A importância do cirurgião - dentista na equipe multidisciplinar da UTI The importance of the surgeon - dentist in multidisciplinary team of ICU Janice Simões da Silva Cirurgiã Dentista formada pela Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG (PR) Especialista em Saúde Coletiva pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Campinas (SP) Coordenadora do Curso de Odontologia da Faculdade Presidente Antonio Carlos ITPACPORTO, Porto Nacional(TO) Mestranda em Terapia Intensiva pela SOBRATI, Brasília (DF). RESUMO A deficiência de higiene bucal em pacientes graves internados em UTI desencadeia várias doenças periodontais, tais como: gengivites, periodontites, acúmulo de cálculo gengival, saburra lingual, xerostomia, halitose e outras complicações sistêmicas. A pneumonia é a mais letal das infecções hospitalares, com taxas de mortalidade de 30 a 60%. Estima-se que 15% de todas as mortes associadas à hospitalização estejam diretamente relacionadas à pneumonia nosocomial. A flora bacteriana “habitual” da orofaringe, após 72 h transforma-se em gram negativa. As bactérias Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa, são as principais responsáveis pelo desenvolvimento desta patologia. O objetivo deste estudo foi justificar a importância da atuação do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar, bem como a relevância da higiene oral realizada de forma adequada e constante para a prevenção da pneumonia adquirida e a conseqüente melhora do quadro clínico geral do paciente crítico. Palavras-chave: Pneumonia nosocomial, Biofilme oral, Infecção hospitalar. ABSTRACT The deficiency of oral hygiene in ICU patients with severe periodontal disease triggers multiple, such as gingivitis, periodontitis, calculus accumulation, gingival tongue coating, dry mouth, halitosis and other systemic complications. Pneumonia is the most lethal hospital infections, with mortality rates of 30 to 60%. It is estimated that 15% of all deaths associated with hospitalization are directly related to nosocomial pneumonia. The bacterial "usual" of the oropharynx, after 72 h becomes negative gram. The bacteria Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae and Pseudomonas aeruginosa, are primarily responsible for the development of this pathology. The aim of this study was to justify the importance of the role of the dentist in a hospital environment, as well as the importance of oral hygiene performed adequately and consistently to the prevention of pneumonia acquired and the resulting improvement in overall clinical picture of the critical patient. Keywords: Nosocomial pneumonia, oral biofilm, Hospital infection. INTRODUÇÃO As Unidades de Terapia Intensiva surgiram a partir da necessidade de assistência contínua de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outros profissionais de saúde ao paciente grave, e da necessidade de observação constante, centralizando estes profissionais em um núcleo especializado.(1) Pacientes internados não possuem higienização oral adequada, possivelmente pelo desconhecimento de técnicas adequadas pelas equipes de terapia intensiva, e pela ausência do profissional de odontologia. Esta deficiência desencadeia uma série de lesões e patologias bucais, tais como: doenças periodontais, tártaro, xerostomia, halitose, potencializando focos de infecções propícias à pneumonia. Os pacientes intubados permanecem com a boca aberta, provocando a desidratação da mucosa oral. A diminuição do fluxo salivar aumenta a saburra lingual (matriz orgânica estagnada) no dorso da língua, que têm odor desagradável e intensa colonização bacteriana.(22) A aspiração de microrganismos presentes na orofaringe representa o meio mais comum de aquisição da pneumonia, e os principais fatores de risco são aqueles que favorecem a colonização da orofaringe e/ou estômago, a aspiração de secreções para o trato respiratório inferior ou refluxo do trato gastrintestinal e fatores inerentes ao hospedeiro.(13,14,30) PNEUMONIA HOSPITALAR A pneumonia é uma morbidade causada por uma infecção no parênquima pulmonar atingindo bronquíolos respiratórios e alvéolos, prejudicando as trocas gasosas. É considerada a principal causa de morte em pacientes hospitalizados. A Pneumonia Adquirida em Hospital (PAH), é também conhecida como Pneumonia Nosocomial, e é definida quando os sintomas de pneumonia aparecem mais de 48 h após a admissão do paciente no hospital. (25) Na pneumonia, os alvéolos se enchem de exsudato, muco e outros líquidos, tornando seu funcionamento prejudicado e oxigenação sanguínea insuficientes, afetando assim as células do corpo, por esse motivo a gravidade e letalidade da doença. (29) A UTI é o local onde mais ocorrem casos de pneumonia hospitalar, principalmente em pacientes sob ventilação mecânica, também é comumente encontrada em pacientes com Síndrome de Angústia Respiratória Aguda (SARA), ocorrendo em até 70% dos pacientes, que evoluem para óbito. A pneumonia hospitalar aumenta o custo de tratamento e o tempo de internação de sete (7) a nove (9) dias. (8) A pneumonia se desenvolve, quando há uma falha nos mecanismos de defesa do organismo. A inalação de microorganismos através da respiração chega aos pulmões e causa a doença no indivíduo. Ela também ocorre quando bactérias da flora bucal se proliferam e são aspiradas para as vias aéreas inferiores, devido ao acúmulo de secreção, principalmente em pacientes intubados. (29) ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS A pneumonia é uma doença infecciosa grave. Estatísticas mostram que a pneumonia hospitalar ocorre em 5 a 10 casos em 1000 internações hospitalares, e aumenta de 6 a 20 vezes em pacientes sob ventilação mecânica. (34) A pneumonia hospitalar incide com alta taxa de mortalidade em UTIs, em torno de 15% a 60%, sendo letal em torno de 20% a 55% dos casos, ocorrendo em grande escala em pacientes sob Ventilação Mecânica (VM), o que aumenta os fatores de risco. (15) O agente bacteriano encontrado dependerá do tempo de internação, do uso de antimicrobianos, da susceptibilidade do hospedeiro e da microbiótica da UTI. Bacilos gram-negativos (Pseudomonas aeruginosa, Proteus spp., Acinetobacter spp.) e Staphylococcus aureus são freqüentemente isolados.(3,12) Como a microbiota da cavidade oral representa um fator de risco aos pacientes críticos,(2,4) algumas estratégias para prevenir a colonização têm sido estudadas, como a aplicação de antibióticos tópicos não absorvíveis. No entanto,não é recomendada a profilaxia com antibióticos, pois aumenta o risco da indução e seleção de microrganismos resistentes.(36) MECANISMOS DE DEFESA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Os pacientes que estão submetidos à ventilação mecânica, têm seus mecanismos de defesas pulmonares alterados pela perda de proteção das vias aéreas superiores. Esses indivíduos intubados vivenciam distúrbios da fisiologia normal respiratória durante a ventilação mecânica, que vão desde a hipersecreção até o aumento da frequência de infecções respiratórias, com alto índice de morbimortalidade. (31) O ato de tossir, retira da orofaringe microorganismos que se instalam nessa região, porém, os pacientes que estão utilizando tubo orotraqueal, estão mais suscetíveis a infecções pulmonares como a pneumonia, devido ao acúmulo de secreções. (8) MICROBIOTA ORAL Em adultos saudáveis, o Streptococcus viridans predomina na cavidade oral, mas a flora bacteriana nos pacientes críticos muda predominantemente de organismos gram-negativos, que é bactérias usualmente responsáveis pelo estabelecimento e passa a ser mais agressiva. As da PAVM são: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Haemophilus influenza e Pseudomonas aeruginosa.(16,22,27) O percentual total dessas bactérias na boca pode chegar a 70% no biofilme dental, 63% na língua e 73% no tubo do respirador artificial. Ao analisar todas essas áreas como um único sistema, a população desses organismos pode chegar a 43% do total de bactérias orais em pacientes sob VM.(24) As periodontopatias são doenças inflamatórias de etiologia infecciosa, e são consideradas as segundas maiores causas de patologia oral na população mundial.(20) Um milímetro cúbico de placa dental contém aproximadamente 100 milhões de bactérias, portanto uma colonização permanente de patógenos potenciais.(22) Vários microorganismos podem causar pneumonia, contudo, as bactérias são as principais responsáveis pelo desenvolvimento desta patologia, principalmente, através das vias aspirativas e inalatórias. O acúmulo de bactérias na região oral de pacientes sob VM é um procedimento que frequentemente causa pneumonia hospitalar. A maioria das bactérias orais são consideradas parte da flora normal de pacientes, diversos organismos tendem a colonizar partes distintas da boca, por exemplo, S. mutans, S. sanguins, Actinomyces vicosus e Bacteróides gingiadis colonizam principalmente os dentes, essa flora é considerada normal, não desenvolvem doenças ou podem levar décadas para isso, porém os pacientes em estado crítico, são mais suscetíveis e desenvolvem rapidamente uma pneumonia.(26) Tendo em vista as diferentes formas de apresentação e fatores de risco, a pneumonia nosocomial ou a pneumonia relacionada à assistência tem sido definida segundo as Diretrizes Brasileiras para Tratamento das Pneumonias Adquiridas no Hospital e Associadas à Ventilação Mecânica de 2007,(35) da seguinte forma: a) Pneumonia adquirida no hospital (PAH): aquela que ocorre após 48 h da internação hospitalar, geralmente tratada na unidade de internação (enfermaria/apartamento), não se relacionando à intubação orotraqueal ou à VM, podendo, entretanto, o paciente ser encaminhado para tratamento em UTI quando u evolui para a forma grave. Devido a implicações etiológicas, terapêuticas e prognósticas, a PAH tem sido classificada quanto ao tempo decorrido desde a admissão até o seu aparecimento, podendo ser precoce (a que ocorre até o 4º dia de internação) ou tardia (a que se inicia após o 5º dia de hospitalização). b) Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM): aquela que surge em 48-72 h após intubação orotraqueal e instituição de VM invasiva. A PAVM também é classificada em precoce (a que ocorre até o 4º dia de intubação e início da VM e tardia (a que se inicia após o 5º dia da intubação e VM). A ventilação mecânica é um tratamento empregado em UTIs para manter o nível de oxigenação e ventilação de pacientes que desenvolvem quadros de insuficiência respiratória ou outras condições patológicas. Este método de terapia proporciona ao paciente um suporte ventilatório temporário, que pode ser completo ou parcial, até que o paciente seja capaz de reassumir a oxigenação espontânea. (5) São diversas as causas que levam um paciente de hospitalização intensiva à pneumonia, e o ventilador mecânico é um meio de tratamento importante, mas que predispõe o paciente à colonização por microorganismos, pois aumenta de 6 a 20 vezes o risco de adquirir a pneumonia hospitalar. É um procedimento importante, mas que acarreta desequilíbrios entre os mecanismos de defesa do individuo e os microorganismos levando a complicações sérias, que influenciam no prognóstico do paciente. (2) Apesar da PAVM resultar em bacteremia, a aspiração das bactérias da orofaringe e algumas vezes de refluxo gástrico é o meio mais importante da infecção. As bactérias se aderem ao redor do "cuff" do tubo endotraqueal, associado com trauma local e inflamação traqueal, aumentando a colonização e dificultando a eliminação das secreções do trato respiratório inferior.(7) CUIDADOS BUCAIS NA PREVENÇÃO DA PNEUMONIA NOSOCOMIAL A pneumonia bacteriana é a maior responsável pelas infecções das vias áreas inferiores, ela ocorre pelas vias aspirativa e inalatória, propiciado pelo acúmulo de bactérias na região oral do paciente sob VM. Pode ocorrer infecção por fungos, porém em menor escala, acometendo principalmente indivíduos com sistema imune debilitado, como pacientes aidéticos, utilização de imunossupressores, ou outros problemas de saúde. Entre as bactérias isoladas nos primeiros dias após o início da ventilação mecânica, há um predomínio de S. aureus, que corresponde, na literatura, a cerca de 20 a 30% das infecções respiratórias em UTI, principalmente entre aquelas que se manifestam mais precocemente.(10) A Pseudomonas spp. é capaz de sobreviver na natureza com mínimas necessidades nutricionais, resistindo por longos períodos.(28) Esta bactéria é a maior causa de PAVM entre as bactérias gram-negativas e a mais associada com o aumento da taxa de mortalidade.(10) O uso de anti-sépticos na higienização bucal também tem sido objeto de estudo.(6,9,13) A clorexidina é o produto mais utilizado recentemente, é um agente antimicrobiano com amplo espectro de atividade contra organismos gram-positivos, incluindo o S. aureus resistente à oxacilina e o Enterococcus sp. resistente à vancomicina, e com menor eficácia contra gram-negativos. É absorvida pelos tecidos, ocasionando um efeito residual ao longo do tempo, com atividade de 5 h após a aplicação.(14,15) Em 24 h a cavidade oral sem higienização já apresenta clinicamente uma camada de placa dental. A ausência de higienização e a técnica de higiene bucal adotada estão intimamente ligadas ao número e à espécie de microorganismo encontrado na cavidade oral. O tratamento da orofaringe e a manutenção de uma higiene favorável são procedimentos difíceis de serem realizados em pacientes sob cuidados intensivos, principalmente naqueles que fazem uso de VM devido ao difícil acesso da cavidade oral.(17) A posição do tubo e de outros materiais de suporte dificulta a visualização da cavidade oral limitando o acesso.(18) Diante dos riscos bacterianos provenientes da boca, preconiza-se a completa limpeza dos tecidos da cavidade bucal, incluindo: dentes, língua, bochechas, gengivas; removendo a placa bacteriana e restos alimentares, tem-se o intuito de promover um ambiente bucal "imune" às afecções bucais. Pacientes com inadequada higiene oral e más condições dentárias apresentam maior risco de complicações locais e sistêmicas.(24) Há três mecanismos possíveis para se associar o biofilme bucal com infecções respiratórias. Primeiro, o biofilme oral com higiene deficiente, resulta em alta concentração de patógenos na saliva, são aspirados para o pulmão em grandes quantidades, prejudicando as defesas imunes.(19) Segundo, sob determinadas condições, o biofilme bucal pode abrigar colônias de patógenos pulmonares e promover seu crescimento.(38) Terceiro, as bactérias do biofilme oral colonização das vias aéreas superiores por patógenos pulmonares.(32) facilitam a Patógenos respiratórios provenientes do meio ambiente hospitalar, podem colonizar as superfícies dos dentes, mucosa bucal e biofilme.(33) As fontes possíveis destes microorganismos abrangem os procedimentos que envolvem fluídos como aspiração nasogástrica, uso de nebulizadores e umidificadores, alimentação e manipulação do paciente pela equipe intensivista envolvida em seu tratamento.(11) A higienização bucal em UTIs é considerada um procedimento básico indispensável, cujo objetivo é manter a cavidade oral saudável. Tal procedimento é necessário para prevenir infecções, manter a umidade da mucosa e promover conforto ao paciente. Outro componente do ambiente bucal é a saliva, sua produção contínua é essencial para manter a boca e os elementos da boca limpos e úmidos. A saliva contém anticorpos que protegem a mucosa contra a fixação de microorganismos. Um protocolo de higiene oral deve ser criado e transmitido a toda equipe interdisciplinar (médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e enfermeiros) através de um treinamento prático realizado pelo CD. As instruções de realização da higiene oral utilizando as soluções bucais devem ser realizadas deste modo: 1) calçar luvas de procedimento; 2) preparo da solução antisséptica; 3) embeber o bastonete de espuma na solução antisséptica; 4) passar raspando na língua, vestíbulos, bochechas e no palato, sempre em sentido póstero-anterior; 5) para finalizar, aplicar em todas as superfícies dos dentes; 6) aspirar a orofaringe após o procedimento. O paciente deverá ter uma higienização oral adequada e constante, mesmo na ausência total de dentes. Devem ser realizadas massagens na mucosa oral para fortalecer as gengivas, bem como proceder a lavagem das próteses para remoção de restos alimentares e placa bacteriana. Nas UTIs do Brasil, de um modo geral, é realizada a higienização com o uso de bastão envolvido por gaze embebida em cloreto de cetilpiridíneo ou clorexidina. A higienização realizada com escova dental requer maior habilidade e consome mais tempo, porisso é menos freqüente. DISCUSSÃO Há muito tempo tem-se conhecimento que infecções anaeróbias pulmonares graves podem ocorrer através da aspiração de secreção salivar, especialmente em pacientes com doença periodontal; porém, apenas recentemente, a colonização por bactérias orais e dentais tem sido implicada como a maior fonte de bactérias envolvidas na etiologia da PAVM.(27) O uso de antimicrobianos e antissépticos orais como forma de prevenção de infecções sistêmicas e da pneumonia em particular, tem sido amplamente pesquisado. Estudos estão sendo realizados para determinar qual o produto ideal para realizar esta higienização, bem como a concentração ideal, a forma de apresentação (líquido, pasta ou gel), a frequência, e a técnica de aplicação mais adequada. Os profissionais das diversas áreas da saúde não tem acesso a esses conhecimentos de saúde oral, patologias odontológicas, higienização bucal; e quando questionados a respeito demonstram que estes não são assuntos de prioridade em suas funções. A profilaxia antibiótica promove uma significativa redução dos níveis de PAVM nos pacientes tratados; porém, esse tipo de intervenção é limitado devido à resistência bacteriana. Com a preocupação de estabelecer a melhor forma de intervenção, diversas pesquisas foram realizadas para avaliar os efeitos da clorexidina a 0,12% no biofilme dental e na infecção gengival. Os resultados são positivos em relação à redução da placa bacteriana, periodontopatias e colonização bacteriana, especialmente de Actinomyces spp.(6) Na literatura há vários estudos sobre técnicas de aplicação da clorexidina, com variações na concentração (0,2%, 0,12% e 2%), no local de aplicação e nas formas de apresentação do agente antimicrobiano (solução oral , gel).(6) Embora um protocolo de controle do biofilme oral na prevenção da PAVM ainda não tenha sido estabelecido, é consenso entre os estudos que sua utilização é fundamental, e que a colaboração da equipe responsável pelos cuidados orais dos pacientes é essencial para a prevenção da PAVM. Os custos dos protocolos preventivos são muito menores, podendo chegar a 10% do custo investido no manejo dos pacientes com pneumonia nosocomial instalada.(16) CONCLUSÃO A presença do CD no ambiente hospitalar, e não apenas nas UTIs; contribui para difundir os conhecimentos odontológicos aos membros da equipe, e aos familiares do paciente, que poderiam ser aproveitados inclusive após a alta hospitalar, melhorando a qualidade de vida dos pacientes durante e após a internação. A evidência da participação do biofilme oral na patogênese das infecções respiratórias adquiridas em hospital, reforça a importância do “cuidado oral” do paciente crítico. Diante do exposto, é necessário inserir no protocolo de prevenção da pneumonia, o monitoramento e a descontaminação da cavidade oral, promovendo uma maior integração da Odontologia com as demais áreas da saúde na prevenção de doenças sistêmicas, e a humanização no atendimento dos pacientes internados em UTI. REFERÊNCIAS 1. Abidia RF. 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