A ECONOMIA E A SOCIEDADE CAMPO-GRANDENSE Texto adaptado por: Profº. Lindomar Economia Localizada próxima aos Campos de Vacaria, região centro-sul do estado, a Cidade Morena, é assim chamada pela poeira avermelhada na época do inverno. Segundo BRITO (2001, p. 98), “o clima é agradável sem o calor do norte do Estado de Mato Grosso e sem o frio do Sul do país. A terra, com matas férteis e campos abertos para criação, com água abundante e a localização ideal” que proporcionou à cidade condições para o desenvolvimento da economia agropastoril (cf figura 01), sendo a região passagem obrigatória para os rebanhos que deslocavam do Pantanal rumo a região sudeste. “A pecuária propiciou o primeiro núcleo de atividade comercial da vila. Pelo crescimento dos rebanhos vizinhos, os compradores fizeram de Campo Grande o ponto de reunião das grandes boiadas que eram levadas para o Triângulo. A presença constante de boiadeiros, com as grandes comitivas, criou necessidade de pensões para abrigo e alimentação dessa gente, armazéns fornecedores e lazer – bares e cabarés” (BARROS, 1999, p. 22). A posição estratégica, o clima e a terra possibilitaram a Campo Grande surgir como centro econômico antes de se tornar capital, desviando para a região a economia, antes voltada para o eixo Corumbá-Cuiabá e despertando interesse de muitos, principalmente mineiros que seguindo o exemplo de seu conterrâneo (José Antônio Pereira), aqui se achegam atraídos pelo desenvolvimento do município, ficando conhecidos como mudanceiros (Cf. figura 02). Além dos mineiros, outros migrantes são os paraguaios. “Mineiros também eram em maioria os mudanceiros vindos da Vacaria, Rio Brilhante, Maracaju; mais do sul vieram gauchos e em maior escala paraguaios. Estes formando o contingente da peonada das fazendas e trabalhadores braçais no campo e na cidade [...]”. (BARROS, 1999, p. 23). Figura 01 – Gado Bovino FONTE: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul A Sociedade Tendo em vista que as cidades formam-se a partir das pessoas que nelas residem, seja por aquelas que lá nasceram ou as que de outras cidades a ela migraram por algum motivo, percebe-se que em muitas a identidade está relacionada aos vários povos e culturas que nelas residem, habitantes das regiões vizinhas ou de outras regiões do país. Esse fenômeno ocorreu na capital do Mato Grosso do Sul. Como afirma Cabral “a migração está presente na gênese de Campo Grande, como de outras cidades brasileiras. Aqui, porém, tem sido fatores recorrentes, surgindo nas diferentes fases de sua evolução, quando recebeu e continua recebendo pessoas de todas as partes, que a ela se integram, na construção de seu desenvolvimento” (CABRAL 1999, p. 29). FIGURA 02 - MUDANCEIROS PARAGUAIOS FONTE: Campo Grande 100 anos de Construção. Matriz Ed. 1999 Segundo COSTA (1999), população de Campo Grande desde o início foi expressiva para a época, sendo em 1899 de 600 habitantes e dez anos depois o dobro, 1.200 habitantes. O crescimento populacional e o desenvolvimento econômico ocorridos na capital de Mato Grosso do Sul na segunda e terceira década do século vinte se explica basicamente 2 pela chegada da estrada de ferro, em 1914, e pela transferência, em 1921, do Comando da Circunscrição Militar, até então sediado em Corumbá, e a construção que essa transferência ensejou, dos quartéis e outros estabelecimentos militares, na cidade, foi outra iniciativa que contribuiu para o desenvolvimento de Campo Grande e para a afirmação de sua liderança (CORRÊA. 1999, p. 66). Esses fatores unem-se para promover o desenvolvimento da capital firmado-a como grande pólo econômico e político. Para CABRAL (1999), Campo Grande chega em 1920 com uma população de 21.360 habitantes, resultado expressivo para a época, e esse crescimento populacional se confirma pelo censo de 1950, quando Campo Grande supera Cuiabá no número de habitantes, com 31.708 habitantes para 23.745 habitantes da capital. Esse rápido crescimento populacional de Campo Grande deve-se a migração, que desde a fundação da cidade esteve presente, fato comprovado pelos recenseamentos realizado na cidade. Segundo o censo demográfico de 1920, a Capital Morena possuía um total de 21.360 pessoas, sendo desta 1.948 estrangeiros, representando 9,12% da população, número que dobrou em apenas vinte anos. Em 1940 a população da cidade era de 49.629 habitantes, sendo 3.511 pessoas estrangeiras, representando 7,1% da população “morena”. Na mesma data, “[...] em Campo Grande, conta-se 120 espanhóis, 146 italianos, 168 alemães, 290 portugueses e 977 japoneses. Árabes, paraguaios e bolivianos e demais imigrantes estão entre os 1.810 estrangeiros agrupados na categoria outros [...]” (CABRAL, 1999, p. 42). A população estrangeira em Campo Grande é formada por diferentes grupos, que com sua cultura e seu modo de ser contribuiu para a formação da cultura campo-grandense, muitos deles oriundos de outros países, como os japoneses e os árabes, também. “[...] os portugueses, italianos e espanhóis que para cá se dirigiram em busca de oportunidades. Chegam também os armênios e palestinos, além de paraguaios e de bolivianos que dada à proximidade com seus países de origem, tinham aqui uma alternativa para emigrar. Cada grupo, a seu modo, contribui para o caldeamento cultural que se processa. Ao lado do sobá, do quibe e da esfirra, convivem a chipa, a saltenha o bacalhau e a macarronada” (CABRAL, 1999, p. 36). Essa população composta de vários povos, formou a cultura campo-grandense. A cultura mineira trazida pelos colonos ao longo do tempo foi sendo esquecida e a população passa assimilar aspectos de outras culturas, dentre estas, a paraguaia. Assim é comum hoje ver na cidade a venda e o consumo maior de chipa, do que de pão de queijo. Campo Grande, desde sua fundação, tem a característica de atrair habitantes de vários estados brasileiros, assim como, imigrantes de outros países sobretudo da América do Sul. Apesar dos estrangeiros não serem identificados em números na sua totalidade nos primeiros censos, estes já se faziam presente na cidade a partir de sua fundação, outros antes mesmo da fundação, como é o caso dos paraguaios. “[...] eles são uma presença que se avoluma a cada censo, tendo em vista que é muito fluída a linha de fronteira com aquele país vizinho, ensejando o entrelaçamento de brasileiros e paraguaios pela via do matrimônio, sobretudo nas cidades fronteiriças. Assim, desde os primórdios, esses irmãos latinos estiveram na formação da cidade”. (CABRAL, 1999, p. 51). Fica assinalado que em vários momentos de instabilidade econômica e política ou até mesmo outros motivos, como por exemplo, busca de melhores dias, condições de 3 trabalho vivida pelos imigrantes seja estrangeiros ou nacionais ocasionaram a migração dessa população para a capital de Mato Grosso do Sul, não só no passado, mas ainda hoje continuam a chegar. Esses migrantes presentes no Estado e na cidade de Campo Grande, desempenhavam funções diferenciadas; entre outras eram agricultores, marceneiros, artesãos, comerciantes, jogadores, empresários, profissionais liberais e muitas outras profissões, e com seus costumes para cá trazidos influenciaram na cultura campograndense, fato que pode ser facilmente percebido no prato típico, na festa e devoção religiosa, na música e dança dos campo-grandense. Bibliografia Geral ARCA – Revista de Divulgação do Arquivo Histórico de Campo Grande – MS. Campo Grande: Sergraph, 1993. BÓIS, Lindomar J. A Presença Paraguaia em Campo Grande: O bairro Vila Popular (1966 – 2004). (Monografia). UFMS, 2005. COLETÂNEA / Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. Ano I, Campo Grande: UFMS, 1999. CAMPO GRANDE – 100 Anos de Construção. Campo Grande: Matriz, 1999. CONGRO, Rosário. O Município de Campo Grande. Campo Grande: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHG – MS) / Gibim, 2003. GARDIN, Cleonice. Campo Grande: Entre o Sagrado e o Profano. Campo Grande: UFMS, 1999. GOMES, Arlindo de Andrade. O Município de Campo Grande em 1922. Campo Grande: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHG – MS) / Gibim, 2004. Há 105 Anos... Jornal de Domingo. Campo Grande, 26 Ago. 2004. RODRIGUES, J. Barbosa. História de Campo Grande. Ed. do Autor, Campo Grande, 1980. WEINGARTNER, Alisolete A. dos S. Campo Grande: da Emancipação Política à Atualidade. In: Coletânea / Fundação Municipal de Cultura, Esporte ... ano I, Campo Grande: UFMS, 1999. PESQUISA/TRABALHO Escolher dois povos que migraram para Campo Grande (pode ser usado dois povos do texto). A seguir, pesquisar como a cultura desses dois povos contribuíram para formação da sociedade e o desenvolvimento político e econômico da cidade. Pesquisa dever ser feita: - baseada em livros, revistas, jornais e internet; - em dupla; - o trabalho é todo manuscrito; - as normas do trabalho estão no site da escola; - entregue dia 19/06; - valor da pesquisa/trabalho: zero a dez; Título do Trabalho escrito: “A influência das culturas (nome dos povos) em Campo Grande” 4