MARKETING AMBIENTAL: A GESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DA EMPRESA Zulivana Lobato da Silva1 RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar os benefícios que a gestão de negócios através do marketing ambiental pode proporcionar às organizações privadas fabris em Manaus. O marketing ambiental aborda o posicionamento social e ambiental das empresas qualificando assim o desenvolvimento sustentável das mesmas. Este conceito de marketing, relativamente recente, serve como uma ferramenta de gestão corporativa que é observada como sendo uma conduta responsável que pode gerar ganhos tangíveis para as empresas. Os principais resultados positivos da utilização desta ferramenta estratégica estão relacionados com a imagem da empresa perante a sociedade, com a sua participação no mercado (market share), com a motivação dos empregados e fornecedores e com a visibilidade e reconhecimento da marca. PALAVRAS-CHAVE: marketing, marketing ambiental, benefícios, Manaus. INTRODUÇÃO A expansão da capacidade produtiva e o crescimento demográfico mundial vêm colocando em evidência a preocupação quanto aos recursos naturais. Oliveira (2007) menciona que mercado consumidor tem evoluído na procura de uma efetiva solução para a preservação do meio-ambiente e conseqüentemente da própria vida humana. Em contrapartida a produção mundial de bens e serviços, como um todo, tem apresentado no mesmo período um crescimento significativo. A análise de Oliveira (2007) também mostra que o avanço de novas tecnologias e processos produtivos, dentro de um mercado altamente competitivo, tem contribuído para um novo cenário de consumo. Há uma grande oferta e variedade de produtos e serviços, aumentando-se o ritmo de consumo devido à boa acessibilidade do consumidor a esse mercado e também ao aumento de competitividade entre as empresas. Isto contribui significativamente para um desequilíbrio dentro da cadeia produtiva e do meio-ambiente. O ritmo do consumo é superior à capacidade instalada de descarte e tratamento de produtos, da 1 Tecnóloga em Marketing pela Universidade Paulista – UNIP, com MBA em Marketing Avançado pela UNIP e MBA Executivo em Gestão de Pessoas pela Universidade Gama Filho – UGF. Acadêmica do curso de Administração de Empresas da UNILASALLE e mestranda em Master en Administración de Negocios pela Universidad de Alcalá. 2 manutenção dos recursos naturais utilizados como matéria prima, e de outras ações que utilizam recursos do meio-ambiente. As implicações deste cenário, se não controlados em curto prazo, são de prejuízo irreparável para a qualidade de vida da sociedade. Ações isoladas de grupos sociais mostram não terem sido efetivas, pois segundo Kotler e Keller (2006), as organizações são passiveis de conflitos nas áreas de interesse, tais como lucros empresariais, satisfação do cliente e interesse público. Nesta conjuntura social aparece esta nova abordagem de marketing, o marketing ambiental, como uma ferramenta para uso conjunto de toda a sociedade, quer seja de empresas privadas, quer seja de empresas públicas e do próprio governo, quer seja da própria sociedade. Silva (1995) enfatiza que “Todos os seres humanos têm o direito fundamental a um meio ambiente adequado a saúde e bem-estar”. É no artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos do Homem que já se reconhecia, em 1946, que toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família a saúde e o bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis. No Brasil foi criado em 1635, as primeiras medidas visando à proteção ambiental, a primeira delas foi tornar o pau-brasil propriedade real evitando sua extração. Em 1797, foi assinada a primeira Carta Régia sobre a conservação das florestas e madeiras; em 1808, Dom João VI funda o Jardim Botânico. Outro acontecimento importante foi à decisão de Dom Pedro II que mandou plantar em 1861, a Floresta da Tijuca, com o objetivo de garantir o suprimento de água para o Rio de Janeiro, ameaçado pelos desmatamentos das encostas. Em 1920 quase 285 anos depois, infelizmente o pau-brasil é considerado extinto (REVISTA MEIO AMBIENTE (2007)). Este trabalho se limita a analisar as possibilidades da gestão do marketing ambiental nas empresas do pólo industrial de Manaus – AM, e tem como propósito identificar e caracterizar quais os principais benefícios que a gestão do marketing ambiental pode proporcionar às empresas do pólo industrial de Manaus. Presume-se que haja benefícios decorrentes da utilização desta nova orientação de marketing ambiental tanto para as organizações como para a sociedade. Tem-se em mente também que a sociedade está interessada, em sua maioria, na melhoria do meio-ambiente. 3 O objetivo geral deste trabalho é o de apresentar os benefícios que a gestão de negócios através do marketing ambiental pode proporcionar às organizações privadas fabris em Manaus. Os objetivos específicos deste trabalho são os seguintes: apresentar o conceito de marketing ambiental; analisar a importância para as organizações de possuírem uma gestão ambientalmente correta; analisar quais são as tendências de uma organização ecologicamente correta na sua evolução de negócios e apresentar os benefícios que a gestão do marketing ambiental pode proporcionar as organizações. Uma das grandes preocupações do mundo moderno refere-se ao cuidado que a população deva ter com o meio ambiente, pois durante muito tempo o planeta terra tem sofrido grandes maus tratos. O surgimento desta nova orientação para o marketing que pode proporcionar condições às organizações para que melhorem sua imagem diante da sociedade, para que fomentem a conservação ou melhoria do meio-ambiente, torna-se um diferencial competitivo das mesmas e de interesse de todos os administradores atuais. Essa nova orientação de gestão ambiental sinaliza às empresas que passem a considerar questões éticas e sociais em suas práticas de marketing, que é denominada por vários nomes. Além de marketing ambiental, tem-se também o marketing ecológico ou marketing verde. O conhecimento destes conceitos e as suas aplicações ainda carecem de estudos acadêmicos para se firmarem definitivamente. Gil (2007) menciona que uma pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Uma pesquisa é necessária quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa utiliza cuidadosamente os métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Segundo Cervo e Bervian (2002), o método, em seu sentido geral, é a ordem que se deve dar aos diferentes processos requeridos para atingir um determinado objetivo. O método é um conjunto ordenado de procedimentos que se mostraram 4 úteis e eficientes, ao longo da história, na busca do saber. O método é, desta forma, um instrumento de trabalho. Diante da classificação apresentada por Lakatos e Marconi (2007), a abordagem a ser utilizada neste projeto será de método indutivo, por ser o que melhor se enquadra aos anseios deste projeto, pois neste método parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas desejam-se conhecer. O método utilizado é o comparativo. O método comparativo consiste na investigação de grupos sociais, classes, fenômenos ou fatos, verificando suas semelhanças e diferenças, neste caso comparam-se organizações com gestão ambiental e organizações sem gestão ambiental. Segundo Gil (2007) sua ampla utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possibilitar o estudo comparativo de grandes agrupamentos sociais, separados pelo espaço e pelo tempo. Usa-se a revisão da literatura existente, como técnica de pesquisa, para conhecer o assunto e tecer análise de valor sobre os benefícios da utilização do conceito em estudo. Para Gil (2007), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. A coleta de dados é qualitativa baseada em livros. Segundo Severino (2007) a abordagem qualitativa refere-se a conjunto de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas. São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas. 2 MARKETING AMBIENTAL Antes de introduzir este conceito de marketing ambiental, impõe-se uma rápida revisão do conceito de marketing como um todo. “Podemos definir o marketing como o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam criando e trocando produtos e valores uns com os outros” (KOTLER,1999,p.03). 5 “A essência do marketing é um estado da mente. Em marketing os profissionais de negócios adotam o ponto de vista do consumidor. E essas decisões são apoiadas com base no que o cliente necessita e deseja” (COBRA, 2003,p.07). Segundo Kotler (1999), existe o um conceito de marketing societário que diz que a organização deve determinar as necessidades, desejos e interesses dos mercados-alvo, e então proporcionar aos clientes um valor superior de forma a manter ou melhorar o bem- estar do cliente e da sociedade. Esse conceito questiona se o conceito tradicional de marketing é adequado a uma época com problemas ambientais, escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional, problemas econômicos no mundo inteiro e serviços sociais negligentes. Ele pergunta se a empresa que percebe, serve e satisfaz desejos individuais está sempre fazendo o melhor para os consumidores e para a sociedade em longo prazo. Com isto em mente pode-se avançar para o conceito de Marketing Ambiental que surge de forma reativa, já se tendo danos sensíveis ao meio-ambiente. A preocupação com os efeitos ou impactos ambientais decorrentes da ação do homem no ambiente natural passou a merecer maior atenção a partir da década de 1950, motivada pela queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta. Surgiram movimentos ambientalistas em diversos países e foram criadas entidades não-governamentais sem fins lucrativos, assim como agências governamentais voltadas para a proteção ambiental. O tema poluição passou a ser discutido em conferências nacionais e internacionais (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO,2008,p.57). Este conceito ainda é relativamente recente e tanto o seu título como também a sua definição ainda são encontrados em várias formas. Citam-se aqui algumas dessas definições. O marketing verde ou ambiental, consiste de todas as atividades designadas para gerar e facilitar qualquer troca com o objetivo de satisfazer os desejos ou necessidades humanas, desde que a satisfação dessas necessidades e desejos ocorra, com um mínimo de impacto prejudicial sobre o meio ambiente. (POLONKY apud DIAS, 2007, p.74) Segundo Prakash (apud DIAS, 2007) o marketing ambiental é um conceito de marketing na qual a redução dos impactos sobre o meio-ambiente tem um papel importante no processo de satisfação das necessidades dos clientes e também nos resultados da empresa. A definição mais sucinta é oferecida por Peattie (apud DIAS, p. 74), que considera o marketing ambiental “um processo de gestão integrada, responsável 6 pela identificação, antecipação e satisfação das demandas dos clientes e da sociedade de uma forma rentável e sustentável. O mercado atualmente vem atuando como um agente impulsionador das atividades ambientais. Ações dos concorrentes, imposições de clientes ou fornecedores, obrigações legais, são algumas forças que influenciam e até mesmo direcionam as estratégias nas empresas, na direção de estabelecer uma estratégia para a solução de questões ambientais. Cada vez mais é cobrado das organizações um comportamento ético e responsável, tanto no tocante às ações sociais, quanto no tocante às ações ambientais. Após análise em Dias (2007), pode-se afirmar que a atuação do marketing ambiental se baseia na busca de soluções racionais para o problema de tornar competitivos os produtos que de uma forma ou de outra terão que incorporar no preço os custos ecológicos, o que cria a necessidade do entendimento dos problemas ambientais, que acaba levando, de qualquer forma, à mudança de comportamento dos consumidores, das empresas e conseqüentemente do próprio marketing. Uma das principais modificações no próprio marketing será reconhecer suas próprias limitações e aceitar a necessidade de existência de restrições ao mecanismo de mercado, para manter a sustentabilidade dos negócios que envolvam aspectos relacionados com o meio ambiente. Reconhecer a necessidade da existência de restrição e controle, feita por órgãos governamentais, implica em incorporar essas limitações de forma organizada e definitiva no processo de marketing, tornando-o sustentável. Dias (2007), acredita ainda que a sustentabilidade do marketing significa que toda a sua organização está voltada para a diminuição dos impactos negativos sobre os ecossistemas, e ao mesmo tempo que continua atendendo às necessidades dos consumidores, fornecendo-lhes os produtos que os beneficiem e a sociedade como um todo. Conforme DIAS (2007) cabe ao marketing ecológico ações de caráter geral e específico. Segundo este mesmo autor as funções de caráter geral são as seguintes: informativa, educativa, estimulativa de ações, modificadora de comportamento e modificadora de valores da sociedade. E as funções específicas do marketing ecológico são as seguintes: redirecionar a escolha dos consumidores, redirecionar o marketing-mix da organização, difundir o componente ecológico em todo o processo e incorporar 7 objetivos mais gerais de respeito ao meio ambiente aos objetivos específicos da empresa. O marketing ambiental é uma ferramenta estratégica que é capaz de proteger e sustentar a imagem de uma empresa, projetando uma nova visão da mesma para o mercado, enfatizando seu diferencial ambiental correto para todos. O marketing ambiental também é chamado de marketing verde, de marketing ecológico, de ecomarketing, etc, mas as definições e conceituais são muito similares. 3 BENEFÍCIOS DO MARKETING AMBIENTAL “O marketing verde ou ambiental pode beneficiar uma organização de várias maneiras, pois é simpático aos valores de muitas pessoas” (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.42). Las Casas e Garcia (2007) mencionam que atualmente vive-se um momento em que as empresas, buscando diferenciais no mercado, acabam por se envolver em projetos sociais ou ambientais. Essa forma de exercício da cidadania busca agregar valor à sua marca institucional ou de algum de seus produtos específicos. As organizações que praticam o marketing verde procuram mostrar que seus produtos causam menor ou nenhum dano ao meio ambiente[...] esse processo nem sempre é simples, pois existem resistências dos próprios consumidores, além de dificuldades técnicas[...] (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.42). Paseto (2007) comenta que dentre as vantagens da adoção do Marketing ambiental, salientam-se as seguintes: o desenvolvimento de novas óticas sobre as demandas e valores do mercado e do consumidor; a possibilidade de ganhos de mercado pela valoração de suas marcas, produtos e serviços sempre que observados os valores éticos e sociais; uma melhor cooperação estratégica com os demais membros da cadeia produtiva que adotam práticas igualmente sustentáveis e um aumento da motivação e da produtividade dos funcionários em suas funções devido à participação direta e ou indireta, de forma sinérgica, nos projetos corporativos e nas indicações para melhor performance social das empresas. A adoção pelas empresas de estratégias de responsabilidade social pode gerar ganhos tangíveis sob a forma de valor agregado ao produto e aumento da competitividade no mercado, todavia os ganhos intangíveis podem ser bem maiores devido à adoção de ferramentas de sustentabilidade. Elas influenciam diretamente a 8 melhoria da imagem institucional, a reputação corporativa e a procura de inovações tecnológicas. Podem propiciar assim o incremento da participação de mercado [market share] de produtos e serviços além, ou por causa, de benefícios diretos oferecidos às comunidades locais. Paseto (2007) ainda conclui que o Marketing Ambiental não se limita à promoção de produtos que tenham alguns atributos verdes (tais como produtos recicláveis, produtos que diminuem impactos sobre o clima e que não destroem a camada de ozônio). Uma empresa para posicionar-se como ambientalmente responsável deve ter seus processos produtivos bem estruturados, com a identificação dos custos e benefícios internos e externos associados ao produto em todo o seu ciclo de vida, com a identificação dos impactos ambientais causados à saúde e à qualidade de vida, aliada a uma postura funcional adequada à responsabilidade de suas atividades. Todos os funcionários devem estar conscientes e engajados com o plano estratégico sustentável da empresa, pois o processo de construção da imagem institucional ambiental e socialmente responsável é observado por todos os stakeholders, quer sejam consumidores, quer sejam acionistas, quer sejam autoridades governamentais, quer sejam parceiros de negócio. Outro segmento de negócios que não pode ser descartado do cenário econômico e que vem assumindo relevância é aquele relativo ao ecoturismo. Empresas passam a explorar o "desejo ecológico" das pessoas, podendo este ser definido como a necessidade dos indivíduos em se verem integrados ao meio ambiente, e que acabam movimentando significativas quantias de dinheiro. 3.1 REFLEXÕES SOBRE OS BENEFÍCIOS EM MANAUS Consumidores de países mais evoluídos economicamente estão dispostos a pagar um diferencial a mais pelos produtos "verdes", sendo que o mesmo comportamento não pode ser esperado daqueles de países com baixa renda per capita, onde o fator preço na maioria das vezes determina o processo de escolha dos produtos. Percebe-se também que para a maioria das grandes empresas do pólo industrial é um fator importante a parcela de exportação de produtos. Fato este que implica na necessidade de se preparem rapidamente para terem produtos e serviços ecologicamente corretos para manter e até mesmo ampliar seus negócios nos 9 mercados mais esclarecidos a respeito da proteção ambiental e certamente mais exigentes. As empresas que não se preocupam com isso são algumas das empresas que atendem o mercado local, mas isso não deve durar muito tempo, pois com a crescente veiculação de noticias e programas de defesa do meio-ambiente mesmo o mercado local tornar-se-á mais exigente, preferindo desta forma os produtos que promovem um desenvolvimento sustentável. Em estudos concebe-se o meio-ambiente englobando aspectos de ordem biológica, social, cultural, econômica e política. No entanto, em pesquisa efetuada por Salem e Santos (2006) na região de Manaus, as empresas consultadas apresentaram uma concepção reducionista do termo. As empresas pesquisadas a respeito da existência de aspectos relacionados à educação ambiental restringem-se aos treinamentos. As empresas afirmam estar desenvolvendo Programas de Educação Ambiental, mas o que ocorre é um treinamento para os colaboradores. Quando aplicados à comunidade, se resumem a palestras e visitas. 3.2 TENDÊNCIAS Nascimento, Lemos e Mello (2008) mostram que existem tendências favoráveis ao ambiente ecológico, pois as leis ambientais estão ficando, em quase todos os países do mundo, cada vez mais restritivas; também estão começando a surgir mecanismos legais de incentivos econômicos para quem produz com responsabilidade socioambiental, tanto em âmbito nacional como internacional; em paralelo os bancos estão aumentando as exigências socioambientais para fornecer crédito e há um rápido aumento do mercado consumidor para produtos verdes e uma busca por fornecedores sócio-ambientalmente mais corretos. Em 2006 foi apresentado um projeto ambiental, no concurso Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente, de autoria da engenheira civil Carolina Maria Porto Salsa, pós-graduada em Ecologia e Gestão Ambiental, o projeto “Amazônia Ambientalmente Lúdica” que propõe a implantação de um pólo industrial de jogos e brinquedos ecológicos em Manaus. Segundo Pinto (2008): Trata-se de um Ecossistema de Negócios Conscientes, conceito lançado pelo Banco da Amazônia que visa promover o desenvolvimento econômico e social da região, sem a destruição de seus ecossistemas naturais. Essa concepção busca garantir a conservação, a preservação e também a restauração do ativo ecológico da Amazônia, assegurando os meios para a melhoria da qualidade de vida das populações locais. 10 O turismo ecológico é outra ação em desenvolvimento na região, tanto em empreendimentos como em escolas de formação de profissionais no setor, quer seja em graduação, quer seja em curso de pós-graduação [MBA – Mestrado em Administração de Negócios]. 4 RESULTADOS O IBOPE Inteligência - empresa do IBOPE [Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística] dedicada a pesquisas nas áreas de consumo e eleitoral – revelou, em publicação de 09 de maio de 2008 no 3º. Congresso Brasileiro de Empresas de Pesquisa [realizado entre 20 e 23 de abril de 2008], como o brasileiro tem dificuldade de praticar as idéias de sustentabilidade difundidas. Segundo o estudo Cidadania Sustentável: Um chamado para a ação [publicado neste Congresso], é grande a quantidade de pessoas que, embora tenham conhecimento de práticas de cidadania sustentável, não as inclui no seu dia-a-dia. Na pesquisa, foram relacionadas as ações que promovem a sustentabilidade mais disseminadas na sociedade, tais como o consumo consciente, a pirataria e a separação do lixo, além de pilhas e baterias. Mesmo tendo 70% a 90% dos cidadãos consultados terem afirmado serem bem-intencionados quanto a estes hábitos, apenas de 30% a 60% exercem de fato essas ações. Neste mesmo estudo, o levantamento efetuado também aponta para uma associação exagerada do termo “sustentabilidade” ao meio-ambiente, o que marca o termo como jargão de ambientalistas – podendo causar uma repulsa em parte da sociedade que é avessa ao radicalismo de alguns ativistas ambientais. Tem-se também como um dos resultados deste estudo, portanto, a necessidade de resignificar o termo sustentabilidade para ser entendido num sentido amplo, no sentido de fomentar carreiras sustentáveis, finanças sustentáveis, dietas sustentáveis, etc. Os autores do estudo avaliam, ainda, que os resultados sugerem uma relação “platônica” da sociedade com a sustentabilidade, como se fosse um sonho distante, muito difícil de ser alcançado. De Andrade, Tachizawa e De Carvalho (2002) respondem uma questão sobre as iniciativas nas áreas ambiental e ecológica, encontrada em obras e artigos sobre o assunto de gestão ambiental: “não seria um mero surto de preocupações passageiro que demandaria medidas com pesados ônus para as empresas que a adotassem?”. A resposta vem de uma pesquisa Confederação Nacional da Indústria 11 – CNI – e do Ibope, que mostra o contrário. Esta pesquisa revela também que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente. Com isso pode-se evidenciar que o marketing ambiental pode ser uma ferramenta decisiva de gestão ambiental para mudar o comportamento do consumidor e mais ainda, que apresenta uma margem nos preços para financiar suas ações. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS O mercado atualmente vem atuando como um agente impulsionador das atividades ambientais. Ações dos concorrentes, imposições de clientes ou fornecedores, obrigações legais, são algumas forças que influenciam e até mesmo direcionam as estratégias nas empresas, na direção de estabelecer uma estratégia para a solução de questões ambientais. Cada vez mais é cobrado das organizações um comportamento ético e responsável, tanto no tocante às ações sociais, quanto no tocante às ações ambientais. A responsabilidade não deve recair somente sobre as organizações, porém o ato de consumo em si deve ser reavaliado por parte de consumidores. Os excessos e desperdícios no momento do consumo devem ser levados em consideração, pois, não basta exigir produtos ecologicamente corretos se na contrapartida não há uma conscientização. E ainda assim, mesmo havendo conscientização, deve-se garantir que as intenções se tornem realidade, o que não vem ocorrendo no momento. As empresas estão inseridas na sociedade. Sabe-se que algumas delas, principalmente as multinacionais, atuam fortemente sobre as decisões governamentais, portanto, as mesmas têm responsabilidade social. Uma parcela desta responsabilidade é a preocupação com as questões ambientais, obviamente não perdendo de vista suas metas comerciais, de obtenção de lucros. Faz parte desta nova postura empresarial a avaliação e percepção da consciência que está se despertando nos consumidores, no que tange às questões ambientais. Estudos e pesquisas locais sobre essa nova postura empresarial é uma sugestão de trabalho futuro neste assunto. Uma estratégia de marketing que tenha como objetivo chamar a atenção dos consumidores em relação a preocupação das empresas com o meio ambiente deve ser perseguida. Faz parte desta estratégia, fazer com que a realidade não fique tão 12 longe da intenção declarada dos consumidores e que os conceitos sejam atrativos à maioria da população. Com isso o consumidor se sente superior, fazendo um gesto altruísta de defender o meio-ambiente e a si próprio. Essas estratégias devem, assim, ser implantadas de fato e produzir resultados visíveis para a sociedade. Um exemplo de implantação destas estratégias é que os processos produtivos devem enfocar procedimentos de preservação ambiental, e também estar atento para não encarecer o produto final, uma vez que o preço é um fator de decisão de compra. As empresas da região precisam acelerar suas ações para se ter um completo ambiente de desenvolvimento sustentável e também obter mais benefícios nos seus negócios. Se isto não acontecer, muitos dos atuais negócios, que não pretendem usar o marketing ambiental, poderão desaparecer mesmo antes que o nosso maior patrimônio, o meio-ambiente do qual fazemos parte, tenha um fim indesejado por todos. A elasticidade dos preços dos produtos e serviços ambientais e ecológicos oferecidos, para se chegar a valores aceitos pelos consumidores e na capacidade de lucratividade e financiamento dessas iniciativas fica também como sugestão para trabalhos futuros. O marketing ambiental voltado para o turismo também é um ponto muito interessante para o mercado local. Têm-se todas as condições para oferecer um serviço de classe mundial para todos, com benefícios claramente visíveis para a população local e para o próprio meio-ambiente. Este assunto é outra sugestão de trabalho futuro sobre o marketing ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. METODOLOGIA CIENTÍFICA. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. COBRA, Marcos. ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING NO BRASIL. São Paulo: Cobra Editora de Marketing, 2003. DE ANDRADE, Rui Otávio Bernardes; TACHIZAWA, Takeshy; DE CARVALHO, Ana Barreiros. GESTÃO AMBIENTAL: Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2ª. Ed.. São Paulo, 2002, 2000. DIAS, Reinaldo. MARKETING AMBIENTAL: Ética, responsabilidade social e competitividade nos negócios. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antônio Carlos. COMO ELABORAR PROJETOS DE PESQUISA. 4ª ed.. São Paulo: Atlas, 2007. 13 KOTLER, Philip et KELLER, Kevin Lane. ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING: A Bíblia do Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, Philip. PRINCÍPIOS DE MARKETING. 7.ed. Rio de Janeiro: LCT S.A, 1999. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. 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