HONORIO FERREIRA BARBOSA ELIS REGINA MARTINS DE OLIVEIRA BARBOSA COORDENAÇAO DO CUIDADO DOS PORTADORES DE HIPERTENSAO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS Ponta Porã – MS 2011 1 HONORIO FERREIRA BARBOSA E ELIS REGINA MARTINS DE OLIVEIRA BARBOSA COORDENAÇAO DO CUIDADO DOS PORTADORES DE HIPERTENSAO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS Projeto de intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação em nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador (a): Profa. Dra. Renata Palópoli Picoli. Ponta Porã – MS 2011 2 RESUMO O presente trabalho trata-se de um projeto de intervenção desenvolvido na microarea 05 Estratégia de Saúde da Família Sanga Puitã no município de ponta Porã estado Mato Grosso do Sul ano de 2011 como requisito para conclusão da pos graduação em nível de especialização em atenção básica em saúde da família a UFMS. Foi realizada a identificação dos prontuários de pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus utilizando um sistema de classificação por cores uma marcação em vermelho para prontuários dos hipertensos e em branco para prontuários de diabéticos com a finalidade de alertar o profissional que for prestar atendimento a esse cliente sobre sua patologia crônica sendo essa ação parte do processo de coordenação do cuidado desses clientes, posterior a essa atividade foi realizado a estratificação dos 40 portadores de HAS da microarea sob a perspectiva de promover ao profissional uma visão mais ampliada do caso através da realização de uma consulta de enfermagem direcionada, coleta e analise do histórico no prontuário referente à idade, sexo, N° consultas medicas e enfermagem, N° aferições tensão arterial, registro de glicoteste, referencia para especialidades, co-patologias, medicação em uso, tempo de diagnostico de HAS, participação em atividades educativas e também classificação de risco para evento cardiovascular através do escore de Framinghan, classificação do IMC, consolidado todas essas informações em um impresso e fixado na primeira pagina do prontuário (vide apêndice A), aplicado um questionário (vide apêndice B) para avaliar nível de conhecimento dos portadores de HAS sobre a doença. A conclusão do projeto identificou que o cuidado que os portadores de HAS vinham recebendo não estavam sendo adequado, principalmente no que diz respeito à coordenação do cuidado, dentre outros dados relevantes foram identificados como a predominância de HAS no sexo feminino, predominância da doença na terceira idade, a maioria dos portadores estão acima do peso e apresenta dislipidemia, resultado escore de framinghan alto e moderado predominante na aplicação entre os portadores, foram identificados e diagnosticados 06 casos novos de diabetes entre os 40 hipertensos estratificado e em relação ao questionário mostra reduzido conhecimento do paciente sobre a doença. 3 Descritores: coordenação do cuidado, hipertensão arterial, saúde da família. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 06 2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA............................................................................ 08 3. OBJETIVOS............................................................................................................ 09 4. METODOS............................................................................................................... 10 5. DESCRIÇÃO DAS EXPERIENCIAS.......................................................................... 11 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 12 7. RESULTADOS......................................................................................................... 12 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 14 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 16 APÊNDICES................................................................................................................ 17 5 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como tema a coordenação do cuidado dos portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde da Família Sanga Puitã, no município de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. O que nos levou a escolher este tema foi à observação e análise dos problemas correlacionados ao acompanhamento das pessoas portadoras de HAS e Diabetes mellitus da referida área de abrangência. Percebeu, claramente, um importante déficit na coordenação do cuidado das pessoas portadoras de HAS e Diabetes mellitus, relevando que essas patologias são crônicas e incuráveis e pelos riscos que estas impõem aos seus portadores, consideramos que deve ser muito bem definido e organizado o trabalho da equipe de saúde, frente a estes agravos. Segundo informações disponíveis no plano de reorganização de atenção a hipertensão arterial e ao diabetes mellitus (2001) a coordenação do cuidado das HAS e Diabetes é um problema que envolve na maior parte apenas a equipe de saúde e os pacientes e essas duas patologias referidas trazem grandes risco a população adstrita. As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morbimortalidade na população brasileira. A hipertensão arterial afeta 11 a 20% da população adulta com mais de 20 anos, cerca de 85% dos pacientes com acidente vascular encefálico e 40% das vitimas de infarto do miocárdio apresentam hipertensão arterial associada e quanto à diabetes na população adulta sua segunda prevalência é de 7,6% (BRASIL, 2001). Vale ressaltar que ambas as doenças, quando diagnosticadas precocemente, são bastante sensíveis ao tratamento e oferecem muitas chances de evitar complicações. Para detecção e tratamento dessas doenças é necessária pouca tecnologia e é baixo o custo do tratamento medicamentoso. Destaca-se como soberano o desenvolvimento de ações preventivas eficazes e o correto acompanhamento clínico coordenado realizado pelos profissionais de saúde da atenção básica. A coordenação do cuidado diz respeito à capacidade da unidade de saúde da família de se integrar com outros serviços de maior complexidade tecnológica referenciando os usuários quando necessário (CORREIA, 2010). Mendes (2009) mostra que sem a tecnologia leve seja levada ao seu ápice oferecendo um acompanhamento adequado e uma coordenação apropriada dos demais níveis do sistema sendo 6 assim, dentre os desafios da coordenação do cuidado estão à melhora da qualidade da informação dos prontuários em saúde. Portanto, sem a coordenação do cuidado a longitudinalidade fica incompleta e a integralidade não acontece. O referido projeto de intervenção foi desenvolvido por nós, enfermeiros, por estarmos inseridos no mesmo grupo de Curso de Pós-Graduação em Atenção Básica e Saúde da Família e por atuamos junto a uma população, que enfrenta o mesmo problema da reduzida coordenação de cuidado ao paciente hipertenso e diabético. Optou-se por realizar, primeiramente, um estudo piloto em uma microarea da Unidade de Saúde de Família Sanga Puitã, para posteriormente, implementá-lo nas outras microareas da referida Unidade e também na Unidade Básica de Saúde da Família Itinerante. Essa proposta foi por nós apresentada ao tutor formador e ao colegiado gestor, obtendo entendimento e autorização para a sua realização. A epidemiologia da hipertensão arterial é relevante no ponto de vista social e econômico do país a HAS afeta 11 a 20% da população adulta com mais de 20 anos, cerca de 85% dos pacientes com acidente vascular encefálico (AVE) e 40% das vítimas de infarto agudo do miocárdio apresenta HAS associado. Dados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) 2001 revelam que 40% das aposentadorias precoces decorrem da cronicidade provocada pela HAS e diabetes. A população da ESF Sanga Puitã, onde inicialmente foi aplicado o projeto, tem os seguintes dados: 3.512 habitantes, sendo 775 famílias distribuídas em cinco microáreas, quatro no Distrito de Sanga Puitã e uma na zona rural. Tendo na microárea selecionada para aplicação do projeto 40 portadores de hipertensão arterial sistêmica e 04 portadores de diabetes mellitus cadastrados na Unidade. As principais atividades econômicas dos moradores são: o trabalho doméstico, agricultura, principalmente, açúcar e grãos e atividade no setor sulcroenergético. Há também pequenos comércios locais e marcenarias. No que se refere à educação, há uma escola estadual que oferece o ensino fundamental e médio, uma escola municipal com ensino fundamental e uma escola infantil. Na área rural existe uma escola municipal que fica distante do Distrito que oferece ensino fundamental. Atualmente, na área de abrangência é grande o número de pacientes que sofreram acidente vascular encefálico, no ano de 2011, foram 04. Nesse mesmo ano, 03 pacientes tiveram como causa básica da morte infarto agudo do miocárdio. É freqüente o referenciamento para Hospital Regional do município de Ponta Porã de pacientes com crise hipertensiva e diabetes descompensada, em média 03 pacientes por dia. 7 2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA: Acreditamos que as causas geradoras do problema são diversas, dentre elas destacamos: ausência de protocolos a ser seguido na Unidade Básica e no hospital de referência; não adesão dos pacientes às orientações oferecidas pelos profissionais de saúde da Unidade e a falta de organização e priorização de ações da equipe frente aos agravos. Quanto à evidencia de que o cuidado com os portadores dessas patologias não está adequado e os episódios agudos freqüentes de crise hipertensiva, diabetes descompensado e infarto agudo do miocárdio precisamos organizar esse cuidado para preveni-los. A prevenção em saúde "exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença" (LEAVELL; CLARCK, 1976, p. 17). Até o primeiro trimestre de 2011, o cuidado com os pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus era realizado conforme demanda espontânea na Unidade de Saúde da Família Sanga Puitã. Nesta Unidade, os prontuários dos referidos pacientes ficavam juntos aos demais prontuários, isto dificultava a identificação do prontuário do paciente hipertenso e diabético e na maioria das vezes iniciava-se um novo prontuário perdendo as informações anotadas anteriormente e a seqüência dos procedimentos realizados. Os prontuários dos hipertensos e diabéticos da Unidade misturados aos demais prontuários inviabilizava a análise destes pela equipe para fins epidemiológicos e de diagnóstico situacional assim como dificultava a busca ativa nos familiares dos portadores, visando à detecção precoce das respectivas doenças, uma vez que essas patologias têm caracteres hereditários e merecem investigação constante de portadores jovens entre as famílias dos hipertensos e diabéticos. Acreditamos que os prontuários dos hipertensos e diabéticos devem estar destacados e separados dos demais, pois na maioria das vezes os portadores dessas patologias buscam atendimento de saúde por outros motivos e às vezes o profissional que presta o atendimento nem percebe que aquele indivíduo é portador de uma doença crônica deixando assim de ter a oportunidade de passar informações relevantes sobre essas doenças mesmo que o paciente não se queixe das mesmas. 8 3. OBJETIVOS Organizar o processo de trabalho da equipe para o atendimento dos pacientes portadores Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, sob o ponto de vista da coordenação de cuidado. Estratificar os pacientes portadores de Hipertensão Arterial da microárea 05 Estratégia de Saúde da família de Sanga Puitã município de Ponta Porã Mato Grosso do Sul na perspectiva de promover ao profissional uma visão mais ampliada do caso, aplicar o escore de Framinghan, realizar classificação de riscos dos pacientes, realizar consulta de enfermagem direcionada e analisar o histórico registrado no prontuário, consolidar todas essas informações em um impresso e fixar na primeira página do prontuário do hipertenso. Identificar o nível de conhecimento dos pacientes sobre a doença HAS. Identificar o prontuário dos pacientes hipertensos e diabéticos, segundo um sistema de classificação por cores. 9 4. MÉTODOS Em março de 2011, foi iniciada a identificação dos prontuários familiares dos hipertensos e diabéticos, segundo a classificação por cores. Para os prontuários de famílias que tivessem pacientes portadores de HAS utilizamos uma tarja vermelha e uma tarja branca para os prontuário de famílias que tivessem pacientes portadores de diabetes, a fim de que sirvam de alerta para os profissionais de saúde no atendimento a esses pessoas e à busca precoce dessas patologias nos seus familiares. Concluída esta etapa, foi iniciada a elaboração de uma planilha para análise de prontuário e registro de dados durante e após consulta de enfermagem (Apêndice A) contemplando os seguintes dados: identificação, idade, sexo, número de consulta médica e de enfermagem nos últimos 12 meses, número de aferições de pressão arterial nos últimos 12 meses, investigação de realização de glicoteste, classificação do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal, medicação em uso, outras patologias, escore de framinghan, participação em atividades educativas, data da última avaliação laboratorial, número de referenciamento para especialista, identificação da especialidade que já foi referenciado e tempo de diagnóstico de hipertensão. Aplicação do questionário (Apêndice B) para identificar o conhecimento do paciente sobre a hipertensão arterial, riscos da doença, complicações, dúvidas, medos, frequência de comparecimento à Unidade para controle e cuidado ofertado pela ESF. 10 5. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA A atividade de separar os prontuários, na Unidade, dos pacientes portadores de hipertensão e diabetes e marcá-los de maneira que alertasse para o profissional foi uma estratégia excelente e positiva segundo a percepção de todos os membros da equipe, inclusive sendo muito elogiado pela equipe do Núcleo de Apoio Saúde da Família (NASF), que realiza atendimentos na Unidade uma vez por semana e não tem conhecimento dos pacientes como os profissionais da ESF. Participaram dessa atividade, os agentes comunitários de saúde, as auxiliares de enfermagem e a recepcionista da Unidade, no período de março a julho do corrente ano. Essa atividade facilitou a abordagem do paciente pelo profissional de saúde com relação à cronicidade de sua doença e favoreceu o desenvolvimento constante de ação educativa individual por meio de orientações quanto aos cuidados com a sua saúde e o aprimoramento da identificação e busca ativa direcionada e precoce da hipertensão arterial e diabetes entre os familiares do paciente, dado o caráter familiar das referidas doenças. O desenvolvimento da planilha de prontuário que contemplava diversas informações necessárias para a estratificação dos portadores de hipertensão arterial foi à parte mais difícil e complicada de desenvolver, pois envolvia outras instituições como o laboratório municipal que limitava o número de exames diários para nossa unidade, apenas cinco exames por dia. Outro fator complicador deveu-se a distância entre o Distrito e o laboratório, o que gerou dificuldades de deslocamento para os pacientes. Para superar essa dificuldade, propomos a coleta de sangue na Unidade e para os pacientes deficientes e acamados, realizamos a consulta de enfermagem e coleta de material de exame no domicilio. O laboratório demorou aproximadamente 15 dias para a entrega dos resultados exames. Houve também inúmeras falhas na análise e resultado dos exames. Dos 40 pacientes, 17 não tiveram HDL e LDL dosados e, conseqüentemente, não foram realizados o escore de framinghan desses últimos pacientes. O atendimento e a análise de prontuários foram realizados em etapas descritas a seguir: na analise de prontuário, os ACS e os auxiliares de enfermagem participaram levantando dados já registrados, as consultas de enfermagem foram realizadas em três etapas, primeiramente, o ACS convocou os pacientes para a consulta sendo necessárias várias convocações para poder atingir os 40 hipertensos da microárea e como dito acima aqueles com deficiência e acamados foi realizado no domicilio. 11 6. RESULTADOS Em relação à faixa etária, observou-se que, apenas 2 pacientes portadores de hipertensão arterial tinham idade inferior a 40 anos; 3 tinham entre 41 e 49 anos; 13 entre 50 e 59 anos; 12 entre 60 e 69 anos e 10 acima de 70 anos de idade. No que se refere ao sexo, 27 eram mulheres e 13 homens. Quanto ao número de consulta médica registrada no prontuário nos últimos 12 meses, verificou-se que 19 pacientes realizaram três ou mais consultas, 12 realizaram de uma a duas consultas e 5 pacientes não tinham nenhum registro de consulta. Para as consultas de enfermagem no mesmo período, observou-se que apenas 2 dos pacientes não tinham nenhum registro no prontuário, 12 realizaram de uma a duas consultas e a maioria (26) realizaram três ou mais consultas. Quanto ao número de verificação da tensão arterial registrada na ficha de atendimento nos últimos 12 meses, 1 paciente não tinha registro do procedimento, 6 tinha anotado de uma a duas aferições e 33 tinham três ou mais aferições de tensão arterial. No que se refere ao registro do teste de glicemia capilar, 26 pacientes tinham registro no prontuário e 14 não constava registro. Na classificação do IMC dos portadores de HAS, 11 pacientes estavam com peso normal, 15 com sobrepeso, 17 com obesidade I, 5 com obesidade II e 1 com obesidade III. Quanto ao grau de risco de acordo com o escore de framinghan, dos 40 pacientes acompanhados, apenas 23 foram devidamente classificados. Dos 23 pacientes, 9 apresentavam risco baixo, 9 risco moderado e 7 risco alto para evento cardiovascular nos próximos dez anos. Com relação à participação em atividades educativas voltadas para HAS, 20 pacientes afirmaram nunca terem participado de nenhuma atividade e outros 20 afirmaram ter participado uma ou mais vezes. Na realização do teste de glicemia durante a consulta de enfermagem, 10 pacientes estavam com hiperglicemia, 1 estava com hipoglicemia e 29 estavam com a glicemia capilar dentro dos limites de normalidade. Vinte e um pacientes apresentaram níveis elevados de colesterol e vinte e dois apresentaram níveis elevados de trigliceres. 12 Quando indagados sobre conhecimento da doença hipertensão arterial sistêmica, 17 pacientes afirmaram conhecer a doença, 12 mencionaram não ter nenhum conhecimento a respeito e 11 destacaram que conhecia em partes a doença. Perguntados se sabiam as causas como a doença HAS começa, trinta pacientes afirmaram não saber, e apenas cinco afirmaram saber como se dá o inicio. Sobre a prevenção da HAS, 28 pacientes afirmaram não saber como prevenir a doença e 12 mencionaram saber como se faz a prevenção. Com relação aos riscos provocados pela HAS, 24 pacientes afirmaram não conhecer ou conhecer em partes e 16 mencionaram conhecer. Quanto ao interesse em conhecer os riscos que a HAS pode provocar, 37 portadores afirmaram ter interesse e 3 não destacaram interesse. Quando solicitado aos portadores para citarem complicações provocadas pela HAS, 26 pacientes não souberam citar, 4 citaram complicações não relacionadas à HAS e 10 citaram corretamente uma ou mais complicações. Com relação às dúvidas sobre o tratamento da HAS, 20 pacientes afirmaram ter dúvidas e os outros 20 afirmaram não ter ou ter em partes. Perguntado aos portadores de HAS se temem a doença levando em consideração que e uma doença silenciosa, 24 pacientes afirmaram temer dezesseis afirmaram não temer ou temer em partes. Com relação a relatos de impossibilidades de realização de atividades físicas provocadas pela HAS, 22 pacientes afirmaram ter alguma impossibilidade e 18 afirmaram não ter. Vinte e dois pacientes portadores de HAS afirmaram que freqüentavam a Unidade de Saúde uma vez por mês para controle, cinco afirmaram freqüentavam uma ou duas vezes por semana e treze pacientes não responderam a questão. Com relação ao tratamento ofertado aos portadores de HAS pela Unidade de Saúde, 24 pacientes mencionaram que deveria ser melhorado e 16 citaram que não necessitava de melhorias. 13 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acreditamos que a coordenação do cuidado dos portadores de hipertensão arterial e diabetes foram de fundamental importância para a prevenção primária básica, cujas ações são tarefa de competência da equipe de saúde local, assim como a prevenção primária avançada e a prevenção secundária contribuíram significativamente para o controle desses agravos como demonstrou o trabalho realizado com os portadores de hipertensão arterial. Seja qual for à ação a ser implementada ela com certeza será mais eficaz no portador de hipertensão arterial a partir do momento em que a condição de saúde do individuo for estratificada, pois permitirá uma visão ampliada ao profissional que for intervir e terá mais elementos para auxiliar na cura e reabilitação do doente assim como terá maior possibilidade de impedir o aparecimento de novas complicações. Vale ressaltar que ambas as patologias se identificadas e tratadas corretamente minimizam ou quase anulam os episódios agudos e as seqüelas provocadas pela cronicidade. A microarea trabalhada revelou que 62,5% dos hipertensos estavam na faixa etária entre os 50 e 69 anos de idade, sendo assim as ações devem ser coordenadas levando em consideração a abordagem e o acolhimento dessa faixa etária. É importante destacar que se devem respeitar as especificidades de cada faixa etária e buscar dessa forma a co-responsabilidade e o vínculo com o paciente. Observamos que a HAS predomina no sexo feminino, sendo 67,5% dos hipertensos estudados. Acreditamos que como a prevalência está na faixa etária de 50 a 69 anos é nessa faixa etária que ocorre óbitos por infarto agudo do miocárdio e por outras causas associadas à HAS nos indivíduos do sexo masculino pelo menos é o que se vê na prática e que poderia ser um dos motivos que justificam esse número de hipertensas. Quanto ao acompanhamento, 42,5% dos portadores de HAS não tinham nenhuma consulta médica registrada no prontuário da Unidade ou tinham de uma a duas nos últimos doze meses mostrando necessárias a coordenação desses pacientes e a necessidade de ações no sentido de trazê-los para a demanda planejada da Unidade. O mesmo se aplica às consultas de enfermagem. Quanto ao teste de glicemia capilar que é um procedimento simples, de baixo custo e de fundamental importância no acompanhamento do portador de HAS, evidenciou-se que 35% 14 nunca o haviam realizado. Esse dado deve ser um substrato para a coordenação do cuidado e a demanda planejada da unidade. O IMC dos portadores de HAS revelou que a maioria estava obesa ou com sobrepeso, dado relevante que mostra a necessidade de intervenções para que haja adoção, por parte dos portadores, de uma alimentação saudável e de mudanças de hábitos de vida. Essas ações coordenadas serão discutidas pela equipe de saúde da Unidade e por profissionais da educação física e nutrição do NASF para planejamento e implantação no primeiro semestre de 2012. O escore de Framinghan revelou que 39% dos portadores apresentavam risco alto ou moderado para evento cardiovascular, o que confirmou a hipótese de que esses pacientes não tiveram um cuidado coordenado em anos anteriores. Quanto à dislipidemia, observou-se que mais de 50% dos portadores de HAS estavam com os valores superiores aos parâmetros normais. Com relação ao exame glicemia de jejum, 25% dos portadores estavam com aumento de glicemia que, posteriormente, foram diagnosticados diabéticos pelo médico da equipe. Anteriormente ao projeto, eram cadastrados e acompanhados apenas 04 pacientes diabéticos na microárea e após essa intervenção, foram diagnosticados 6 novos casos, ou seja, houve a identificação de mais de 100% dos diabéticos da microárea. Aplicação do questionário foi importante para a identificação do conhecimento do paciente sobre a sua doença e, posterior, desenvolvimento de ações educação em saúde. 68% afirmaram não saber como prevenir a HAS, mais de 50% afirmaram não conhecer HAS mesmo sendo portadores e 59% afirmaram também não conhecer os riscos que a doença HAS provoca. As informações sobre o risco para evento cardiovascular dos pacientes acompanhados, no presente projeto, foram fundamentais para a definição das ações de coordenação de cuidado, visando evitar novas complicações e seqüelas. Esses resultados do questionário evidenciaram o reduzido conhecimento do paciente sobre a sua doença, confirmando o seu caráter silencioso e a necessidade de ampliação dos esforços e dedicação da equipe de saúde e do paciente para o desenvolvimento da coordenação de cuidado dos portadores de HAS e diabetes. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes mellitus (DM): protocolo / Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. CORREIA, Adélia Delfina da Motta S., et al. Políticas públicas de saúde e processo de trabalho em saúde da família. Volume 2/ organizadores: Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2010. Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) 2001. LEAVELL, H.R., CLARK, E.G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1976. MENDES, Eugênio Vilaça. As condições de saúde. Belo Horizonte: OPAS, 2009. Plano de reorganização da atenção a hipertensão arterial e ao diabetes mellitus: informes técnicos Institucionais. Rev Saúde Pública, São Paulo, v.35, n.6, p.585-8, 2001. 16 APÊNDICE A - PLANILHA PARA ANÁLISE DE PRONTUÁRIO E CONSULTA DE ENFERMAGEM: Planilha para análise de prontuário e consulta de Enfermagem: 2361000 Unidade: 05 Microarea: Andréia ACS: Prontuário: Nome: Idade: Sexo: N° consultas medicas 12 meses: N°consulta enfermagem 12 meses: N° aferições de PA 12 meses: Já fez teste glicemia: Peso: Altura: IMC: Tensão arterial: Circunferência abdominal: Medicação em uso: Outras patologias: Escore de framinghan: N° participação atividade grupos 12 meses: Data ultima avaliação laboratorial: N° encaminhamentos especialista: Quais especialidades? Diagnostico de hipertensão há quanto tempo? N° participação atividade grupos 12 meses: 17 Data ultima avaliação laboratorial: N° encaminhamentos especialista: Quais especialidades? Diagnostico de hipertensão há quanto tempo? APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO: 1) Você conhece a doença “pressão alta”? a. () sim () não () em partes. 2) Você sabe como começa essa doença? a. () sim () não () em partes 3) Você sabe como prevenir a “pressão alta”? a. () sim () não () em partes. 4) Você sabe quais os riscos que essa doença provoca? a. () sim () não () em partes. Quais?__________________________________________ __ 5) Você tem interesse em saber os riscos “pressão alta”? a. () sim () não () em partes. 6) Cite as complicações dessa doença: a. () não soube () citou errado () citou uma ou mais complicações. 7) Você tem dúvidas sobre o tratamento da “pressão alta”? a. () sim () não () em partes. 8) Você sente algum medo por ter a “pressão alta”? a. () sim () não () em partes. 9) A pressão alta o impossibilita de fazer alguma atividade habitual? 10) () não () sim Qual? __________________________________ 11) Você vem na unidade com qual frequência para controle da “pressão alta”? a. () uma vez na semana () uma vez ao mês () outros. 12) Você se sente cuidado pela unidade de saúde? a. () sim () não () em partes. 13) Seu tratamento precisa ser melhorado? a. () sim () não. 14) O que precisa ser melhorado? _________________ 15) Alguma vez você já alertou seus parentes sobre a “pressão alta”? a. () sim () não. 18 19