Inflamação II Patologia 11 – Prof. Ana Virgínia Inflamação II Data: 24/07/2007 Transcrito por: Filipe Lafayette (Parte I), Francisco Breno (Parte II) e Gercivan Alves (Parte III) Parte I – Filipe Lafayette (...) Terceiro aqueles processos que envolvem a (???). Então, essas são as três principais condições que estão associadas à inflamação crônica. Então vamos ver as características do ponto de vista microscópico. A gente vai notar que a figura que a gente viu, então a alta indicação no infiltrado inflamatório deixa de ser neutrofílico como na aguda e passa a ser mononuclear. Então essas células que nós temos aqui representadas e até formando um agregado linfóide são células mononucleares: macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Outra coisa importante na inflamação crônica é a destruição de (???) então, considerando isso aqui como um alvéolo, a gente pra ter necrose de células epiteliais do revestimento alveolar e a outra coisa é que começa, veja que a gente tem aqui septos bastante espessados porque a gente tem o desenvolvimento de fibrose. Então isso caracteriza a inflamação crônica porque a tentativa de reparo se trata histologicamente pela proliferação de vasos sangüíneos, neoformação vascular e formação de fibrose. Então temos aí caracterizado histologicamente a inflamação crônica. Então a principal célula da inflamação crônica é o macrófago. Esses macrófagos são derivados dos monócitos circulantes e tem todo aquele processo de preparação vascular; tem as substâncias quimiotáticas, principalmente a linfocina, liberada por linfócitos ativados, e que vão atrair esses linfócitos. Eles vão deixar o vaso e vão passar a ser denominados de macrófagos. Então quando estão nos tecidos são denominados de macrófagos. Essas células são importantes porque além da capacidade de serem fagócitos importantes, têm também uma atividade secretora ativa. Então produzem essas citocinas, as monocinas, que vão atuar no processo inflamatório em várias etapas. A gente deve lembrar também que participando da inflamação crônica a gente tem esses macrófagos, que são os macrófagos teciduais. O monócito quando deixa o vaso, pode sofrer uma diferenciação e ficar fixo nos tecidos, então aí nós temos nomes diferentes a esses macrófagos de acordo com essa localização. No fígado nós temos a célula de Kupfer, no linfonodo e vasos, os histiócitos sinusais, no Patologia pulmão os macrófagos alveolares e tem também no sistema nervoso; e no osso, os osteoclastos. Então essas células vão participar no processo inflamatório. Agora aqui a gente vai ter uma idéia da importância do macrófago no processo inflamatório. Veja quantos papéis são desempenhados. Ele pode se tornar uma célula ativada, que seria mais efetivo na fagocitose e que seria responsável por produzir vários produtos e que teriam vários papéis nesse processo. Essa ativação do macrófago pode ser através do sistema imune por ativação por linfócito B já sensibilizado ou então independente do sistema imune pelas toxinas bacteriana. Esse macrófago ativado tem essa característica importante que é uma fagocitose mais efetiva, mas ele também vai ser responsável pela lesão tecidual da inflamação crônica. Por que isso? Porque todos esses produtos atípicos são produzidos por esses macrófagos. Temos metabólitos do oxigênio que são muito lesivos para as células; tem proteases, óxido nítrico e também as monocinas, que fazem uma atração de neutrófilos e isso também leva a uma lesão tecidual. Fora isso eles também produzem fatores de crescimento para fibroblasto e fatores de crescimento pra vasos que são fatores de angiogênese. Então além dessa fagocitose, a gente tem o papel na lesão tecidual e o papel na reparação, na fibrose e na angiogênese que é própria da reparação. Como é que esses macrófagos ficam no local da inflamação? Pode ser por fatores quimiotáticos para macrófagos e ter uma entrada constante dos monócitos circulantes ou por ter no próprio foco inflamatório a realização de divisões, para aumentar essa população de macrófagos. Outra coisa importante é que os linfócitos B produzem uma citocina que causa imobilização do macrófago, assim os macrófagos ficam fixo no foco inflamatório. Agora a gente vai ver as outras células participantes. A participação do linfócito é muito importante e principalmente a interação do linfócito com o macrófago, que há uma ativação recíproca o linfócito quando ativado, o linfócito B ativado, ele vai ser responsável pela ativação do macrófago e o macrófago ativado também vai produzir monocinas que ativam o linfócito. Então essa reciprocidade ocorre e é bastante importante o papel dos linfócitos no processo inflamatório. Aqui a gente tem a presença de plasmócito que vai ser responsável pela produção de anticorpos. Em alguns tipos de inflamação crônica a gente pode ter uma participação importante de eosinófilos, particularmente quando a gente tem aquelas Página 1 Inflamação II ações que são mediadas por IgE, as reações alérgicas, e também infecções parasitárias os eosinófilos têm no seu grânulo uma substância que é a proteína básica principal, que é fundamental para a destruição desses parasitas. E a gente tem também quando é uma reação mediada por IgE, a participação dos mastócitos na liberação de histamina e outros produtos. Então pode ser marcada essa participação dos mastócitos e eosinófilos em alguns tipos de inflamação crônica que envolve a IgE. Agora veja a inflamação crônica que a gente estudou (...) Parte II – Francisco Breno (...) participação de eosinófilos e mastócitos podem ser marcadas em alguns tipos de inflamações crônicas que envolve a participação da (...). Então todas essas células podem estar presentes na inflamação crônica. A inflamação crônica que a gente estudou até agora, chamamos de inflamação inespecífica, ela não tem uma característica própria que vá preparar tipos de inflamação crônica. Quando persiste o agente inflamatório, mesmo na inflamação crônica e não é destruído, mesmo com a participação do sistema imune, essa inflamação crônica se modifica e as células inflamatórias vão adquirir arquitetura especial no foco inflamatório. A essas arquiteturas especiais que formam grânulos chamamos de granulomas. Então esse tipo de inflamação vai se chamar inflamação crônica granulomatosa. Ela é um tipo de inflamação em que as células inflamatórias se dispõem em arranjos ou arquiteturas especiais no foco inflamatório e que isso vai permitir a gente sugerir uma etiologia do processo. (Ela fala que esse arranjo é muito importante pra dizer a etiologia!). Então o é um granuloma? É uma estrutura microscópica constituída por um arranjo especial de células inflamatórias. Quando numa inflamação granulomatosa tem uma lesão macroscópica eu não posso dizer aqui tem um granuloma. Eu tenho aí uma reação granulomatosa que na microscopia vai corresponder a um aglomerado de granulomas (porque os granulomas são microscópicos). A gente tem dois tipos de granuloma: 1) imune (mais complexo); 2) tipo corpo estranho (menos complexo). A gente tem o imune quando temos microorganismos de baixa patogenicidade, mas que são imunogênicos (que desencadeiam resposta celular pelo linfócito T). A gente tem o tipo corpo estranho quando temos um material inerte, que não Patologia desencadeia uma resposta imune, mas que é indigerível (ele permanece nos tecidos). Agora vamos ver como se constitui o granuloma. Se eu encontro num tecido encontro um nodulozinho constituído por um arranjo de células inflamatórias, isso é um granuloma [que novidade!!!!!]. O que vai formar esse granuloma? Ele vai ter vários constituintes e justamente a combinação desses constituintes vai permitir a gente sugerir uma etiologia daquele processo inflamatório granulomatoso. A gente tem a participação dos macrófagos, só que estes não foram capazes de destruir o agente agressor. Eles vão passar a interagir com linfocinas (produzidas pelos linfócitos T ativados) e vão sofrer modificações, então a gente vai ter os derivados dos macrófagos. Quais são? Primeiro são as células epitelióides (o macrófago fica maior, com citoplasma amplo, eosinofílico e que se assemelha à célula epitelial). [Ela fala que em patologia usa-se ÓIDE quando se quer dizer que alguma estrutura se assemelha a outra, no caso aí da pra entender né!!!!]. Outra modificação nesses macrófagos dá origem às células gigantes. Elas se formam pela fusão de macrófagos, elas são grandes e com vários núcleos. O que nos leva a diferenciar essas duas células aqui? É a disposição dos núcleos, veja que numa os núcleos estão dispostos na periferia das células, formando ou uma ferradura ou um círculo, aí essa célula gigante recebe uma nomenclatura especial: célula gigante tipo Langehans. Quando esses núcleos não têm uma disposição especial, aí a gente denomina de células gigantes tipo corpo estranho. A gente pode ter outros tipos celulares dependendo das características do granuloma. Por exemplo, podemos ter um granuloma com muito eosinófilo, é provável que a gente tenha o granuloma da esquistossomose. Quando tem neutrófilos nos granulomas devemos suspeitar de reação granulomatosa causada por fungos, porque lembram que os fungos produzem substâncias quimiotáticas pra neutrófilos? [Claro que sim!!! Hehe] Então os granulomas dos fungos têm formação de micro abscessos e presença de neutrófilos. Outra coisa que o granuloma pode ter é necrose. Essas células inflamatórias podem sofrer necrose, e como a gente tem mais de um tipo de necrose isso também vai ter uma colocação quando formos tentar classificar aquele granuloma. Por exemplo, se a gente tem um granuloma que tem muita necrose tipo caseosa a gente pensa logo em tuberculose. Então o tipo de necrose orienta para o tipo de granuloma. Veja que Página 2 Inflamação II podemos ter várias constituições de granuloma dependendo do arranjo. Como seria o granuloma da tuberculose? A tuberculose é uma inflamação crônica e o bacilo desencadeia reação de hipersensibilidade, o macrófago não consegue destruir o bacilo e teremos uma inflamação granulomatosa. Macroscopicamente teremos lesões com o aspecto de necrose caseosa e que se formos estudar na microscopia haverá um aglomerado de granulomas. O granuloma da tuberculose é um nodulozinho que tem células epitelióides no centro, algumas células gigantes de Langehans e uma coroa de linfócitos (chama-se de granuloma tuberculóide). Se encontro mais granulomas com áreas de necrose caseosa, fica ainda mais evidente que se trata de tuberculose. Por isso que falamos no começo nas inflamações granulomatosas para sugerir a etiologia. (Aí ela fala da importância da realização da biópsia em pacientes suspeitos de estarem com tuberculose, da importância da associação da clínica com o patologista). Há uma tendência de chamar a reação granulomatosa de específica, e as inflamações crônicas que não têm características granulomatosas de inespecíficas. Se no caso da pleura eu não encontrasse nada de granuloma, aí eu ia dizer que não encontrei colocando pleurite crônica sem sinais de especificidade ou inespecífica. Agora vamos ver a participação dos linfáticos e dos linfonodos no processo inflamatório (eles podem participar ou não). Isso é importante porque é uma segunda linha de defesa para que não ocorra disseminação do processo. Então estamos diante de dois aspectos: 1) linfangite: processo inflamatório envolvendo os vasos linfáticos (alguns tipos de inflamação por alguns agentes elas são muito a linfangite, fica aqueles caminhosinhos vermelhos. Não sei se vocês já notaram, às vezes tem um processo inflamatório e tem um linfonodo aumentado, isso é a linfangite); 2) linfadenite: reprodução do processo inflamatório no linfonodo. Se eu tenho um processo inflamatório crônico granulomatoso, essa linfadenite também vai ser granulomatosa. Então se tenho a tuberculose e tenho uma linfadenite nos linfonodos do hilo pulmonar, eles também vão ser características de granulomatose. Mas outra coisa que devemos notar é que às vezes não temos um processo inflamatório no linfático, ou seja, não foi drenado o agente etiológico para o linfonodo, e sim temos uma reação reativa, que seria a hiperplasia linfática reativa. Então aquele linfonodo não tem uma inflamação ativa, não tem uma linfadenite, mas há um maior numero Patologia de células linfóides pra responder àquele processo inflamatório, mas sem se reproduzir a informação, isso é a hiperplasia linfática reativa. Por exemplo, um paciente que tem obstrução nasal, adenóide, ele não tem inflamação ativa nas adenóides, e sim uma hiperplasia do tecido linfóide. Agora terminamos de ver inflamação, então passaremos pra uma etapa posterior, mas que vimos que inicia na inflamação crônica, que é o reparo. Dica: dar uma olhada no livro sobre hiperplasia linfática reativa. Aquele abraço!!!!!! Parte III – Gercivan Alves (...) Agora, vamos ver o reparo, né? A gente viu que na inflamação, temos uma resposta a uma agressão. Conseqüentemente, a gente pode ter um grau maior ou menor de destruição tissular. Além do mais, se o processo inflamatório persistir por mais tempo, além da lesão causada pelo agente agressor, temos a lesão causada pela própria inflamação, principalmente quando ela é crônica. Então, resolvido o processo inflamatório ou no fim de uma inflamação crônica, começamos o reparo. Mas, o reparo só pode ser concluído quando temos o apagamento da inflamação. Então, a gente tem dois processos envolvidos no reparo do tecido: primeiro, é chamado de regeneração e o outro é a cicatrização. Os dois contribuem para o reparo, inclusive pode está ocorrendo os dois. Mas, a gente vai ter casos que não é possível regeneração, então só vai ocorrer cicatrização. Eles vão envolver proliferação, migração de fibroblasto e MEC, certo? Agora, a gente vai fazer a diferenciação dos dois processos. Primeiro a regeneração. Qual tipo de lesão vai ser possível a regeneração? A forma de reparo do espaço do miocárdio, por exemplo, é cicatrização. Nos outros tipos, desde que tenham alguns pré-requisitos, podem ter regeneração. Exemplo: células lábeis, como nos epitélios dos brônquios, vias respiratórias; por exemplo, nos processos infecciosos onde vai haver lesão da mucosa. Mas depois tem a regeneração, porque esse tecido tem células lábeis, certo? Por exemplo, no fígado mesmo quando numa inflamação tem destruição, pode haver regeneração. Só pode haver regeneração se a capacidade proliferativa daquele tecido tiver íntegra. Só é possível ter regeneração, quando a gente tem um arcabouço de sustentação para aquelas células que estão em Página 3 Inflamação II crescimento. Se não o tiver, mesmo o tecido pertencente àquele grupo que contém células lábeis, não vai ocorrer. Por exemplo, quando temos uma hepatite viral, uma vez o processo inflamatório resolvido, não indo para a cronicidade, o indivíduo se recupera bem. Mas, se houver um abscesso hepático, ou seja necrose liquefativa, isso destrói o arcabouço e vai haver fibrose e cicatrização. A cicatrização tem dois aspectos: um é a substituição do tecido, que sofreu a lesão e está impedido de se regenerar, por tecido conjuntivo. Outro é quando a gente tem a persistência de um exsudato e ele não foi reabsorvido, então ele vai organizar, ou seja ser substituído por tecido conjuntivo. Então, um exemplo: numa pericardite, se não houver reabsorção, ele vai servir de molde para a fabricação de uma massa de fibrose revestindo o coração. Lembrando o que é exsudato: restos de tecido, células inflamatórias, proteínas, onde dependendo da proporção desses componentes a gente pode classificar os exsudatos. Outro exemplo: numa peritonite purulenta, o que pode acontecer? Vai estar cheio de exsudato, a organização pode levar à fusão das alças intestinais. Alguém já ouviu falar em isquemia devido a organização? Vejam, esse material pode formar pontes fibrosas, que às vezes repuxam e torcem as alças intestinais. O que causa necrose ou distensão, desconforto para o paciente. Então, lembrem da importância da organização que pode encarcerar ou causar aderência. Vamos ver agora tecido de granulação, o qual não tem nada a ver com reação granulomatosa. Vocês já devem ter visto tecido de granulação. Exemplo: numa unha encravada, uma carne rósea, esponjosa e dolorosa; ou no epitélio da cavidade oral, isso é tecido de granulação. Aqui ele está como marca registrada da cicatrização, porque ele vai ser a base para que ela ocorra. Como é que se faz isso? Macroscopicamente, tem um aspecto granuloso, vermelho. Microscopicamente, ele é tecido de reparo, quando começa a inflamação (ele tem edema, vasos neoformados e fibroblastos, restos de inflamação), indicando que naquele local que tem tecido de granulação, já está havendo reparação. Esse tecido vai modificando seu aspecto de acordo com o tempo. Se eu pensar num tecido de granulação jovem, ele vai ter mais edema, mais células inflamatórias e menos aqueles dois últimos componentes. Se eu pensar num tecido de granulação que já está chegando numa cicatrização, vai ter mais fibrose e neoformação vascular. [Ela mostra umas figuras que provam aquilo que ela está dizendo]. Patologia Então, a gente tem fases complexas para haver cicatrização. Primeiramente, a gente tem a angiogênese, vasos que vão nutrir o tecido em formação. Por que no início do tecido de granulação, a gente tem edema? Porque esses vasos novos, ainda não se diferenciaram e têm uma maior permeabilidade. Depois, a gente tem migração e proliferação de fibroblastos, lembrando dos fatores (de angiogênese, de proliferação de fibroblastos, etc.) [...] Página 4