Ginga no corpo e cuidado na direção

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Ginga no corpo e cuidado na direção
Excesso de bebida alcoólica no Carnaval aumenta riscos de acidentes. Programa
desenvolvido em parceria com prefeituras tenta tornar trânsito mais humano e
menos violento
Carnaval é época de samba no pé e de ter atenção redobrada no volante.
Durante os quatro dias de folia, o número de acidentes costuma a subir, por conta
de fatores como os excessos com bebidas alcoólicas. Estudos acadêmicos e
pesquisas realizadas no Brasil mostram que 34% das mortes por causas violentas
envolvem pessoas alcoolizadas. Além disso, o risco de intoxicação por excessos
no consumo de bebidas alcoólicas é alto.
Para reverter esse quadro nada festivo, o Ministério da Saúde resolveu
investir em atividades de promoção da saúde e de prevenção de acidentes de
trânsito. Desde 2003, junto com as prefeituras de Recife, de São Paulo, de Belo
Horizonte, de Curitiba e de Goiânia, o governo desenvolve o Projeto de Promoção
de Saúde para a Redução de Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito. A meta
é expandir esse projeto para todas as capitais brasileiras.
De acordo com a Coordenadora de Agravos e Doenças Não Transmissíveis
da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e responsável pela área de vigilância
de acidentes e violências do Ministério, Eugênia Rodrigues, até 2006, R$ 5
milhões serão investidos no programa de prevenção. Os recursos destinam-se a
ações de vigilância epidemiológica desses acidentes, ações educativas como
palestras, materiais informativos e atividades de conscientização.
Em 2005, mais doze capitais serão incluídas no programa. “A escolha se
baseia nos dados que temos sobre o risco de mortalidade no trânsito em cada um
dos grandes centros”, explica Eugênia. Rio de Janeiro, Florianópolis, Boa Vista,
Porto Velho, Macapá, Palmas, Teresina, Fortaleza, Salvador, Brasília, Campo
Grande e Cuiabá são as capitais que passarão a contar com o Projeto de
Promoção de Saúde para a Redução de Mortalidade por Acidentes de Trânsito
Em setembro do ano passado, Curitiba promoveu o 1° Fórum Curitibano de
Trânsito. O encontro foi organizado para mobilizar a sociedade civil sobre a
violência no trânsito e fez parte de uma série de ações coordenadas pela
prefeitura
curitibana
junto
com
Ministério
da
Saúde,
organizações não
governamentais, escolas, empresas, associações de bairro e outros grupos
organizados. Entre essas ações está a produção da cartilha Pedalar Saudável,
organizada pelos próprios ciclistas junto com a prefeitura.
Festejo seguro – Embora no Carnaval e em outros feriados prolongados
os números de acidentes aumentem, a preocupação com um trânsito seguro e
com uma direção cidadã deve existir o ano inteiro. Nos últimos anos cresceram,
por exemplo, os atropelamentos de idosos e os desastres com motociclistas.
“Acidentes com motociclistas aumentaram em 539% no período de 1996 a 2003”,
aponta Eugênia.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o
número de acidentes de trânsito cresce em torno de 20% durante o Carnaval. De
olho nesses índices, as instituições do poder público sempre realizam operações
especiais no período de festas com o objetivo de reduzir os acidentes. Mas isso
não basta. A prevenção deve partir do próprio folião.
Respeitar as normas do Código de Trânsito Brasileiro é fundamental.
Revisões
nessa
época
também
são
importantes,
principalmente
nos
equipamentos de segurança do veículo. Nunca esquecer o cinto, nem mesmo no
banco de trás. Respeitar os limites de velocidade é outra recomendação essencial.
A combinação de direção e álcool deve ser evitada a qualquer custo.
Ainda segundo a Abramet, as bebidas alcoólicas estão presentes em 61%
dos acidentes de trânsito. Além das vidas perdidas, os acidentes geram enorme
custo para os sistemas de saúde. Anualmente, o Brasil gasta R$ 5,3 bilhões por
ano com acidentes de trânsito em aglomerações urbanas. Os dados mais recentes
do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, revelam
que, no Brasil, mais de 33 mil pessoas perderam a vida no trânsito em 2003.
Mesmo assim, as mortes no trânsito diminuíram 13,9% desde 1998, quando o
Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigor.
O perigo do vício – O álcool é a droga mais consumida no mundo inteiro e
também a que causa mais danos. Além das doenças que traz para o organismo,
como o câncer e a cirrose, o consumo abusivo de álcool aumenta os riscos de
acidentes de trânsito. O álcool também contribui para o sexo desprotegido, o que
conseqüentemente aumenta o risco do contágio de doenças sexualmente
transmissíveis, como a aids, e também da gravidez indesejada.
Não existe uma medida correta de álcool que possa ser ingerida pela
pessoa. Alguns conseguem beber uma quantidade maior de álcool e não ter
problemas. Outros passam mal tomando apenas uma lata de cerveja. Por ser
utilizada como uma ferramenta de socialização, a bebida acaba integrando o
cotidiano das pessoas. O consumo com responsabilidade e sem abusos é a
melhor forma de evitar a dependência.
Quem bebe deve estar atento para mudanças em seu padrão de consumo.
Uma evidência importante é o momento em que a bebida começa a interferir na
rotina da pessoa e a atrapalhar atividades como o estudo, o trabalho e a
convivência social. Intoxicações graves ou freqüentes também servem para
acender o sinal amarelo para que se modere o consumo.
O tratamento para o vício não é simples e depende muito da força de
vontade da pessoa. É fundamental a abstinência para quem sofre do vício em
álcool. Parar de beber é o caminho para a reeducação e para se tentar evitar as
recaídas.
SUS oferece atendimento a usuários de álcool
Hoje o Brasil conta com 58 Centros de Atenção Psicosocial a Usuários de
Álcool e Drogas (Caps ad). Eles fazem parte da rede do Sistema Único de Saúde
(SUS) e prestam assistência gratuita a pessoas que enfrentam problemas com o
consumo de álcool e drogas.
Além do atendimento médico e psicológico aos usuários, os Caps ad
promovem atividades de prevenção ao abuso de tóxicos e também de capacitação
de profissionais de saúde.
Para mais informações sobre o serviço deve-se ligar para o Disque-Saúde
(0800 61 1997).
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