TESOURO DIRETO 1) INTRODUÇÃO Nunca foi tão grande o interesse das pessoas por investimentos seguros e com bons rendimentos. Esta preocupação se justifica pelos altos índices de inflação que estamos vivenciando, fazendo com que investimentos tradicionais (como a poupança) tragam rentabilidade real (descontada a inflação) negativa. No Tesouro Direto o próprio investidor gerencia seus investimentos, que podem ser de curto, médio ou longo prazo. É uma ótima opção para quem quer investir com baixo custo, boa rentabilidade e liquidez quase imediata. Sempre que for necessário, poderão ser resgatados os títulos antes do vencimento pelo seu valor de mercado, uma vez que o Tesouro Nacional garante a recompra do título. Caso não queira gerenciar seus investimentos, o investidor poderá autorizar uma das instituições financeiras (agentes de custódia) habilitadas a operar no Tesouro Direto para efetuar compras e vendas dos títulos públicos. As vantagens não param por aí. O rendimento da aplicação em títulos públicos é bastante competitivo se comparado com as outras aplicações financeiras de renda fixa existentes no mercado, uma vez que a partir de R$ 30,00 já é possível iniciar uma aplicação. As taxas de administração e de custódia são baixas e o Imposto de Renda só é cobrado no momento da venda ou do vencimento do título, como poderá ser verificado no presente manual. 2) O QUE É O TESOURO DIRETO É um programa da Secretaria do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a BM&F Bovespa em 2002, para possibilitar a aquisição de títulos públicos federais por parte de pessoas físicas por meio da internet. São ativos de renda fixa, ou seja, o seu rendimento pode ser dimensionado no momento do investimento, ao contrário dos ativos de renda variável (como ações), cujo retorno não pode ser estimado no momento da aplicação. Assim, comprar títulos públicos é comprar um documento que dá, ao investidor, o direito de receber de volta o dinheiro aplicado, acrescido de juros, sendo que estes são pagos conforme regras específicas para cada tipo de título. Em outras palavras, o investidor empresta seu dinheiro para o governo e esse devolve, pagando juros pelo período do empréstimo. Em função da menor volatilidade (vide maiores comentários no parágrafo 14 deste manual) dos ativos de renda fixa frente aos ativos de renda variável, este tipo de investimento é considerado mais conservador, ou seja, de menor risco. Também possibilita ao investidor adquirir diretamente os títulos e a quantidade que desejar, com redução do custo de intermediação. O investidor deve escolher, entre os títulos ofertados, aqueles cujas características sejam compatíveis com o seu perfil e com o objetivo do seu investimento, ou seja, a carteira de investimentos deve ser montada para atender às diversas variáveis envolvidas, como por exemplo, valor total a ser investido e prazo para resgate parcial ou total do valor aplicado. 3) REQUISITOS BÁSICOS Estão aptos a adquirir títulos públicos no Tesouro Direto os investidores que possuam CPF (Cadastro de Pessoa Física) e tenham conta corrente ou conta poupança em alguma instituição financeira. 3.1 - Cadastramento para Compra de Títulos Públicos no Tesouro Direto O investidor deve escolher e se cadastrar em alguma instituição financeira (corretora ou distribuidora de valores, que no contexto do Tesouro Direto são chamadas de agentes de custódia) habilitada, fornecer as informações solicitadas e encaminhar a documentação exigida. Em seguida, receberá da BM&F Bovespa uma senha provisória no endereço eletrônico informado em seu cadastro, sendo integralmente responsável pelo seu uso e manutenção do seu sigilo. Essa senha é o meio de acesso à área restrita do site do Tesouro Direto, onde são realizadas as operações de compra e venda, consultas a saldos, extratos e outras. Além disso, o investidor receberá mensalmente, via e-mail, uma cópia do extrato de movimentação. As transações e consultas são realizadas no próprio site do Tesouro Direto, conforme link a seguir : “ htpps://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto “ Caso a instituição financeira escolhida seja um agente integrado, as compras somente poderão se realizadas no site da própria instituição, porém o acesso à área restrita do site do Tesouro Direto permanece para consultas complementares, sendo que o login de acesso a essa área será o próprio CPF do investidor. Uma vez cadastrado no Tesouro Direto, há três formas de operar o sistema: Diretamente no site do Tesouro Direto: com a sua senha, o investidor acessa a área restrita do site e negocia seus títulos públicos; Diretamente no site da instituição financeira: algumas instituições financeiras habilitadas integraram seus sites ao do Tesouro Direto, tornando-se um agente integrado. Isso significa que o investidor pode comprar e vender seus títulos públicos no site da própria instituição financeira, com os mesmos preços e taxas do site do Tesouro Direto; Por meio da sua instituição financeira: o investidor autoriza a sua instituição financeira a negociar títulos públicos em seu nome, sendo que o investidor deverá saber se a instituição escolhida oferece essa opção de investimento. Importante: Há bancos que não operam com o Tesouro Direto, uma vez que os títulos públicos competem diretamente com outros produtos disponibilizados pelos próprios bancos, como os títulos de capitalização e de previdência privada, os quais geralmente apresentam uma rentabilidade menor para o investidor. Também deverá ser considerado que os bancos que operam com o Tesouro Direto, geralmente costumam cobrar uma taxa de administração mais alta para o investimento. Acessando a link abaixo, é possível encontrar a lista de todas as instituições financeiras habilitadas a oferecer títulos públicos, com as respectivas informações do contrato: “ htpps://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-instituicoesfinanceiras-habilitadas “ 4) COMO INVESTIR Não é possível efetuar diretamente a compra de títulos públicos junto ao Tesouro Direto, sendo que para realizar essa modalidade de aplicação o investidor precisa obrigatoriamente abrir uma conta em uma instituição financeira (agente de custódia) para intermediar as suas transações com o Tesouro Nacional. Essa instituição financeira poderá ser um banco ou uma corretora independente, conforme mencionado no parágrafo 3 deste manual, sendo que no site do Tesouro Direto se encontra disponibilizada uma relação das instituições habilitadas a operar com títulos públicos. Cada título tem um preço, o qual é determinado pelo valor de mercado no momento da compra, sendo o mesmo chamado de preço unitário, ou de PU no jargão do mercado. 4.1 - Compra de Títulos As compras podem ser feitas de duas formas, conforme segue: Modalidade tradicional: as compras e vendas são feitas através do site do Tesouro Direto ou do agente de custódia, se este for integrado, e a qualquer momento dentro do período de funcionamento (vide parágrafo 4.5 deste manual) do programa do Tesouro Direto; Modalidade programada: o investidor pode agendar a compra de títulos, o reinvestimento dos juros (cupom semestral, se houver), ou o reinvestimento do valor resgatado de um título vencido ou da venda do título. Na prática, como os títulos são escriturais (eletrônicos), o agente de custódia não guarda nenhum documento físico, nem mesmo os registros eletrônicos de posse, pois eles apenas intermediam suas operações de compra e venda. Os registros dos títulos públicos ficam sob responsabilidade da BM&F Bovespa, e são vinculados ao nome do investidor e ao seu CPF. 4.1.1 - Forma de Pagamento das Compras de Títulos Públicos Para adquirir títulos públicos no site do Tesouro Direto, o investidor deve acessar a área restrita do site ou o endereço eletrônico da sua instituição financeira (agente de custódia) integrada, observar os títulos públicos disponíveis (características, vencimentos, preços e taxas) e montar a sua carteira, bastando escolher os títulos e confirmar a compra, sendo que após a confirmação da compra, não há como cancelá-la. A operação é parecida com as compras em sites de e-commerce, onde há uma cesta de produtos que o investidor pode escolher de acordo com a sua necessidade. Após a finalização, um número de protocolo e a data-limite para a transferência do dinheiro são enviados ao agente de custódia do investidor, semelhante aos registros de compras online. O pagamento da compra será efetuado pela instituição financeira do investidor e, para isso, os recursos devem estar disponíveis em sua conta no agente de custódia. O título é recebido pelo investidor no segundo dia após a compra. Importante: Torna-se necessário considerar que eventuais saldos em espécie existentes na conta corrente do investidor junto ao agente de custódia devem ser prontamente alocados em novas aplicações ou transferidos para outras finalidades, evitando-se com isto eventuais problemas operacionais do agente de custódia, mesmo tratando-se de um risco remoto. 4.2 - Venda de Títulos Já as vendas podem ser realizadas conforme segue: 4.2.1 - No Vencimento Por ocasião da data de vencimento do título o investidor recebe de volta o dinheiro investido, com o pagamento do rendimento dos juros (isso no caso dos títulos sem juros semestrais). Para os títulos com pagamento de juros semestrais, no dia do vencimento o investidor irá receber apenas o dinheiro investido de volta, uma vez que os rendimentos já foram todos depositados em conta corrente, a cada semestre. 4.2.2 - Em Venda Antecipada Já no caso de venda antecipada, o Tesouro Nacional recompra o título com base no seu valor diário de mercado. Desta forma, o retorno poderá ser diferente do acordado por ocasião da compra, dependendo do preço do título no momento em que se queira vendê-lo, pois estes preços estão sujeitos à variação dos preços, que ocorrem diariamente. Os valores dos títulos do Tesouro Direto oscilam de acordo com as transações realizadas pelos agentes financeiros, conforme suas expectativas para a taxa de juros. Portanto, caso decida vender antes do prazo, o investidor poderá ganhar até mais do que o esperado, mas também correrá o risco de ter perdas. Nos casos dos títulos pré-fixados, se o juro de mercado subir ou a inflação for maior do que a projetada quando o título foi adquirido, o investidor irá resgatar um valor menor do que se tivesse investido em um título pós-fixado, caso decida vender antes do vencimento. Por outro lado, se a taxa básica da economia cair, o investidor que tiver um título pré-fixado terá lucro ao vendê-lo antes do vencimento, pois terá um investimento que paga uma taxa maior em relação àquela praticada no mercado. Esta oscilação na rentabilidade no valor dos títulos é chamada de Marcação a Mercado, cuja definição está demonstrada no parágrafo 11 deste manual. Exemplo: Um investidor compra em 01 de agosto de 2015, um título Tesouro Prefixado (LTN) com vencimento em 1º de janeiro de 2020, ao preço de R$ 793,97 e a uma taxa de 10% ao ano. Suponha que em 03 de maio de 2016 ele decida vender antecipadamente esse título. Nesta data, o preço do título é de R$ 955,17. Nestas condições, a rentabilidade obtida pelo investidor com a venda antecipada seria equivalente a uma taxa de 11,17% ao ano, superior, portanto, àquela contratada no momento da compra. Desta forma, na venda antes do vencimento o retorno da aplicação poderá ser diferente do acordado no momento da compra, dependendo do preço do título na data em que o investidor decidir vendê-lo. No exemplo acima demonstrado, o investidor obteve uma taxa bruta de rentabilidade (11,17% ao ano) maior do que a contratada no momento da compra (10% ao ano). Porém, ela poderia ter sido menor do que a contratada, a depender das condições do mercado no momento da venda. 4.3 - Preços de Compra e de Venda de Títulos O preço de compra dos títulos públicos é calculado com base nas taxas praticadas pelo mercado, apuradas para a data de liquidação da compra. Já o preço de venda pelo investidor ao Tesouro Direto é calculado pelo Tesouro Nacional com a aplicação de um spread sobre o preço de compra. Os preços de compra e de venda estão disponibilizados em Tabela de Preços e Taxas de Títulos no site do Tesouro Nacional, sendo que este pode alterar o preço dos títulos a qualquer momento. O investidor que estiver montando a sua cesta de títulos no momento da alteração dos preços receberá uma notificação com os preços atualizados. Desta forma o investidor poderá confirmar a cesta de títulos com os novos preços, alterar as quantidades e valores da cesta ou desistir da operação. 4.4 - Fluxo do Pagamento do Investimento em Títulos Este fluxo está definido conforme segue: D + O: aquisição do título no site do Tesouro Direto: D + 1: prazo limite para que o dinheiro esteja na conta corrente do investidor (checar horário limite com o seu agente de custódia); D + 2: recebimento do título adquirido na conta do investidor até às 17:00 hs. 4.5 - Horários de Atendimento Os investimentos e os resgates (compras e vendas), poderão ser realizados todos os dias, inclusive feriados e finais de semana, exceto para o horário das 5:00 às 9:30 hs da manhã dos dias úteis. Já a suspensão dos investimentos e resgates ocorre por ocasião dos dias de reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), sendo que também poderão ocorrer suspensões ao longo do dia (conforme as condições do mercado) para proteger o investidor em momentos de fortes oscilações. 5) LIMITES PARA APLICAÇÃO Os limites para aplicação são: 5.1 - Aplicação Mínima A quantidade mínima de compra é a fração de 0,01 do título, ou seja, 1% do valor total de um título, desde que respeitado o valor mínimo de R$ 30,00 reais, sendo possível a compra de mais de uma fração (0,01, 0,02, 0,03 e assim por diante). Cada título tem um preço que é determinado pelo valor de mercado no momento da compra, o qual é chamado de Preço Unitário, ou de PU no jargão do mercado. Quando o investidor opta por utilizar a modalidade programada, ele pode comprar frações de até 1%, no mínimo, do PU do título. Isso significa que se determinado título tem um PU de R$ 1.000,00, é possível, teoricamente, fazer investimentos a partir de R$ 10,00 reais (correspondentes a 1% do valor ou PU do título). Porém, pelas regras do Tesouro Direto o investimento mínimo permitido é de R$ 30,00 reais. Neste caso, o investidor precisaria adquirir pelo menos o equivalente a 3% do valor (PU) do título. 5.2 - Aplicação Máxima O limite máximo de compra é de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) por mês. Este limite não deve ser considerado para cada título separadamente, mas sim para a carteira de títulos adquirida pelo investidor durante o mês. Não há limite para vendas, pois caso o investidor possua R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) aplicados no Tesouro Direto, poderá efetuar a venda/resgate de todo o valor no decorrer do próprio mês. 6) CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS PÚBLICOS Existem duas variações de títulos públicos, as quais dizem respeito às taxas de juros que serão pagas durante o período em que o investidor estiver de posse dos títulos, conforme segue: 6.1 - Pré-Fixados: têm suas taxas de juros (rentabilidade) pré-determinadas no momento de compra. Assim, aconteça o que acontecer com a economia, o investidor receberá os juros no dia do vencimento de título conforme a taxa que foi fixada de antemão no momento da aquisição dos títulos. 6.2 - Pós-Fixados: não possuem uma taxa fixa de juros no momento de compra. A taxa varia com o passar dos meses e está associada a algum índice de mercado (indexador variável), como a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) ou a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). TÍTULOS PRÉ-FIXADOS Taxa de Juros Fixa TÍTULOS PÓS-FIXADOS Taxa de Juros Variável 7) TÍTULOS PÚBLICOS DISPONÍVEIS O Tesouro Direto oferece títulos pré-fixados e pós-fixados, sendo que atualmente existem cinco opções de títulos públicos: Tesouro Pré-Fixado [ano] - LTN Tesouro Pré-Fixado com Juros Semestrais [ano] - NTN-F Tesouro IPCA+ [ano] - NTN-B Principal Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais [ano] - NTN-B Tesouro SELIC [ano] - LFT Em cada categoria de títulos, poderá haver diversos vencimentos. Para facilitar a análise, a palavra “ano” (acima entre colchetes), representa o ano de vencimento do título. Essa informação irá aparecer quando o investidor consultar os títulos disponíveis para compra. No link a seguir, encontra-se uma descrição detalhada dos títulos atualmente existentes para negociação: “ htpps://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-entenda-cadatitulo-no-detalhe “ Torna-se importante novamente destacar que os títulos públicos podem ser vendidos antes do prazo final do investimento, porém conforme já mencionado no parágrafo 4.2.2 deste manual, nestas situações o investidor poderá receber um valor menor ou maior do que fora pactuado no momento da compra, pois os valores dos títulos oscilam durante o período de vigência do investimento, o que pode levar a uma valorização ou desvalorização, exceto o título Tesouro SELIC, o qual sempre apresenta rentabilidade positiva. Desta forma, é de extrema importância que o investidor realize um planejamento antes de adquirir títulos públicos que possam apresentar rentabilidade negativa (Tesouro Pré-Fixado e Tesouro IPCA+), ou seja, que se programe para manter o investimento até o vencimento do título. 7.1 - Com ou Sem Pagamento de Juros Semestrais Essa é uma variação interessante e que tem relação com o pagamento dos juros. Os títulos sem pagamento de juros semestrais são aqueles em que o investidor recebe o lucro (proveniente dos juros) apenas no vencimento do título ou quando faz o resgate antecipado. Até lá, nenhum dinheiro é depositado na conta da instituição financeira (agente de custódia) que intermedia a negociação. Já os títulos com pagamento de juros semestrais são aqueles em que o investidor recebe o lucro (proveniente dos juros) a cada 6 (seis) meses. Com isso, o investidor obtém o lucro do investimento duas vezes ao ano e, dependendo dos objetivos do investimento, esse pagamento semestral pode ser algo bem interessante (aposentadoria ou complementação de renda, por exemplo). Caso queira receber os juros em períodos menores, o investidor pode comprar (havendo disponibilidade) títulos com vencimento dos juros semestrais em datas diferentes, montando uma combinação que atenda às suas necessidades, uma vez que receberá juros em datas diferenciadas. Este pagamento de juros semestrais é denominado de Cupom, conforme periodicidade demonstrada no parágrafo seguinte. 7.2 - Características dos Títulos Disponíveis A seguir, descrevem-se as características dos títulos existentes atualmente: TÍTULO RENDIMENTO Tesouro Pré-Fixado Pré-fixado Tesouro Pré-Fixado com Juros Semestrais Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais Pré-fixado Indexado à inflação (pós-fixado) RENTABILIDADE Definida no momento do investimento (taxa de juros contratada) Definida no momento do investimento (taxa de juros contratada) Vinculada à variação da inflação (IPCA) mais a taxa de juros contratada Vinculada à variação da inflação (IPCA) mais a taxa de juros contratada Indexado à taxa SELIC Vinculada à variação dos juros (pós-fixado) (SELIC) Indexado à inflação (pós-fixado) Tesouro IPCA+ Tesouro SELIC FLUXO DE PAGAMENTO JUROS (Cupons) No vencimento Não tem Pagamentos semestrais de juros e no vencimento (principal) 10% ao ano, pagos semestralmente Pagamentos semestrais de juros e no vencimento (principal) 6% ao ano, pagos semestralmente No vencimento Não tem No vencimento Não tem 8) MODALIDADES DE APLICAÇÃO EXISTENTES A seguir são apresentadas, em maiores detalhes, as cinco opções de títulos públicos disponíveis para comercialização: 8.1 - Títulos Pré-Fixados São títulos públicos com rentabilidade (taxa de juros) definida no momento da compra. O investidor sabe exatamente o valor que irá receber se ficar com o título até a data do seu vencimento. Cada unidade de título é adquirida com deságio, e possui o valor de resgate de R$ 1.000,00 no vencimento. São dois os títulos prefixados: 8.1.1 - Tesouro Pré-Fixado (antiga LTN - Letra do Tesouro Nacional) Possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor investido somado à rentabilidade) na data de vencimento do título, conforme fluxo de pagamentos a seguir : Valor de Face (Valor Investido + Rentabilidade) Valor Investido Data de Vencimento Data da Compra Características do Tesouro Pré-Fixado É indicado quando o investidor acredita que a taxa pré-fixada será maior que a taxa de juros básica da economia (SELIC), ou seja, a sua compra é indicada quando a taxa SELIC está alta, porém existe uma previsão de queda dos juros; Por ter rentabilidade predefinida, seu rendimento é nominal. Isso significa que é necessário descontar a inflação para obter o rendimento real da aplicação. 8.1.2 - Tesouro Pré-Fixado com Juros Semestrais (antiga NTN-F - Nota do Tesouro Nacional) O rendimento da aplicação é recebido pelo investidor ao longo da aplicação, por meio do pagamento de juros semestrais (cupons de juros) e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros. O fluxo de cupons semestrais aumenta a liquidez, possibilitando novos reinvestimentos dos juros semestrais conforme fluxo a seguir: Pagamento de Cupons Semestrais de Juros Valor de Face (Valor Investido + Rentabilidade) Cupons Semestrais de Juros Valor Investido Data de Vencimento Data da Compra Características do Pré-Fixado com Juros Semestrais A lógica deste título público é semelhante ao do seu correspondente (Tesouro Pré-Fixado), com a única diferença de haver o recebimento dos rendimentos com uma periodicidade de seis meses (juros semestrais); Acompanha a inflação medida pelo índice IPCA, sendo uma opção indicada para o investidor que acredita que a taxa pré-fixada será maior do que a taxa de juros básica da economia (SELIC); Porém cabe destacar que no pagamento destes rendimentos semestrais também haverá incidência do Imposto de Renda (IR), obedecendo a uma tabela regressiva, a qual está demonstrada no parágrafo 12 deste manual. Importante: Caso a intenção do investidor seja utilizar parte do rendimento recebido semestralmente para complementar a sua renda, talvez seja mais interessante optar por essa modalidade de aplicação, apesar da menor rentabilidade final, uma vez que os juros semestrais representam uma antecipação do pagamento da rentabilidade total do título, não significando, portanto, uma rentabilidade adicional. 8.1.3. - Quem Deve Investir em Tesouro Pré-Fixado (LTN ou NTN-F) O investidor que comprou estes papeis vai receber, no vencimento, entre 10,11% e 10,43% ao ano, conforme tabela de Preços do Tesouro Direto demonstrada no parágrafo 9 deste manual, os quais oscilam constantemente. Para a definição deste percentual o mercado leva em consideração a taxa de juros atual, e as expectativas futuras para a SELIC. 8.2 - Títulos Pós-Fixados São títulos públicos cujo valor é corrigido pelo seu indexador. Assim, a rentabilidade do título depende tanto do desempenho do seu indexador, quanto da taxa contratada no momento da compra. São dois os títulos pós-fixados disponíveis: 8.2.1 - Títulos Indexados ao IPCA São títulos com rentabilidade real, pois o seu rendimento é composto por duas parcelas, ou seja, a variação da inflação (IPCA), acrescida da taxa fixa de juros definida no momento da compra. A soma destes dois componentes resulta na taxa total de juros do título. Esta aplicação permite ao investidor obter rentabilidade em termos reais, aumentando seu poder de compra ao se proteger das flutuações do IPCA. Neste grupo de títulos se enquadram os que seguem: 8.2.1.1. - Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B Principal) Possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a aplicação e resgata o valor de face (valor investido somado à rentabilidade) na data de vencimento do título, conforme fluxo abaixo: Valor de Face (Valor Investido + Rentabilidade) Valor Investido Data de Vencimento Data da Compra Características do Tesouro IPCA+ É bastante indicado para o investidor que deseja fazer poupança visando um horizonte de médio a longo prazo, inclusive visando a aposentadoria, compra casa própria e outras; Estes títulos são oferecidos com taxas prefixadas que variam diariamente, porém a taxa compactuada por ocasião da compra será levada até o vencimento do título. 8.2.1.2. - Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (antiga NTN-B) O rendimento da aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio do pagamento de juros semestrais (cupons de juros) e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros, conforme segue: Pagamento de Cupons Semestrais de Juros Valor de Face (Valor Investido + Rentabilidade) Cupons Semestrais de Juros Valor Investido Data de Vencimento Data da Compra Características do Pós-Fixado com Juros Semestrais A lógica deste título público é semelhante ao do seu correspondente (Tesouro IPCA+), com a única diferença de haver o recebimento dos rendimentos com uma periodicidade de seis meses (juros semestrais); Porém cabe destacar que no pagamento destes rendimentos semestrais também haverá incidência do Imposto de Renda (IR), obedecendo a uma tabela regressiva, a qual está demonstrada no parágrafo 12 deste manual. Importante: Caso a intenção do investidor seja utilizar parte do rendimento recebido semestralmente para complementar a sua renda, talvez seja mais interessante optar por essa modalidade de aplicação, apesar da menor rentabilidade final, uma vez que os juros semestrais representam uma antecipação do pagamento da rentabilidade total do título, não significando, portanto, uma rentabilidade adicional ao longo da operação. 8.2.1.3. - Quem Deve Investir em Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal ou NTN-B) Estes títulos são indicados para o investidor quem tem um objetivo claro de longo prazo, ou seja, deveria optar por um título NTN-B com vencimento para 2024 (juros de 5,25% ao ano) quando planeja dar uma entrada em um imóvel financiado daqui a alguns anos e gostaria que o capital acumulado fosse sendo remunerado com uma taxa atrativa. Já o investidor que planeja complementar os seus rendimentos daqui a aproximadamente 20 anos, deverá optar por um título NTN-B Principal 2035 (juros de 5,22% ao ano). Hoje, referidos títulos pagam ao investidor a inflação medida pelo IPCA e mais uma taxa de juros em torno de 5% ao ano (vide tabela de taxas anuais no parágrafo 9 deste manual). O investidor que compra algum destes títulos tem a segurança de proteger o seu investimento dos efeitos corrosivos da inflação. Por outro lado, o risco que deve ser considerado é o das oscilações das taxas de juros, pois se daqui a dois anos os juros reais estiverem em torno de 8%, por exemplo, o investidor que possui um título que remunera em 5% ao ano (como nos exemplos acima) terá de aceitar um desconto considerável no valor de mercado do título, caso decida vender o mesmo antes do vencimento. Por outro lado, se os juros reais estiverem em torno de 3% ao ano, o investidor terá uma ótima rentabilidade sobre o valor investido. 8.2.2 - Tesouro SELIC (antiga LFT - Letra Financeira do Tesouro) Títulos pós-fixados, cuja rentabilidade segue a variação da taxa SELIC. Sua remuneração é dada pela variação diária da taxa SELIC registrada entre a data de liquidação da compra e a data de vencimento do título, acrescida, se houver, de ágio (descontos sobre a rentabilidade) ou deságio (prêmio sobre a rentabilidade) no momento da compra. Com relação a ágio e deságio, vide maiores comentários no parágrafo 8.2.2.1 deste manual. Possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor investido somado à rentabilidade), na data de vencimento do título, conforme fluxo de pagamentos a seguir: Valor de Face (Valor Investido + Rentabilidade) Valor Investido Data de Vencimento Data da Compra Características do Tesouro SELIC Indicado para o investidor que deseja uma rentabilidade pós-fixada, indexada à taxa de juros da economia (SELIC), ou seja, quando esta taxa está mais alta, o retorno do investidor também é maior; O valor de mercado do Tesouro SELIC apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada, pois é o único título do Tesouro Direto que sempre apresenta rentabilidade positiva; Além de apresentar rentabilidade positiva, este título oferece liquidez diária, ao contrário da poupança que só calcula a rentabilidade nas datas de aniversário dos depósitos realizados; É ideal para objetivos de curto prazo, principalmente para reserva de emergência e despesas cotidianas, pois assegura que, mesmo em caso de resgate antecipado, o montante a ser resgatado será superior ao inicialmente investido; Sua rentabilidade tende a ser mais baixa que a dos demais títulos. Portanto, o Tesouro SELIC é o título recomendado para curto prazo e também para quem quer apenas substituir a poupança por um investimento que vença a inflação e ainda pague juros, especialmente quando a inflação está em níveis maiores do que o rendimento da poupança. 8.2.2.1 - Deságio / Ágio O deságio/ágio do Tesouro SELIC é uma taxa acrescida/deduzida à variação da taxa SELIC para aferir a rentabilidade do título de acordo com uma menor/maior demanda pelo mesmo. Na ocorrência de deságio, o investidor recebe a SELIC mais o valor do deságio. Na hipótese de ágio, o investidor recebe a SELIC menos o ágio. Assim, quando o título estiver sendo vendido a uma taxa de 0,00%, ele estará sendo negociado ao par, ou seja, sem ágio ou deságio sobre a SELIC. Se tiver um valor positivo (ex.: 0,03%), ele estará sendo vendido com deságio (a rentabilidade será dada pela variação SELIC + 0,03% ao ano). Se tiver um valor negativo (ex.: -0,03%), ele estará sendo vendido com ágio (a rentabilidade será variação SELIC - 0,03% ao ano). Para uma melhor ilustração do acima exposto, vide na tabela do parágrafo 9 deste manual, a linha “Tesouro SELIC 2023 (LTN) com valor de 0,06. Isto correspondia que no momento de elaboração daquela tabela, o título estava sendo negociado com deságio de 0,06% sobre a SELIC. 8.2.2.2 - Quem Deve Investir em Tesouro SELIC O investidor ao comprar um título desta modalidade, possuirá um papel que se valoriza diariamente na proporção da taxa de juros da economia. Como por exemplo, suponha-se que o valor de um título seja de R$ 1.000,00 e que a taxa SELIC seja equivalente à 10% ao ano. No dia seguinte o título terá um valor de R$ 1.000,40, ou seja, os R$ 0,40 serão equivalentes aos juros de um dia útil para uma taxa de 10% a cada 252 dias úteis, sendo que desta maneira o valor do título tende a crescer diariamente até a data do vencimento. Se caso o investidor venda o título antes do vencimento, receberá os ganhos proporcionalmente ao tempo que durou o investimento, porém descontados os impostos e tarifas demonstrados no parágrafo 12 deste manual. Importante: No mercado financeiro um ano é definido como tendo 252 dias úteis. 9) PREÇOS DOS TÍTULOS PÚBLICOS Por ocasião da elaboração do presente manual, o Tesouro Direto disponibilizava as seguintes opções de aplicações, tomandose como base a data de atualização abaixo demonstrada: PREÇOS E TAXAS DOS TÍTULOS PÚBLICOS DISPONÍVEIS PARA COMPRA Taxa de Rendimento Valor Preço Título Vencimento (% ao ano) Mínimo Unitário Indexados ao IPVA Tesouro IPCA+2024 (NTNB Principal) 15/08/2024 5,25 40,56 2.028,05 Tesouro IPCA+2035 (NTNB Principal) 15/05/2035 5,22 35,35 1.178,47 Tesouro IPCA+2045 (NTNB Principal) 15/05/2045 5,22 35,47 709,49 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026 (NTNB) 15/08/2026 5,32 31,21 3.121,30 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTNB) 15/05/2035 5,24 32,80 3.280,80 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) 15/08/2050 5,23 33,34 3.334,15 Prefixados Tesouro Prefixado 2020 (LTN) 01/01/2020 10,11 30,38 759,73 Tesouro Prefixado 2023 (LTN) 01/01/2023 10,43 33,60 560,16 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2027 (NTNF) 01/01/2027 10,32 39,86 996,68 Indexados à Taxa SELIC Tesouro SELIC 2023 (LFT) 01/03/2023 0,06 85,52 8.552,66 Última atualização em 15/02/2017 (10:00 hs) - Fonte Tesouro Direto Importante: Para consultar as taxas e preços de cada um dos títulos em tempo real, acesse a tabela de Rentabilidade dos Títulos à Venda, no site do Tesouro Direto ou da sua instituição financeira. 9.1 - Principais Características dos Títulos Públicos No Tesouro Direto, o fato de as datas de vencimento de cada título estar em datas distantes não implica na obrigatoriedade do investidor permanecer na aplicação até o vencimento. Por exemplo, um título Tesouro SELIC, poderá ser vendido a qualquer momento sem o risco de ter uma variação negativa. Quanto mais longo o título (mais distante a data de vencimento), melhor para o investidor; No caso de resgate da aplicação antes da data do seu vencimento, não haverá direito a todo o rendimento possível, porém ainda ocorrerá um retorno considerável, principalmente caso comparado à poupança. Isso ocorre, pois a premissa básica do investimento no Tesouro Direto é clara, ou seja, caso o investidor mantiver o título até o seu vencimento, ele receberá exatamente o que havia sido contratado no momento da compra; As taxas de retorno demonstradas nas tabelas do Tesouro Direto são anuais, ou seja, se em uma determinada aplicação a taxa for de 15,50%, esta taxa corresponde ao retorno anual e não ao retorno acumulado até o vencimento do título; Isto vale para todos os títulos, inclusive para os que são indexados à inflação, sendo que um título Tesouro IPCA que tenha uma taxa de 7,00%, por exemplo, terá um retorno anual da IPCA + 7,00% ao ano; Desta forma, o Tesouro Direto é uma excelente opção para quem quer investir periodicamente, mas não dispõe de um grande volume inicial de recursos. 10) LIQUIDEZ Liquidez vem a ser a capacidade de se transformar um investimento em dinheiro. Um imóvel, por exemplo, possui pouca liquidez em função do prazo que demora a ser vendido. Já um veículo possui liquidez média, pois é mais fácil vendê-lo e transformá-lo em dinheiro. Uma aplicação em título público Tesouro SELIC tem alta liquidez, já que o investidor pode resgatar o dinheiro diariamente. Apesar dos prazos para resgate serem relativamente longos (vide os anos no quadro do parágrafo 9 deste manual), o Tesouro Direto garante a recompra diária dos títulos públicos, ou seja, o investidor possui liquidez diária podendo vender antecipadamente os títulos adquiridos. No entanto, e no caso do resgate antecipado de títulos, o Tesouro Nacional fará a recompra desse título a preço de mercado e isso não garante a mesma taxa contratada na data do investimento. Dessa forma, existe a possibilidade de que a remuneração do título seja efetuada a uma taxa maior ou menor, dependendo das condições do dia. Vale lembrar que o preço do título tem uma relação inversa à taxa de juros vigente, ou seja, se a taxa aumenta em relação à contratada, o preço diminui, e vice-versa. Em resumo, ao carregar o título até o vencimento, a rentabilidade será exatamente a contratada, sendo que em caso do resgate ser realizado antes da data, a rentabilidade recebida será referente ao período em que o investidor permaneceu com o título. Essa rentabilidade pode ser conferida a qualquer momento no extrato do Tesouro Direto ao longo da aplicação. Conforme já comentado a única exceção é o Tesouro SELIC, o qual sempre apresenta rentabilidade positiva. 11) MARCAÇÃO A MERCADO Neste processo, o valor dos títulos é atualizado de acordo com o preço que ele é negociado no mercado secundário naquele momento, ou seja, é realizada a precificação dos títulos para o valor do dia. Sem esse procedimento o rendimento da aplicação poderia estar desatualizado, refletindo um valor mais baixo ou mais alto do que é na realidade. Desta maneira, havendo queda nos preços negociados no mercado, o saldo do investidor cairá. Por outro lado, se houver valorização do título, o saldo do investimento irá se elevar. Existe a marcação a mercado, pois ela é considerada uma forma justa de agir com o investidor que possui aplicações e com aqueles que pretendem adquirir títulos, pois se a taxa de juros subir e não ocorrer a marcação a mercado, quem aplicar depois estará adquirindo títulos por valores mais altos do que os praticados no mercado e assumirá um prejuízo que não é seu. Se a taxa cair e não tiver sido feita a marcação, o novo investidor vai pagar menos pelos títulos e tirar o ganho de quem já estava aplicando. É por esse motivo que o investidor deverá acompanhar o mercado, pois se optar por se desfazer do título antes do vencimento ficará sujeito a aceitar o que o mercado estiver disposto a pagar. 12) TRIBUTAÇÃO E TAXAS Os custos do Tesouro Direto se resumem aos impostos que incidem sobre os rendimentos, e pelas taxas cobradas pela instituição financeira e pela BM&F Bovespa, relativas aos serviços prestados pelas mesmas, a saber: 12.1 - IOF O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incide sobre o resgate de parte ou totalidade do valor investido, se for realizado em um prazo inferior a 30 dias da data de compra dos títulos. A alíquota é regressiva com o tempo e o imposto incide apenas sobre o rendimento (lucro) obtido com a aplicação. 12.2 - Imposto de Renda O IR incide apenas sobre o rendimento (lucro) das aplicações efetuadas, sendo que a alíquota do imposto é regressiva e varia de acordo com a duração do investimento, conforme segue: PERÍODO Até 180 dias De 181 a 360 dias De 361 a 720 dias Acima de 720 dias ALÍQUOTA 22,50% 20% 17,50% 15% A diferença do IR em relação ao IOF é que esse imposto sempre será cobrado e não existe um limite para que o investidor seja isento. O objetivo desse esquema de tributação do IR é exatamente incentivar o investimento de longo prazo por parte do investidor. Importante: Por conta das características da alíquota regressiva do Imposto de Renda, o rendimento dos títulos que pagam cupom semestral acaba sendo penalizado nos dois primeiros anos. É um fator que deve ser considerado pelo investidor dentro da sua estratégia de investimentos. 12.3 - Taxa Cobrada pela BM&F Bovespa Taxa de custódia de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos, relativa aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos. Essa taxa é provisionada diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2). Por isso, é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor mantiver o título. 12.4 - Taxa Cobrada pela Instituição Financeira (agente de custódia) A taxa é livremente pactuada com o investidor, podendo variar de 0,00% a 2,00% ao ano do valor total investido, sendo que também poderá ser cobrada anualmente (modalidade mais comum), ou por operação. Torna-se importante salientar que o investidor deverá verificar se a instituição financeira por ele escolhida cobra taxas inferiores a 0,50% ao ano, uma vez que taxas superiores à mencionada podem ser consideradas abusivas, pois irão corroer o investimento efetuado. Importante: O Tesouro Direto disponibiliza, em seu site, um ranking com as taxas cobradas por cada instituição financeira, conforme link a seguir: “ https://tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-instituicoesfinanceiras-habilitadas?ordem=2 “ 12.5 - Geral Vale lembrar que há incidência de impostos sobre os rendimentos financeiros auferidos na venda antecipada, no pagamento de cupom de juros (o IOF não incide sobre os cupons de juros, somente o IR) e no vencimento dos títulos; Os dias para efeito de tributação são contados a partir da data de início da aplicação; Os valores relativos aos impostos (IOF e IR) são recolhidos pela instituição financeira no momento do resgate da aplicação, ou seja, a importância que será liberada já virá com os impostos descontados; Sempre que houver a necessidade da realização de um resgate antes da data do respectivo vencimento do título, deve se optar por resgatar a compra mais antiga que havia sido realizada, objetivando uma incidência menor de impostos. Importante: Destaca-se que os impostos serão cobrados apenas sobre os rendimentos da aplicação, ou seja, em caso de uma aplicação de R$ 1.000,00, cujo resgate foi de R$ 1.200,00, os impostos incidirão somente sobre o valor de R$ 200,00 que corresponde ao rendimento da aplicação. 13) Planejamento para Comprar os Títulos Certos Com esta variedade de títulos à disposição, é necessário realizar um estudo prévio para se montar corretamente uma estratégia de investimentos em títulos públicos. Este planejamento tem relação com a quantidade e com o tempo. Em outras palavras, o investidor precisa analisar o montante de dinheiro a ser investido e definir o quanto dele irá precisar em curto, médio e longo prazo. As definições de curto, médio e longo prazo podem variar dependendo de quão dinâmica é a vida do investidor. Assim, descreve-se a seguir alguns parâmetros de tempos considerados como dentro da média para a realização de alguns objetivos de investimentos: Curto prazo: é aquele dinheiro que se pode precisar a qualquer momento. Ele deve estar aplicado em um investimento que permita liquidez diária. Em média, curto prazo significa um horizonte de 1 a 2 anos. É um dinheiro usado para formar fundos de reserva de emergência, por exemplo, para ser usado em casos de doenças, acidentes, período de desemprego, entre outras situações adversas. Médio prazo: é aquele dinheiro que se pode deixar aplicado, considerando que não será resgatado nos próximos 2 ou 4 anos. Tem como objetivo alcançar metas que possam esperar este tempo, como a compra de um veículo, a reforma de uma casa ou apartamento, uma festa de casamento etc. Longo prazo: é aquele dinheiro que não se pretende resgatar antes de 5 anos ou mais. Tem como objetivo formar reservas para a compra de algo de maior valor, como por exemplo, comprar um terreno, um apartamento, uma casa, recursos para a aposentadoria, para os estudos futuros do filho recém-nascido etc. 14) VOLATIVIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS Volatilidade, neste contexto, é a palavra usada para definir a possível oscilação de preços que ocorre entre a compra e a data de vencimento de um título público. Exemplo: Hoje, o investidor compra um título Tesouro IPCA+ 2019 (como aprendemos, é um título para resgate no médio prazo). A taxa paga é de 6% + IPCA. Vamos supor que a inflação comece a cair. Neste cenário, o governo passa a emitir novos títulos com um valor menor de juros, na parcela fixa da rentabilidade (por exemplo, de 5% + IPCA). Isso fará com que o título anterior fique mais valorizado aos olhos do mercado. Assim, se vendê-lo antes do vencimento, o investidor irá receber um valor ainda maior, pois há pessoas dispostas a pagar um certo ágio por esse título de maior rentabilidade, em vez de optar pelo novo título que o governo emitiu. A importância de prestar atenção na volatilidade está no fato de que o contrário também pode acontecer, ou seja, o índice IPCA pode subir. Neste caso, o governo poderá emitir novos títulos com o componente fixo dos juros ainda maior, por exemplo, 7% + IPCA. Assim, aconteceria o contrário com o título, ou seja, ele perderia valor de mercado se o investidor precisasse vendê-lo antes do prazo. No entanto, independentemente dessa volatilidade ao longo do caminho, quem mantém o título em mãos até a data do vencimento, irá receber exatamente o que foi combinado no momento da compra. Por isso, é importante permanecer com os títulos (exceto o Tesouro SELIC) até a data do vencimento. Dessa forma, haverá a garantia de que o investidor irá receber conforme o planejado. 14.1 - Ajustando a Compra de Títulos ao Planejamento Conforme já comentado sobre o ano que aparece no final do nome dos títulos, esse número indica o vencimento dos títulos, ou seja, o momento em que o investidor receberá seu dinheiro de volta, acrescido do rendimento dos juros (no caso dos títulos sem pagamento de juros semestrais). Dessa forma, será necessário levar em conta este prazo de vencimento no planejamento, pois, com exceção dos títulos indexados à SELIC, todos os outros sofrem o que é chamado de volatilidade ao longo do caminho. 15) SEGURANÇA Segurança é uma palavra muito importante no vocabulário do investidor iniciante. É natural que seja assim, pois o contato das pessoas físicas no Brasil com as instituições financeiras (agentes de custódia) é relativamente pequeno, o que coloca as corretoras num mar de incertezas por parte destes investidores. Para resolver essa questão, a seguir detalha-se o papel dos agentes de custódia no processo: Acima, demonstram-se as responsabilidades de cada entidade financeira dentro do processo de compra e venda de títulos públicos. Observe que quem, de fato, guarda ou administra os títulos é a BM&F Bovespa e não a corretora (apontada como instituição financeira na imagem acima) do investidor. Assim, caso a corretora do investidor deixe de operar (seja qual for o motivo), os títulos públicos do investidor irão permanecer normalmente guardados (ou custodiados) pela BM&F Bovespa, em parceria com o Tesouro Nacional. O investidor precisará apenas escolher outra corretora e tudo segue normalmente como antes, inclusive, caso isso ocorra, o investidor receberá instruções específicas sobre como formalizar essa mudança. Também existe um órgão responsável por fiscalizar todas essas questões: a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Na verdade, isso não acontece em todos os casos, pois há uma outra entidade sem fins lucrativos chamada de Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a qual protege o investidor, garantindo o pagamento dos depósitos que ele tem, até o valor limite de R$ 250.000,00 por CPF. Os títulos públicos, por outro lado, contam com a garantia do próprio Tesouro Nacional, que está acima de todas as instituições financeiras. Em teoria, o Tesouro Nacional não quebra. Se isso acontecer significa que o país quebrou e, junto com ele (ou antes), os bancos afundaram. 16) RISCOS Os títulos públicos estão sujeitos a dois riscos principais: O risco de crédito e o risco de mercado, conforme descrito a seguir: 16.1 - Risco de Crédito É, basicamente, o risco de calote. Nesse quesito, os títulos negociados no Tesouro Direto são os investimentos mais seguros do país, pois são garantidos por aval do Tesouro Nacional, ou seja, a garantia é do próprio governo, que é mais forte que a garantia de uma instituição financeira. A garantia do governo tem um significado muito forte, pois o governo é, em última instância, quem emite o dinheiro que existe no país, sendo que a possibilidade de o governo dar calote na dívida interna (a dívida contraída na própria moeda do país) é bastante remota. 16.2 - Risco de Mercado É a oscilação de preço que o título pode sofrer até o vencimento, por conta de fatores econômicos como a taxa de juros e inflação. Para o investidor que pretende levar o título até o vencimento, o risco de mercado é irrelevante, pois ele receberá aquilo que foi acordado, nem a mais, nem a menos. Porém, o investidor que vende o título antes do vencimento pode ter perdas ou ganhos não previstos por conta desses fatores econômicos. Como, via de regra, títulos prefixados perdem valor de mercado quando as taxas de juros sobem, e se valorizam quando elas caem, com os pós-fixados é o oposto, pois eles tendem a se valorizar quando os juros sobem. Essas oscilações são a chamada volatilidade, conforme já comentado neste manual. Títulos de prazo mais curto ou mais próximo dos vencimentos apresentam volatilidade menor, pois as condições de resgate já são conhecidas e se estivermos perto do vencimento, as incertezas que geram especulação e volatilidade têm um impacto muito limitado no valor dos títulos. Resumindo, os títulos que apresentam menor volatilidade são aqueles pós-fixados indexados à SELIC de curto prazo, e os títulos indexados à inflação de longo prazo tendem a ser os mais voláteis. De qualquer forma, para o investidor que não tem planos de vender os títulos antecipadamente, o risco de mercado não é algo com que se deva preocupar. 17) DICAS Segue algumas observações a ser consideradas pelo investidor: Falta de Acompanhamento O investidor deve se manter informado de forma a conhecer todas as variáveis envolvidas (como juros e inflação), possibilidades de mudanças nas regras, alíquotas de impostos e outras. Venda antes do 30º Dia Até o 30º dia da data de compra, os rendimentos obtidos estarão sujeitos ao IOF, que associado às demais taxas do Tesouro Direto poderá levar o investidor a ter prejuízo. Prazos Incompatíveis O prazo de vencimento dos títulos adquiridos deve ser compatível com os seus objetivos financeiros, pois caso contrário poderá ser necessário vender os títulos antecipadamente e ter prejuízo na venda, em função da marcação a mercado. Desta forma, torna-se importante não adquirir títulos de longo prazo, com recursos que serão necessários em um breve futuro. Ignorar Custos e Taxas Se não houver um bom planejamento dos custos e das taxas envolvidas na operação, os rendimentos poderão ser sensivelmente reduzidos. Como exemplo, cita-se o custo do DOC/TED e o custo das taxas de administração, cujo valor praticado pelos bancos é drasticamente superior ao cobrado pelas corretoras. Pensamento de Curto Prazo Mesmo em condições favoráveis à venda antecipada do título, com rentabilidade superior à inicialmente contratrada, será necessário analisar se realmente valerá a pena vender o título, uma vez que talvez não se encontre um outro título para comprar nas mesmas condições de taxas que haviam antes da venda. Variação dos Preços e Taxas ao Longo do Tempo O Tesouro Direto é uma modalidade de investimento de renda fixa, porém isso não quer dizer que os preços e taxas praticados não apresentem variações ao longo do tempo. Renda fixa é um tipo de investimento em que o investidor já conhece as condições sob as quais o seu investimento será remunerado, mas não necessariamente a sua rentabilidade final. Por exemplo, o investidor sabe que o seu investimento é dado pela taxa SELIC, porém não sabe se a taxa SELIC será de 10% ao ano ou 11% ao ano, durante todo o período do investimento, pois entre a data de compra e a de vencimento, o preço do título flutua em função das condições do mercado e das expectativas quanto ao comportamento das taxas de juros. Uma redução nas taxas de juros de mercado em relação à taxa de compra do título provoca aumento no preço do título. Já um aumento nas taxas de juros provoca o efeito contrário. 18) CONSIDERAÇÕES FINAIS Além de ser uma opção de investimento muito segura, o Tesouro Direto tem outras vantagens: Desde 2015 o Tesouro passou a ter liquidez diária, ou seja, o investidor pode vender no mesmo dia em que decidir fazê-lo, e recebe seu dinheiro em D+1 (um dia após a solicitação); O Tesouro Direto permite programar o investimento, o que ajuda na disciplina para investir. Em contato com o banco ou com a corretora, se pode programar uma espécie de débito automático, ou aplicação automática; O rendimento do investimento é bom. Como o Brasil tem atualmente uma alta taxa básica de juros (SELIC) e também uma alta inflação, os títulos do Tesouro que acompanham estas taxas pagam bem; É bem fácil aplicar e se pode fazê-lo por conta própria, sendo necessário apenas ter uma conta em um banco ou em uma corretora para começar. O principal desafio para quem quer investir é dar o primeiro passo. Esse manual deve ser encarado como um empurrão final, uma dica valiosa para que você também conheça o investimento mais seguro do país e com uma das melhores rentabilidades quando falamos em renda fixa. Conhecer diferentes formas de investimento, além da popular e conhecida caderneta de poupança, é algo fundamental para a obtenção de melhores rentabilidades. No caso de investimentos com baixo risco, sem dúvida, a melhor opção são os títulos públicos. 18.1 - Como Saber Qual Será a Melhor Aplicação para o Investidor O site do Tesouro Direto é bastante completo e oferece um pequeno questionário que poderá ajudar o investidor a definir o seu perfil de aplicação e as modalidades de títulos indicados para o seu perfil. Além disso, também há a possibilidade de simular uma aplicação em um dos títulos, utilizando o simulador disponível no site. Para acessar o site, utilizar o link a seguir: “ htpps://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto “ Por fim e de maneira geral, o investimento em títulos públicos continua sendo uma ótima oportunidade para investidores conservadores, e para a parcela do patrimônio que deve ser resguardada. Porém, considerando que pode parecer difícil a escolha da opção de investimentos dentre as modalidades de títulos disponíveis, descreve-se a seguir algumas sugestões de alternativas para aplicação, considerando que o investidor é o gestor da sua carteira de investimentos, ao escolher prazos e indexadores dos títulos conforme o seu interesse: Se o investidor quer saber o quanto irá receber por ocasião da compra, deverá optar por um título Pré-Fixado (LTN); Se quiser acompanhar a movimentação da SELIC, deverá optar por Tesouro SELIC; Se a opção for pela manutenção do poder de compra (vencer a inflação), o investidor deverá optar por um título da categoria IPCA, sendo que, para estes casos, deverá considerar que não deverá se desfazer do título antes do seu vencimento, pelos motivos já expostos no presente manual. FINANÇAS Atualizado em 05/03/2017