SDE suspeita de cartel do cimento em São Paulo A Secretaria de Direito Econômico – SDE –, órgão ligado ao Ministério da Justiça, está conduzindo 14 investigações que envolvem a indústria do cimento e que devem ser concluídas em dois meses. Nos inquéritos, há fortes indícios de que as maiores indústrias de cimento do país – Votorantim, Camargo Correa, Holcim, Lafarge, Nassau, Soeicom, Cimpor, CP Cimento, Ciplan e Itambe – estão envolvidas em formação de cartel, prática de preço predatório, recusa de venda e discriminação de clientes. Se, ao final do processo, as empresas forem consideradas culpadas de práticas anticompetitivas, os casos serão encaminhados ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE –, que poderá aplicar multas de até 30% do faturamento bruto anual de cada uma delas. As cimenteiras verticalizadas – também as donas de concreteiras – estão sendo investigadas por formação de um cartel que teria o objetivo de eliminar a concorrência das concreteiras independentes, aquelas não ligadas às cimenteiras. Supostamente, as concreteiras verticalizadas – caso da Engemix, Supermix, Cauemix – estariam vendendo o concreto abaixo do custo da matéria-prima para eliminar a concorrência. A prática de preço predatório funciona como uma espécie de dumping no mercado doméstico. As empresas vendem abaixo do preço de custo para ganhar mercado e eliminar concorrentes. Quando conseguem eliminar os concorrentes, elevam os preços para recuperar o prejuízo. A partir daí, como se transformaram em um oligopólio, elas mantêm os preços altos, prejudicando o consumidor. Segundo um dossiê preparado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Serviço de Concretagem – SINESCON –, que representa as concreteiras independentes, as concreteiras verticalizadas conseguem vender o concreto a preços mais baixos porque compram cimento por um valor muito inferior. O cartel está acabando com as concreteiras independentes, diz o presidente do SINESCON. Segundo ele, 30 concreteiras independentes já fecharam as portas ou foram vendidas desde 2001. Elas são 130 hoje. A SDE está averiguando se as empresas verticalizadas conseguem vender o concreto por um preço muito mais baixo porque se tornaram mais competitivas, devido à verticalização – cimenteira e concreteira na mesma empresa –, ou se estão praticando preço predatório para eliminar a concorrência ou, ainda, se conseguem ter preços mais baixos porque sonegam impostos. Fonte O ESTADO DE SÃO PAULO. SDE suspeita de cartel do cimento em São Paulo. São Paulo, 31 de marco de 2005. Seção de Economia. p. B5. 1