Levantamento avalia situação do câncer no Brasil

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Levantamento avalia situação do câncer no
Brasil
Publicação do Inca aponta fatores de risco para a doença e propõe medidas
de controle
Pela primeira vez, um levantamento mostra o panorama geral do câncer no
Brasil e aponta os principais desafios para controlar, combater e tratar a doença.
Lançada no dia 27 de novembro pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), a
publicação Situação do Câncer no Brasil analisa as causas, a incidência e os tipos
predominantes de câncer no país. Segundo o Inca, cerca de 140 mil pessoas
morrem todos os anos no Brasil vítimas da doença.
“O objetivo do trabalho é fazer uma análise do problema do câncer no
Brasil, de acordo com a política de Câncer do Ministério da Saúde“, explica o
diretor geral do Inca, Luiz Antonio Santini. Esse trabalho servirá como apoio para
que as secretarias estaduais e municipais do país planejem medidas de controle à
doença. “Queremos que os gestores estaduais e municipais, a comunidade
acadêmica e os governantes tenham acesso à publicação, para que cada estado
saiba mais sobre suas prioridades e quanto poderá investir para atender as
demandas da população e a realidade local”, afirma Santini. “Se um município
possui um índice alarmante de câncer de pulmão, é necessário reforçar neste
local as campanhas para o controle do tabagismo” ,explica. A publicação pode ser
acessada no site do Inca (www.inca.gov.br/situacao).
A Situação do Câncer no Brasil se divide em três partes: “Causalidade”,
“Ocorrência” e “Ações e Controle”. O tópico “Causalidade” associa a exposição da
população aos fatores de risco ao desenvolvimento do câncer. A doença, em parte
significativa dos casos, associa-se a hábitos como consumo regular de bebidas
alcoólicas,
tabagismo,
sedentarismo,
má
alimentação
e
obesidade.
O
aparecimento do câncer também pode estar ligado à exposição ao sol.
Trabalhadores que mantém contato mais tempo com agentes cancerígenos
presentes em produtos como o amianto e o alumínio também tendem a
desenvolver a doença.
O capítulo “Ocorrência” trata da incidência do câncer e dos índices de
mortalidade no país. A publicação informa dessa incidência nas populações
masculina e feminina. Sobre os homens, entre outros dados, a pesquisa revela
que, entre 1979 e 2004, houve aumento de 95,48% na taxa de mortalidade por
câncer de próstata. Também cresceu, nos homens, em 54,24% a taxa de
mortalidade por câncer de cólon e reto. Nas mulheres, no mesmo período,
estatísticas do estudo revelam que cresceu em 96,95% a taxa de mortalidade por
câncer de pulmão. Já a taxa de mortalidade por câncer de mama aumentou
38,62%.
O tópico “Ações de Controle” trata de iniciativas para prevenção da doença,
das formas de detecção precoce e do rastreamento do câncer, das linhas de
cuidado integral e tratamento, formação e educação permanente em oncologia
(área da medicina especializada no câncer).
Colo do Útero – O Inca e o Ministério da Saúde lembram que o câncer de colo do
útero, um dos que tem maior incidência, pode ser detectado precocemente pelo
teste de Papanicolau. O Inca, em parceria com o Banco de Dados do Sistema
Único de Saúde (Datasus), construiu uma nova versão do Sistema de Informação
do Câncer de Colo de Útero (Siscolo), que registra os exames e permite o
acompanhamento do estado de saúde das pacientes. Estimativas a partir de
estudos nacionais e locais mostram aumento da cobertura na maioria dos casos.
Segundo o Inquérito Domiciliar, realizado em 17 capitais e no Distrito Federal, com
mulheres de 25 a 59 anos, a cobertura do exame variou de 57% em São Luís a
92,9% em Vitória.
Em relação ao câncer de mama, sabe-se que a capacidade de mamógrafos
instalados da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) é suficiente para oferecer a
cobertura a pelo menos 50% da população-alvo em todas as regiões brasileiras –
o equivalente a 3.842.027 exames. Esse é o índice estabelecido pelo Consenso
para o Controle do Câncer de Mama. O país tem capacidade de realizar 5.087.680
mamografias (radiografias da mama) anuais. O grande desafio no momento é
organizar toda a rede de atenção à saúde para permitir que essas mulheres
consigam ter acesso a esses aparelhos. Para prevenção do câncer de mama,
mulheres com idade entre 50 e 69 anos devem realizar a mamografia pelo menos
uma vez por ano. Mulheres com histórico de câncer de mama na família precisam,
já a partir dos 35 anos, se submeterem ao exame.
Mortalidade – Conforme dados da publicação, o câncer é responsável por cerca
de 13,7% das mortes registradas no país. Apenas as doenças circulatórias matam
mais (em torno de 27,9% do total de mortes). “A tendência nos países mais
desenvolvidos é de que o câncer torne-se a principal causa de morte. Por isso,
uma preocupação constante é dar qualidade de vida aos pacientes atendidos no
Brasil”, comenta Luiz Antonio Santini.
O levantamento mostra que, no Brasil, geralmente os tumores são
diagnosticados em estágio avançado. Pesquisas do Inca realizadas entre 1999 e
2003 revelaram que, nesse período, apenas 3,35% dos casos de câncer de mama
receberam diagnóstico no começo da doença. Dos registros de câncer de boca,
somente 0,83% aconteceram quando o tumor estava no estágio inicial. O
diagnóstico tardio afeta o tratamento e diminui as chances de cura dos pacientes.
O estudo reforça a necessidade de se aumentarem os investimentos em
atendimentos e exames para o diagnóstico precoce do câncer. “O grande desafio
para o controle do câncer no Brasil está no campo da mobilização social. É
preciso garantir a articulação de políticas de saúde com políticas de educação,
rompendo preconceitos e quebrando o paradigma de que o câncer é sinônimo de
morte”, destaca o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.
Mais dados sobre o câncer
De 1979 a 2004, a taxa de mortalidade nos homens brasileiros por câncer de:
Próstata aumentou 95,48%
Cólon e reto aumentou 54,24%
Pulmão aumentou 35,03%
Leucemia aumentou 27,96%
Esôfago aumentou 11,52%
Estômago diminuiu 29,36%
De 1979 a 2004, a taxa de mortalidade nas mulheres por câncer de:
Pulmão aumentou 96,95%
Mama aumentou 38,62%
Colón e reto aumentou 38,22%
Leucemia aumentou 20,72%
Colo do útero aumentou 7,04%
Esôfago aumentou 6,49%
Estômago diminuiu 72,85%
Nos países de baixa e média renda, a incidência de alguns tipos de câncer é
maior. O câncer que atinge a traquéia, os brônquios e o pulmão, relacionado ao
consumo de tabaco, foi o que mais matou nesses países no ano passado, tirando
a vida de 770 mil pessoas. O câncer de estômago surge em segundo lugar, com
695 mil vítimas e o de esôfago, em terceiro lugar, surge com 379 mil mortes. A
quarta forma mais letal do câncer é o de cólon e reto, com 356 mil vitimas. Em
quinto lugar aparece o câncer de mama, com 317 mil mortes registradas. O sexto
tipo de câncer mais letal é o de boca e faringe, com 271 mil vitimas.
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