Clipping - Departamento DST/AIDS e Hepatites Virais ÍNDICE Nova dieta mediterrânea abrasileirada ajuda coração .........................................................................2 Saúde I (Gilberto Amaral) ..........................................................................................................................3 Frase (Encontro de Contas) ......................................................................................................................3 Ministro defende investimento na produção com biotecnologia .........................................................4 Governo lança linha de crédito para financiar saúde pública ..............................................................5 O país dos ricos de alma pobre ................................................................................................................6 Medicina Fora de cena ...............................................................................................................................8 "Gripe faz mais vítimas fatais " .................................................................................................................9 Os direitos do paciente ..............................................................................................................................9 "Tirei Brenda dos braços do sequestrador" ..........................................................................................11 O preço da liberdade ................................................................................................................................12 O triste espetáculo da "cura gay" ...........................................................................................................14 Dilma compra tudo ....................................................................................................................................15 Proposta amplia pena por exploração sexual ......................................................................................16 Pesquisadores italianos conseguem controlar o vírus HIV em pesquisa com primatas, informa Correio Braziliense....................................................................................................................................17 Governo retoma mutirão de cirurgias, informa Estado de S. Paulo .................................................18 Novo método de prevenção do HIV para mulheres será estudado nos próximos meses, informa Correio Braziliense....................................................................................................................................19 Festival de cinema feminino no Rio destaca tema da sexualidade ..................................................20 Bob Marley será mais uma estrela da música retratada no cinema .................................................21 SUS aprova tratamento ortopédico de alta complexidade em Itapeva, SP ....................................22 Bob Marley será mais uma estrela da música retratada no cinema (Pop & Arte) .........................22 Dieta mediterrânea "abrasileirada" ajuda o coração ...........................................................................24 Encontros com o Estadão........................................................................................................................25 FOLHA DE S. PAULO - SP | CIÊNCIA SAÚDE ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 Veja a matéria no site de origem Nova dieta mediterrânea abrasileirada ajuda coração MARIANA VERSOLATO DE SÃO PAULO Receitas usam produtos como milho e tapioca para reduzir colesterol Ao diminuir os níveis de gordura, nova dieta desenvolvida por médicos protege o coração e emagrece Uma dieta mediterrânea à brasileira, que substitui atum, castanhas e azeite extravirgem por alimentos baratos e acessíveis no país, como sardinha, milho, sopa de feijão e tapioca. Esse é o projeto do HCor (Hospital do Coração), em parceria com o Ministério da Saúde. A ideia é lançar no país uma dieta com alimentos de baixo custo e presentes na rotina dos brasileiros para a prevenção de doenças cardiovasculares em pessoas que já tiveram infarto ou derrame ou que correm maior risco de sofrê-los por causa de hipertensão e colesterol alto. Da primeira fase do projeto, que avaliou a efetividade da dieta, participaram 120 pessoas cardíacas do Rio de Janeiro e de seis cidades de São Paulo (incluindo a capital), durante oito semanas. Metade recebeu as orientações de praxe que são dadas após um evento cardiovascular, como diminuir a quantidade de gorduras saturadas (presentes na carne vermelha, por exemplo). A outra metade seguiu o material educativo e o cardápio do projeto, os quais classificam os alimentos com as cores da bandeira nacional: verde, amarelo e azul. A escolha não é à toa: os participantes foram instruídos a montar os pratos de acordo com a predominância dessas cores na bandeira. Ou seja, a dieta recomenda ter maior quantidade de alimentos verdes (ricos em vitaminas, minerais e fibras), menor proporção de alimentos amarelos (com quantidade considerável de gordura saturada) e uma quantidade menor ainda de alimentos azuis, que contêm mais gordura, sal e açúcar. "Usamos um aspecto lúdico e critérios factíveis para facilitar a adesão à dieta. Independentemente do grau de instrução, a pessoa vai identificar o que é bom e qual a quantidade indicada", diz Bernardete Weber, coordenadora da pesquisa do HCor. Ela afirma que, se os alimentos recomendados forem muito diferentes do que a pessoa come normalmente, é difícil aderir às mudanças. RESULTADOS Segundo ela, os níveis de colesterol dos participantes que seguiram a dieta cardioprotetora diminuíram. Em estudo no "Journal of the American Medical Association", ações que reduzem colesterol e pressão arterial já são suficientes para mudar índices de mortalidade por doenças cardiovasculares. Weber cita outro resultado positivo: os pacientes também perderam peso, já que as dietas e as quantidades das calorias diárias foram adequadas para pacientes com sobrepeso ou obesidade. A segunda fase do estudo é mais ambiciosa: vai envolver cerca de 2.000 pessoas em todo o país, e, mais importante, vai elaborar diferentes dietas respeitando as variações regionais de cada Estado. Segundo Weber, isso pode incluir castanhas no Norte, suco de uva no Sul e feijão-verde no Nordeste. Os participantes não serão apenas cardiopatas, mas também pessoas com risco maior de ter um problema cardíaco. JORNAL DE BRASILIA - DF | BRASIL ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 Veja a matéria no site de origem Saúde I (Gilberto Amaral) O governador Agnelo Queiroz está encantado com o êxito do programa itinerante Caminhão da Mulher. O serviço está no Areal, a 7ª Região Administrativa a ser atendida. As mulheres estão tendo acesso facilitado a importantes exames preventivos, como mamografia, ecografia, entre outros. SAÚDE II Preocupado em ampliar os atendimentos, o GDF está fazendo investimentos em uma segunda carreta, com inauguração prevista para breve. O programa irá minimizar a falta de tempo e informação das mulheres, além de salvar a vida de diversas delas. SAÚDE III Outra ótima notícia é que o Distrito Federal foi contemplado pelo Ministério da Saúde com R$ 49,9 milhões, para investimento no programa Rede Cegonha. Os valores serão utilizados para custear os centros de parto normal e as casas de gestante, equipados para prestar assistência integral para a mãe em todos os períodos da gravidez. BRASIL ECONÔMICO | ENCONTRO DE CONTAS DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS 02/07/2012 Veja a matéria no site de origem Frase (Encontro de Contas) "Não sei o que aconteceu" Carol Francischini Modelo, envolvida em uma grande polêmica sobre a paternidade da criança que espera, sobre ter engravidado mesmo usando Camisinha BRASIL ECONÔMICO | BRASIL ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 Veja a matéria no site de origem Ministro defende investimento na produção com biotecnologia Avaliação é de que a medida reduziria gastos do ministério, que hoje são 30% do orçamento Vacinação, uso de medicamentos biotecnológicos e judicialização da saúde foram outros temas discutidos pelos especialistas durante o seminário. Segundo Padilha, o investimento na elaboração de novos fármacos biotecnológicos reduziria gastos do governo - hoje, eles representam aproximadamente 30% do orçamento do Ministério da Saúde, apesar de estarem presentes apenas em 5% das unidades de tratamento no país. "O governo precisa aumentar o acesso a medicamentos e, para isso, é preciso colocar o Brasil no mapa da biotecnologia", afirma o presidente da empresa de biotecnologia BioNovis, Odnir Finotti. Segundo ele, esse é o momento ideal para o governo investir nesse tipo de inovação. "Muitas patentes vencem em três anos. Isso abre um leque enorme para a produção nacional", disse. Fortalecer parcerias público-privadas contribuem não só com a produção de biotecnológicos, mas também com o desenvolvimento de novas vacinas, além do aprimoramento das que já são ofertadas no calendário básico do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o presidente do Conselho Político e Estratégico da Fiocruz, Akira Homma, foi partindo desse princípio que a Fiocruz começou a desenvolver uma vacina contra a dengue - uma das principais doenças enfrentadas pela população brasileira. "Para definirmos em que produtos investir, é preciso que sejam feitos estudos epidemiológicos e de farmacovigilância que mostrem a realidade da saúde da população brasileira. Além de nortear o desenvolvimento de novos produtos, esses estudos também permitem avaliar a eficácia das vacinas e remédios que estão sendo utilizados", explicou o diretor do Laboratório de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, Alexander Precioso. A polêmica em relação à judicialização da Saúde encerrou os debates. Para o diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Adalberto Fulgêncio, entrar com medidas judiciais a fim de conseguir tratamentos médicos pelo SUS é um direito do cidadão. No entanto, isso prejudica a gestão do sistema de saúde pública. "O problema é que a maior parte das pessoas que entram com medidas judiciais não são de baixa renda. Elas entram na justiça porque não conseguiram por meio do plano de saúde, e querem que o governo pague", disse. G.M. BRASIL ECONÔMICO | BRASIL ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 Imagem 1 Veja a matéria no site de origem Governo lança linha de crédito para financiar saúde pública Governo terá linha de crédito para compra de equipamentos médicos Financiamento terá como alvo hospitais que adquiram aparelhos com pelo menos 60% de nacionalização, anunciou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em evento do BRASIL ECONÔMICO; meta é reduzir em US$ 2 bi importações desses produtos. P18 Gabriela Murno e Clarissa Mello O ministro Alexandre Padilha anunciou também investimentos de R$ 1,65 bi em pesquisas científicas até 2015 O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou na última sexta-feira (29) uma nova linha de financiamento para a área de saúde. Os recursos, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), serão disponibilizados a estados e municípios para compra de novos equipamentos médico-hospitalares, desde que 60% dos componentes sejam nacionais.O anúncio foi feito durante o Seminário "Saúde & Desenvolvimento", realizado pelos jornais BRASIL ECONÔMICO e O Dia, no Rio de Janeiro. De acordo com Padilha, o objetivo é melhorar o atendimento à população e, ao mesmo tempo, estimular a produção nacional. "Nossa estimativa é ter um impacto positivo em relação aos gastos com saúde. Queremos reduzir em US$ 2 bilhões as importações dos equipamentos médico-hospitalares do país", afirmou Padilha. O ministro acredita que o aumento da demanda por equipamentos nacionais vai estimular empresas a fabricarem os produtos no país uma vez que, para conseguir a linha de crédito, estados e municípios são obrigados a comprar produtos feitos no Brasil. "Ou seja, vamos melhorar o atendimento à população, levar equipamentos mais modernos e também estimular a produção nacional", afirmou Padilha, sem dizer, no entanto, o valor do crédito. Durante o seminário, Padilha também defendeu a política de margem de preferência, pela qual o governo federal prioriza a compra de produtos produzidos no Brasil, que podem ser adquiridos por preços até 25% superiores aos demais. "Temos que produzir internamente para não precisarmos importar. Não podemos depender de laboratórios e fábricas estrangeiras para abastecer nossos insumos." No entanto, investir na produção nacional pode não ser tão simples, segundo o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto Filho. Um dos entraves é o "Custo Brasil" - ou seja, o alto custo de produção nacional. "De 85% a 90% dos insumos são importados, não porque falta qualidade, mas sim porque a carga tributária é muito alta. O governo está pagando impostos para o governo", afirmou. O ministro anunciou também um investimento de R$ 1,65 bilhão em pesquisas científicas de 2012 até 2015. "Precisamos transformar artigos científicos em produção e inovação. Precisamos de agentes nacionais para que tudo o que for produzido seja pautado na nossa realidade epidemiológica", explicou o Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. Em resposta ao Secretário, o representante da Interfarma frisou, mais uma vez, a inadequação das políticas do governo federal à realidade dos empresários brasileiros. Reflexão "Não vai ser possível construir esta independência só a base do setor público. Inovar é ter risco. É, de dez ativos, acertar um, mas acerta. Mas cabe a reflexão: os nossos estímulos às empresas são realmente bons? Os nossos estímulos ao pesquisador individual são bons? Falando de patentes o prazo de sete anos é bom?" Para o presidente-executivo do grupo FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri, o governo federal deve estar disposto a estourar o orçamento para garantir um sistema de saúde universal e igualitário O aumento da demanda por equipamentos nacionais vai estimular a produção VEJA | ENTREVISTA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 01/07/2012 O país dos ricos de alma pobre O autor da novela Avenida Brasil explica como a ascensão de certa elite suburbana está mudando o público televisivo. E diz por que estava faltando ousadia aos folhetins Marcelo Marthe O carioca João Emanuel Carneiro, de 42 anos, é o caçula da elite dos noveleiros brasileiros. Ex-roteirista de cinema, ele se revelou um prodígio entre os novos autores da Globo já na trama de estreia, Da Cor do Pecado, que obteve audiência recorde na faixa das 7 em 2004. Em 2008, ao ser promovido ao horário das 9, repetiu o sucesso com A Favorita. Seu novo trabalho, Avenida Brasil, vem atingindo índices robustos, acima dos 40 pontos. Para além do ibope, a temática radicalmente suburbana, o roteiro afiado e a fotografia incomum fazem desta um marco do renascimento das novelas. Carneiro conta por que personagens como Tufão e Carminha espelham um Brasil suburbano e emergente e aponta as razões para o cansaço do gênero nos últimos anos. O subúrbio era o cenário secundário das novelas. Em Avenida Brasil, o senhor o colocou em primeiro plano. Por quê? A ideia de retratar o subúrbio carioca não foi movida pelo oportunismo em explorar a tão falada ascensão da classe C, nem foi uma encomenda da Globo. Nasceu do meu sentimento de que o país passa por um momento paradoxal. Hoje, qual é o Brasil que emerge das revistas de celebridades e é visto como modelo de sucesso? Não mais o daquela elite tradicional, rica de berço, que tanto foi mostrada nas novelas. As pessoas agora querem saber é da vida dos jogadores de futebol, cantores sertanejos e atores da TV - aquele pessoal de origem humilde que enriqueceu e mora em condomínios na Barra da Tijuca. _____________________ "Prefiro não citar exemplos, pois não seria gentil com os coleguinhas, mas nos últimos anos as novelas subestimaram o espectador" _____________________ A elite tradicional perdeu seu charme? A vida dos bem-nascidos perdeu, sim, muito de sua aura sexy. Nas pesquisas com os espectadores e nas conversas nas ruas, percebo que aquele velho desejo aspiracional de se transportar, por meio da ficção, para a realidade inalcançável dos reis, princesas e magnatas já não é tão forte. Cadê o deslumbre com os palácios das duquesas, as ilhas fantásticas na Grécia, os vestidos de Grace Kelly, os Onassis? Não se cultua mais nada disso. A elite tradicional se fechou na discrição e no acanhamento. Além do mais, ter carro do ano, comer salmão defumado ou beber espumante já não são coisas tão fora da realidade da maioria das pessoas. Nesse sentido, ouso afirmar que a obra de um escritor como o americano F. Scott Fitzgerald morreu. O jeito como ele mostrou a vida dos ricos e famosos em livros como O Grande Gatsby, aquela existência superior à dos demais mortais, é uma coisa que pertence ao século passado. Esse é um fenômeno restrito ao Brasil? De modo algum. Mas aqui as coisas são agravadas por outro fenômeno que procuro mostrar em Avenida Brasil Antigamente, a elite se impunha como referência não só por seu dinheiro, mas por ser vista como superior em matéria de comportamento e cultura. Hoje, essa noção está falida. Um reality show como Mulheres Ricas é a prova de que o rico passou a ocupar o lugar do caricato no imaginário das pessoas. Arrisco-me a dizer que, na base disso, está o fato de que bagagem cultural e sucesso material já não são vistos como complementares. Se o único valor que importa é o triunfo financeiro, tudo acaba se igualando. Ainda que as pessoas ganhem dinheiro, sua cultura e sua escolaridade permanecem precárias. É o caso do ex-jogador de futebol cheio da grana, mas que tem estantes com livros falsos, como o Tufão. Para escancarar o paradoxo da situação, fiz com que sua empregada, a Nina, seja a única figura com cultura na casa dele. _____________________ "No Brasil agora temos os pobres-ricos. É a gente simples que ficou rica, mas mantém o jeito suburbano. Goste-se ou não, eles se impuseram culturalmente. Até usufruem os prazeres do dinheiro melhor que os ricos de berço" _____________________ Que lição se tira daí? No Brasil, além dos pobres-pobres, agora temos os pobres-ricos. É a gente simples que saiu de baixo e ficou rica, mas mantém o jeito de ser suburbano. Goste-se ou não, essas pessoas se impuseram culturalmente. Até porque muitas vezes usufruem melhor os prazeres do dinheiro que os ricos de berço, que evitam se afirmar de forma tão desavergonhada. O sucesso das novelas que mostram essa nova elite é prova disso. Os brasileiros da classe C enxergam nelas uma realidade próxima da que eles mesmos vivem - mas o dado novo e interessante é que as classes A e B foram igualmente arrebatadas pelo Tufão e sua parentada ruidosa. Até pouco tempo atrás, calcar uma novela inteira no subúrbio seria suicídio, pois achavase que a parcela mais rica dos espectadores iria torcer o nariz. Hoje, há curiosidade por esse Brasil pobre-rico. O que não é uma mudança de mentalidade negativa em si. Os parentes do Tufão podem ser ignorantes. mas não são pobres de espírito. Eu adoraria passar umas tardes naquela mansão, conversando com uma gente tão animada e aberta a novidades. A cozinheira da minha casa é tão interessante, por sinal, que prefiro conversar com ela a aturar muito intelectual por aí. Até que ponto os suburbanos reais o inspiraram? É claro que extraí algo das conversas com minha cozinheira, das notícias sobre a periferia que vejo na TV e das lembranças dos bairros pobres do Rio que visitei na infância com minha mãe, que era antropóloga. Mas acredite: o subúrbio de Avenida Brasil é quase 100% feito de referências literárias. Nasceu da minha memória das peças de Nelson Rodrigues, dos romances de Victor Hugo e das histórias do meu prezado Lima Barreto. Os suburbanos de Avenida Brasil cometem erros de português e falam palavrões. É uma tendência irreversível nas novelas? Se um personagem fala errado, cuido que alguém o corrija em seguida. Bom, admito que às vezes alguma barbaridade passa impune. A Olenka da atriz Fabíula Nascimento fala coisas terríveis. Mas eu não poderia fazer um subúrbio onde se fala português castiço. Isso não existe. De qualquer modo, prometo que vou melhorar. Há muitas reclamações dos espectadores sobre os deslizes de português. Antes da estreia de Avenida Brasil, o senhor manifestava preocupação com o futuro das novelas. Continua pessimista? Não mais. A aceitação da história me fez ver uma luz no fim do túnel. Creio que não só as novelas, mas a TV toda está numa encruzilhada. Para conquistarem essa nova classe média dominante, mas culturalmente precária, as emissoras se sentem no direito de nivelar por baixo. Sempre tive a convicção, contudo, de que o autor deve fazer uma novela a que ele mesmo deseje assistir, não aquilo que hipoteticamente vá agradar a um espectador sem rosto que só se conhece por meio de pesquisas. Se o autor não gosta da novela que faz, quem vai gostar? Prefiro não citar exemplos, pois não seria gentil com meus coleguinhas, mas nos últimos anos as novelas subestimaram a inteligência do espectador na tentativa de atingir esse suposto denominador comum. Eu poderia ter caído na tentação de fazer, pela enésima vez, a história daquela heroína sonhadora que se apaixona por um príncipe encantado, como se faz há cinquenta anos no México, na Colômbia e na Venezuela. Mas, enquanto as novelas latinas não são vistas pela classe média, apenas pelas camadas menos favorecidas e menos instruídas, a Globo conseguiu o milagre de criar tramas capazes de interessar ao país inteiro, sem distinção de classes. Basta lembrar de Roque Sanreiro ou Vale Tudo. Essa sempre foi a maior qualidade da novela brasileira. Não faz sentido jogar esse legado fora. Avenida Brasil é uma novela que vai na contramão desse conformismo? Não sou contra nada. Mas, quando apresentei a proposta de Avenida Brasil, percebi que ela provocava um grande receio na Globo, assim como houve em relação a A Favorita, minha novela anterior, porque elas questionam certos cânones. Em A Favorita, a ousadia estava em não definir quem era a heroína e quem seria a vilã até o capítulo 60. Em Avenida Brasil, investi numa heroína fora dos padrões. As mocinhas em geral são delicadas, românticas, ingênuas. A Nina não é nada disso: é uma pessoa obcecada por vingança, de conduta meio torta. É como se eu levasse um pouco da complexidade dos personagens dos romances russos para a TV. Tudo o que faço na vida, aliás, é influenciado por Dostoievski. Se as pessoas lessem só os livros dele, não precisariam ler mais nada. Mas é claro que entendo as preocupações da emissora. Eu também teria receio: a novela das 9 é a âncora de uma empresa com faturamento imenso, e isso leva a um conservadorismo. O senhor não temeu que o público rejeitasse sua história? Temi bastante. Mas o desafio, para mim, reside em correr riscos. O espectador brasileiro não deve ser subestimado, pois já viu muita novela e tem toda a condição de absorver histórias mais elaboradas. Mas a ousadia só funciona se a trama for bem construída. No caso da Nina, o que tornou possível torcer pela adulta vingativa é que o espectador acompanhou a injustiça a que ela foi submetida em criança. Se isso não tivesse sido frisado com toda a intensidade no início da novela, eu teria perdido a batalha. Até pouco tempo atrás, as novelas das 9 vinham exibindo audiências pálidas. O público havia se desinteressado? Não é educado com meus coleguinhas, mas não há como discordar. A meu ver, uma das causas da perda de sintonia é a escalação de protagonistas velhos demais. A dramaturgia da Globo foi toda construída com elencos jovens. Só que os autores foram envelhecendo e mantendo os mesmos atores. Eu acho ótimo ter jovens como Cauã Reymond e Débora Falabella como protagonistas. Juventude é importante para manter o frescor e a libido. A TV é uma coisa muito libidinosa. E os jovens têm mais condição de oferecer isso, não? _____________________ "A patrulha politicamente correta e uma ameaça, e não toca só à Globo ou à TV. Sorte que há uma Carminha para escancarar sua caixa de Pandora e falar coisas atrozes que todo mundo de vez em quando pensa, mas é proibido de pôr para fora" _____________________ É por isso que as periguetes como Suelen, vivida por Isis Valverde, ganharam relevo? A periguete faz a função de um saci, um ser de uma pequena fauna que está ali para bagunçar o coreto. A Sexualidade da Suelen aponta para tudo quanto é lado: é uma messalina dissoluta, tão disponível para a conquista pela conquista como um homem gay. De início, ela causava controvérsia. Mas está sendo cada vez mais assimilada. Após apanhar do Ramon, bandido que a persegue, a barra dela melhorou demais. Sempre que apanha, a periguete melhora aos olhos do público. Do time de noveleiros do horário das 9, o senhor é o mais jovem. É complicado impor-se nessa elite? Não sinto competitividade entre mim e os da geração mais velha. Mas não há como negar que as coisas são mais fáceis para eles, pois são autores com muita história e que cultivam ligações antigas com os artistas. Eu diria que só consigo fazer novelas porque minhas histórias têm poucos personagens. Se tivesse de criar uma trama com 100 atores, eu certamente teria problemas de escalação. É cada vez mais difícil montar o elenco de uma novela. Eu não conhecia Débora Falabella nem Adriana Esteves. A Débora foi minha primeira opção, mas a Adriana, não. Graças a Deus, deu muito certo. E sem fazer lobby. Por que a renovação dos autores é tão difícil? Porque a Globo, com toda a razão, vai pensar duas vezes antes de entregar a chave do cofre a um novato. Mas a emissora está se mexendo. A atual leva das novelas das 6, das 7 e das 9 é toda feita por autores novos. Há um sopro de renovação no ar. De que forma a patrulha politicamente correta afeta as novelas? É uma total ameaça. A gente vive num mundo pavorosamente careta, e não é só algo que toca à Globo ou à TV. Sorte que há uma Carminha para escancarar sua caixa de Pandora e falar coisas atrozes que todo mundo de vez em quando pensa, mas é proibido de pôr para fora. No Brasil, a novela ainda tem função civilizadora? Creio que sim. Mas a novela não pode ser um telecurso nem uma cartilha moralista. O merchandising social, se malfeito, asfixia a liberdade literária e tira a graça. O mesmo vale para o merchandising de produtos. Eu não aceito uma ação desse tipo se noto que vai ferir a essência do personagem. Tome-se a Nina. É uma moça cheia de traumas. Não a vejo indo ao banco ou falando de sabão em pó. Talvez Avenida Brasil tenha menos merchandising que outras novelas. É um desejo meu, pois já me incomodei com o excesso disso em outras tramas. Mas não posso falar mal dos coleguinhas. Autor de novela é uma raça muito sacrificada. ISTO É | RICARDO BOECHAT ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 30/06/2012 Medicina Fora de cena Por orientação do Planalto, o Ministério da Saúde colocou no fundo de uma gaveta o projeto que visava a atrair médicos estrangeiros para trabalharem em regiões carentes do país. A reação de importantes entidades científicas, políticos e gente do próprio governo ditou o recuo. ISTO É | A SEMANA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 30/06/2012 "Gripe faz mais vítimas fatais " por Antonio Carlos Prado, Fabíola Perez e Laura Daudén O Ministério da Saúde se diz preocupado e com razão: nos primeiros seis meses deste ano o Brasil apresenta um número maior de vítimas fatais acometidas pelo vírus da gripe H1N1 em comparação a todo o ano passado. Entre janeiro e junho 51 pessoas morreram. Ao longo de 2011, registraram-se 27 mortes. Também na semana passada a conceituada revista científica "The Lancet Infectious Diseases" revelou que o número de falecimentos em todo o mundo em decorrência da pandemia da gripe aviária (H5N1) foi subestimado em 2009. A OMS sempre declarou cerca de 18,5 mil mortes. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Enfermidades de Atlanta, contabilizaram-se nada menos que 575.400 vítimas fatais. ISTO É | MEDICINA & BEM ESTAR DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 30/06/2012 Veja a matéria no site de origem Os direitos do paciente A Justiça estabelece regras para assegurar benefícios e mais segurança ao atendimento dos doentes nos hospitais e nos convênios médicos Mônica Tarantino e Monique Oliveira Quitação da casa própria, isenção de Imposto de Renda na aposentadoria, prioridade na tramitação de processos na Justiça, receber a cópia da receita digitada e obter remédios de alto custo sem ter de pagar nada por eles. Esses são apenas alguns dos direitos que os pacientes brasileiros podem ter, mas dos quais muitos não se beneficiam simplesmente porque os desconhecem. "As pessoas sabem pouco sobre os seus direitos. Vejo isso todos os dias aqui no hospital", lamenta o advogado Victor Hugo Neves, do Departamento Jurídico do Hospital A C Camargo, referência nacional no tratamento do câncer. Tratase, porém, de uma realidade que começa a mudar graças a um movimento cada vez mais consistente orquestrado pela Justiça, advogados e entidades representantes de pacientes cujo objetivo é justamente divulgar e fazer valer todos os benefícios que ajudam a garantir um atendimento médico seguro e de qualidade. Parte das iniciativas mais importantes está sendo executada na esfera da Justiça. É a ela que os cidadãos recorrem cada vez mais, e é dela que recebem, também cada vez mais, decisões favoráveis a seus pleitos. "É só por intermédio da Justiça que o paciente muitas vezes tem um tratamento de qualidade", diz a advogada Rosana Chiavassa, especializada em direito da saúde. Por conta da demanda, algumas decisões importantes estão sendo tomadas. Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo editou oito resumos contendo o entendimento dos juízes sobre alguns dos conflitos frequentes entre usuários de planos de saúde e operadoras. Esse mercado, que conta com 47,6 milhões de conveniados e 1.006 empresas, é o responsável pelo maior número de queixas que chegam aos tribunais. "No meu escritório, há cerca de 30 liminares concedidas a pacientes de convênio para uma dada a um usuário da rede pública", diz o advogado Julius Conforti, também especializado na área. As súmulas, como são chamados os resumos feitos pelo tribunal, afirmam que os juízes são favoráveis aos seguintes direitos, mesmo que não estejam previstos nos contratos dos planos: assistência home care, cirurgia plástica após realização de operação bariátrica, colocação de stents cardíacos, próteses e órteses, recebimento de quimioterapia oral, realização de exames e procedimentos envolvidos em doenças cobertas pelas operadoras, internação sem limite de tempo, ser informado pelo menos dez dias antes de descredenciamento por falta de pagamento e não sofrer reajuste por faixa etária a partir dos 59 anos. O impacto da manifestação será grande. "A súmula serve como uma informação pública sobre o entendimento majoritário do tribunal. Espera-se que os juízes sigam a direção apontada por ela", explica o desembargador Luiz Antônio Rizzatto Nunes, do Tribunal de Justiça de São Paulo. "E, quando um tribunal define uma súmula, tenta desestimular a prática de abusos pelas empresas." As decisões também podem ser utilizadas por tribunais de outros Estados para fundamentar suas sentenças. Decisões referentes a batalhas anteriores já se transformaram em jurisprudência. Um dos exemplos é sobre o que foi estabelecido na chamada "Lei dos Planos de Saúde", de 1998. Nela, estão especificados os tratamentos que os planos são obrigados a cobrir. As empresas defendiam que a norma só valia para contratos estabelecidos depois da lei. No entanto, em razão do número de ações na Justiça, ficou entendido que as regras valem para todos os contratos. "A data da assinatura do contrato é irrelevante", afirma o advogado Gilberto Bergstein, há 20 anos atuando na área. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo também participa do movimento que acontece na Justiça. "Estamos nos reunindo com magistrados para discutir a necessidade de criar comitês de especialistas para informar com profundidade os juízes", diz Arlindo de Almeida, presidente da entidade. A mobilização dos agentes envolvidos na defesa dos pacientes está resultando em outras conquistas. Há dois meses, uma lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff determina que os hospitais não podem exigir o cheque caução no momento da internação. Quem infringir a legislação poderá receber pena de detenção de três meses a um ano e multa. Também recentemente a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou portabilidade especial para pessoas demitidas sem justa causa e que querem permanecer no plano que tinham quando empregadas. Elas têm direito a ficar com o convênio por até dois anos após deixarem a empresa, dependendo do tempo de pagamento. E, com a resolução da ANS, dois meses antes do término do prazo o indivíduo pode mudar para outra operadora sem ter de cumprir carência. Outra medida da instituição foi determinar prazos para o atendimento. As consultas pediátricas, de clínica geral ou obstetrícia, por exemplo, devem ser realizadas em sete dias a partir do momento que o usuário buscou o médico. Além disso, a ANS disponibilizou um telefone 0800 para receber as queixas dos usuários desrespeitados nesse direito. "O critério tempo é simples e tangível para o consumidor medir o grau de acesso ao serviço que contratou", diz Maurício Ceschin, presidente da agência. No primeiro trimestre deste ano, a ANS recebeu cerca de três mil reclamações. "A operadora tem cinco dias para resolver a questão. Caso contrário, pode ser multada e até ter suspensa a comercialização do serviço em questão", diz Ceschin. Em alguns municípios, pacientes com câncer, Aids e doença renal crônica, por exemplo, estão isentos de pagar IPTU. Campos do Jordão, em São Paulo, é um deles. "Incentivamos as pessoas a procurar os vereadores para propor leis assim", diz Tiago Farina, diretor-jurídico do Instituto Oncoguia, especializado na assistência a doentes com câncer. "Também há projetos para atualizar a lista de doenças graves registrada no governo federal", afirma Luciana Camargo, diretora-executiva da instituição. Composta por enfermidades como câncer, esclerose múltipla e Parkinson, a lista serve de base para definir quais as doenças cujos pacientes podem se beneficiar com vários direitos, boa parte deles de cunho social. Um exemplo é o direito de pessoas com câncer de sacar o FGTS. A história da luta por melhores condições de atendimento é recente, se comparada a outras causas. "O Direito da Saúde começou na década de 50, com o começo dos programas de assistência de saúde nas empresas", conta Fernando Scaff, coordenador do curso de pós-graduação em direito da saúde da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. E, por se tratar de uma área dinâmica - os avanços na medicina são frequentes -, legisladores, advogados e juízes muitas vezes se veem entre um certo descompasso entre o que dizem as leis e o que a ciência já oferece. O problema se reflete principalmente quando se fala nos tratamentos que devem ser cobertos pelos planos. Muitas das novidades estão em uso, mas ainda não foram incluídas no rol da ANS do que deve ser pago. Um dos exemplos é a cirurgia robótica, técnica adotada em alguns casos por apresentar menores riscos. "Outro caso é o transplante de coração", diz a advogada Joana Cruz, do Instituto de Defesa do Consumidor. Em geral, as operadoras negam a cobertura a procedimentos do tipo, mas a chance de o conveniado obter na Justiça o seu custeio é grande. No âmbito público, essa discussão também aparece. Por isso, o Ministério da Saúde criou um comitê para avaliar a incorporação de novas tecnologias ao SUS, uma medida que deve repercutir na redução das demandas judiciais. Em 2011, o ministério foi citado em 12.811 ações judiciais com pedidos de medicamento, por exemplo. Para que a assistência seja mais efetiva é preciso superar alguns obstáculos. O primeiro é fazer com que mais gente conheça os direitos. "Os usuários dos planos acabam convencidos de que não têm direitos, deixam de receber tratamentos e pagam pelo que não devem", afirma Horácio Ferreira, advogado da saúde. "É enorme o número de pessoas que precisa de ajuda", diz Vinicius de Abreu, representante da ONG Saúde Legal.Brechas na legislação também impedem o alcance total da Justiça. No Procon de São Paulo, das 7,2 mil reclamações contra planos de saúde recebidas no ano passado, 950 não tiveram solução. "As operadoras se aproveitam das lacunas na legislação, em prejuízo do consumidor", diz Paulo Arthur Góes, diretor da instituição. E, mesmo quando a Justiça já garantiu o direito, pode haver dificuldades. "Muitos hospitais apresentam resistência à aceitação das liminares e só liberam o procedimento quando chega a autorização do plano", conta o advogado Julius Conforti. Nesses casos, o paciente pode chamar a polícia. Outro direito garantido, mas que também pode exigir esforço de quem quer usufruí-lo, é o acesso aos medicamentos de alto custo. Não é raro que o estoque dos postos de distribuição não esteja abastecido. "Mas, apesar dessas dificuldades, estamos avançando", diz o advogado Conforti. ÉPOCA | VIDA UTIL DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS 01/07/2012 "Tirei Brenda dos braços do sequestrador" O estoquista alex Carvalho, de 17 anos, conta como resgatouamenina desaparecida havia 15 dias Sou vizinho da família de Brenda há anos. Moramos na mesma rua da Mooca. Eles em ocupação irregular, e eu numa pensão. Joguei muita bola com os irmãos dela. duas semanas atrás, voltei do trabalho e estranhei os carros de reportagem em frente à casa dela. Minha vizinha Geisa estava desesperada porque a filha de 4 anos desaparecera num culto evangélico. Ela se distraiu, e Brenda sumiu. fiquei muito impressionado com o sumiço. Sei o que é perder alguém da família. Minha mãe, empregada doméstica, morreu de Tuberculose quando eu tinha 12 anos. Não sei quemémeu pai. Meu padrasto voltou para a Bahia. fiquei sozinho com dois irmãos mais novos. A gente vivia de favor numa pensão, com a ajuda de conhecidos. Minha irmã, de 2 anos, ficou comamadrinha.Omenino, de 3, foi para o conselho tutelar.Nunca mais soube dele. claro que eu sentia falta de uma família e queria ser adotado. Mas morria de medo do conselho tutelar. Achava que era igual à febem. Sobrevivi em cortiços e abrigos. Uma vez, pegou fogo numdeles e fiquei só com a roupa do corpo. Perdi as únicas fotos que tinha daminha família. Sei o que é ter uma família desfeita, talvez, por isso, o sumiço da Brenda tenhame tocado tanto. Não tirava isso da cabeça, trabalho como repositor numa bonbonnière na liberdade. fico oito horas por dia e ganho um salário de R$ 820. Já lavei pratos e fui camelô. Meu sonho é ser bombeiro. Não sou religioso, mas pedi um adiantamento de R$ 40 na loja em que trabalho para ir a uma romaria para Aparecida. Aproveitei para fazer uma prece pela menina. Na segunda-feira, dia 25, à tarde, um homem apareceu pedindo comida na porta da loja com uma menina no colo. Ela apontou para mim. tive certeza de que aquela menina era a Brenda, minha vizinha. falei para a minha patroa: "É a minha vizinha da televisão, aquela que foi sequestrada". Saí atrás deles. O cara estava na lanchonete ao lado da bombonière. Nem pensei emnada, só gritei: "Solta essa menina, você roubou ela". Ele se assustou, disse que era filha dele e pegaria o registro na carroça para provar. Perguntei à criança se seu nome era Brenda. Ela confirmou com a cabeça, chorando. tireiamenina do colo dele e liguei para a polícia. Ele fugiu pela avenida. Os policiais chegaram de viatura, reconheceram Brenda, anotaram meu nome e sumiram com ela.Voltei para o estoque alegre por ter feito uma coisa boa. Pouco depois,meu patrão me chamou. O caso estava na televisão, iam mostrar o herói que salvou a menina. Achei que falariam de mim, mas os policiais disseram que eles a tinham encontrado. Peguei minha bicicleta e fui até a delegacia. Estava lotado de câmeras. Me apresentei e avisei que eles estavam mentindo. Ajudei a fazer o retrato do cara e a procurá-lo pelas ruas. Assim que a imprensa soube, vieram atrás de mim. É engraçado ser famoso. Pedem para tirar foto comigo só porque meu gesto emocionou as pessoas. recebi oferta de emprego, de bolsa de estudo... Mas foi coisa de deus e muita sorte. Sei que mudei a vida de Brenda. Espero que a minha também mude. Em depoimento a Nathalia Ziemkiewicz ÉPOCA | IDÉIAS ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 01/07/2012 Imagem 1 O preço da liberdade Quer comer fast-food? Dirigir um carro poluidor? Comprar munição? Num mundo regido por taxas educativas - a ideia politicamente correta da moda -, você poderá. Bastará pagar, em imposto, pelo impacto de suas escolhas. Faz sentido? Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), aproveitou a presença de representantes de governos do mundo todo, no centro para desenvolvimento Global, em Washington, para falar sobre seu passado como dona de casa."Há 25 anos, tinha uma babá polonesa. Um dia, cheguei em casa e encontrei as torneiras abertas. Pedi à babá para fechá-las, pois a água custava muito caro,e ela respondeu que na Polônia era de graça." Christine contou sua história doméstica como argumento em favor de uma ideia que pretende mudar o planeta. Lagarde propôs a taxação de setores da economia conforme seus impactos ao meio ambiente, como complemento ao Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas para os países reduzirem as emissões de gás carbônico. Apesar de o Protocolo estar em vigor desde 2005, a adesão não foi ampla (o Brasil não aderiu) e seus resultados são insuficientes para combater o aquecimento global. Na proposta de Lagarde, as empresas pagariam caro pelo uso de fontes de energia com alta emissão de carbono, como o carvão em 2011, 30% da energia consumida no mundo, o maior percentual desde 1969, segundo um estudo da BP). O efeito positivo seria estimular o consumidor a comprar produtos feitos com energia "limpa", como a eólica. A cobrança proposta pelo FMI é ume xemplo de taxa educativa, uma ideia para regular as relações entre governos e a sociedade que ganha cada vez mais adeptos. O conceito das taxas educativas foi proposto em1920 pelo economista inglês Arthur Cecil Pigou, no livro A economia do bem- estar. Pigou percebeu que as relações comerciais envolvem mais queum mero negócio entre comprador e vendedor. Elas têm efeitos sobre a sociedade. "As fagulhas lançadas por um trem a carvão podem incendiar árvores próximas, afetando as cidades à margem da linha férrea", escreveu. "tais efeitos devem ser incluídos nos negócios como reconhecimento à sociedade pelo uso de seus recursos." Professor de Pigou, o economista AlfredMarshall apresentava como exemplo a água potável dos rios. Ela é de todos e não tem preço fixado, porque sua produção não custou dinheiro. Mas, se alguém poluir o rio, todos perderão qualidade de vida. As taxas educativas - ou pigouvianas - servem para embutir no preço de um produto seu custo para a sociedade. Aumentam a arrecadação, o que é bem-vindo para governos em crise. E, ao encarecer certas mercadorias, dirigem a escolha do consumidor para alternativas de menor impacto. "Essas taxas corrigem uma falha do capitalismo, ao incluir na conta o valor de bens como o ar que respiramos", afirma o economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca, professor titular do Insper. "A crise ambiental torna urgente a adoção desse tipo de tributo." Ao propor as taxas educativas, Pigou pensava em compensar impactos ao meio ambiente - e é essa hoje a principal aplicação de sua ideia. Em 1990, a Finlândia foi o primeiro país a criar uma taxa de carbono. Suécia, reino Unido, Nova Zelândia e Alemanha seguiram o exemplo. Mas as taxas pigouvianas pretendem ter propósitos mais amplos, como atenuar outras formas de impacto social e mesmo dirigir a conduta da sociedade. Inspiradas por Pigou, França e dinamarca impuseram taxas sobre alimentos pouco saudáveis, como refrigerantes e comida gordurosa.O princípio é que as doenças decorrentes da obesidade impõem prejuízos à sociedade, na forma de despesas médicas e perda de produtividade, e, por isso, seria razoável taxar esse impacto. Oliver Mytton, doutor em saúde pública da Universidade de Oxford, afirma que uma taxa de 20% sobre alimentos pouco saudáveis reduziria os níveis de obesidade entre adultos, nos Estados Unidos, em 10%. No reino Unido, diz ele, a medida evitaria a morte de 2.700 pessoas, por ano, por problemas cardíacos. Os adeptos da ideia de Pigou dizem que uma sociedade regida por taxas educativas não seria necessariamente mais cara. A pessoa pagaria mais por seu impacto, mas não arcaria com o custo dos danos causados pelos outros. Para entender o argumento, pense nos prédios de apartamentos equipados com um hidrômetro coletivo. A despesa de água é dividida igualmente por todos os condôminos, num cenário semelhante ao que ocorre no mundo de hoje em relação aos impactos ambientais. Se algum morador resolver poupar água, sua conta mudará pouco, pois a redução acaba diluída na conta total. Mas, quando cada morador desiste de economizar, a tendência para todos é gastar mais. Nos prédios com hidrômetros individuais, cada morador é premiado por suas economias e punido por seus excessos. Segundo a companhia de saneamento de São Paulo (Sabesp), a economia nesses prédios chega a 20%. Outra vantagem das taxas educativas seria tornar o mundo mais livre, ao evitar proibições. Um exemplo disso é a cobrança de pedágio urbano em londres, alternativa ao rodízio de automóveis conforme o final de placa, adotado em São Paulo. Emlondres, o cidadão é estimulado a deixar o carro na garagem o mês inteiro. Mas não é impedido de rodar. Para isso, basta pagar a taxa. Em São Paulo,o carro está proibido de rodar nos horários de pico um dia da semana -umsistema que ignora as urgências do motorista e não o incentiva a colaborar mais que o obrigatório. Outro possível efeito das taxas pigouvianas seria a pavimentação de um caminho para a legalização de drogas, Prostituição e jogos. "Muitas atividades são ilegais por trazer prejuízos à sociedade", afirma o psiquiatra Geoffrey Miller no livro Darwin vai às compras - Sexo, evolução e consumo. "Se esses prejuízos forem calculados e cobrados, na forma de taxas,a principal razão para proibir desaparece." Quando o impacto social de uma escolha é informado com clareza - e o preço é uma forma clara de comunicação -,o cidadão é convidado a ponderar prioridades, a tomar decisões e a arcar com consequências. Até escolhas banais, como entre batatas e tomates no supermercado, fazem diferença, embora o consumidor não tenha consciência do peso dessa escolha. como consequência do debate sobre as taxas educativas, um estudo da Universidade lancaster calculou a emissão de carbono em produtos à venda no reino Unido. Seus resultados não são aplicáveis no Brasil, por termos recursos naturais e fontes de energia distintos. Mas é válida a mensagem de que, ao escolher uma mercadoria ou outra para pôr no carrinho, o consumidor influencia o mundo. Em seu livro, Miller aplica a mesma ideia aos compradores de munição - cujo comércio é liberado nos Estados Unidos. Os americanos podem manter um arsenal em casa e pagam pouco por isso. Mas esse consumo tem grande impacto social. Miller calculou o custo das mortes por armas de fogo por ano, no país, e dividiu o valor pelo número de balas vendidas no mesmo período. Em vez de custar US$ 0,22, uma bala 9 milímetros deveria custar US$ 9. Por esse preço,diz Miller,muitas pessoas desistiriam de se armar. As taxas educativas dão liberdade ao cidadão, mas, ao mesmo tempo, podem também criar uma sociedade regida pelo paternalismo.Quando as alternativas consideradas piores são encarecidas artificialmente,o cidadão continua livre para escolher,mas sua escolha passa a ser influenciada pelo Estado. Isso tem seus prós e contras. O livro Nudge - O empurrão para a escolha certa, dos escritores Richard Thaler e Cass Sustein, fala das vantagens de influenciar as opções do público. "É errada a suposição de que, na maior parte do tempo, as pessoas escolhem o que é melhor para elas. Ora elas escolhem a opção ruim que está na frente delas, meramente por inércia. Ora escolhem errado por não ter informação suficiente para julgar." como exemplo, os autores apresentam os planos de saúde. O indivíduo pode não querer investir em um, mas é quase certo que perderá qualidade de vida com isso. O lado ruim da intervenção nas escolhas da sociedade é que o Estado frequentemente não é capaz de julgar a melhor opção - e as consequências desse erro de avaliação serão ampliadas, se ele for adotado como um padrão de comportamento. "Aplicações financeiras lastreadas no setor imobiliário americano eram consideradas um investimento seguro e, portanto, seria natural o governo dirigir opúblico para elas", afirma Raghuram Rajan, execonomista- chefe do FMI. Mas, se isso tivesse ocorrido, os efeitos do estouro da bolha imobiliária americana teriam sido muito piores. Milhões de pessoas fazendo a mesma aposta se assemelham a uma plantação de sementes clonadas: a praga que ataca uma espiga de milho derruba todo o milharal. "O sistema se torna mais resistente com variedade nas escolhas das pessoas", diz Rajan. Outro problema das taxas educativas é a dificuldade de calcular os impactos que elas pretendem compensar. Isso é especialmente difícil quando o assunto é meio ambiente. Christine Lagarde propõe taxar o carvão a ponto de seu custo ficar comparável ao de fontes mais limpas, como a energia solar. Ninguém duvida que o carvão é mais poluente, mas quanto? cobrar uma taxa de compensação maior que o impacto seria injusto com a indústria carvoeira e temerário para a sociedade. Se a taxação for além do necessário,o efeito positivo não compensará o sacrifício. As taxas educativas também podem ter o efeito negativo de encarecer os produtos e criar desemprego - na Austrália, as taxas de carbono devem aumentar a inflação de 2012 em 0,7%. As taxas sobre emissões são uma ideia que muitos apoiam na teoria, mas poucos aceitam na prática. Na Europa e nos Estados Unidos, elas já foram várias vezes propostas e depois vetadas. A taxação do carbono foi aprovada na Austrália, mas deve custar a reeleição da primeira-ministra, Julia Gillard. Favorito à sua sucessão, o oposicionista Tony Abbott promete rever a lei. Se adotar taxas de carbono dentro de um país é complicado, adotá-las no comércio entre países, como propõe o FMI, é ainda mais. Um obstáculo sério é que nenhum país senta-se à mesa para perder. Encarecer fontes de energia suja mudaria o jogo de forças no comércio internacional. Sua adoção seria ótima para o Brasil, dono da matriz energética mais limpa entre as dez maiores economias do mundo. "Dependendo do peso que se dê ao impacto ambiental,o país poderia ficar tão competitivo quanto a China", diz Ernesto Cavasin Neto, gerente executivo da consultoria Pricewatherhouse e autor do livro Toneladas sobre os ombros."Mas a produção industrial da África do Sul ficaria inviável do dia para a noite, porque a energia elétrica daquele país é baseada em fontes como carvão e petróleo." Apesar do empurrão inicial dado pelo FMI, a adoção das taxas educativas projeta um debate longo. Elas permitem influenciar o comportamento de pessoas e empresas em favor de ganhos para a sociedade e para a natureza, sem impor a rígida barreira das proibições. Dão ao indivíduo autonomia e informação para participar ativamente dos rumos do mundo. Mas não são perfeitas. Os critérios para calcular o impacto a compensar são imprecisos, assim como a avaliação de seus benefícios futuros. E a adoção dessas taxas sempre será alvo de disputa, porque elas levam à escolha de novos vencedores e perdedores, entre países e empresas. CARTA CAPITAL | A SEMANA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 30/06/2012 O triste espetáculo da "cura gay" Como previsto, terminou em tumulto a audiência pública realizada na quinta-feira 28, no Congresso, para discutir a proposta de decreto conhecido como "Cura Gay". De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), o projeto tem o objetivo de permitir que psicólogos trabalhem no tratamento da Homossexualidade. O Conselho Federal de Psicologia proíbe os profissionais da área de propor a cura para o que não considera ser uma doença, além de alertar que a estapafúrdia tese reforça o preconceito. "Ser cristão não significa ser alienado", bradou a psicóloga Marisa Lobo, adepta da "cura gay" Acabou interrompida pelas vaias de manifestantes. O bate-boca estendeu-se em todos os depoimentos. Por fim, integrantes do movimento gay foram retirados à força do plenário por seguranças. Protestavam contra o relator do projeto, Roberto de Lucena (PV-SP), que se limitou a ler trechos de um manifesto de repúdio encaminhado pelo Conselho de Psicologia, e não a íntegra do texto. ISTO É DINHEIRO | ECONOMIA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 30/06/2012 Imagem 1 Veja a matéria no site de origem Dilma compra tudo Governo antecipa compras para estimular a indústria, gasta R$ 8,4 bilhões e reduz a TJLP. Saiba quem ganha com isso. Por Denize BACOCCINA e Guilherme QUEIROZ A previsão do Banco Central, na quinta-feira 28, deu o tom do que se pode esperar para este ano de 2012: a expansão da economia foi reduzida de 3,5% para 2,5%, em linha com as expectativas do mercado. Alarmada com a atividade mais fraca e convicta da necessidade de se aumentar os investimentos, a presidenta Dilma Rousseff já havia decidido que era hora de o governo usar sua influência para estimular as empresas nacionais. Numa cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto com empresários, governadores e prefeitos na quarta-feira 27, Dilma anunciou o PAC Equipamentos, que inclui compras de caminhões, máquinas agrícolas e veículos blindados para as Forças Armadas (veja quadro ao final da reportagem). No total, o governo vai gastar R$ 8,4 bilhões no segundo semestre. Uma parte dos recursos já estava prevista, mas R$ 6,6 bilhões estão sendo antecipados de orçamentos futuros. "Uma política de compras governamentais é, neste momento, sobretudo uma afirmação de que nós temos mecanismos para enfrentar a crise, e vamos usá-los sem nenhuma restrição", afirmou a presidenta. No dia seguinte, foi a vez da agricultura, com R$ 115,2 bilhões de financiamento para plantio, armazenamento e comercialização da safra 2012/2013. Os juros, que no ano passado estavam em 6,75%, caíram para 5,5%. E, para coroar o pacote de bondades, o governo ainda renovou o IPI menor para a linha branca, móveis e outros itens cuja validade terminaria na virada do mês. Além dos estímulos a setores específicos, outra decisão ajudará praticamente todas as empresas que investiram nos últimos anos e as que pretendem colocar o pé no acelerador. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que remunera os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), caiu dos atuais 6% para 5,5% ao ano, que na prática se aproxima de uma taxa real zero. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a medida vai beneficiar tomadores de R$ 480 bilhões em financiamentos do banco. "É mais um passo na redução dos custos de capital no Brasil", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. "É um incentivo positivo para a taxa de retorno dos projetos, especialmente de infraestrutura e de longa maturação." O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, elogiou a política de desoneração dos investimentos. "É isso que vai manter os empregos e fazer o País se desenvolver", diz Andrade. O pacote de compras oficiais representa apenas 1% de todo o investimento do ano passado. Mas é uma peça importante numa série de medidas contra-cíclicas que o governo tem tomado para espantar a crise que vem de fora. Entre os empresários, a repercussão foi positiva. Vários setores vinham buscando a atenção do governo por causa da forte concorrência dos importados. É o caso dos fabricantes de equipamentos médicos, que poderão oferecer produtos até 25% mais caros que os importados nas licitações do Ministério da Saúde. "Foi extremamente positivo, mas o impacto não é imediato", diz Paulo Fraccaro, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). "Esperamos uma recuperação no próximo ano."ATAQUE NA DEFESA Outro setor beneficiado é o de defesa, que terá direito a R$ 1,5 bilhão para aquisição de materiais para as Forças Armadas. O valor terá impacto, principalmente, sobre duas empresas, a Avibrás e a Iveco, que fabricam, respectivamente, o lança-mísseis Astro 2020 e o blindado Guarani. "Essa encomenda nos dá escala e garante um bom horizonte de produção", diz Alexandre Bernardes, gerente de relações governamentais do Grupo Fiat, dono da Iveco, que inaugura uma fábrica em outubro em Sete Lagoas, em Minas Gerais. Quem também ganha fôlego com as medidas são os fabricantes de ônibus, que amargavam queda de 9,9% nas vendas nos primeiros cinco meses deste ano. Segundo José Martins, vice-presidente da Marcopolo e presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Ônibus, as empresas previam vender 33 mil unidades neste ano, meta que será facilmente superada com a compra de 8.570 ônibus escolares previstos no PAC. "É 25% a mais do que prevíamos", diz Martins. "Vai dar uma sacudida na demanda." Os fabricantes de móveis, por sua vez, aguardavam ansiosamente a prorrogação do IPI zero para o setor, pois a desoneração ainda não tinha surtido o efeito esperado. "Os estoques estavam muito elevados quando o governo editou a medida, em março", diz José Luiz Fernandez, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). O setor de eletrodomésticos também não abre mão da redução do IPI da linha branca. O incentivo fiscal é considerado imprescindível pelos empresários para compensar, ao menos parcialmente, a retração do crédito. Confiante na retomada econômica, o vice-presidente de Relações Institucionais da Whirlpool, Armando do Valle Jr., mantém os investimentos previstos no Brasil. "Lançamos um produto a cada duas semanas", diz Valle. "Não posso divulgar o volume de investimentos, mas garanto que é maior do que o do ano anterior." O otimismo da Whirlpool, que detém as marcas Brastemp e Consul, coincide com o horizonte traçado pelas autoridades. O mesmo Banco Central que reduziu a projeção para o PIB neste ano prevê que a economia estará crescendo num ritmo de 4,5% no início de 2013. É de olho nesta expansão que o setor privado não deixa de investir. AGÊNCIA NORDESTE | NOTÍCIAS ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 01/07/2012 Veja a matéria no site de origem Proposta amplia pena por exploração sexual A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) deve analisar, na próxima quarta-feira (27), projeto que amplia a punição pela exploração sexual de crianças e adolescentes. A proposta (PLS 495/2011), do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer pena de reclusão de seis a 12 anos mais pagamento de multa para quem submeter menores a Prostituição ou explorá-los sexualmente. Hoje, essa punição vai de quatro a dez anos, mais multa. Essa pena ampliada também será aplicada a quem facilitar ou estimular tais práticas pela internet e aos proprietários, gerentes e responsáveis pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente à exploração sexual. O projeto prevê, ainda, parceria entre a União, os estados e os municípios para a promoção de campanhas educativas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e certificação - mediante selo indicativo - de iniciativas que ajudem na repressão a esse tipo de crime. Além do estatuto, a Política Nacional de Turismo (Lei 11.771/2008) será modificada para inserir a exploração sexual de crianças e adolescentes como prática a ser combatida nas ações públicas para o setor. O relator do projeto na CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que a matéria está em consonância com as preocupações manifestadas em 2000 por meio do Protocolo Facultativo para a Convenção sobre os Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas, subscrito pelo Brasil. A matéria tem decisão terminativa na CCJ. Locatários Outra matéria em pauta na CCJ estabelece que pessoas ou empresas que vivem da locação de bens podem ficar isentas da obrigação de contribuir solidariamente com indenizações em decorrência de danos causados pelo locatário a terceiros. É o que prevê o PLS 405/2009, do então senador Renato Casagrande (PSB-ES). De acordo com o Código Civil (Lei 10.406/2002), quando há dano a uma terceira pessoa causado pelo uso de um bem alugado, o proprietário responde de forma solidária e pode ser obrigado a pagar por isso. O texto do projeto acrescenta dispositivo à lei dizendo que a responsabilidade solidária só permanecerá quando o próprio locador tiver causado o dano, seja por dolo (conduta intencional) ou culpa (inadvertência ou descaso). O projeto se aplica a qualquer relação locatícia, mas a justificação do autor está centrada na locação de veículos. A Súmula 492 do Supremo Tribunal Federal (STF), que vem servindo de base para responsabilização solidária das locadoras de veículos em acidentes com os carros alugados elege o princípio da responsabilidade presumida do locador de veículo. O relator do projeto, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), favorável à proposição, argumenta que nenhum dispositivo do Código Civil preconiza a responsabilidade objetiva e solidária dos locadores de automóveis pelos prejuízos causados pelos locatários a terceiros. Portanto, argumenta em seu relatório, o que deve prevalecer é a regra geral, que requer haver dolo ou culpa na conduta do agente para a configuração do dever de indenizar. A proposta recebe decisão terminativa na CCJ. Agência Senado AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS | NOTÍCIAS DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS 01/07/2012 Veja a matéria no site de origem Pesquisadores italianos conseguem controlar o vírus HIV em pesquisa com primatas, informa Correio Braziliense Pesquisadores do ISS (Instituto Superior de Saúde) da Itália conseguiram controlar, pelo menos momentaneamente, o vírus HIV, informou o Correio Braziliense. "Fomos capazes de reduzir a carga viral a um nível 100 vezes menor que o normal com a ausência de medicamentos", explica o líder da pesquisa, Andrea Savarino. Segundo o jornal, os pesquisadores desenvolveram um coquetel com drogas que atualmente já tratam o HIV e administraram a nova combinação durante seis meses em primatas. Após esse período, o tratamento foi completamente suspenso. Há nove meses, os animais continuam com os níveis de infecção baixos, como se estivessem ainda recebendo os remédios. A chave para a redução duradoura da carga viral foi a capacidade da combinação de substâncias de reduzir o reservatório viral. "Essa reserva é responsável pelo "arquivamento" de todos os vírus possíveis que podem ser despertados uma vez que as terapias sejam suspensas", explica o pesquisador. Leia a matéria na íntegra: Suspensão segura do coquetel Numa guerra em que o homem precisa lutar com um inimigo microscópico é de se esperar que tamanho não seja documento. Pois isso se provou verdade mais uma vez nesta semana, quando um grupo de cientistas italianos, com poucos incentivos e apoio, se comparado aos grandes centros de pesquisa norte-americanos e europeus, conseguiu dar um passo decisivo na busca de um tratamento para a Aids. Pesquisadores do Instituto Superior de Saúde (ISS) da Itália conseguiram controlar, pelo menos momentaneamente, o vírus HIV. "Fomos capazes de reduzir a carga viral a um nível 100 vezes menor que o normal com a ausência de medicamentos", explica o líder da pesquisa, Andrea Savarino. Os pesquisadores desenvolveram um coquetel com drogas que atualmente já tratam o HIV e administraram a nova combinação durante seis meses em primatas. Após esse período, o tratamento foi completamente suspenso. Há nove meses, os animais continuam com os níveis de infecção baixos, como se estivessem ainda recebendo os remédios. "Nosso modelo faz o HIV chegar a níveis indetectáveis, tão baixos quanto o de pacientes que estão utilizando tratamento", explica o pesquisador italiano, que lembra que um mês na vida do animal corresponde a vários meses no ciclo de vida humano. As cobaias continuam em observação. A chave para a redução duradoura da carga viral foi a capacidade da combinação de substâncias de reduzir o reservatório viral. "Essa reserva é responsável pelo "arquivamento" de todos os vírus possíveis que podem ser despertados uma vez que as terapias sejam suspensas", explica o pesquisador. "Se o tamanho dessa unidade é trazida para baixo de um certo nível, o sistema imunitário se torna capaz de controlar o vírus", completaSavarino. Assim, embora o indivíduo continue portador do HIV, a quantidade do vírus fica tão baixa que o corpo, pelo menos durante o efeito do tratamento inicial, não desenvolve a doença. A pesquisa, que representa um passo importante para uma solução definitiva para a Aids, contudo, pode estar ameaçada. O grupo liderado por Savarino perdeu as principais fontes de financiamento internacional antes de ela ser publicada na edição desta semana da revista Plos Pathogens, uma das mais influentes do mundo. "Apesar disso, acreditamos que, com o curto financiamento do governo italiano, conseguiremos avançar com a pesquisa com ensaios clínicos", conta o especialista. O planejamento dos cientistas é, até meados do ano que vem, melhorar o modelo de combinação das drogas. A etapa seguinte será os ensaios clínicos em humanos, que devem começar ainda em 2013. "Também pretendemos continuar os estudos com macacos, não apenas para reduzir, mas para erradicar o vírus", conta Savarino. "Essa será a única forma de livrar as pessoas vivendo com HIV/Aids do estigma. Acho que será mais fácil erradicar o HIV do que eliminar a discriminação", completa. (MMM) "Nosso modelo faz o HIV chegar a níveis indetectáveis, tão baixos quanto o de pacientes que estão utilizando tratamento" Andrea Savarino, pesquisador do Instituto Superior de Saúde da Itália Fonte: Correio Braziliense AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS | NOTÍCIAS ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 01/07/2012 Veja a matéria no site de origem Governo retoma mutirão de cirurgias, informa Estado de S. Paulo O Ministério da Saúde vai retomar os mutirões de cirurgia em todo o País.Segundo o Estado, a estratégia integra um pacote de medidas que a pasta lança amanhã para reduzir o tempo de espera de operações que não são consideradas de emergência, como as de próstata, catarata e varizes. Entre as medidas previstas estão o aumento de recursos para Estados e municípios e uma mudança na forma de repasses. As alterações permitirão que as secretarias organizem mutirões para cirurgias em especialidades que hoje apresentam longa espera. Leia matéria na íntegra no site do Estado de S. Paulo. Fonte: Estado de S. Paulo AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS | NOTÍCIAS DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS 01/07/2012 Veja a matéria no site de origem Novo método de prevenção do HIV para mulheres será estudado nos próximos meses, informa Correio Braziliense Será iniciada nos próximos dias uma pesquisa que poderá resultar em uma nova forma de prevenção do HIV específica para mulheres, informou o jornal Correio Braziliense. Denominada The Ring study (o estudo do anel), o novo método é baseado em utilizar um pequeno arco de silicone equipado com uma poderosa carga de 25mg de medicamentos Antirretrovirais. A expectativa dos pesquisadores é de que esta nova técnica consiga barrar a entrada do vírus no corpo das mulheres. Anel vaginal impede infecção por HIV Embora já existam métodos completamente eficazes para a prevenção do HIV - vírus da Aids, que causa a debilidade do sistema imunológico e pode levar à morte -, controlar o avanço do mal em alguns grupos, como as mulheres, vem sendo um desafio para governos de todo o mundo. Sem acesso à segurança e, em vários casos, ao direito de controlar sua saúde reprodutiva, mulheres, em especial as das regiões mais pobres, como a África, são contaminadas muitas vezes dentro de casa, pelos companheiros. Na tentativa de dar mais independência e proteção a elas, uma nova rodada de pesquisas deve ser iniciada nos próximos dias. Batizada de Thering study - algo como O estudo do anel -, a pesquisa poderá resultar em um novo método de proteção contra a Aids a ser usado por mulheres de maneira independente. O anel ao que o título se refere é um pequeno arco de silicone equipado com uma poderosa carga de 25mg de medicamentos Antirretrovirais (ARV"s), os mesmos utilizados no tratamento de pacientes soropositivos e que ajudam a manter a carga viral baixa. O instrumento liberará uma pequena parte dessa carga viral diariamente durante 28 dias - tempo de duração do ciclo menstrual -, quando poderá ser substituído. A expectativa dos pesquisadores é de que o medicamento consiga barrar a entrada do vírus no corpo feminino e mantenha a saúde da mulher intacta, mesmo após relação com parceiro infectado pelo HIV sem o uso de Camisinha. A estratégia baseia-se em outros anéis que vêm sendo desenvolvidos para a prevenção da gravidez indesejada e, em um estudo prévio feito com três mulheres na Europa, se mostrou eficaz. "ARV"s como o dapivirineprometem uma oferta enorme para a prevenção do HIV. Pelo fato de o anel só precisar ser substituído uma vez por mês, ele tem o potencial para encorajar o seu uso consistente e fornecer proteção de longa duração", ressaltou Zeda Rosenberg, diretora executiva da Parceria Internacional para Microbicidas (IPM, na sigla em inglês), instituição que lidera o projeto. "Com a colaboração de múltiplos doadores e de centros de pesquisa clínica, pretendemos dar às mulheres em risco de infecção a capacidade de se proteger da forma mais conveniente e eficaz possível", completa. Nos próximos meses, 1.650 mulheres africanas de 18 a 45 anos vão receber os anéis. Dessas, 1,1 mil ficarão com a estrutura carregada de Antirretrovirais, enquanto 550 usarão placebo. Nem elas nem os pesquisadores que lidarão diretamente com as participantes saberão de que grupo cada uma das voluntárias fará parte. Além disso, cerca de 3,5 mil mulheres em Malauí, na África do Sul, em Uganda, na Zâmbia e no Zimbábue serão cadastradas para a próxima fase do estudo e poderão receber os métodos experimentais assim que ele for regulamentado em seus países. As participantes da pesquisa serão orientadas a manter os hábitos sexuais. Caso as duas etapas da pesquisa obtenham sucesso, o método poderá ser disponibilizado gratuitamente para mulheres ao redor do mundo. "Acreditamos que o anel tem o potencial de ser revolucionário para as mulheres, especialmente na África", comemora Annalene Nel, chefe do Escritório Médico da IPM. "Esse produto pode expandir o menu de opções de prevenção do HIV e dar às mulheres uma maneira muito prática para proteger sua própria saúde", completa a médica. Risco triplicado Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que o risco de transmissão do HIV é três vezes maior em mulheres com vaginose bacteriana em comparação às pacientes saudáveis. Segundo a pesquisa, publicada na edição desta semana da revista PLoS Medicine, mais estudos são necessários para a criação de melhores formas de detecção e tratamento da vaginose, uma doença bastante comum na África Subsaariana, justamente a região do mundo onde a Aids é mais prevalente. Fonte: Correio Braziliense AGÊNCIA BRASIL | CULTURA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 06:30 Veja a matéria no site de origem Festival de cinema feminino no Rio destaca tema da sexualidade Isabela Vieira Repórter da EBC Rio de Janeiro - Com cerca de 90 filmes em cartaz, além de debates com o público, começa amanhã (3), no Rio, o 9º Festival Internacional de Cinema Feminino (Femina). Até domingo (8), filmes com foco na questão da Sexualidade, a maioria dirigidaa por mulheres, serão exibidos no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, no centro. A mostra exibirá filmes brasileiros e estrangeiros selecionados entre os 800 inscritos - número recorde - e em festivais internacionais. A principal temática é a Sexualidade que, de acordo com a curadora Paula Alves, apareceu espontaneamente. "Todo ano tem um tema que se destaca entre os selecionados. Este ano, especialmente, recebemos muitos filmes sobre essa questão", explicou. A abertura terá a pré-estreia no Brasil do longa Histórias Que Só Existem Quando Lembradas, da diretora Julia Murat. Ambientado no Vale do Paraíba, narra o encontro da padeira Madalena com uma jovem fotógrafa. Já recebeu dezenas de prêmios, entre eles os de melhor filme e de melhor atriz (para Sônia Guedes) do Festival de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Entre os filmes brasileiros, a curadora indica o Irina, da diretora Sabrina Greve. O filme conta a história de uma jovem que vive sozinha na cidade de São Paulo, trabalhando em uma loja de aquários, que sonha em conhecer a Rússia. Sua vida se transforma quando ela ganha um concurso para conhecer Moscou. Dos filmes estrangeiros, a maioria inéditos no Brasil, estão entre os mais esperados o turco Zefir, sobre uma adolescente de temperamento forte, que é obrigada a viver durante um tempo com os avós, e o libanês Os Três Desaparecimentos de Soad Hosni. Ele traça um perfil da atriz egípcia que dá nome ao filme, em toda a sua complexidade e com seus paradoxos. O Femina também apresenta um filme sobre a polêmica crítica de teatro Bárbara Heliodora, o Bárbara em Cena, cuja exibição antecede a discussão com o público sobre o tema identidade. "O filme é sobre como ela se posiciona como crítica, uma pessoa supertemida pela classe artística, e como mulher", disse Paula Alves . Também será tema de discussões com o público e especialistas o feminismo, após exibição de um vídeo sobre a campanha política da diretora da organização não governamental Davida e da grife Daspu, Gabriela Leite. Dentro da programação consta ainda uma homenagem à atriz Zezé Mota, com a exibição do filme que a consagrou, Xica da Silva (1976), de Cacá Diegues, domingo (8), às 18h. Uma pequena mostra para crianças e adolescentes, com temas variados, será realizada também no domingo, às14h, na Caixa Cultural. Os ingressos custam R$ 2 a inteira. A lista completa de filmes pode ser consultada no site do festival. *Colaborou Paulo Virgílio//Edição: Graça Adjuto TERRA | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 06:24 Veja a matéria no site de origem Bob Marley será mais uma estrela da música retratada no cinema Narrar o melhor da música através do melhor cinema é uma combinação vencedora à qual recorre Kevin MacDonald em "Marley", documentário em que o autor de "O Último Rei da Escócia" segue os passos de outros cineastas como Martin Scorsese, Jonathan Demme e Wim Wenders, que mergulharam nos arquivos de seus ídolos musicais. Desde "The Glenn Miller Story", com James Stewart, e "A Canção Inesquecível", com Cary Grant encarnando um Cole Porter sem qualquer indício de Homossexualidade; até o magistral "Amadeus", de Milos Forman, que ganhou oito Oscars, passando por "The Doors", de Oliver Stone, o cinema recorreu a mestres da música para inspirar seus filmes. Mas nos últimos anos muitos cineastas preferiram abordar seus ídolos através do gênero documentário, o que os transforma em privilegiados admiradores com acesso ao material musical e pessoal dessas estrelas da música até compor histórias, algumas mais oficiais do que outras, mas todas igualmente apaixonantes. Assim entendeu Kevin MacDonald, diretor que deslumbrou o público com "O Último Rei da Escócia" mas que, na realidade, já tinha ganhado um Oscar como documentarista em "One Day in September", sobre o mesmo fato histórico que inspirou Steven Spielberg em "Munique". Em "Marley", partindo do convívio familiar do cantor de "No Woman, No Cry", o diretor maneja com grande talento dramático o material de arquivo e faz uma emocionante viagem pela história da Jamaica, pela arte como salvação e por um posicionamento dentro da sociedade que seja alheio aos costumes estabelecidos pelo Ocidente. Se em "Amadeus" Forman fazia um inquietante estudo da mediocridade e da inveja, MacDonald desvia o olhar para a politização dos ídolos de massas e a liberdade sentimental. Tudo isso, claro, com uma excelente trilha sonora. Sua técnica não é muito diferente da de Martin Scorsese, cada vez mais melômano que cinéfilo, que se aproximou de The Band, de Bob Dylan, filmou um show dos Rolling Stones e realizou uma vibrante radiografia espiritual de George Harrison em "George Harrison: Living in the Material World", da "HBO". Scorsese, acostumado a assinar com seu estilo seus filmes de ficção, se apega ao material preexistente e a compilação de declarações para produzir obras que nem por isso deixam de ser puro cinema. Algo parecido acontece com Wim Wenders, cineasta que adota um cinema poético em títulos como "Paris, Texas", mas que como documentarista rendeu uma homenagem a Compay Segundo e Eliades Ochoa em "Buena Vista Social Club", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Já o que Jonathan Demme fez por Neil Young pode ser definido como verdadeira obsessão. O ganhador do Oscar por "O Silêncio dos Inocentes" já realizou três documentários sobre o músico canadense: "Neil Young: Heart of Gold", "Neil Young Trunk Show" e "Neil Young Journeys". Cameron Crowe rodou um documentário sobre a banda grunge Pearl Jam, e Peter Bogdanovich se rendeu à magia de Tom Petty em "Tom Petty and the Heartbreakers: Runnin"" Down a Dream". Mas essa tendência, na realidade, foi inaugurada pelo mestre da nouvelle vague Jean-Luc Godard. O diretor de "Acossado", muitos anos antes de Scorsese, filmou "Sympathy for the Devil" com os Rolling Stones, documentário de 1968 que fala da contracultura ocidental e do grupo radical Panteras Negras, para ir além da música de "suas satânicas majestades" e tecer uma profunda reflexão intelectual. Algo quase tão atípico como o que fez o espanhol Isaki Lacuesta quando quis fazer um documentário sobre o cantor de flamenco José Monge Camarón e viu que Jaime Chávarri já estava fazendo um filme de ficção. O diretor de "Los Pasos Dobles" optou então por retratar a vida de três personagens atravessados pela obra de Camarón e filmou assim um de seus melhores e mais emotivos títulos, "La Leyenda del Tiempo". Ainda assim, o amante da música oficial do cinema espanhol sempre será Fernando Trueba, grande fã de artistas como Diego El Cigala, Carlinhos Brown, Bebo Valdés e Niño Josele, que dirigiu "Calle 54", "Blanco y Negro" e "El Milagro de Candeal". EFE msc/cs/dr-ma G1 | ITAPETININGA E REGIÃO ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 07:10 Veja a matéria no site de origem SUS aprova tratamento ortopédico de alta complexidade em Itapeva, SP Pacientes da região serão encaminhados à Santa Casa da cidade.O credenciamento foi aprovado pelo Ministério da Saúde. A Santa Casa de Itapeva (SP) foi homologada como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia, credenciada pelo Ministério da Saúde (MS). Com isso, passa a ser considerada unidade de referência na região Sudoeste do estado. O credenciamento foi publicado no Diário Executivo de São Paulo, após a deliberação da Comissão de Intergestores Bipartite do estado de São Paulo e permitirá que pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) sejam atendidos em procedimentos ortopédicos mais complexos, que passarão a ser realizados na Santa Casa. De acordo com o superintendente da Santa Casa, Aristeu de Almeida Camargo Filho, esse é um passo muito importante na ampliação da assistência hospitalar aos pacientes da região. Ainda segundo o especialista, a unidade faz o atendimento de aproximadamente 10 mil casos por anos, e 80% desses atendimentos são destinados aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo Aristeu a abertura do novo serviço irá dinamizar a ortopedia de forma a atender a uma grande demanda e, conseqüentemente, reduzir as filas de espera por cirurgias ortopédicas. "Poucos hospitais oferecem esse tipo de tratamento. Nesse momento em que obtivemos o credenciamento do Ministério da Saúde, aguardamos somente a liberação de verbas para que possamos dar andamento ao processo", conclui. Para o médico-chefe do setor de Ortopedia da Santa Casa, Dr. Laudo Scultz Júnior, o credenciamento é de grande importância para a região. "Não estávamos tendo boa resolutividade com os hospitais referenciados, para os quais encaminhávamos nossos pacientes. A demanda é muito grande. Já fazíamos cirurgias de alta complexidade para a rede privada, e agora teremos a oportunidade de atender também aos pacientes do SUS. Temos estrutura física-hospitalar e equipamentos modernos, capazes de suprir mais de 80% de casos de cirurgias de traumato-ortopedia", afirma. G1 | ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 06:27 Veja a matéria no site de origem Bob Marley será mais uma estrela da música retratada no cinema (Pop & Arte) Mateo Sancho Cardiel. Madri, 2 jul (EFE).- Narrar o melhor da música através do melhor cinema é uma combinação vencedora à qual recorre Kevin MacDonald em "Marley", documentário em que o autor de "O Último Rei da Escócia" segue os passos de outros cineastas como Martin Scorsese, Jonathan Demme e Wim Wenders, que mergulharam nos arquivos de seus ídolos musicais. Desde "The Glenn Miller Story", com James Stewart, e "A Canção Inesquecível", com Cary Grant encarnando um Cole Porter sem qualquer indício de Homossexualidade; até o magistral "Amadeus", de Milos Forman, que ganhou oito Oscars, passando por "The Doors", de Oliver Stone, o cinema recorreu a mestres da música para inspirar seus filmes. Mas nos últimos anos muitos cineastas preferiram abordar seus ídolos através do gênero documentário, o que os transforma em privilegiados admiradores com acesso ao material musical e pessoal dessas estrelas da música até compor histórias, algumas mais oficiais do que outras, mas todas igualmente apaixonantes. Assim entendeu Kevin MacDonald, diretor que deslumbrou o público com "O Último Rei da Escócia" mas que, na realidade, já tinha ganhado um Oscar como documentarista em "One Day in September", sobre o mesmo fato histórico que inspirou Steven Spielberg em "Munique". Em "Marley", partindo do convívio familiar do cantor de "No Woman, No Cry", o diretor maneja com grande talento dramático o material de arquivo e faz uma emocionante viagem pela história da Jamaica, pela arte como salvação e por um posicionamento dentro da sociedade que seja alheio aos costumes estabelecidos pelo Ocidente. Se em "Amadeus" Forman fazia um inquietante estudo da mediocridade e da inveja, MacDonald desvia o olhar para a politização dos ídolos de massas e a liberdade sentimental. Tudo isso, claro, com uma excelente trilha sonora. Sua técnica não é muito diferente da de Martin Scorsese, cada vez mais melômano que cinéfilo, que se aproximou de The Band, de Bob Dylan, filmou um show dos Rolling Stones e realizou uma vibrante radiografia espiritual de George Harrison em "George Harrison: Living in the Material World", da "HBO". Scorsese, acostumado a assinar com seu estilo seus filmes de ficção, se apega ao material preexistente e a compilação de declarações para produzir obras que nem por isso deixam de ser puro cinema. Algo parecido acontece com Wim Wenders, cineasta que adota um cinema poético em títulos como "Paris, Texas", mas que como documentarista rendeu uma homenagem a Compay Segundo e Eliades Ochoa em "Buena Vista Social Club", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Já o que Jonathan Demme fez por Neil Young pode ser definido como verdadeira obsessão. O ganhador do Oscar por "O Silêncio dos Inocentes" já realizou três documentários sobre o músico canadense: "Neil Young: Heart of Gold", "Neil Young Trunk Show" e "Neil Young Journeys". Cameron Crowe rodou um documentário sobre a banda grunge Pearl Jam, e Peter Bogdanovich se rendeu à magia de Tom Petty em "Tom Petty and the Heartbreakers: Runnin" Down a Dream". Mas essa tendência, na realidade, foi inaugurada pelo mestre da nouvelle vague Jean-Luc Godard. O diretor de "Acossado", muitos anos antes de Scorsese, filmou "Sympathy for the Devil" com os Rolling Stones, documentário de 1968 que fala da contracultura ocidental e do grupo radical Panteras Negras, para ir além da música de "suas satânicas majestades" e tecer uma profunda reflexão intelectual. Algo quase tão atípico como o que fez o espanhol Isaki Lacuesta quando quis fazer um documentário sobre o cantor de flamenco José Monge Camarón e viu que Jaime Chávarri já estava fazendo um filme de ficção. O diretor de "Los Pasos Dobles" optou então por retratar a vida de três personagens atravessados pela obra de Camarón e filmou assim um de seus melhores e mais emotivos títulos, "La Leyenda del Tiempo". Ainda assim, o amante da música oficial do cinema espanhol sempre será Fernando Trueba, grande fã de artistas como Diego El Cigala, Carlinhos Brown, Bebo Valdés e Niño Josele, que dirigiu "Calle 54", "Blanco y Negro" e "El Milagro de Candeal". EFE FOLHA ONLINE | CIÊNCIA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 04:00 Imagem 1 Veja a matéria no site de origem Dieta mediterrânea "abrasileirada" ajuda o coração Uma dieta mediterrânea à brasileira, que substitui atum, castanhas e azeite extravirgem por alimentos baratos e acessíveis no país, como sardinha, milho, sopa de feijão e tapioca. Esse é o projeto do HCor (Hospital do Coração), em parceria com o Ministério da Saúde. A ideia é lançar no país uma dieta com alimentos de baixo custo e presentes na rotina dos brasileiros para a prevenção de doenças cardiovasculares em pessoas que já tiveram infarto ou derrame ou que correm maior risco de sofrê-los por causa de hipertensão e colesterol alto. Da primeira fase do projeto, que avaliou a efetividade da dieta, participaram 120 pessoas cardíacas do Rio de Janeiro e de seis cidades de São Paulo (incluindo a capital), durante oito semanas. Metade recebeu as orientações de praxe que são dadas após um evento cardiovascular, como diminuir a quantidade de gorduras saturadas (presentes na carne vermelha, por exemplo). A outra metade seguiu o material educativo e o cardápio do projeto, os quais classificam os alimentos com as cores da bandeira nacional: verde, amarelo e azul. A escolha não é à toa: os participantes foram instruídos a montar os pratos de acordo com a predominância dessas cores na bandeira. Ou seja, a dieta recomenda ter maior quantidade de alimentos verdes (ricos em vitaminas, minerais e fibras), menor proporção de alimentos amarelos (com quantidade considerável de gordura saturada) e uma quantidade menor ainda de alimentos azuis, que contêm mais gordura, sal e açúcar. "Usamos um aspecto lúdico e critérios factíveis para facilitar a adesão à dieta. Independentemente do grau de instrução, a pessoa vai identificar o que é bom e qual a quantidade indicada", diz Bernardete Weber, coordenadora da pesquisa do HCor. Ela afirma que, se os alimentos recomendados forem muito diferentes do que a pessoa come normalmente, é difícil aderir às mudanças. RESULTADOS Segundo ela, os níveis de colesterol dos participantes que seguiram a dieta cardioprotetora diminuíram. Em estudo no "Journal of the American Medical Association", ações que reduzem colesterol e pressão arterial já são suficientes para mudar índices de mortalidade por doenças cardiovasculares. Weber cita outro resultado positivo: os pacientes também perderam peso, já que as dietas e as quantidades das calorias diárias foram adequadas para pacientes com sobrepeso ou obesidade. A segunda fase do estudo é mais ambiciosa: vai envolver cerca de 2.000 pessoas em todo o país, e, mais importante, vai elaborar diferentes dietas respeitando as variações regionais de cada Estado. Segundo Weber, isso pode incluir castanhas no Norte, suco de uva no Sul e feijão-verde no Nordeste. Os participantes não serão apenas cardiopatas, mas também pessoas com risco maior de ter um problema cardíaco. ESTADÃO ONLINE | CULTURA ASSUNTOS RELACIONADOS À DST/AIDS E HEPATITES 02/07/2012 03:09 Veja a matéria no site de origem Encontros com o Estadão A atriz recebeu a coluna para um bate-papo em sua casa, no Alto de Pinheiros, em SP. Entre reflexões sobre o humor e relatos da experiência de trabalhar, pela primeira vez, com uma produção americana, dividiu opiniões políticas: "Nunca faria propaganda, porque vivo da credibilidade do meu rosto. Votar é realidade, e eu não vou usar minha cara para dizer que vai diminuir bandido na rua, se não sei se isso vai ou não acontecer". Jogando luz sobre o Ministério da Cultura, também não tira os pés do chão: "Não existem grandes diferenças de um ministro para o outro. Não chegamos nessa esfera. Ainda estamos na esfera policial. Quando sairmos da vara criminal, poderemos ter essa sofisticada e adorável discussão sobre que linha política devemos seguir". Abaixo, os melhores trechos da entrevista. É a primeira vez que você participa de um musical nesses moldes americanos. Ficou nervosa? Não, porque eu não estava pensando em fazer. Tinha pé atrás, um pouco de preconceito. Também não acreditava que era boa para esse tipo de espetáculo. Mas o pessoal já tinha visto muito meu material. E aí rolou. Como você venceu o preconceito e topou fazer? Foi muito legal. Quando penso que não passava pela minha cabeça, não acredito. Porque está mudando a minha vida. Estou amando. Fala-se muito no profissionalismo dos americanos. São mesmo muito profissionais. Eu brinco que uma coisa é ensaio, e outra é lavagem cerebral. Eu passei pela segunda. Foram dois meses, dez horas por dia, meia hora de intervalo no almoço, uma folga por semana. Não tem conversa. Todo tempo é tempo. E é tudo profissional, cheios de "could you please", não tem uma voz que se levanta. Não teve nenhum momento de "italianada", sabe? Nem tempo para dar piti. Adaptou-se bem a isso? Fiquei apaixonada pelo profissionalismo. Muitas vezes, reclamei, porque eles são muito rígidos. Mas o barato do musical é exatamente isso: exatidão. Tem outros espetáculos "cult" que eu faço, em que a graça reside exatamente na inexatidão, no improviso. Você era familiarizada com musicais? Assistia? Na infância. A Noviça Rebelde a gente viu no Guarujá seis vezes, eu e minha amiga Laurinha . Mas, com o tempo, minha formação foi muito diferente. Peguei uma fase muito punk, rock"n"roll. Música brasileira, Caetano, Gal. Minha família era assim. Meus pais não eram babões de musical. Eram extremamente cultos. Acho que, por isso, virei artista. Porque via a alegria com que eles chegavam em casa depois dos programas culturais. Discutindo. E a Mortícia? Aí que tá. Foi a Mortícia que me fez decidir. Eu toparia fazer esse personagem nem que fosse em comercial de absorvente. Não se recusa esse papel. Ela é muito arquetípica. E eu pensava: ela é magra, isso vai me ajudar a emagrecer (risos). Foi um baita desafio. Porque é mais fácil fazer comédia com muitos gestos, gritos, agudos. Ela tem poucos sons, fala grave. Precisa ser exata. Acertar as piadas, se mantendo chique, engraçada e fina. O que usou para construir o personagem? Viajei nela. Pensei que tinha uma coisa travesti, uma "dragona". Sabe dessas drags que são mais finas do que mulher? Também usei a referência de um polvo. Comecei a achar que ela era um "moluscão". Isso também me ajudou. A coisa roxa e branca, meio uma "Úrsula" do desenho A Pequena Sereia, sabe? Só que magra. Uma mistura de travesti com polvo. Não chegou a usar referências do cinema? Só dos quadrinhos. Fiquei com medo de copiar a Anjelica Huston, então, só assisti depois. E acho ela um pouco rígida. É americana, né? Na minha opinião, os Addams são latinos na América. Eles têm cabelo preto, aquele cemitério. É por isso que os americanos acham macabro. O cemitério protestante tem aquela lápide pequena e acabou. O católico é assustador. Tem anjos, cruzes... Além do que, eles vivem todos juntos, como uma grande família latina. Não tem essa coisa de americano, que o filho faz 18 anos e sai de casa. Por isso, eles acham tão diferente. Sua formação em Psicologia te ajuda nesse processo? Sempre. Minha maneira de ver o mundo é psicológica. Tem gente que prefere o viés sociológico ou o antropológico. Na hora de construir um personagem, já quero logo saber como era a mãe dele, se apanhava na infância. E não se era bolchevique, menchevique... Você afirmou que, na risada, todo mundo é igual. Como? Busco coisas em que as pessoas se equivalem. Situações nas quais todo mundo se encontra. A risada é uma delas. Assim como o sexo, a morte e o amor. Uma pessoa apaixonada é sempre uma pessoa apaixonada. Com 12 anos ou 95, na favela, no convés de um iate. E o riso também. A graça da arte se dá nesses temas que diminuem as diferenças. Existem muitas polêmicas sobre o humor atual, com episódios como o do Rafinha Bastos. Para você, qual o limite do humor? Não ter graça. Mas você nunca sofreu acusações de ser desrespeitosa. Como acha esse equilíbrio? Não fico falando mal dos outros para fazer graça. Você tem de pesar quanto vai machucar ou provocar risos com a piada. Se for doer muito, esquece. Posso até fazer uma personagem que é a sua cara e aí você se identificar. Se você se identificar com a Magda, o problema é seu. Vai estudar. Mas e a história do "politicamente correto"? Em algum momento você já deve ter lido um texto e pensado que poderia soar um pouco preconceituoso. Sim, muitas vezes. Mas sou contra a censura. Existem coisas que são de mau gosto, mas engraçadas. Dói, mas você ri. Aí, a graça é legítima. Mas tem coisas que são só violentas. Daí, não tem graça. Acho que o Brasil tinha de ser mais livre. A gente ainda tem alguns resquícios da ditadura. Temos medo, principalmente quando o assunto é política. Acho admirável, nos EUA, eles fazerem clone do Bush. Precisamos usar mais humor com os políticos. Ainda não está claro para os brasileiros que os políticos são funcionários públicos e que é nosso dever fiscalizá-los. O juiz do Cachoeira ser ameaçado de morte, por exemplo, é um absurdo. Este é o País onde vivemos. Isso atrapalha tudo, inclusive o humor. Você nunca fez propaganda política. Por quê? Nunca faria. Porque vivo da credibilidade do meu rosto. As pessoas acreditam em mim, na ficção que eu faço. Votar é realidade, e eu não vou usar minha cara para dizer que vai diminuir bandido na rua, se eu não sei se isso vai acontecer. Quando me convidam para fazer propaganda, eu peço "nem fale a grana" e desligo - para não ficar tentada (risos). Gostaria de fazer sem aceitar dinheiro. Mas estou esperando me apaixonar pela proposta de um político de um partido e realmente fazer com o coração. Como avalia nosso panorama político atual? Acho muito obscuro. Não vejo partidos claramente definidos. Ainda não consigo falar que um partido é melhor que o outro. É uma zona. E a atuação da ministra Ana de Hollanda? Eu a conheço pessoalmente e acho que é uma pessoa transparente e bem intencionada. Agora, quanto à estrutura, os assessores, a ingenuidade e a burocracia, eu não sei. Gosto dela pessoalmente. E acho que a cultura, mal e mal, está indo. Não existem grandes diferenças de um ministro para o outro. Não chegamos nessa esfera. Ainda estamos na esfera policial. Quando sairmos da vara criminal, poderemos ter essa sofisticada e adorável discussão sobre que linha política devemos seguir. O que quer dizer quando fala que o comediante não tem fé na humanidade? Falo isso sempre por causa da mania que o povo tem de dizer que eu sou muito alto astral, para cima... Não é bem isso. Sou animada, mas quem trabalha com comédia geralmente tem uma visão mais crítica do mundo. Batesse um papo com o Chico Anysio para você ver... Era engraçado, mas ácido. A comédia tem um quê de decepção com o ser humano. Você também já disse ter inveja da Magda. Ah é, né? A Magda era muito leve, muito burra, muito feliz... A ignorância traz um relaxamento de superego. É menos repressão, Sexualidade solta, emoção solta. Ela era muito carinhosa. Capaz de se apaixonar por qualquer coisa. Era disso que eu tinha inveja nela. Não tem vontade ser diretora? Tenho. Mas ainda não consigo. Eu morro, fico louca querendo entrar no palco. Sou muito palpiteira. E isso foi um grande aprendizado com A Família Adams. Porque, com os americanos, não se palpita. Eu queria falar e eles diziam: "From the top" (imita o gesto da maestrina no piano). Foi uma super diferença para mim. O brasileiro pega tudo muito rápido, mas a gente não acaba. Falamos "a gente já entendeu" e eles dizem "ok, então vamos repetir?" Para o americano, não interessa que você já pegou, tem de repetir. E isso é bom, porque a peça fica perfeita. /MARILIA NEUSTEIN