
“ Assim fizeram os deuses, assim fazem os homens “
O Mito não pode prescindir do Rito
O Rito
:
O rito deve ser entendido como um canal de
comunicação
com o mito, ou seja, com o sobrenatural.
Impossível reverenciar o mito sem o rito.É com o ritual que eu falo
com os deuses. É com o rito que o tempo sagrado é revivido.
“ O tempo sagrado é revivido, ou seja, toda a festa religiosa não é
uma simples comemoração, mas torna-se a ocasião em que o
sagrado acontece novamente e representa a reatualização do
evento sagrado que teve lugar no passado mítico, “no começo”. ”
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ex. festas religiosas como : Semana Santa Cristã
Yom Kippur
Ramadã
Ídolo = aquele que representa o mito.
“Santos” em templos religiosos
“Santos” modernos artistas e pessoas de destaque na mídia.
É com o mito que se dá a preponderância do coletivo sobre o
individual
A decorrência do coletivismo é o dogmatismo : a consciência
mítica é ingênua ( no sentido de não crítica ), desprovida de
problematização e
supõe a aceitação tácita dos mitos e das prescrições dos rituais.
A adesão ao mito é feita pela fé, pela crença.
No universo cuja consciência é coletiva, a trasngressão da norma
ultrapassa quem a violou. Por isso o tabu. Ao ser transgredido,
estigmatiza a família, os amigos e, às vezes, toda a tribo. Daí os
“ritos de purificação”
E os rituais do “bode expiatório” ,nos quais o pecado é transferido
para um animal .
Mito e religião
“No desenvolvimento da cultura humana, não podemos fixar um
ponto onde termina o mito e a religião começa. Em todo curso de
sua história, a religião permanece indissoluvelmente ligada a
elementos míticos e repassada deles.”
Mito hoje
Perguntamos : O desenvolvimento do pensamento reflexivo deveria
decretar a morte da consciência mítica ?
O mito é o ponto de partida para a compreensão do ser.
“Tudo que o que pensamos e queremos se situa inicialmente no
horizonte da imaginação, nos pressupostos míticos, cujo sentido
existencial serve de base para todo trabalho posterior da razão “
A função fabuladora persiste não só nos contos populares, no
folclore, como também no dia-a-dia, ao proferir palavras ricas em
sentido mítico.
Casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade.
Personalidades dos meios de comunicação.
Nas histórias em quadrinhos, o maniqueísmo retoma o arquétipo
da luta entre o bem e o mal.
O comportamento do homem também é permeado de “rituais”
Nascimentos, casamentos, festa de debutantes, festas de anonovo, de formatura verdadeiros ritos de passagem.
Mito e razão se completam mutuamente
A Concepção Filosófica
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Período Arcaico : Primeiros filósofos gregos - Fins séc. VII a .C.
e séc. VI a .C.
Passagem do pensamento mítico - crítico racional filosófico:
“O surgimento da racionalidade crítica, ou seja, da Filosofia
Grécia não é o resultado de um salto, um “milagre” .
É a culminação de um processo que se fez através dos tempos e
tem sua dívida com o passado mítico.
Fatores que colaboraram para o desenvolvimento da filosofia na
Grécia:
A ESCRITA :
Mythos : significa “palavra” , “ o que se diz”
A primeira escrita é mágica e reservada aos privilegiados, aos
sacerdotes e aos reis.
Na Grécia a escrita surge por influência dos fenícios e já no século
VIII a . C. está desligada de preocupações religiosas.
A escrita gera uma nova idade mental: postura diferente daquela de
quem apenas fala .
A retomada daquilo que foi escrito e o exame por outras pessoas e
noutros tempos , abrem os horizontes do pensamento propiciando o
distanciamento do vivido, o confronto das idéias, a ampliação da
crítica.
A escrita aparece como uma possibilidade maior de abstração, uma
reflexão da palavra que tenderá a modificar a própria estrutura do
pensamento.
A MOEDA :
Século VIII a VI a . C. - desenvolvimento do comércio marítimo
(resultado da expansão grega )
No período de domínio exclusivo da aristocracia rural, a economia
era pré-monetária e os objetos
usados para troca eram
carregados de simbologia afetiva e sagrada.
A moeda aparece na Grécia por volta do século VIII a .C. . Passa a
ter uma função muito importante e revolucionária pois está
relacionada com o desenvolvimento do pensamento racional
A LEI ESCRITA
Drácon ( séc.VII a .C. ) / Sólon e Clístenes ( séc. VI a .C. )
As Leis passam a ser escritas e comuns a todos os cidadãos. Estas
leis, por serem escritas passam a permitir sua discussão e
modificação.
Clístenes : fundação da PÓLIS : Organização tribal é abolida.
Estabelecem-se novas relações determinadas por nova
organização administrativa.
As mudanças processadas expressaram um ideal igualitário e
prepararam campo para a Democracia nascente.
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A PÓLIS E O CIDADÃO
Nascimento da Pólis séc. VIII e VII a . C. - Provocou grandes
alterações na vida social e nas relações entre os homens.
A Ágora ( praça pública ) : Espaço onde se debatem os
problemas de interesse comum .
“A Polis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra
mágica dos mitos, mas a palavra humana, do conflito, da discussão,
da argumentação. O saber deixa de ser sagrado e passa a ser
objeto de discussão “.
A expressão da individualidade por meio do debate faz nascer a
POLÍTICA.
Libertando o homem da idéia de pré-destinação e dos desígnios
divinos e permitindo a ele traçar o seu próprio destino em praça
pública.
Surge, então, o Cidadão da Pólis. Ele participa dos destinos da
cidade por meio do uso da palavra em praça pública. É a isonomia
: igual participação de todos os cidadãos no exercício do poder.
Apogeu da democracia : Séc. V a . C. - período Clássico Péricles estratego
O que era a Democracia Ateniense ?
Uma nova concepção de
poder
O ideal teórico da nova classe de comerciantes será elaborado
pelos sofistas, filósofos do séc. V a . C.
O Nascimento do Filósofo
A filosofia surgiu no século VI a .C. nas colônias Gregas da Magna
Grécia ( sul da Itália ) e Jônia ( atual Turquia ). Somente no século
V a .C. desloca-se para Atenas.
Divisão da Filosofia Grega
Pré-socráticos
A procura do Arché ( princípio )
Escola Jônica - 1ª escola filosófica grega
Thales de Mileto - a origem de todas as coisas (Arché) = a água
(o transformismo)
Anaxímenes - o Arché - o ar
Anaximandro - ápeiron ( infinito ) ( substância etérea, infinita,
invisível )
Heráclito - o devir ( contínuas transformações, é a lei fundamental
do universo)“ as transformações se fazem de acordo com uma lei :
Logos
que é a realidade última do mundo “
Tudo segue seu curso - coisa alguma é estável:“nunca podemos
tomar banho duas vezes no mesmo rio “
“ tudo flui e nada fica como é “
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Empédocles - ( quatro elementos primordiais ) Terra, Ar, Água e
Fogo
(o que determinava a união entre as coisas era o amor e
a luta) Os quatro elementos e os dois princípios são eternos.
A Teoria de Empédocles foi usada e difundida pelos “cientistas” até
o século XVII, quando foi criticada por Lavoisier
Escola Itálica:
Pitágoras - religião órfica ( “Tudo o que nasce torna a nascer nas
revoluções de um determinado ciclo, até se libertar efetivamente da
roda dos nascimentos “ ) matemática ( a soma dos quadrados dos
catetos é igual ao quadrado da hipotenusa ). O número é o princípio
de todas as coisas ( ARCHÉ ).
Parmênides - Ser ( a realidade é eterna e intemporal . Toda
mudança é ilusória ) “Não há mudança nas coisas . Como pode,
então, o que é , vir a ser no futuro ?
Se vem a ser , então não é “
“o Ser é e o não ser não é “
Xenófanes
Zenão
Escola Atomista
Demócrito - “ Tudo que existe é composto de átomos “
Átomo ( grego ) = a ( alfa ) - não ; tomos - divisão, divisível.
“Todas as qualidades das coisas : cor, cheiro , peso; som, beleza e
vida etc., nada mais são do que movimentos e modos de ser
diferentes dos agregados de átomos que formam a respectiva coisa
“.
Sócrates e os pós-socráticos
Sofistas : comerciantes da filosofia representavam a anti-razão
A única norma lógica e intelectual era o êxito
SOCRATES
lª etapa
Ironia ( em grego perguntar ) com hábeis perguntas, desmonta as
certezas até o outro reconhecer a ignorância.
2ª etapa
Maiêutica ( Parto das idéias ) “ conhece-te a ti mesmo “
“as pessoas geralmente começam a pensar a partir do que
conhecem. Sócrates começava pelo que não conhecia - pela
ignorância “
“Só sei que nada sei” : Consiste na sabedoria de reconhecer a
própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber.
As questões que preocupam Sócrates são aquelas referentes à
moral
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Sócrates procura o Logos - “a razão que se dá de algo “ - conceito
: o logos da justiça / o logos da coragem
Discípulos : Xenofonte e Platão
PLATÃO
“ Teoria das idéias “ - “ teoria do conhecimento “
“ as coisas que percebemos não constituem a verdadeira realidade.
Essas coisas não passam de aparência, de reflexo, de cópias, de
sombras da verdadeira realidade. O real são as idéias das coisas.
Estas são modelos imutáveis das coisas sensíveis . Estão
suspensas num céu intelectual ( tópos noetós : Lugar de
conhecimento ) “
Tudo encontra-se no “Mundo das Idéias” - “O Mito da Caverna “
Obras : A República / Críton / A apologia de Sócrates / Fédon /
Fimeu /Fedro/
O Banquete.
ARISTÓTELES
O Mundo é composto por substâncias ( coisas subsistentes ) e de
acidentes
( as qualidades, propriedades das coisas )“ as
substâncias , aquilo que faz com que as coisas sejam o que são, só
são percebidas através de suas qualidades as substâncias ou
coisas, com respeito às mudanças, estão em ato ( realidades) ou
em potência ( em vias de transformar-se em outra coisa )”ex.: Uma
semente , em ato, é uma semente, mas em potência, poder ser uma
árvore “
encadeamento - “o último motor “
Aristóteles fundou o Liceu
Sistematizador da lógica - Organon ( Livro )
Últimos lampejos da Filosofia Grega
Epicurismo : “a razão de viver seria o prazer “
“não devemos evitar os prazeres e sim escolhê-los “
O essencial era viver o melhor possível, cada momento da vida,
sem preocupações de outra ordem
- Ataraxia : o prazer máximo consistia na tranqüilidade, na paz de
espírito e
harmonia consigo próprio
Estoicismo : Há uma lei universal, superior a tudo, os homens
devem seguí-la.
Eram mais teóricos do que práticos
Zenão de Cítio ( fundador )
Marco Aurélio - Imperador romano foi o maior expoente
“ todas as coisas fazem parte de um único sistema que é a natureza
. A vida individual só é boa quando está em harmonia com a
natureza “Ideal : Apatheia ( indiferença ante o inevitável) .
Cinismo : Procuravam alcançar a verdadeira liberdade
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Diógenes ( fundador ) andou com uma vela acesa, ao meio-dia, em
Atenas,
procurando um Homem.Dormia num
barril e durante o dia ficava sentado ao sol. Finalidade: chocar a
sociedade convencional.
“o caso de Alexandre, o grande “Se eu não fosse Alexandre
gostaria de ser Diógenes “
“ Conta-se que Alexandre, quando estava prestes a atacar a Pérsia,
soube que o filósofo se encontrava por perto, em Corinto, e
resolveu fazer-lhe uma visita. “Encontro-o num bosque de ciprestes,
quase despido, morando num tonel. Alexandre, ricamente vestido,
chegou acompanhado de sua grande comitiva, enquanto o filósofo,
dentro do tonel, tomava seu banho de Sol. Vendo o cortejo que se
aproximava, nem se moveu. Alexandre, detendo-se, perguntou-lhe
: “Você sabe quem sou ? “ . Como Diógenes nada respondesse,
acrescentou : “ Saiba que sou Alexandre ! “ Disse o filósofo, com
indiferença : “ Eu sou Diógenes “. - Você sabe que possuo um
império e milhares de homens se curvam perante mim ? - “Pois eu
só tenho este tonel, senhor, e isso me basta . Quanto aos homens,
não creio neles; há muito que procuro um e não encontro.”
Alexandre, em vez de zangar-se, riu e disse: “ Agrada-me sua
maneira de ser. Para provar o quando simpatizei com você, quero
satisfazer qualquer desejo seu. Que deseja” - “ Desejo que o
senhor se afaste um pouco para não me tomar o Sol ”. Com o
semblante sério, o rei disse aos que o acompanhavam : “ Se eu não
fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes “.
A Patrística
A partir do séc. II - filosofia dos padres da Igreja - Patrística
- esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificar a
fé : apologética.
- longa aliança entre fé e razão - durante toda a Idade Média - a
razão é auxiliar da fé e a ela subordinada. “Credo ut intelligam “ “Creio para que possa entender “ - Sto. Agostinho.
Padres recorreram à filosofia platônica
Principal nome da patrística = Santo Agostinho ( 354-430 )
- retoma a teoria de Platão referente ao mundo sensível e ao
mundo das idéias e substitui esse último pelas idéias divinas.
TEORIA DA ILUMINAÇÃO (Adaptação da teoria platônica ).
. “o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas
: tal como o sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar
correto “.
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ESCOLÁSTICA
Desenvolve-se IX - XIII
Aliança entre a fé e a
razão
A partir do séc. XI transformações
Surgimento
das
universidades.
Resgate do pensamento Aristotélico
Filosofia aristotélicotomista
“as substâncias ou coisas, com respeito às mudanças, estão em
ato ( realidades) ou em potência ( em vias de transformar-se em
outra coisa )” todos os elementos que constituem o mundo em que
vivemos passam por esse processo de transformação. É uma
reação em cadeia. Essa cadeia imensa está ligada à força que dá a
partida
para
tudo
O
Último
Motor
(Deus)
MITO E FILOSOFIA
Para os filósofos , a ordem do mundo deriva de forças opostas que
se equilibram reciprocamente, e a união dos opostos explica os
fenômenos meteorológicos, as estações do ano, o nascimento e a
morte de tudo que vive Na passagem do mito à razão, há
continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação.
Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a
filosofia problematiza e convida à discussão
Enquanto no mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é
procurada
A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos
na explicação dos fenômenos.
A filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos
conceitos, o debate e a discussão organiza-se em doutrina e surge,
como pensamento abstrato.
Somente no século XVII as ciências encontram seu próprio método
separando-se da filosofia.
A Idade Moderna
A Teoria do Conhecimento
A separação entre fé a razão - leva ao desenvolvimento do método
científico.
O antropocentrismo a razão humana como fundamento do
saber.
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O interesse pelo saber ativo, em oposição ao saber contemplativo,
que leva a transformação da natureza e ao desenvolvimento das
técnicas.
Primeiros representantes do pensamento renascentista
Ética e Política
Nicolau Maquiavel :
O Príncipe
O poder do soberano
O Principe, de Maquiavel
O príncipe atormentou a humanidade durante quatro séculos. E
continuará a tormentá-la...” A frase refere-se à obra de Maquiavel
que serviu de instrumento teórico a muitos governantes autoritários
e totalitários, do século XVI ao século XX : àqueles que fizeram da
“razão de Estado” o pretexto para sufocar liberdades individuais de
toda a sociedade.
Sobressaem-se em sua obra outras frases, que isoladamente , fora
de contexto, têm servido a ditadores diversos: “ O triunfo do mais
forte é o fato essencial da história humana”. “Todos os profetas
armados venceram, desarmados arruinaram-se”. “Desprezar a arte
da guerra é o primeiro passo para a ruína, possuí-la perfeitamente,
eis o meio de elevar-se ao poder”.
Assim, “Maquiavel – nome próprio universalmente conhecido, que
teria de formar um substantivo, ‘maquiavelismo’ – e um adjetivo,
‘maquiavélico’ – evoca uma época, a Renascença; uma nação, a
Itália; uma cidade, Florença; enfim, o próprio homem, o bom
funcionário florentino que, na maior ingenuidade, na total ignorância
do estranho futuro, trazia o nome de Maquiavel, votado à reputação
mais ruidosa e equívoca”.
CHEVALIER , Jean-Jacques. As grandes obras políticas – de
Maquiavel a
nossos dias.
Rio de Janeiro, Agir,12980. p.48.
Thomas Hobbes : Leviatã*
Considerado por muitos o teórico que melhor definiu a ideologia
absolutista, articulou um sistema lógico e coerente para apresentar
a necessidade do Estado despótico.
O Estado - Entidade todo-poderosa que dominaria todos os
cidadãos
“O Homem é o lobo do Homem”
“Os homens dotados de razão, do sentimento de autoconservação
e de defesa buscam superar esse estado natural de destruição
unindo-se para formar uma sociedade civil, mediante um contrato
segundo o qual cada um cede seus direitos ao soberano. Dessa
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forma, renuncia-se a todo direito de liberdade, nocivo à paz, em
benefício do Estado”
Século XVII - os pensadores do século XVII - abordagem nova
Colocação em questão da própria possibilidade do conhecimento
Deve-se indagar sobre o sujeito do conhecimento não o objeto
Quais as possibilidades de engano ou acerto ?
Quais os métodos que utilizaremos para garantir que o
conhecimento seja verdadeiro ?
Duas perguntas duas correntes filosóficas :
O empirismo
O racionalismo
O Racionalismo : Século XVII - René Descartes
“Existem erros e ilusões dos sentidos. Qual o fundamento do
verdadeiro conhecimento ?”
A dúvida como método de pensamento rigoroso:
- duvida de tudo que lhe chega através dos sentidos
- duvida de todas as idéias que se apresentam como verdadeiras
À medida que duvida descobre que mantém a capacidade de
pensar:
“Cogito, ergo sum” ( Penso, logo existo ).Este “eu”
cartesiano é puro pensamento.
No caminho da dúvida a realidade do corpo foi colocada em
questão.
“Discurso sobre o método”
Descartes
- dois tipos de idéias :
1) inatas( que não estão sujeitas a erro - fundamento da ciência)
Já se encontram no espírito.São inatas , não no sentido de o
homem já nascer com elas, mas como resultantes exclusivas da
capacidade de pensar. São idéias confusas e duvidosas:“dentre as
idéias inatas encontramos as de um Deus Perfeito e Infinito” (
substância infinita ).
O ponto de partida de Descartes é o pensamento, abstraindo toda e
qualquer relação entre este e a realidade .Como passar do
pensamento para a matéria dos corpos ?
Pensamento - idéia de infinito que é Deus - ser perfeito - “para ser
perfeito Deus deve existir , senão lhe faltaria algo para ser perfeito.
Portanto, ele existe”
Ser perfeito nos faz ter idéias sobre o mundo exterior e sensível.
Portanto a partir de uma idéia inata podemos deduzir a idéia da
existência da matéria dos corpos .O homem é um ser duplo dualismo-psicofísico - composto por: substância pensante - res
cogitans ,
substância externa - res extensa .A
razão não afeta nem é afetada pelo objeto - razão só lida com as
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representações ( imagens e conceitos ) que correspondem ao
objeto exterior.
O método deve garantir:
.
as coisas sejam representadas corretamente, sem risco de
erro ;
.
controle de todas as etapas das operações intelectuais ;
.
possibilidade de serem feitas deduções que levem ao
progresso do conhecimento.
Acentua-se o caráter absoluto e universal da razão: só com suas
forças pode chegar a descobrir as verdades possíveis.
Antagonismo : o corpo é uma realidade física - sujeito às leis
deterministas da natureza fenômenos mentais - não têm extensão
no espaço nem localização.
As principais atividades da mente são recordar, raciocinar, conhecer
e querer; portanto, não se submetem às leis físicas, mas são o lugar
da liberdade
corpo - objeto de estudo da ciência
mente - objeto da reflexão filosófica
O Empirismo
John Locke - crítica ao racionalismo cartesiano - crítica à teoria
das idéias inatas.
“Ensaio sobre o entendimento humano “ : todas as idéias têm
origem na experiência sensível.
“ é a partir dos dados da experiência que o intelecto produz idéias”
“a razão humana é vista como uma folha em branco sobre a qual os
objetos vão deixar sua impressão sensível que será elaborada,
através de certos procedimentos mentais, em idéias particulares e
idéias gerais “.
Para Locke todas as nossas idéias provêm de duas fontes : a
sensação
a
reflexão a sensação apreende impressões vindas do mundo externo
a reflexão é o ato pelo qual o espírito conhece suas próprias
operações.
Locke : As idéias podem ser simples e complexas.
As idéias simples ,que se impõem à consciência na experiência
sensível e são irredutíveis à análise ao estabelecer relação entre as
idéias simples , surgem as idéias complexas.
David Hume
Leva mais adiante o empirismo de Locke.
A razão é o hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por
diferença.
“O que observamos é a sucessão de fatos ou a seqüência de
eventos, e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou
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eventos. O que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que
pode ser alcançado pela experiência é o hábito criado através da
observação de casas semelhantes . A partir deles, imaginamos que
o fato atual se comportará de forma semelhante “ ;“a única base
para as idéias gerais é a crença, que, do ponto de vista do
entendimento, faz uma extensão ilegítima do conceito” .
Descartes : Justifica o poder da razão de perceber o mundo
através de idéias claras e distintas.
Locke : valoriza os sentidos e a experiência na elaboração do
conhecimento.
Hume : levanta o problema da exterioridade das relações frente
aos termos.
Criticismo kantiano
Immanuel Kant :
Preocupação em encontrar uma solução para a divisão
estabelecida entre o ceticismo empírico e o racionalismo.
Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é
conhecimento ?
Kant tenta estabelecer a análise crítica da própria razão como meio
de estabelecer seus limites e suas possibilidades.
É possível uma ”razão pura” independente da experiência ?
“CRíTICA DA RAZÃO PURA” criticismo
A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos - essa estrutura é inata - independe de experiência para existir
- a razão é anterior à experiência - a estrutura da razão é a priori
a priori - vem antes da experiência e não depende dela
Os conteúdos que a razão conhece e nos quais pensa dependem
da experiência.
A experiência fornece a matéria ( os conteúdos) do conhecimento
para a razão e esta,, por sua vez, fornece a forma ( universal e
necessária ) do conhecimento
A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência,
vem depois desta por isto é : a posteriori.
Qual o engano dos racionalistas ?
- Supor que os conteúdos ou a matéria do conhecimento são
inatos. Não existem idéias inatas.
Qual o engano dos empiristas ?
- Supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência ou
causada pela experiência.
“ Na verdade, a experiência não é causa das idéias , mas é a
ocasião para que a razão, recebendo a matéria ou o conteúdo,
formule as idéias”
O Iluminismo e o pensamento burguês:
O Antigo Regime – século XVII/XVIII - e suas características
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Os valores da burguesia e a luta contra o antigo Regime
O Iluminismo - Razões = Luzes
Defesa da ordem natural e dos direitos naturais
John Locke e a defesa dos direitos naturais
“Todo homem nasce com os direitos naturais”
Direito à Liberdade
Direito à propriedade
Direito à vida
LOCKE : Pai do Liberalismo político
“Segundo Tratado sobre o Governo Civil”
“A sociedade existe antes do Estado, quando o Estado se torna
tirano a sociedade deve pegar em armas e depor este Estado
tirano”
Jean-Jacques Rousseau - O Contrato Social e Emilio
A fisiocracia e as críticas ao absolutismo
Turgot e Quesnay - Pais da Fisiocracia
De onde vem a riqueza ?
Terra = riqueza – Não intervenção do Estado
“Laissez faire , Laissez passe”
Lei da oferta e da procura
Pouco produto e muita procura o preço sobe
Muito produto e pouca procura o preço desce
NÃO AO CONTROLE DO ESTADO E SIM À ORDEM NATURAL
DAS COISAS
Adam Smith
Breve biografia
Adam Smith nasceu em 1723 na Escócia. Era filho de um escocês
que ocupou o cargo de Juiz Defensor e Interventor de Alfândegas.
Foi educado nas Universidades de Glasgow e Oxford, chegando a
ser em Glasgow, professor de lógica e mais tarde de filosofia
moral. Depois de treze anos de ensino acadêmico viajou pela
França durante dois anos como tutor do jovem Duque de Buccleuch
de quem recebeu uma pensão vitalícia o que lhe permitiu
consagrar-se inteiramente à tarefa de escrever.
Seu talento natural acoplado às suas experiências educacionais em
Glasgow e Oxford; seus contatos com grandes pensadores da
época, tais como David Hutcheson, além dos contatos com os
fisiocratas, e da oportunidade de observação pessoal da metrópole
comercial de Glasgow, permitiram-lhe produzir o grande trabalho
criativo que é
A Riqueza das Nações.
A RIQUEZA DAS NAÇÕES
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Trabalho publicado em 1776 e que levou 25 anos para ser
concluído.
Funda a Escola de Economia Política Clássica.
É com este
trabalho que, pela primeira vez a economia é vista como ciência. É
com esta obra que Adam Smith ganha o título de
Pai do
Liberalismo Econômico.
Primeira Etapa - Como é a Obra
Segunda Etapa - Comentários
Primeira Etapa :
A Riqueza das Nações está dividida em uma Introdução que
estabelece o plano do autor, cinco livros e um Apêndice.
O Livro I é : “Das Causas da Melhoria nos Poderes Produtivos da
Mão-de-Obra, e da Ordem de Acordo com a Qual o Produto é
Naturalmente Distribuído entre as Diferentes Categorias de
Pessoas”
Comentário : O Livro se inicia com a discussão de sua relação com
a propensão inata do homem à troca e com o processo de
crescimento econômico.
O Livro II : “Da Natureza, Acumulação e Emprego de Estoque”
Comentário : Analisa as condicionantes e características da
acumulação de capital, que determinam a oferta de emprego
produtivo e sua distribuição setorial, e contém a maior parte da
teoria monetária de Smith.
O Livro III : “Do Progresso Diferente em Diferentes Nações”
Comentário :
contém uma síntese abrangente da evolução
econômica da Humanidade, muito influenciada pela longa História
da Inglaterra do filósofo David Hume e constitui, no contexto da
obra, o teste empírico-histórico da teoria do crescimento econômico
apresentada anteriormente.
Estes três primeiros livros são principalmente uma apresentação de
princípios econômicos.
O Livro IV : “Dos Sistemas de Economia Política”
Comentário : Smith discute os fundamentos das políticas comercial
e colonial mercantilistas, de onde emerge sua crítica violenta ao
sistema econômico do Antigo Regime .
O Livro V : “Da Receita do Soberano ou da Comunidade”
Comentário : trata da política fiscal, analisando as políticas de
gasto público, onde desenvolve interessante discussão das
vantagens e desvantagens da intervenção do Estado em diferentes
áreas de atividade.
Estes últimos dois livros levam Smith à área da economia política.
O HOMEM E A OBRA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA ,
FILOSÓFICA E PSICOLÓGICA.
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Sabemos que Adam Smith, nesta obra, procura responder às
inquietações do período e identificar, a origem da Riqueza das
Nações. Apóia-se nos fisiocratas, porém, vai mais além , afirmando
que a riqueza não está na terra, necessariamente, e sim no
trabalho.
Com este trabalho, Adam Smith estabelece uma conjugação de
posturas filosóficas e metodológicas das quais emergem duas
concepções pioneiras e revolucionárias.
A Primeira: é a análise dos fenômenos econômicos como
manifestação de uma ordem natural a eles subjacentes, governada
por leis objetivas e inteligíveis através de um sistema coordenado
de relações causais.
A Segunda : é a doutrina segundo a qual essa ordem natural
requer, para sua operação eficiente, a maior liberdade individual
possível na esfera das relações econômicas, doutrina cujos
fundamentos racionais são derivados de seu sistema teórico, já que
o interesse individual é visto por ele como a motivação fundamental
da divisão social do trabalho e da acumulação de capital, causas
últimas do crescimento do bem-estar coletivo.
A Obra de Adam Smith tem influência de sua postura como filósofo
e principalmente de seu trabalho anterior à Riqueza das Nações
que é a “Teoria dos Sentimentos Morais”. O objetivo da filosofia
moral é a felicidade humana e o seu bem-estar, portanto esta não é
apenas uma obra técnica sobre economia , é muito mais do que
isto, porque analisa em profundidade não só o mecanismo natural
da economia como a posição que o homem exerce dentro deste
sistema. O homem como elemento principal desta engrenagem.
Pois bem, de onde vem a Riqueza das Nações ? segundo Smith :
“a riqueza ou o bem estar das nações só pode ser identificado com
seu produto anual per capita que, dada sua constelação de
recursos naturais, é determinado pela produtividade do trabalho
”útil”ou produtivo.”
E diz mais :
“é o trabalho produtivo que leva ao processo de acumulação de
capital gerando uma pressão de demanda por mão-de-obra sobre o
mercado de trabalho. Isto provoca um crescimento concomitante
dos salários e, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores
e da população, ampliando o tamanho dos mercados que, para um
dado estoque de capital, é o determinante básico da extensão da
divisão do trabalho, iniciando-se assim, a espiral do crescimento.”
Seu toque genial decorre da percepção das conseqüências
analíticas da acelerada generalização dos métodos capitalistas de
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organização da produção, do progressivo aumento da competição e
da maior mobilidade de capital entre as diferentes ocupações.
A Riqueza das Nações é o produto do desenvolvimento histórico do
capitalismo e da ação dos homens.
Para Adam Smith , então, ao contrário do que queriam os fisiocratas
não é a natureza mas o esforço humano que torna os bens
disponíveis e como o homem procura, a felicidade, ela somente
será encontrada, quando ele perceber que além de indivíduo, ele
também é membro de uma família, de um Estado e da grande
sociedade que constitui a raça humana.
São os bens e não o ouro que constituem a riqueza de uma nação.
Neste sentido ele constata que sem os esforços cooperativos da
mão-de-obra, nem a terra nem o capital poderiam produzir o que
quer que fosse. A esta constatação vem a pergunta. De que modo
podem ser aumentados os poderes produtivos do trabalho ?
Através da Divisão do Trabalho.
Os homens através da divisão do trabalho, podem produzir mais e
portanto gerar mais riqueza. Ex. fabricantes de Alfinetes
Um homem sozinho no máximo poderá produzir 20 alfinetes por dia,
devido o trabalho e o tempo que gasta para ir de uma etapa a outra,
de modo que se tivermos 10 trabalhadores numa fábrica ligados
pela divisão do trabalho , produzirão 48.000 alfinetes por dia o que
equivaleria a dizer uma produção de 4.800 cada um.
Adam Smith diz que a divisão do trabalho não é uma constatação
necessária do sistema capitalista pois ela surge espontaneamente.
“ a divisão de trabalho surgiu espontaneamente e é uma
conseqüência da propensão a permutar que só é encontrada no
homem e não é senão expressão de seu comportamento de autointeresse”
O auto interesse , então, é o motivo que naturalmente impele os
homens, desde que nascem até que morram. O homem carrega
consigo a característica de melhorar.
Estas palavras são importantes como indicadores da defesa da
iniciativa privada. Só a característica de melhorar, que é natural no
homem, permite a ele lançar-se a novos desafios.
“Somente trocando seus excedentes com outros é que ele pode
adquirir todos os bens de que necessita, e para servir a seus
próprios interesses apela para o auto-interesse dos demais seres
humanos”. Já que é por tratado, escambo e por aquisição que
obtemos uns dos outros a maior parte desses bons ofícios mútuos
de que necessitamos, é essa mesma disposição para permutar que
originalmente dá ensejo à divisão do trabalho e a iniciativa privada.
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Todas estas ações humanas, segundo Adam Smith, estão
relacionadas, já que o homem pertence à natureza, a uma ordem
natural das coisas, ao que ele chama de “bondade suprema da
ordem natural”
“ Todos os interesses econômicos que o indivíduo busca são
geralmente adquiridos no decurso de sua experiência social.
Portanto não cabe ao Estado e sim aos indivíduos, livres, daí a
defesa da Livre iniciativa, juntos, seguindo esta ordem natural criar
condições de riqueza e de vida.”
É no centro deste sistema que está o indivíduo, que deve seguir
seus próprios interesses, ao mesmo tempo em que promove o bem
estar da sociedade como um todo, porque assim é o caráter da
ordem natural, que é um fato.
Dentro do enfoque da ordem natural, é que se gesta uma variedade
de instituições econômicas benéficas. Entre elas estão a divisão do
trabalho, o desenvolvimento da moeda, o crescimento da poupança
e do investimento de capital, o desenvolvimento do comércio
exterior e o ajustamento mútuo da procura e da oferta. Estas e
outras instituições são o resultado do comportamento de autointeresse do homem e funcionam no benefício da sociedade como
um todo.
Encontramos, então, em A Riqueza das Nações uma noção muito
clara de auto-amor e auto-interesse.
Adam Smith ainda assinala que “a uma organização social
inteligente cabe apenas agir e o quanto possível em harmonia com
os ditames da ordem natural”
A felicidade a que o homem busca estará sempre relacionada à
virtude e esta virtude está centrada no trabalho do homem e no
respeito à ordem natural.
Na Idade Média a Igreja dizia que a felicidade nada tinha a ver com
a virtude e que a única virtude do homem encontrava-se na
abnegação. Combatendo este conceito Adam Smith nos mostra o
contrário que a virtude encontra-se no trabalho, na liderança e no
empreendimento.
Conclusão
Como conclusão podemos reconhecer a seguinte postura nas
teorias de Adam Smith :
Segundo ele seis motivos determinam , de um modo natural, a
conduta humana : o amor de si mesmo, a simpatia, o desejo de ser
livre, o sentimento da propriedade, o hábito do trabalho e a
tendência para trocar, permutar e substituir uma coisa pela outra.
Cada homem, dados estes móveis da conduta, é por natureza, o
melhor juiz de seu próprio interesse, e , pois, se lhe deveria dar
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liberdade para, à sua maneira, procurar seus interesse. Não só,
deixando-o à sua sorte, obteria o máximo de satisfação, como
aumentaria o bem-estar comum .
Adam Smith enfatiza que os diferentes móveis da conduta humana
equilibram-se de tal modo que o bem de um não estará em conflito
com o bem de todos.
Outros móveis, sobretudo o da simpatia, acompanham o amor de si
mesmo, como resultado de que a vantagem dos outros não deixa
de estar ligada à vantagem própria.
A fé que Adam Smith tinha no equilíbrio natural dos móveis do
homem foi o que o levou a fazer a célebre declaração de que ao
procurar seu próprio benefício, “uma mão invisível o conduziria a
favorecer um fim que não entrava no seu propósito, ou seja, quando
o homem é livre e procura o máximo de vantagem pessoal,
impulsionado pela lei natural, está contribuindo para elevar ao
máximo o bem comum.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O Senso comum
O senso comum é o conhecimento de todos nós.
É o saber resultante das experiências vividas e a soma dos
saberes herdados.
O Senso comum , enquanto conhecimento espontâneo é :
ametódico
assistemático
empírico
ingênuo
presa das aparências
fragmentário
particular
subjetivo
O Conhecimento comum é presa fácil do “saber ilusório”
É possível transformar o senso comum
em bom senso
simplesmente tornando-o estruturado, coerente e crítico.
O conhecimento científico
Sócrates: buscava a definição dos conceitos para atingir a
essência das coisas
Platão : mostrava o caminho que a educação do sábio devia
percorrer para ir da opinião à ciência
A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de
investigação e ao criar um método pelo qual se fará o controle
desse conhecimento.
A utilização de métodos rigorosos permite que a ciência atinja um
tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo.
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Cada ciência se torna uma ciência particular ( fenômenos ) e geral
( conclusões)
O mundo constituído pela ciência aspira a objetividade : as
conclusões podem
ser verificadas por qualquer membro da comunidade científica. Por
isso procura despojar-se do emotivo.
“ Merleau Ponty : A ciência explica o mundo, mas se recusa a
habitá-lo “
A ciência amplia o conhecimento mas o reduz pois o cientista
remove toda a experiência individual que caracterizaria o “estar-nomundo “
Precisão e objetividade : utilização da matemática para transformar
qualidade em quantidade. Galileu
O uso de instrumentos torna a ciência mais rigorosa, precisa e
objetiva
É preciso retirar do conceito de ciência a falsa idéia de que ela é a
única explicação da realidade e se trata de um conhecimento “certo”
e “infalível”.
Física e demais ciências da natureza : matematizáveis
Ciências Humanas : Psicanálise : avessa a qualquer forma de
experimentação ou matematização
Ciência e Poder
As ciências da natureza, organizadas como foram, a partir da Idade
Moderna possibilitam ao homem maior previsibilidade dos
fenômenos e maior poder de transformação da natureza.
Ciência e técnica = tecnologia ( técnica enriquecida pelo saber
científico )
“ No entanto, o poder da ciência e da tecnologia é ambíguo, porque
pode estar a serviço do homem ou contra ele. Daí a necessidade de
o trabalho do cientista e do técnico ser acompanhado por reflexões
de caráter moral e político, a fim de que sejam questionados os fins
a que se destinam os meios utilizados pelo homem: se servem ao
crescimento espiritual ou se o degradam, se servem à liberdade ou
às formas de dominação.
Por isso é impossível admitir a existência do trabalho científico
neutro. “
Os mitos da ciência
Iluministas : “pela ciência o homem pode espantar o medo causado
pela ignorância e superstição, guardando a esperança de um
mundo melhor
iluminado pelas luzes da razão” .
Positivistas : “o único valor valido é o conhecimento cientifico outras
formas de
abordagem do real, como mitos, religiões e
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até a filosofia são
expressões inferiores e superadas
da experiência humana.”
Na medida em que o positivismo reduz tudo ao racional ele cria
mitos:
O mito do cientificismo : o único conhecimento válido e perfeito é o
científico
O mito do progresso : o progresso é explicado como um fenômeno
linear, cuja tendência automática é o aperfeiçoamento humano.
O mito da tecnocracia : “passamos a viver num mundo onde a
palavra definitiva somente pode ser dada pelos técnicos”.
O saber derivado da ciência passa a ser o único a ter autoridade :
portanto o poder pertence a quem possui o saber.
O mito do especialista: apenas certas pessoas tem competência
em
determinados setores
específicos.
Conclusão : “ Se há um discurso competente, em contraposição, há
incompetentes ( que somos nós...), cujo não-saber supõe a
aceitação passiva do discurso do saber. Caberia à teoria o papel
de comando sobre a prática
dos homens: a teoria
manda porque possui as idéias, e a prática
obedece
porque é ignorante... Com essa relação hierárquica, perde-se a
dialética entre a teoria e a práxis “.
A ciência e a tecnologia, mesmo que sejam expressões da
racionalidade, produzem contraditoriamente efeitos irracionais,
perversos, já que a razão é posta a serviço da
destruição da natureza, da alienação humana e da dominação.
Qual é o papel da filosofia ?
A ciência não é capaz de investigar seus próprios fundamentos,
portanto:
Cabe à filosofia discutir a respeito dos conceitos, das validades dos
métodos, do valor das conclusões, bem como da concepção de
homem subjacente a cada ciência.
Estabelecer a interdisciplinaridade entre os diversos campos do
saber .
Recolocar o problema da unidade do saber .
A fragmentação leva o homem a estar ausente da ciência.
A filosofia tem compromisso com a investigação a propósito dos fins
e das prioridades a que a ciência se propõe, bem como a análise
das condições em que se realizam as pesquisas e as
conseqüências das técnicas utilizadas.
A análise crítica denuncia o escamoteamento do homem e aponta
as possibilidades dos vários caminhos a buscar e a seguir.
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