A inserção da vacina contra doença meningocócica no calendário de vacinação de Curitiba para a redução da morbi-mortalidade. Dominique Costa Sakagami¹ RESUMO: O objetivo deste estudo é analisar a dinâmica da incidência da meningite meningocócica em Curitiba – PR, levantar o custo-benefício da vacinação contra meningite meningocócica e comparar o custo-benefício da vacinação relacionado ao gasto no internamento do paciente. Pesquisa quantitativa com os resultados apresentados através de relatórios e gráficos estatísticos e analíticos. Dos resultados observou-se que o impacto econômico gerado pela doença meningocócica na cidade de Curitiba-PR, é de grande importância. Impacto este que poderia ser evitado com a vacinação das crianças menores de 5 anos contra doença meningocócica. Comparando-se o custo da vacinação com o custo do internamento, encontramos diferenças de grande relevância. Estima-se que, no Brasil, a doença meningocócica seja responsável por 2.000 hospitalizações a cada ano. O controle da doença é um objetivo mais realista para a maioria dos programas de imunização PALAVRAS – CHAVES: vacinação, doença meningocócica, custo vacinação, calendário de vacinação. The insertion of the vaccine against meningococcal disease in the vaccination schedule of Curitiba for the reduction of morbidity and mortality. ABSTRACT:The aim of this study is to analyze the dynamics of the incidence of meningococcal meningitis in Curitiba - PR, raising the cost effectiveness of vaccination against meningococcal meningitis and to compare the cost effectiveness of vaccination-related expense in the patient's hospitalization. Quantitative research with the results presented in reports and statistical graphs and analytical. The results showed that the economic impact generated by meningococcal disease in CuritibaPR, is of great importance. Impact that this could be prevented through vaccination of children under five years against meningococcal disease. Comparing the cost of vaccination with the cost of hospitalization, we found differences of great relevance. It is estimated that in Brazil, meningococcal disease is responsible for 2,000 hospitalizations each year. The disease control is a more realistic goal for most immunization programs. KEY - WORDS: vaccination, meningococcal disease, vaccination cost, vaccination schedule. La inserción de la vacuna meningocócica comparada con la programación de vacunación de Curitiba para la reducción de la morbilidad y la mortalidad. RESUMEN: El objetivo de este estudio es analizar la dinámica de la incidencia de meningitis meningocócica en Curitiba - PR, elevando la rentabilidad de la vacunación contra la meningitis meningocócica y comparar la rentabilidad de los gastos relacionados con la vacunación en la hospitalización del paciente. La investigación cuantitativa con los resultados presentados en los informes y gráficos estadísticos y analíticos. Los resultados mostraron que el impacto económico generado por la enfermedad meningocócica en Curitiba-PR, es de gran importancia. Impacto que esto podría evitarse mediante la vacunación de niños menores de cinco años contra la enfermedad meningocócica. Al comparar el costo de la vacunación con los gastos de hospitalización, encontramos diferencias de gran relevancia. Se estima que en Brasil, la enfermedad meningocócica es responsable por mas de 2.000 hospitalizaciones cada año. El control de la enfermedad es un objetivo más realista para la mayoría de los programas de inmunización. PALABRAS CLAVE: la vacunación, la enfermedad meningocócica, el costo de la vacunación, esquema de vacunación. de vacunación. ¹Enfermeira. Graduada pela Faculdades Pequeno Príncipe. Pós-graduanda em Enfermagem em unidade de Terapia Intensiva pela Universidade Positivo. INTRODUÇÃO A vacinação é uma complexa estratégia para combater as doenças infecto-contagiosas e marca até hoje, o desenvolvimento das políticas públicas no campo da saúde. Esta técnica foi tecida cuidadosamente no ramo cientifico e institucional desde 1970 a 1980, e cuja trajetória foi repleta de conflitos. Um conflito que é estudado nas aulas de História do Brasil, foi a “Revolta da Vacina”, que ocorreu em 1904 no Rio de Janeiro, uma tentativa do então presidente, Rodrigues Alves, juntamente com o prefeito Pereira Passos e o médico Oswaldo Cruz, de executar uma grande empreitada sanitária, como forma de “modernizar” e higienizar a região. Esse projeto tinha a finalidade de, além de retirar as pessoas das ruas, levantar guerra aos mosquitos, ratos e outros animais “maléficos”, também obrigar a população inteira a vacinar contra a varíola, criando, inclusive, a Lei da Vacina Obrigatória, em 31 de outubro de 1904. A reação popular foi extrema: pedradas, protestos, incêndios, dentre outras formas de revolta, que fizeram com que o governo revisse a obrigatoriedade. Podemos considerar que a estratégia de vacinação foi uma descoberta extraordinária, uma vez que a incidência de patologias e mortalidade por causas preveníveis foi consideravelmente diminuída. Neste ano de 2010, os calendários de vacinação variam de acordo com o país, e conseqüentemente dentro do país, conforme sua região, onde há a atualização anual. No Brasil o Programa Nacional de Imunização (PNI) é coordenado pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). A maioria das vacinas são seguras e eficazes, mas nenhuma é totalmente segura e eficaz, já que receptores de vacinas apresentam respostas imunogênicas e reações adversas em diferentes graus. O principal objetivo é promover a prevenção com menos efeitos colaterais. Apesar das importantes melhorias no diagnóstico, que hoje realiza-se mais precoce, e no tratamento realizado de acordo com a baixa resistência dos microorganismos aos antibióticos usados, a meningite ainda se mantém como uma das patologias mais preocupantes em nosso meio, isto porque é bem conhecida a frase "Quando não mata aleija". Em parte, as seqüelas ainda ocorrem, e vão desde leves dificuldades escolares (distúrbio mental) até a paralisia cerebral, passando por várias formas de defeitos físicos e intelectuais, incluindo a surdez parcial ou completa. A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o sistema nervoso central - as meninges. A meningite pode ser de origem viral, adquirida depois de alguma gripe ou outra doença causada por vírus, normalmente mais branda, ou de origem bacteriana. Existem várias bactérias que podem ocasionar a meningite. Uma forma contagiosa da doença é a causada pelo meningococo que transmite a doença pela forma de gotículas e contato. Outra forma de contágio é o contato com a saliva de um doente. Em recém-nascidos a suspeita diagnóstica torna-se mais difícil, em geral, choro irritado, hipoatividade, hipo ou hipertemia e gemência devem chamar a atenção para um possível diagnóstico. Todo o tipo de meningite é de comunicação compulsória para as autoridades sanitárias. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica do paciente e no exame do líquor, líquido que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido. Se houver suspeita de meningite bacteriana, é fundamental introduzir os medicamentos adequados, antes mesmo de saírem os resultados do exame laboratorial. O risco de seqüelas graves cresce à medida que se retarda o diagnóstico e o início do tratamento. As lesões neurológicas que a doença provoca nesses casos podem ser irreversíveis. A vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B também protege contra a meningite e faz parte do calendário oficial de vacinação. A vacina contra a meningite por pneumococo, embora tenha sido lançada na Europa e nos Estados Unidos, onde as características da bactéria são um pouco diferentes, fornece boa proteção. Quanto à vacina contra meningite por meningococo é preciso considerar que é eficaz, se aplicada a partir dos dezoito meses de idade e não faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunização. Em adultos, a vigência da proteção é de 4 anos, no máximo. A vacinação contra doença meningocócica C é eficaz, mesmo em crianças com idade abaixo de 12 meses, sendo indicada mais rigorosamente para crianças com deficiência do sistema complemento ou funcional. De acordo com dados históricos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba, a doença meningocócica tipo C é responsável por aproximadamente 20% a 30% dos casos de meningite meningocócica em Curitiba. Em contrapartida a doença meningocócica B, conforme dados epidemiológicos da SMS de Curitiba, é responsável por aproximadamente 70% a 80 % dos casos de meningite meningocócica em Curitiba. A letalidade da Doença meningocócica é de relevância, sendo portando também de grande interesse a prevenção. METODOLOGIA O método de abordagem escolhido é o quantitativo. A pesquisa quantitativa permite a quantificação e dimensionamento do universo pesquisado. Os resultados de uma pesquisa de caráter quantitativo são apresentados através de relatórios estatísticos. Esta pesquisa quantitativa possui as seguintes características técnicas: Definição de amostras representativas do universo; Tratamento estatístico e analítico dos dados coletados. Os sujeitos desta pesquisa são as crianças que foram hospitalizadas com doença meningocócica confirmada por exames laboratoriais e/ou diagnóstico médico, no período de 2009 na cidade de CuritibaPR. Esta pesquisa foi realizada no setor de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar de um Hospital de grande porte, especializado em atendimento infantil na cidade de Curitiba – PR, onde foi realizada a análise de dados contidos em fichas de notificação compulsória dos pacientes com diagnóstico médico de meningite meningocócica. Foi utilizada a base de dados do DATASUS/MS (2009) para análise de valores repassados ao prestador, referente ao internamento por doença infecto-contagiosa da patologia adotada neste estudo. Para coleta de dados das fichas de notificação foi elaborado um instrumento/formulário próprio e todos os dados fornecidos foram apurados e organizados em forma de gráficos e tabelas e os resultados da pesquisa estão organizados através de relatórios estatísticos. O projeto de pesquisa intitulado “A imunização contra a doença meningocócica em Curitiba-PR: um impacto para a redução da morbi-mortalidade” com registro no CEP da instituição nº 0772-09, foi avaliado em reunião plenária em 30 de Novembro de 2009, sendo aprovado por estar de acordo com as normas técnicas estabelecidas pela Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Após a aprovação no Comitê de ética e Pesquisa, foi iniciada a coleta de dados. Sendo adotado o seguinte critério para seleção de sujeitos participantes desta pesquisa: Crianças hospitalizadas com diagnóstico de Doença Meningocócica (meningite meningocócica; meningococcemia; meningite meningocócica com meningococcemia); Diagnóstico confirmado por exame clínico e exames laboratoriais. Foi realizada análise retrospectiva (2009) de todas as Fichas de Investigação e Notificação por doença infecto-contagiosa, Meningite. Selecionados apenas as fichas com agravo de Doença Meningocócica no ano de 2009. Os dados relativos a custo foram verificados no SAME. Apesar dos dados coletados serem somente do SUS, foi possível obter dados referente a pagamentos efetuados tanto pelo SUS como de Planos de Saúde Suplementar, de acordo com os esquemas terapêuticos adotados. Os resultados nesta pesquisa estão divididos em duas partes: dados epidemiológicos de Meningite e Doença Meningocócica no Paraná e em Curitiba- PR; Custos de internamento por Doença Meningocócica. Dados Epidemiológicos 1. Dados Epidemiológicos de Meningite e Doença Meningocócica no Paraná. O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na região Sul do país e tem como limites São Paulo (a norte e leste), oceano Atlântico (leste), Santa Catarina (sul), Argentina (sudoeste), Paraguai (oeste) e Mato Grosso do Sul (noroeste). Ocupa uma área de 199.314 km², pouco maior que o Senegal. Sua população segundo o IBGE, é de 10.686.228 habitantes, sendo destes 413.425 crianças de 0 a 5 anos. A capital é Curitiba e outros importantes municípios são Londrina, Maringá, Cascavel, Toledo, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais, Guarapuava, Paranaguá, Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Paranavaí, além de outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba como Araucária, que possui o segundo PIB do estado. São consideradas boas as condições sanitárias do estado, o que relete a elevação do nível econômico da população. Em 2009 existiam em funcionamento 4.780 estabelecimentos hospitalares, que dispunham de 28.340 leitos e eram assistidos, em 2009, por 40.187 médicos, 5.832 enfermeiros e 19.229 auxiliares de enfermagem. Da população, 86,1% dos paranaenses têm acesso à rede de água, enquanto 68,5% se beneficiam da rede de esgoto sanitário. No ano de 2009, conforme mostra a tabela 5, foram notificados ao SINAN (Sistema de informações de agravos de notificações) 1327 casos de Meningite no Paraná. Até o momento da finalização desta pesquisa, não haviam sido encerrados 48 casos um total de 3,6% dos casos. Dos casos de Meningite no Paraná foram levantados os seguintes dados referentes à doença meningocócica conforme mostra o gráfico 1: Gráfico 1 - Casos Confirmados de Doença Meningocócica – PR Fonte: Datasus, 2009 Observou-se portanto que ocorreram 39 casos de meningococcemia, 40 casos de meningite meningocócica e 23 casos de meningite meningocócica com meningococcemia. Totalizando 102 casos de doença meningocócica no estado do Paraná. Foram excluídos casos não residentes no Paraná. O Período disponível corresponde ao ano de notificação dos casos. Os Dados de 2009 foram atualizados no DATASUS em 10 de Fevereiro de 2010. 2. Dados Epidemiológicos de Meningite e Doença Meningocócica na Cidade de Curitiba – PR O município de Curitiba apresenta 75 bairros que estão distribuídos em nove Distritos de Saúde (DS). Para os atendimentos médicos, este município conta com 102 Unidades Básicas de Saúde, 8 Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) e cinco hospitais vinculados ao SUS com atendimento pediátrico em sua área de abrangência, dentre estes, o Hospital Pequeno Príncipe. Segundo o DATASUS, a População de Curitiba esta estimada em 1.851.213 pessoas. Sendo destes 90.932 crianças de 0 a 5 anos. Sendo esta a faixa etária de maior suscetibilidade de desenvolver a doença meningocócica. Segundo o DATASUS - SINAN, durante o ano de 2009, foram notificados 244 casos de meningite em crianças de 0 a 18 anos, na Cidade de Curitiba - PR, sendo 2 deles não encerrados até o momento da finalização desta pesquisa. Em Curitiba foram obtidos os seguintes números em relação a Doença Meningocócica conforme mostra o gráfico 2: Gráfico 2 - Casos Confirmados de Doença Meningocócica em Curitiba - PR Fonte: Datasus, 2009 Em Curitiba foram notificados 9 casos de Meningite meningocócica, 20 casos de meningocóccemia e 8 casos de meningite meningocócica com meningococcemia, totalizando um número de 37 casos de doença meningocócica em Curitiba-PR. Custos de Internamento por Doença Meningocócica O custo do internamento por Doença Meningocócica varia de SUS para Particular. O tempo mínimo de internamento é de 1 dia e o tempo máximo é de 6 meses. A idade mínima para o financiamento do tratamento é de 0 meses e a idade máxima é de 110 anos. Os valores do SUS seguem uma tabela publicada no DATASUS/MS, e é pago o valor referente a diária incluindo procedimentos clínicos e tratamentos de média e alta complexidade. O valor referente ao que é repassado ao prestador de serviço hospitalar é de R$ 865,91. Foram analisados 10 tipos de convênios particulares, dentre os quais foi estabelecida uma média do valor de internamento por dia para o tratamento de doença meningocócica. Vale ressaltar que existem alguns fatores no convênio que mudam os valores de acordo com o procedimento realizado, o que difere do SUS onde o valor pago/ dia é por tratamento incluindo exames, medicamentos, Atendimento profissional especializado, etc. Esse valores não foram contabilizados sendo compreendidos como variáveis a serem consideradas em um estudo mais profundo sobre o tema. Junto a esse valor também foi incluído o valor do paciente Particular que se iguala ao valor pago pelos convênios. O hospital desta pesquisa atende 80 convênios, porem os mais utilizados são: AMIL Assistência Médica; Sul América; Banco do Brasil; Unimed; Caixa Econômica; Saúde Ideal; Clinipan; ICS; Amil DIX; Bradesco Saúde. Desta forma estes foram os 10 escolhidos para realizar a análise da média de custo do atendimento profissional para planos de saúde suplementar. Como é realizado pelo SIGTAP, foi somado ao valor total de tratamento especializado para doença meningocócica o valor de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais), valor este deve ser interpretado como média de custo pago ao serviço profissional para o plano de saúde suplementar. A média de custo estimado para o Paciente com diagnóstico de Doença Meningocócica em internamento para Tratamento Especializado pagos pelos planos de saúde suplementar foi de R$ 1.130/Dia + R$ 45,00 (Custo médio de atendimento profissional), conforme consulta ao Setor de Faturamento/SAME e DATASUS. Neste valor/dia está somente incluso serviço de hotelaria, não sendo incluso também o serviço de alimentação que é pago a parte. Numa abordagem de custo médio diário de tratamento em internamento hospitalar, a pesquisa demonstrou que para os Planos de Saúde Complementar o Custo Médio Diário de internamento por paciente é de R$ 1.175, 00 e o de R$ 865,91 para os pacientes do Sistema Único de Saúde, conforme mostra o gráfico 3: Gráfico 3 - Custo Para Tratamento Por Doença Meningocócica Fonte: Datasus, 2009 3. Custos dos Pacientes Internados por Doença Meningocócica Foram analisados os custos dos pacientes internados por meningite Meningocócica no Período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2009. Para o Cálculo foi somente analisado os dias de internamento X valor /dia de internamento SUS. O Valor do internamento foi baseado no SUS, devido a esta coleta não ter encontrado resultados de pacientes internados por doença meningocócica que sejam provenientes de Convênios ou Particulares. Foram analisados junto ao SAME/Faturamento cada Número de Prontuário que encontravam-se nas fichas de notificação compulsória. Foram coletados informações de 13 fichas de notificação compulsória do SINAN, conforme mostra o gráfico 4, foram encontrados 3 casos de meningite meningocócica, 1 caso de meningococcemia e 9 casos de meningite meningocócica com meningococcemia. Totalizando 13 casos de doença meningocócica. Gráfico 4 - Casos Confirmados de Doença Meningocócica Notificados - Dados Pesquisa Fonte: Serviço de Epidemiologia do Hospital da Pesquisa, 2009 Analisando os dados coletados chegou-se a média de internamento hospitalar que foi de 16,5 dias. Porém em caso de óbito, como o do caso que foi encontrado nesta pesquisa, o internamento é geralmente de poucos dias, já que a doença desencadeia a forma grave rapidamente, o óbito desta pesquisa ocorreu em somente 2 dias de internamento. O número de pacientes atendidos por doença meningocócica com idade de 0 a 5 anos é de 8 pacientes, confirmando o que a alguns autores relatam: A doença meningocócica atinge mais crianças de 0 a 5 anos. A susceptibilidade é geral, mas o risco de adoecer declina com a idade. O grupo de menores de 5 anos é mais vulnerável. Com esta pesquisa foi possível observar que em casos graves os dias em internamento é consideravelmente alto, compreendendo muitos dias, como o do caso desta pesquisa em que um dos pacientes esteve internado por 43 dias. Análise dos Custos Decorrentes da Doença Meningocócica em Curitiba- PR. Foi realizada uma média de internamento no software Microsoft Office Excel 2007, e para realizar o cálculo da média utilizou-se a seguinte fórmula: = média (numero1; numero2; numero3), tendo como base os dados coletados no hospital de pesquisa. A média de internamento por doença meningocócica ficou estabelecida em 16,5 dias. Levando-se em conta o número de casos notificados na cidade de Curitiba-PR no ano de 2009 e o fato de que a doença meningocócica exige internamento em sua fase mais branda, calcula-se que o custo de internamento gasto pelo governo do Paraná, mais especificamente pela cidade de Curitiba-PR, ficaria estimado em R$ 528.638,55. A inclusão da vacina contra doença meningocócica representa um marco fundamental na melhoria do sistema público de saúde. Segundo os dados mais atuais do Ministério da Saúde, em 2009 foram diagnosticados 102 casos de doença meningocócica no estado do Paraná. Estudos indicam que esse número pode ser maior, já que aproximadamente 50% dos casos não têm seu agente causador identificado. O custo do internamento no Paraná no ano de 2009 foi de R$ 1.457.326,53, considerando a média de internamento calculada para este estudo. Um impacto econômico que poderia ser evitado se a prevenção estivesse sendo feita. O resultado de inúmeros estudos já comprovaram que a inclusão de uma vacina traz um ganho econômico considerável para o país. 4. Análise De Custo Para Vacinação Contra Doença Meningocócica A Doença meningocócica atinge principalmente crianças e adolescentes e pode levar à morte. A doença meningocócica pode ser causada por bactérias, vírus e fungos. O tipo C é bacteriana pode apresentar seqüelas permanentes, como surdez, retardo mental e paralisia. A transmissão ocorre pela tosse, espirro ou por meio de gotículas eliminadas. A vacina é comprada dos laboratórios estrangeiros por um preço médio que pode variar de R$ 73 a R$ 100 por dose. Na rede particular, o custo médio da vacina pode chegar a R$ 150,00. A vacina produzida no Brasil terá custo bem inferior, entre R$ 30 e R$ 40 a dose. No Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o governador Aécio Neves; o CEO Mundial de Vacinas da Novartis, Andrin Oswald; o presidente da Novartis Brasil, Alex Triebnigg; Gláucia Vespa, diretora da Novartis Vacinas e Diagnósticos no Brasil; Carlos Alberto Pereira Gomes, presidente da Funed (Laboratório Ezequiel Dias de Minas Gerais); e Marcus Pestana, secretário de Saúde de Minas Gerais, assinaram em 2008, um acordo de transferência de tecnologia que possibilitou ao Brasil produzir a vacina Menjugate, que já vem sendo usada na campanha inicial no estado de Minas Gerais desde 2009. A assinatura do documento representou o marco inicial das operações da Novartis no Brasil, com vantagens claras para a farmacêutica, o governo e a população. Dessa forma a vacina tem um preço mais acessível e a Novartis acabará por se incorporar ao mercado brasileiro. Em 2009, 90.932 crianças menores de 5 anos que poderiam receber a vacina em Curitiba, portanto observa-se que a um valor médio de R$ 35 reais o custo da vacina, podemos obter o total de R$ 3.182.620,00, que seriam gastos para vacinar toda a população de 0 a 5 anos em Curitiba – PR. Porém este valor seria drasticamente diminuído, levando em conta que a partir do ano de 2009, apenas os nascidos vivos receberiam a vacina. O número de nascidos vivos em Curitiba – PR no ano de 2009 é de 25.329 segundo DATASUS/MS (2009), portanto o valor gasto anual para vacinação contra doença meningocócica para os nascidos vivos seria de R$ 886.515,00, levando-se em consideração o valor médio da vacina. Concluímos, portanto que o custo em vacinar os nascidos vivos é maior do que o custo da doença. Porém, não foi levado em conta os custos indiretos ou custos sociais que são imensuráveis e de valor extremamente alto. Em um estudo europeu publicado no Pediatric Infectious Disease Journal revelou que o custo social da doença meningocócica é difícil de ser mensurado. “O estudo PAE Brasil foi o primeiro a analisar também os custos econômicos dessa doença, pois já sabemos o alto preço do custo social para os pacientes, principalmente crianças menores que cinco anos, as maiores vítimas”, avalia o pediatra Eitan Berezin, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e um dos coordenadores do estudo. Novaes (2005), relata em seu estudo que a letalidade da doença meningocócica é de 55% para crianças de 0 a 5 anos, e relata também que a seqüela está presente em pelo menos 34% dos casos, portanto na sua análise sobre doença meningocócica, constatou-se também que apenas 11% dos casos da doença há cura sem seqüela. Gráfico 5 - Sequelas X Letalidade X Cura Sem Sequelas Fonte: Novaes, 2005 Pode-se entender como custos indiretos os seguintes itens: Número de dias de trabalho perdidos pelo cuidador Renda Diária média Diminuída Renda Média Anual Diminuída Custos de Tratamento em casos em que há seqüelas graves (55% dos casos) Custo de Produtividade, tanto para o cuidador quanto para o sequelado. Transporte Moradia externa Alimentação Tratamento hospitalar (Viagens) Tratamento ambulatorial (psicológico, psiquiátrico, Clinico, e outros.) Anos de vida perdidos para os casos em que há óbito (34% dos casos). Anos de vida ajustados para incapacidade para os casos em que há seqüelas. De acordo com a análise feita no item 4.3, o valor total do internamento não supera o valor do custo para vacinar os nascidos vivos, conforme mostra o gráfico 6. Gráfico 6 – Comparação Custo da Vacinação X Custo Internamento CONSIDERAÇÕES FINAIS Entre as intervenções para a prevenção de doenças a utilização de vacinas tem um lugar muito especial. Nos últimos 200 anos, após os primeiros estudos de Edward Jenner, pioneiro na vacinação, que levaram ao desenvolvimento da vacina contra a varíola, perto do ano 1800, diversas doenças tiveram a sua importância para a saúde pública modificada por vacinas. Podemos citar o tétano, a difteria, o sarampo, a febre amarela e poliomielite como exemplos de doenças infecciosas que foram parcialmente controladas por vacinas. O conceito de capacitar o organismo para produzir mecanismos de defesa contra agentes infecciosos através de imunizações, com os mesmos agentes atenuados ou mortos (ou mesmo com fragmentos destes) inoculados previamente à exposição é extremamente atraente como intervenção para prevenção de doenças. Intervenções pontuais como estas são um excelente caminho para prevenção de doenças infecciosas. A vacinação é considerada pelos especialistas um dos principais avanços na saúde pública mundial e, em especial a brasileira. Considerada como um importante meio de prevenção de doenças infecciosas, vacinar é uma das formas de garantir saúde para crianças, adultos e idosos, além de reduzir os riscos de epidemias em toda a comunidade Segundo o Dr. William B. de Abreu (2010), Infectologista da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), a vacinação é o procedimento que visa produzir anticorpos (mecanismos de defesa) no organismo, contra determinado agente infeccioso, antes que uma infecção seja causada por aquele agente. "Desta maneira, após a aplicação da vacina e conseqüente produção dos anticorpos específicos, em caso de contato natural com aquele agente infeccioso específico, os anticorpos o neutralizarão antes que ele consiga produzir a doença", explica o médico. O autor define vacina como o produto orgânico obtido a partir de pedaços de um agente infeccioso específico, ou do agente morto por um tratamento químico ou, ainda, do próprio agente após tratamento por um processo que não o mata, mas diminui sua capacidade agressiva, mantendo-o vivo, mas incapaz de produzir a doença. Concordo quando ele defende a vacinação, pois a considera um processo de vital importância não só para o indivíduo imunizado, mas também para toda a comunidade da qual este indivíduo participa. Não podemos esquecer que o indivíduo vacinado, uma vez que entre em contato com determinado agente infeccioso, o eliminará rapidamente cessando o ciclo de transmissão. O indivíduo não vacinado, além de adoecer, será mais um elo na cadeia de transmissão da doença. Segundo ele, doenças muito graves podem ser evitadas com a vacinação. "Na história recente da humanidade, agentes infecciosos foram eliminados de nossa convivência (varíola p. ex.) ou, tiveram suas taxas de incidência drasticamente diminuídas em alguns países (paralisia infantil p. ex.)", defende Este estudo mostrou que a prevenção é a meta da medicina do Terceiro Milênio. O desenvolvimento de novas vacinas, porém, não depende unicamente das pesquisas científicas, mas também de vontade política e econômica. Se no Brasil a rede pública conseguisse financiar vacinas consideradas prioritárias pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a principal causa de óbito em crianças menores de cinco anos poderia ser evitada ou até mesmo erradicada do país por meio da vacinação. Naturalmente, devido aos custos, a vacinação nas instituições particulares são mais variadas e com versões mais modernas e confortáveis. A vacinação pode prevenir doenças, diminuir custos financeiros com remédios, evitar situações desagradáveis, sofrimento, além de evitar internações e prevenir dias de trabalho perdidos. Acredito que a indústria farmacêutica, o governo e as entidades não-governamentais precisam se unir para que o financiamento de diversos projetos saiam do papel. Um fator muito importante é a pressão que a própria sociedade exerce em todo este processo. Quando há uma cobrança por parte da população, todas as entidades se aplicam para promover resultados. O controle da doença é um objetivo mais realista para a maioria dos programas de imunização. Isto significa que é possível reduzir significantemente o número de casos, para menos de 1% do nível anterior, assim como prevenir ou controlar rapidamente qualquer surto epidêmico. No controle de uma doença, é preciso manter muito elevados os níveis de imunização, pois os vírus ou as bactérias continuam a circular - embora em quantidade reduzida. Se abandonarmos a vigilância, a enfermidade poderá reaparecer de forma maciça e descontrolada. A vacinação é muito importante e salva milhões de vidas em todo o mundo, por isso a vacinação constitui uma obrigação dos governos que se esforçam para ampliar as coberturas vacinais na medida de sua importância na saúde pública. população, todas as entidades se aplicam para promover resultados. O controle da doença é um objetivo mais realista para a maioria dos programas de imunização. Isto significa que é possível reduzir significantemente o número de casos, para menos de 1% do nível anterior, assim como prevenir ou controlar rapidamente qualquer surto epidêmico. No controle de uma doença, é preciso manter muito elevados os níveis de imunização, pois os vírus ou as bactérias continuam a circular - embora em quantidade reduzida. Se abandonarmos a vigilância, a enfermidade poderá reaparecer de forma maciça e descontrolada. A vacinação é muito importante e salva milhões de vidas em todo o mundo, por isso a vacinação constitui uma obrigação dos governos que se esforçam para ampliar as coberturas vacinais na medida de sua importância na saúde pública. REFERÊNCIAS 5. ADA, G. The immunology of vaccination. In: PLOTKIN, A. S.; ORENSTEIN, W. A. (Ed.). Vaccines. 4. ed. Philadelphia: Saunders, 2004. p. 31-45. 6. BENCHIMOL, J. L. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Editora Fiocruz. Rio de Janeiro, 2001 7. BRANCO, G.R; AMORETTI, C.F; TASKER, R.C. Jornal de pediatria. Doença meningocócica e meningite, Porto Alegre, vol.83 no.2 suppl.0 , 2007. 8. BRASIL. Manual de Normas de Vacinação. 3ª ed. Brasília, junho de 2001. 9. CASTIÑEIRA, T.M.P.P; PEDRO, L.G.F; MARTINS, F.S.V. Doença meningocócica. Disponível em:< http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html>. [Acesso em 17.out.2009]. 10. CDC. Yellow Book 2008. Disponível em: http://wwwn.cdc.gov/travel/contentYellowBook.aspx. 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