LISTA DE EXERCÍCIOS SOBRE AMÉRICA PORTUGUESA (BRASIL-COLONIAL) 01-) Portugal tomou decisão de colonizar o Brasil tendo em vista: a) a ameaça de perder o território, devido à constante presença de corsários no litoral brasileiro, e a perda do monopólio do comércio com as Índias Orientais no final dos anos de 1520. b) a urgente necessidade de recompor as abaladas finanças do reino, devido a inúmeras guerras, o que só poderia ser possível com os lucros de uma nova colônia. c) os princípios do mercantilismo, que recomendavam a aplicação de capitais principalmente na produção de mercadorias. d) a descoberta de solos de massapé ao longo de todo o litoral brasileiro, o que abria ótimas perspectivas ao cultivo de canade-açúcar. e) a descoberta de ouro no território brasileiro, o que daria ao Brasil a possibilidade de competir economicamente com as possessões portuguesas na Índia. 02-) (FATEC) A única forma de ocupação do Brasil por Portugal era através da colonização. Era necessário colonizar simultaneamente todo o extenso litoral. Essa colonização dirigida pelo governo português se deu através da: a) criação do sistema de governo geral; b) criação e distribuição de sesmarias; c) criação das capitanias hereditárias; d) doação de terras a colonos; e) sistema de parceria. 03-) (UFAL) A implantação em 1548, no Brasil, do sistema de Governo-Geral tinha objetivo: a) legislar e executar as decisões das Câmaras Municipais; b) iniciar o processo de colonização da costa brasileira; c) promover e desenvolver atividades no mercado de consumo; d) expandir a ocupação do interior do território nacional; e) coordenar e centralizar a administração das Capitanias. 04-) (UFAL) O reconhecimento da terra e a garantia de sua posse, foram objetivos principais das: a) feitorias instaladas no Brasil na fronteira entre o sertão e o litoral; b) entradas e bandeiras paulistas financiadas por Portugal após 1530; c) encomendas organizadas pelos navegadores portugueses instalados no Brasil; d) expedições enviadas por Portugal ao Brasil nos primeiros trinta anos; e) missões jesuíticas incentivadas por Portugal no Período Colonial. 05-) Na instalação da estrutura açucareira no Brasil, Portugal contou com o apoio de capitais flamengos. Os lucros da burguesia flamenga foram feitos: a) por meio do financiamento do transporte do açúcar para a Europa. b) pela interferência direta dos holandeses na produção do açúcar. c) com a oposição dos senhores de engenho, que não desejavam a participação de capitais estrangeiros no empreendimento. d) por meio da distribuição do açúcar no mercado europeu. e) por meio da transferência de tecnologia, já que os portugueses não conheciam as técnicas de produção do açúcar. 06-) (MACKENZIE) O sistema de capitanias, criado no Brasil em 1534, refletia a transição do feudalismo para o capitalismo, na medida em que apresentava como característica: a) a ausência do comércio internacional, aliada ao trabalho escravo e economia voltada para o mercado interno; b) uma economia de subsistência, trabalho livre, convivendo com forte poder local descentralizado; c) ao lado do trabalho servil, uma administração rigidamente centralizada; d) embora com traços feudais na estrutura política e jurídica, desenvolveu uma economia escravista, exportadora, muito distante do modelo de subsistência medieval; e) uma reprodução total do sistema feudal, transportada para os tópicos. 07-) (UCSAL) Ao estabelecer o Sistema de Capitanias Hereditárias, D. João III objetivava: a) demonstrar que as sugestões feitas por Cristóvão Jacques, alguns anos antes, eram extraordinárias; b) repetir em territórios brasileiros uma experiência bem-sucedida nas ilhas do Oceano Atlântico e no litoral oriental da África; c) povoar o litoral brasileiro em toda sua extensão concomitantemente, impedindo assim novas incursões estrangeiras; d) incentivar o cultivo da cana-de-açúcar por meio de doação de terras a estrangeiros, modernizando assim a produção; e) fortalecer o poder da nobreza portuguesa que se encontrava em declínio, oferecendo-lhe vastas áreas de terras no Brasil. 08-) (FUVEST) O pelourinho, a Igreja, o Forte e a Cadeia são elementos que caracterizam a função de uma vila colonial. A primeira vila assim fundada no Brasil foi a de: a) São Vicente b) Salvador c) Olinda d) Porto Seguro e) n.d.a. 09-) Das alternativas abaixo, uma delas apresenta as bases jurídicas do regime de capitanias hereditárias. Assinale: a) Regimento e Lei das Sesmarias b) Carta de Doação e Regimento c) Lei das Sesmarias e Carta de Doação d) Carta de Doação e Carta Foral e) Carta Foral e Regimento. 10-) (FUVEST) Na administração pública do Brasil colonial, a Igreja desempenhava papel de grande importância, igualando-se muitas vezes à administração civil. Isto se devia ao seguinte: a) pelas decisões do Concílio de Trento, acatadas por Portugal, o poder eclesiástico tinha voz ativa nos assuntos temporais; b) a excomunhão religiosa afastava o indivíduo de todas as atividades da vida colonial; c) a identidade de interesses e propósitos da Igreja e Estado tornava a colaboração indispensável à Administração; d) a autonomia gozada pela Igreja em Portugal transferiu-se para o Brasil por decisão Papal; e) os negócios eclesiásticos no Brasil estavam sempre dissociados dos problemas econômicos dos colonos. 11-) Complete as lacunas: "Oficializada pelo Papa Paulo III, a ______________ teve um papel destacado no Concílio de Trento, responsável pela reforma da Igreja Católica. Como arma da _____________, os jesuítas viriam para a América, onde atuariam na _____________ do gentio." a) Inquisição - Companhia de Jesus - Reforma b) Contra-Reforma - Companhia de Jesus - Catequese c) Catequese - Contra-Reforma - reforma d) Companhia de Jesus - Contra-Reforma - Catequese e) reforma - Inquisição - Catequese 12) (UNIFESP-2009) Quando o tráfico atlântico de escravos começou a dizimar o Kongo, reinava nesta nação um ManiKongo chamado Nzinga Mbemba Affonso, que subira ao trono em 1506 e nele se manteve, com o nome de Affonso I, durante cerca de quarenta anos. A vida de Affonso abarcou um período crucial. Quando ele nasceu, ninguém ali sabia da existência dos europeus. Quando ele morreu, todo o seu reino perigava, ameaçado pela febre da venda de escravos que eles haviam provocado. (Adam Hochschild. O fantasma do rei Leopoldo, 1999. Adaptado.) No reino do Kongo, assim como na África Atlântica em geral, antes da chegada dos portugueses, a) havia numerosas comunidades agrícolas, baseadas no igualitarismo de tradição islâmica e dos povos do deserto. b) preponderava, essencialmente, a agroexportação, baseada nas relações servis de produção e direcionada para o norte do continente. c) predominava o trabalho livre no campo e na cidade, excetuando-se os trabalhadores estrangeiros, sempre escravos. d) existia a escravidão, como a de linhagem, parentesco ou outras formas, mas não fazia parte de um sistema mercantil. e) praticava-se principalmente a servidão voluntária, na qual os homens buscavam proteção junto aos senhores 13) (UNESP-2009) Esta Capitania [do Rio de Janeiro] tem um rio muito largo e fermoso; divide-se dentro em muitas partes, e quantas terras estão ao longo dele se podem aproveitar, assim para roças de mantimentos como para cana-de-açúcar e algodão (...) E por tempo hão de se fazer nelas grandes fazendas: e os que lá forem viver com esta esperança não se acharão enganados. (Pêro de Magalhães Gândavo. História da Província de Santa Cruz ou Tratado da Terra do Brasil, 1576.) O texto refere-se a) ao projeto da administração portuguesa de transferir a capital da Colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. b) à incompetência da elite econômica e política da metrópole portuguesa, que desconhece as possibilidades de crescimento econômico da Colônia. c) ao perigo de fragmentação política da Colônia do Brasil, caso o território permaneça despovoado na sua faixa litorânea. d) à necessidade de ocupação econômica da Colônia, tendo em vista a ameaça representada pela Inglaterra e pela Espanha. e) ao vínculo entre o povoamento de regiões da Colônia do Brasil e as atividades econômicas de subsistência e de exportação. 14) (UNESP 2009) Sobre o tratamento dispensado aos índios no período colonial, pode-se afirmar que: a) os colonos de várias regiões do Brasil e os representantes das ordens religiosas, especialmente os jesuítas, entraram em conflitos, pois defendiam formas diversas nas relações com as sociedades indígenas. b) as ordens religiosas de origem portuguesa e os grandes proprietários rurais defendiam a escravização indiscriminada dos povos indígenas, mesmo para aqueles que fossem catequizados. c) com o início do tráfico negreiro para o Brasil em fins do século XVI, uma ampla legislação do Estado português de proteção aos índios passou a vigorar, cessando de imediato a escravidão indígena. d) para a Igreja Católica e para os senhores de escravo, árduos defensores do sentido religioso da colonização do Brasil, a escravização indígena deveria ser um instrumento de conversão religiosa. e) a experiência de escravização dos povos indígenas no Brasil foi efetiva em poucas regiões do nordeste, em atividades de menor importância econômica, e apenas nas primeiras décadas da presença lusa. 15) (UNESP 2009) Esse quilombo [Quariterê, em 1769, próximo a Cuiabá], liderado pela Rainha Tereza, vivia não apenas de suas lavouras, mas da produção de algodão que servia para vestir os negros e, segundo alguns autores, até mesmo para funcionar como produto de troca com a região. Possuía ainda duas tendas de ferreiro para transformar os ferros utilizados contra os negros em instrumentos de trabalho. Sua destruição foi festejada como ato de heroísmo, em Portugal. (...) (Jaime Pinsky, A escravidão no Brasil) A respeito dos quilombos, pode-se dizer que a) não representavam ameaça à ordem colonial, na medida em que não visavam pôr em questão o poder metropolitano. b) sua duração efêmera revela a pequena adesão dos escravos às tentativas de contestação violenta ao regime escravista. c) o combate violento à organização quilombola era uma prioridade, por esta representar a negação da estrutura social e produtiva escravista. d) mantinham relação permanentemente hostil com a população vizinha, constantemente ameaçada pelos raptos de mulheres brancas. e) sua organização interna priorizava os aspectos militares, o que acabava por inviabilizar a realização de outras atividades. 16) (FATEC 2010) Neste caso, como em quase tudo, os adventícios [que chegaram depois] deveriam habituar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra. Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham aberto para uso próprio nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os primeiros tempos. Para o sertanista branco ou mameluco, o incipiente sistema de viação que aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e necessário quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos. (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pág. 19. Adaptado.) Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, sobre os indígenas e os sertanistas que circulavam pelo sistema de estradas que ligavam a vila de São Paulo ao sertão e à costa, é correto afirmar que: a) os sertanistas precisaram construir muitas vias de acesso entre São Paulo e o sertão, substituindo as poucas e estreitas veredas abertas pelos indígenas. b) os indígenas foram importantes colaboradores dos paulistas nas entradas. c) os sertanistas, ao contrário dos indígenas, pouco sabiam da arte de transpor as matas e escolher o melhor lugar para fazer pouso. d) os sertanistas não conseguiram se adaptar aos recursos materiais dos indígenas. e) os indígenas se diferenciavam dos sertanistas por terem uma capacidade maior de transpor montanhas e plantar mantimentos. 17) (FATEC 2010) De acordo com o historiador Boris Fausto, A grande marca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII foram as bandeiras. (FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial e Edusp, 2001. p. 51.) A afirmação pode ser considerada correta, pois a) foi nesse período que expedições reunindo brancos, índios e mamelucos, chefiados pelos paulistas, lançaram-se pelo sertão em busca de índios a serem escravizados e de metais preciosos que colocariam o Brasil na era do ouro. b) os paulistas, através das bandeiras, marcaram seu poder político de São Paulo a Minas Gerais, se fixando na capitania do Rio de Janeiro e transformando-a em sede colonial. c) esse século representou a presença dos paulistas em postos públicos de poder, presença essa alternada por vezes pelos mineiros, os donos de minas de ouro, tudo a mando da metrópole. d) a descoberta, no século XVII, de minas de ouro na atual região das Minas Gerais, pelos paulistas, lhes garantiu prestígio e o direito de investir suas riquezas nas futuras fazendas de café. e) as bandeiras e o apresamento de indígenas para a escravidão significaram uma diminuição do uso da mão-de-obra negra e o início do caminho para a abolição definitiva do tráfico de escravos africanos. 18) (FUVEST 2007) Quando os Holandeses passaram à ofensiva na sua Guerra dos Oitenta Anos pela independência contra a Espanha, no fim do século XVI, foi contra as possessões coloniais portuguesas, mais do que contra as espanholas, que os seus ataques mais fortes e mais persistentes se dirigiram. Uma vez que as possessões ibéricas estavam espalhadas por todo o mundo, a luta subseqüente foi travada em quatro continentes e em sete mares e esta luta seiscentista merece muito mais ser chamada a Primeira Guerra Mundial do que o holocausto de 1914-1918, a que geralmente se atribui essa honra duvidosa. Como é evidente, as baixas provocadas pelo conflito ibero-holandês foram em muito menor escala, mas a população mundial era muito menor nessa altura e a luta indubitavelmente mundial. (Charles Boxer, O império marítimo português, 1415-1825. Lisboa: Edições 70, s.d., p.115.) Podem-se citar, como episódios centrais dessa “luta seiscentista”, a a) conquista espanhola do México, a fundação de Salvador pelos portugueses e a colonização holandesa da Indonésia. b) invasão holandesa de Pernambuco, a fundação de Nova Amsterdã (futura Nova York) pelos holandeses e a perda das Molucas pelos portugueses. c) presença holandesa no litoral oriental da África, a fundação de Olinda pelos portugueses e a colonização espanhola do Japão. d) expulsão dos holandeses da Espanha, a fundação da Colônia do Sacramento pelos portugueses e a perda espanhola do controle do Cabo da Boa Esperança. e) conquista holandesa de Angola e Guiné, a fundação de Buenos Aires pelos espanhóis e a expulsão dos judeus de Portugal. 19) (FUVEST 2011) No Brasil, os escravos 1. trabalhavam tanto no campo quanto na cidade, em atividades econômicas variadas. 2. sofriam castigos físicos, em praça pública, determinados por seus senhores. 3. resistiam de diversas formas, seja praticando o suicídio, seja organizando rebeliões. 4. tinham a mesma cultura e religião, já que eram todos provenientes de Angola. 5. estavam proibidos pela legislação de efetuar pagamento por sua alforria. Das afirmações acima, são verdadeiras apenas: a) 1, 2 e 4. b) 3, 4 e 5. c) 1, 3 e 5. d) 1, 2 e 3. e) 2, 3 e 5. 20) (FUVEST 2010) “E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moeda para os reinos estranhos e a menor quantidade é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil...” (João Antonil. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, 1711.) Esta frase indica que as riquezas minerais da colônia a) produziram ruptura nas relações entre Brasil e Portugal. b) foram utilizadas, em grande parte, para o cumprimento do Tratado de Methuen entre Portugal e Inglaterra. c) prestaram-se, exclusivamente, aos interesses mercantilistas da França, da Inglaterra e da Alemanha. d) foram desviadas, majoritariamente, para a Europa por meio do contrabando na região do rio da Prata. e) possibilitaram os acordos com a Holanda que asseguraram a importação de escravos africanos. 21) (FUVEST 2009) A criação, em território brasileiro, de gado e de muares (mulas e burros), na época da colonização portuguesa, caracterizou-se por: a) ser independente das demais atividades econômicas voltadas para a exportação. b) ser responsável pelo surgimento de uma nova classe de proprietários que se opunham à escravidão. c) ter estimulado a exportação de carne para a metrópole e a importação de escravos africanos. d) ter-se desenvolvido, em função do mercado interno, em diferentes áreas no interior da colônia. e) ter realizado os projetos da Coroa portuguesa para intensificar o povoamento do interior da colônia. 22) Estima-se que entre 1700 e 1760 aportaram em nosso litoral, vindas de Portugal e das ilhas do Atlântico, cerca de 600 mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil. Sobre essa corrente imigratória, é correto afirmar que a) continuava a despejar, como nos dois séculos anteriores, pessoas das classes subalternas, interessadas em fazer fortuna na América portuguesa. b) era constituída, em sua maioria, e pela primeira vez, de negros trazidos para alimentar a voracidade por mão-de-obra escrava nas mais variadas atividades. c) tratava-se de gente da mais variada condição social, atraída principalmente pela possibilidade de enriquecer na região das Minas. d) representava uma ruptura com a fase anterior, pelo fato de agora ser atraída visando satisfazer a retomada do ciclo açucareiro e o início do algodoeiro. 23-) “[...] sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem. Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também. Temos pai, mãe e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá [...]” (Registro deixado por Juan Léry, que esteve no Rio de Janeiro,em 1557.) Essa foi a resposta dada por um tupinambá a um francês, depois de saber que ele vinha de terras tão longínquas de buscar lenha para extração de tintas. a) Explique uma das principais diferenças culturais entre portugueses e os povos que habitavam o Brasil, evidenciando a propriedade da terra. b) Cite duas características do modelo econômico mercantilista, predominante na Europa, no período a que o texto se reporta. 24) "Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em um desses engenhos. Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado (...) Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação, que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio". (Vieira, Sermões. Apud BOSI, Alfredo. "A Dialética da Colonização". São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p.172.) O texto representa mais uma das inúmeras justificativas para a escravidão durante o período de colonização da América Portuguesa. Sobre esta questão é correto afirmar que a) durante o primeiro século de colonização, a escravidão indígena foi empregada em várias regiões da colônia. Porém, com a adoção da mão-de-obra africana, ela foi completamente extinta, levando os indígenas a se internarem nos sertões do Brasil. b) a utilização da mão-de-obra africana articulava-se diretamente aos interesses mercantilistas de setores da burguesia comercial e da coroa portuguesa. c) a capacidade de trabalho do ameríndio superava em muito a do africano, o que levou à sua escravização sistemática até a sua extinção, por volta de meados do século XVII. d) a Igreja Católica dedicou-se, nos primeiros tempos da colonização da América, a evitar a escravização dos negros, já que estes, ao contrário dos ameríndios, teriam alma, sendo, por isso, passíveis de conversão. e) no mundo colonial português o que verdadeiramente existiu foi a servidão coletiva de negros e índios. 25) A exploração dos metais preciosos encontrados na América Portuguesa, no final do século XVII, trouxe importantes conseqüências tanto para a colônia quanto para a metrópole. Entre elas, a) o intervencionismo regulador metropolitano na região das Minas, o desaparecimento da produção açucareira do nordeste e a instalação do Tribunal da Inquisição na capitania. b) a solução temporária de problemas financeiros em Portugal, alguma articulação entre áreas distantes da Colônia (mercado interno) e o deslocamento de seu eixo administrativo para o centro-sul ou sudeste. c) a separação e autonomia da capitania das Minas Gerais, a concessão do monopólio da extração dos metais aos paulistas e a proliferação da profissão de ourives. d) a proibição do ingresso de ordens religiosas em Minas Gerais, o enriquecimento generalizado da população e o êxito no controle do contrabando. e) o incentivo da Coroa à produção das artes, o afrouxamento do sistema de arrecadação de impostos e a importação dos produtos para a subsistência diretamente da metrópole. 26) Foram, respectivamente, fatores importantes na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua posterior expulsão: a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os desentendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia das Índias Ocidentais. b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de engenho com a Companhia das Índias Ocidentais. c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não aceitação do domínio estrangeiro pela população. d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim da dominação espanhola em Portugal. e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança de interesses da Companhia das Índias Ocidentais. 27) O bandeirismo foi uma atividade paulista do século XVI e XVII. Suas expedições podem ser divididas em dois grandes ciclos: a) O dos capitães do mato e de prospecção. b) O de expansão das fronteiras e de prospecção. c) Da caça ao índio e o de busca do ouro. d) O dos capitães do mato e de caça ao índio. e) O de expansão das fronteiras e o de busca do ouro. 28) Dentre as conseqüências da expulsão dos holandeses do Brasil no século XVII, destacamos: a) o crescimento da produção açucareira, graças às novas técnicas aprendidas com os holandeses. b) o desaparecimento da oposição senhor e escravo, em função da luta contra o invasor batavo. c) o declínio da produção açucareira do nordeste, devido à concorrência do açúcar holandês produzido nas Antilhas. d) o alinhamento de Portugal à França, potência hegemônica da época. e) o abrandamento das restrições do pacto colonial e a concessão de maior liberdade de comércio. 29-) (PUC-RIO 2009) Sobre as características da sociedade escravista colonial da América portuguesa estão corretas as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a. a) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denominados “negros da terra” – como mão-de-obra. b) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão-de-obra escrava africana seja em áreas ligadas à agroexportação, como o nordeste açucareiro a partir do final do século XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII. c) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por completo em todas as regiões da América portuguesa. d) d) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus escravos pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o que os historiadores denominam de “brecha camponesa” e) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo mercadorias como doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”. 30) (FUVEST 2009) Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma forma de escravidão que consiste na privação da liberdade de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a trabalhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sido contraída no momento da contratação. Essa forma de escravidão já existia no Brasil, quando era preponderante a escravidão de negros africanos que os transformava legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adaptado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo, 2007.) Com base no texto, considere as afirmações abaixo: I. O escravo africano era propriedade de seus senhores no período anterior à Abolição. II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas, com a Lei Áurea. III. A escravidão de negros africanos não é a única modalidade de trabalho escravo na história do Brasil. IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão. V. As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira atual. São corretas apenas as afirmações: a) I, II e IV b) I, III e V c) I, IV e V d) II, III e IV e) III, IV e V 31-) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram: a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí. b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos. c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais. d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da borracha. e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios. 32-) Leia o texto. “A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (...) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...)." (GANDAVO, Pero de Magalhães, História da Província de Santa Cruz, 1578.) A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternativas expressam a relação dos portugueses com a cultura indígena, exceto: a) A busca de compreensão da cultura indígena era uma preocupação do colonizador. b) A desorganização social dos indígenas se refletia no idioma. c) A diferença cultural entre nativos e colonos era atribuída à inferioridade do indígena. d) A língua dos nativos era caracterizada pela limitação vocabular. e) Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima eram homogêneos. 33. A sociedade colonial brasileira "herdou concepções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentoulhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) as distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígines e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor." (Stuart B. Schwartz, Segredos internos.) A partir do texto pode-se concluir que: a) a diferenciação clássica e medieval entre clero, nobreza e campesinato, existente na Europa, foi transferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial. b) a presença de índios e negros na sociedade brasileira levou ao surgimento de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da sociedade européia nos séculos XV e XVI. c) os índios do Brasil, por serem em pequena quantidade e terem sido facilmente dominados, não tiveram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial. d) a diferenciação de raças, culturas e condição social entre brancos e índios, brancos e negros tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade. e) a existência de uma realidade diferente no Brasil, como a escravidão em larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII. 34. Todas as alternativas apresentam fatores que explicam a primazia dos portugueses no cenário dos grandes descobrimentos, exceto: a) a atuação empreendedora da burguesia lusa no desenvolvimento da indústria náutica. b) a localização geográfica de Portugal, distante do Mediterrâneo oriental e sem ligações comerciais com o restante do continente. c) a presença da fé e o espírito da cavalaria e das cruzadas que atribuíam aos portugueses a missão de cristianizar os povos chamados "infiéis". d) o aparecimento pioneiro da monarquia absolutista em Portugal responsável pela formação do Estado moderno. 35. "O governo-geral foi instituído por D. João III, em 1548, para coordenar as práticas colonizadoras do Brasil. Consistiriam estas últimas em dar às capitanias hereditárias uma assistência mais eficiente e promover a valorização econômica e o povoamento das áreas não ocupadas pelos donatários." (Manoel Maurício de Albuquerque. Pequena história da formação social brasileira. Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 180.) As afirmativas abaixo identificam corretamente algumas das atribuições do governador-geral, à exceção de: a) Estimular e realizar expedições desbravadoras de regiões interiores, visando, entre outros aspectos, à descoberta de metais preciosos. b) Visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias e reais, especialmente aquelas que vivenciavam problemas quanto ao povoamento e à exploração das terras. c) Distribuir sesmarias, particularmente para os beneficiários que comprovassem rendas e meios de valorizar economicamente as terras recebidas. d) Regular as alianças com tribos indígenas, controlando e limitando a ação das ordens religiosas, em especial da Companhia de Jesus. e) Organizar a defesa da costa e promover o desenvolvimento da construção naval e do comércio de cabotagem. 36. Durante a maior parte do período colonial a participação nas câmaras das vilas era uma prerrogativa dos chamados "homens bons", excluindo-se desse privilégio os outros integrantes da sociedade. A expressão "homem bom" dizia respeito a: a) homens que recebiam a concessão da Coroa portuguesa para explorar minas de ouro e de diamantes; b) senhores de engenho e proprietários de escravos; c) funcionários nomeados pela Coroa portuguesa para exercerem altos cargos administrativos na colônia; d) homens considerados de bom caráter, independentemente do cargo ou da função que exerciam na colônia. e) índios elevados ao cargo de camaristas e de vereadores nas câmaras municipais. 37. Assinale a opção que caracteriza a economia colonial estruturada como desdobramento da expansão mercantil européia da época moderna. a) A descoberta de ouro no final do século XVII aumentou a renda colonial, favorecendo o rompimento dos monopólios que regulavam a relação com a metrópole. b) O caráter exportador da economia colonial foi lentamente alterado pelo crescimento dos setores de subsistência, que disputavam as terras e os escravos disponíveis para a produção. c) A lavoura de produtos tropicais e as atividades extrativistas foram organizadas para atender aos interesses da política mercantilista européia. d) A implantação da empresa agrícola representou o aproveitamento, na América, da experiência anterior dos portugueses nas suas colônias orientais. e) A produção de abastecimento e o comércio interno foram os principais mecanismos de acumulação da economia colonial.