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POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL
SOBRE O AMBIENTALISMO
SOBRE O AMBIENTALISMO: GEO-PODER E ECO-CONHECIMENTO NOS
DISCURSOS DO AMBIENTALISMO CONTEMPORÂNEO
Timothy W. Luke
Tradução de Rauciele Feitosa e Fernanda Monteiro Viana
Este estudo analisa como discursos de natureza, ecologia ou meio-ambiente, a partir de
articulações disciplinares de “eco-conhecimento”, podem ser reinterpretados como tentativas de
produzir sistemas de “geo-poder” sobre, mas também de acordo e diretamente, da Natureza para
o domínio das economias e sociedades modernas. O pensamento de Michel Foucault,
particularmente suas noções sobre sexualidade e bio-poder como mediadores da educação
formada racionalmente, fornece um princípio para essa reinterpretação, porque muitos dos
termos associados com o “meio-ambiente” são confusos se não forem colocados sob uma ótica
genealógica. Estas dinâmicas tem sido executadas por aproximadamente 130 anos – ou pelo
menos desde que os discursos ecológicos cônscios de si mesmo foram formulados por George
Marsh (1885) ou Ernst Haeckel (1866) no século XIX – mas seus efeitos são particularmente
visíveis hoje.
Enquanto muitos exemplos de tendência semelhante podem ser enquadrados aqui, esta
análise dos sistemas de geo-poder como mediação do ambientalismo, irá centrar-se somente
sobre o trabalho do Worldwatch Institute. O esforço contínuo para reinventar as forças da
Natureza na lucrativa exploração de tecnologias avançadas, vinculando estruturas na Natureza
ao geo-poder para a administração racional de suas energias, é um avanço complementar para a
construção disciplinar de vários métodos de bio-poder na promoção do crescimento das
populações humanas (Foucault, História da Sexualidade I 140-41). Direcionado para produzir
geo-poder a partir da mais razoável inserção de corpos naturais e artificiais nos mecanismos de
produção, discursos de ambientalismo podem ser observados estruturando ambientes
disciplinares onde poder e conhecimento operam como sinônimos de geo-poder e ecoconhecimento.
Por si própria, a Natureza discutivelmente não tem significado algum até os humanos os
atribuírem pela interpretação de alguns de seus muitos sinais como significativos. (Bramwell,
Eckersley). As consequências dessa atividade, entretanto, são inevitavelmente indeterminadas.
Porque diferentes seres humanos irão observar estes significados da Natureza, escolhendo dar
ênfase a alguns enquanto decidem ao mesmo tempo ignorar outros, tais significados sempre
serão múltiplos e incertos. Somente estes atos interpretativos podem construir campos textuais
contestáveis, que podem ser lidos em vários níveis de expressão em seus muitos significados
evidentes ou ocultos. Antes das tecnologias transformarem matéria e energia em produtos, a
Natureza já é transformada teoricamente em “recursos naturais”. E, uma vez que é
inteligivelmente restituída através destes processos discursivos, pode ser utilizada para legitimar
quase tudo. Por conseguinte, esta análise irá examinar nos usos discursivos e definições
conceituais de algumas noções teóricas comuns, tais como “meio-ambiente”, “ambientalismo” e
“ambientalista”, para reconsiderar com muitos ambientalistas contemporâneos estão dando um
novo aspecto para “o meio-ambiente”, como um conceito, pela transformação de sua identidade
em práticas de “ambientalidade”. Finalmente, como estes direcionamentos preliminares
indicam, dúvidas surgirão aqui sobre as aparentes intenções benignas de ações ambientais,
dadas as propensões disciplinares de práticas embutidas neste novo regime de ambientalismo.
Para evidências mais concretas para justificar certa cautela, este estudo de geo-poder e ecoconhecimento darão uma nova visão de trabalho do Worldwatch Institute. Fundado em 1974 em
meio ao pânico político e econômico causado pela crise de petróleo da OPEP de 1973, o
Worldwatch Institute pode ser descartado como apenas outro covil de política escrupulosa do
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governo norte-americano, invertendo papéis na escassez da água, reflorestamento, economias
fictícias e superpopulação. Esta imagem dos Worldwatchers é precisa, mas incompleta. E,
devido a esta imperfeição, essas precauções mundiais não devem ser ignoradas rápida e
facilmente. Tais atividades podem ser a essência da formação do poder/conhecimento, porque
muitas políticas frouxas das quais fazem basicamente baixas ebulições para definir, criar e
enfocar regimes discursivos de verdadeira disciplinaridade. Conseqüentemente, esta análise fará
uma cuidadosa releitura da recente publicação do Worldwatch Institute “Salvando o planeta:
como formar uma sociedade ambientalista sustentável” (1991), por Lester Brown, Christopher
Flavin, e Sandra Postel, para ilustrar como eco-conhecimento produzido pelo Worldwatch
Institute pode ser visto como mediação de ambientalismo em um novo regime de geo-poder.
1. Eco-linguagem: Fazendo a Natureza significar “meio-ambiente”
Muitos indivíduos que pretendem fazer do mundo “um lugar melhor para se viver”
freqüentemente voltam-se hoje para o “meio-ambiente” a fim de fazer seus melhoramentos.
Acreditando nisto eles devem fazer qualquer coisa e de tudo para proteger “o meio-ambiente”,
transformando este empreendimento numa cruzada moral. Seus esforços, entretanto, são
freqüentemente dificultados por uma necessidade fundamental de clareza sobre o que de fato é
“o meio-ambiente”. Esta falta de segurança ou centralidade no significado de meio-ambiente é
intrigante, pois muitos discursos ecológicos contemporâneos articulam suas visões de valores
morais, organizações políticas e controle social pelo notável esforço de resolver “problemas
ambientais” da sociedade contemporânea.
“Meio-ambiente”, “ambientalismo” e “ambientalista” são palavras agora usadas e aceitas
tão amplamente que é difícil recordar quão recente elas atingiram tal abrangência de uso
corrente. Antes de 1965, seus usos em discussões comuns de fato eram muito raros na maioria
dos discursos políticos. Termos mais sugestivos, como “Natureza”, “conservação”, ou
“ecologia”, foram desdobrados tipicamente de forma a fazer referências sobre as características
ambientais. Agora, uma geração depois, na década de 90, a Natureza nestes discursos irá
ocasionalmente significar “Natureza”, mas cada vez mais sua presença é marcada como “o
meio-ambiente”. Esta guinada é interessante visto que os diversos significados de Natureza,
enquanto permanecem totalmente contestáveis, são menos esclarecedores que uma geração
atrás. Ao mesmo tempo, os significados de “meio-ambiente”, dos quais são essencialmente
incontestáveis permanecem muito obscuros. Documentar esta mudança no uso não é
precisamente uma prática, mas a princípio, basta uma breve espiada através de índices de
jornais ou discursos elaborados para se desenvolver uma percepção da mudança.
Em 1960, ou ano do ensaio de Rachel Carson no New Yorker sobre como pesticidas
estavam destruindo a vida selvagem, o primeiro a atrair ampla atenção pública, há somente uma
estória no The New York Index abordando ciência ambiental, e vinculado ao tema
“astronáutica”. Cinco anos antes, em 1955, a palavra nem mesmo está registrada no Index, mas
em 1965 há quatro entradas sobre “o meio-ambiente”, uma delas sobre o discurso do Presidente
Johnson sobre a necessidade de se obterem maiores esforços de conservação e beneficiamento
na preservação do meio-ambiente. Em 1970, há quase duas páginas e meia de citações. E, mais
importante, o conceito apresenta uma significante característica no Index durante cada ano após
1970: uma página e dois terços em 1975, uma página e um terço em 1980, duas páginas em
1985, e três páginas e um terço em 1990. Mesmo apesar da crescente atenção que está sendo
destacada no The New York Times no que diz respeito ao que é denominado como “ambiental”
ou “ambientalístico”, o significado de “meio-ambiente” é um tanto obscuro para a imprensa.
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Isto abrange Natureza, conservação, e ecologia assim como poluição, desflorestamento e
contaminação.
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