VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 A INSERÇÃO DA VACINA NA PREVENÇÃO DA DOENÇA MENINGOCÓCICA, PARA REDUÇÃO DA MORBI-MORTALIDADE Dominique Costa Sakagami1 Graciele de Matia² Ana Flávia Grigoletti Brotto³ Letícia Suziki3 A doença meningocócica é uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela Neisseria meningitidis. Esta bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia) (CASTIÑEIRA, PEDRO E MARTINS, 2004). O ser humano é o único hospedeiro natural da N. meningitidis (CASTIÑEIRA, PEDRO E MARTINS, 2004). A doença meningocócica é de maior importância para a saúde pública, por se apresentar sob a forma de ondas epidêmicas que podem durar de 2 a 5 anos. Tem distribuição universal e casos ocorrem durante todo o ano (forma endêmica). O Brasil viveu uma grande epidemia de doença meningocócica na primeira metade da década de 70. Nos anos 80 e 90, elevação da incidência tem sido localizada, atingindo várias cidades brasileiras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Vacinar as crianças no primeiro ano de vida é fundamental para a prevenção de várias doenças transmissíveis e é um dos fatores associados com a redução da taxa de mortalidade infantil (SILVA et al., 1999). Observou-se que a queda do coeficiente de incidência da meningite por Hib em Curitiba, embora com uma estabilização entre 1998 e 1999. Este estudo tem como objetivos: Analisar a dinâmica da incidência da meningite meningocócica em Curitiba – PR; Levantar o custo-benefício da vacinação contra meningite meningocócica e Comparar o custo-benefício da vacinação relacionado ao gasto no internamento do paciente. O método de abordagem escolhido é o quantitativo. A pesquisa quantitativa, apresentados através de relatórios estatísticos. Esta pesquisa quantitativa possui as seguintes características técnicas: Definição de amostras representativas do universo; Tratamento estatístico e analítico dos dados coletados. Os sujeitos participantes desta pesquisa foram crianças hospitalizadas com doença meningocócica confirmada por exames laboratoriais e/ou diagnóstico médico, no período de 2009, na cidade de Curitiba-PR. Esta pesquisa foi realizada no setor de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar de um Hospital de grande porte, especializado em atendimento infantil na cidade de Curitiba – PR, onde foi realizada a análise de dados contidos em fichas de notificação compulsória dos pacientes com diagnóstico médico de meningite meningocócica do ano de 2009. O projeto foi aprovado no CEP sob nº 0772-09, e seguiu os preceitos da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. O Paraná está situado na região Sul do país Ocupa uma área de 199.314 km², pouco maior que o Senegal. Sua população segundo o IBGE, é de 10.686.228 habitantes, sendo destes 413.425 crianças de 0 a 5 anos. Em 2009 existiam em funcionamento 4.780 estabelecimentos hospitalares, que dispunham de 28.340 leitos e eram assistidos, em 2009, por 40.187 médicos, 5.832 enfermeiros e 19.229 auxiliares de enfermagem. Da população, 86,1% dos paranaenses têm acesso à rede de água, enquanto 68,5% se beneficiam da rede de esgoto sanitário. No ano de Pós-Graduanda em Enfermagem – Universidade Positivo ² Profa. Orientadora – Faculdades Pequeno Príncipe ³ Graduanda em Biomedicina – Faculdades Pequeno Príncipe 1 Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 2009, conforme mostra a tabela 5, foram notificados ao SINAN (Sistema de informações de agravos de notificações) 1327 casos de Meningite no Paraná. Até o momento da finalização desta pesquisa, não haviam sido encerrados 48 casos um total de 3,6% dos casos. Observou-se que ocorreram 39 casos de meningococcemia, 40 casos de meningite meningocócica e 23 casos de meningite meningocócica com meningococcemia. Totalizando 102 casos de doença meningocócica no estado do Paraná. Foram excluídos casos não residentes no Paraná. O Período disponível corresponde ao ano de notificação dos casos. Os Dados de 2009 foram atualizados no DATASUS em 10 de Fevereiro de 2010. O município de Curitiba apresenta 75 bairros que estão distribuídos em 9 Distritos de Saúde (DS). Segundo o DATASUS, a População de Curitiba esta estimada em 1.851.213 pessoas. Sendo destes 90.932 crianças de 0 a 5 anos. O tempo mínimo de internamento é de 1 dia e o tempo máximo é de 6 meses. A idade mínima para o financiamento do tratamento é de 0 meses e a idade máxima é de 110 anos. Os valores do SUS seguem uma tabela publicada no DATASUS/MS, e é pago o valor referente à diária incluindo procedimentos clínicos e tratamentos de média e alta complexidade. O valor referente ao que é repassado ao prestador de serviço hospitalar é de R$ 865,91. Numa abordagem de custo médio diário de tratamento em internamento hospitalar, a pesquisa demonstrou que para os Planos de Saúde Complementar o Custo Médio Diário de internamento por paciente é de R$ 1.175, 00 e o de R$ 865,91 para os pacientes do Sistema Único de Saúde. Foram analisados os custos dos pacientes internados por meningite Meningocócica no Período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2009. Para o cálculo foi somente analisado os dias de internamento X valor /dia de internamento SUS. O Valor do internamento foi baseado no SUS, devido a esta coleta não ter encontrado resultados de pacientes internados por doença meningocócica que sejam provenientes de Convênios ou Particulares. Analisando os dados coletados chegou-se a média de internamento hospitalar que foi de 16,5 dias. Porém em caso de óbito, como o do caso que foi encontrado nesta pesquisa, o internamento é geralmente de poucos dias, já que a doença desencadeia a forma grave rapidamente, o óbito desta pesquisa ocorreu em somente 2 dias de internamento. Foi realizada uma média de internamento. A média de internamento por doença meningocócica ficou estabelecida em 16,5 dias. Levando-se em conta o número de casos notificados na cidade de Curitiba-PR no ano de 2009 e o fato de que a doença meningocócica exige internamento em sua fase mais branda, calcula-se que o custo de internamento gasto pelo governo do Paraná, mais especificamente pela cidade de Curitiba-PR, ficaria estimado em R$ 528.638,55. A inclusão da vacina contra doença meningocócica representa um marco fundamental na melhoria do sistema público de saúde. O custo do internamento no Paraná no ano de 2009 foi de R$ 1.457.326,53, considerando a média de internamento calculada para este estudo. Um impacto econômico que poderia ser evitado se a prevenção estivesse sendo feita. O resultado de inúmeros estudos já comprovou que a inclusão de uma vacina traz um ganho econômico considerável para o país. A vacina é comprada dos laboratórios estrangeiros por um preço médio que pode variar de R$ 73 a R$ 100 por dose. Na rede particular, o custo médio da vacina pode chegar a R$ 150,00. A vacina produzida no Brasil terá custo bem inferior, entre R$ 30 e R$ 40 a dose. Em 2009, 90.932 crianças menores de 5 anos que poderiam receber a vacina em Curitiba, portanto observa-se que a um valor médio de R$ 35 reais o custo da vacina, podemos obter o total de R$ 3.182.620,00, que seriam gastos para vacinar toda a população de 0 a 5 anos em Curitiba – PR. Porém este valor seria drasticamente diminuído, levando em conta que a partir do ano de 2009, apenas os nascidos vivos receberiam a vacina. O número de nascidos vivos em Curitiba – PR no ano de 2009 é de 25.329 segundo DATASUS/MS (2009), portanto o valor gasto anual para vacinação contra Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 doença meningocócica para os nascidos vivos seria de R$ 886.515,00, levando-se em consideração o valor médio da vacina. Entre as intervenções para a prevenção de doenças a utilização de vacinas tem um lugar muito especial. Nos últimos 200 anos, após os primeiros estudos de Edward Jenner, pioneiro na vacinação, que levaram ao desenvolvimento da vacina contra a varíola, perto do ano 1800, diversas doenças tiveram a sua importância para a saúde pública modificada por vacinas. Podemos citar o tétano, a difteria, o sarampo, a febre amarela e poliomielite como exemplos de doenças infecciosas que foram parcialmente controladas por vacinas. Intervenções pontuais como estas são um excelente caminho para prevenção de doenças infecciosas. A vacinação é considerada pelos especialistas um dos principais avanços na saúde pública mundial e, em especial a brasileira. Considerada como um importante meio de prevenção de doenças infecciosas, vacinar é uma das formas de garantir saúde para crianças adultas e idosas, além de reduzir os riscos de epidemias em toda a comunidade. Concluímos, portanto que o custo em vacinar os nascidos vivos é maior do que o custo da doença. Porém, não foi levado em conta os custos indiretos ou custos sociais que são imensuráveis e de valor extremamente alto. Não podemos esquecer que o indivíduo vacinado, uma vez que entre em contato com determinado agente infeccioso, o eliminará rapidamente cessando o ciclo de transmissão. O indivíduo não vacinado, além de adoecer, será mais um elo na cadeia de transmissão da doença. O desenvolvimento de novas vacinas, porém, não depende unicamente das pesquisas científicas, mas também de vontade política e econômica. A vacinação pode prevenir doenças, diminuir custos financeiros com remédios, evitar situações desagradáveis, sofrimento, além de evitar internações e prevenir dias de trabalho perdidos. No controle de uma doença, é preciso manter muito elevados os níveis de imunização, pois os vírus ou as bactérias continuam a circular - embora em quantidade reduzida. Se abandonarmos a vigilância, a enfermidade poderá reaparecer de forma maciça e descontrolada. A vacinação é muito importante e salva milhões de vidas em todo o mundo, por isso a vacinação constitui uma obrigação dos governos que se esforçam para ampliar as coberturas vacinais na medida de sua importância na saúde pública população, todas as entidades se aplicam para promover resultados. O controle da doença é um objetivo mais realista para a maioria dos programas de imunização. Isto significa que é possível reduzir significantemente o número de casos, para menos de 1% do nível anterior, assim como prevenir ou controlar rapidamente qualquer surto epidêmico. No controle de uma doença, é preciso manter muito elevados os níveis de imunização, pois os vírus ou as bactérias continuam a circular - embora em quantidade reduzida. Se abandonarmos a vigilância, a enfermidade poderá reaparecer de forma maciça e descontrolada. REFERÊNCIAS ADA, G. The immunology of vaccination. In: PLOTKIN, A. S.; ORENSTEIN, W. A. (Ed.). Vaccines. 4. ed. Philadelphia: Saunders, 2004. p. 31-45. BENCHIMOL, J. L. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Editora Fiocruz. Rio de Janeiro, 2001 BRANCO, G.R; AMORETTI, C.F; TASKER, R.C. Jornal de pediatria. Doença meningocócica e meningite, Porto Alegre, vol.83 no.2 suppl.0 , 2007. BRASIL. Manual de Normas de Vacinação. 3ª ed. Brasília, junho de 2001. Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 CASTIÑEIRA, T.M.P.P; PEDRO, L.G.F; MARTINS, F.S.V. Doença meningocócica. Disponível em:< http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html>. [Acesso em 17. out.2009]. CDC. Yellow Book 2008. Disponível em: http://wwwn.cdc.gov/travel/contentYellowBook.aspx. [Acessado em 25 de abril de 2009]. CENTRO CULTURAL DE SAÚDE, Revolta da Vacina: Cidadania, Ciência e Saúde. Disponível em: <http://www.ccs.saude.gov.br/revolta/ltempo.html>. [acessado em 27 de abril de 2010]. COUGHLIN M.T, ANGUS D.C. Economic evaliation of new therapies in critical illness. Crit Care Med 2003. Curitiba –08 de novembro de 2013