Curso de Formação em Gestão Pública, Acesso à Água e Convivência com o Semi-árido FGP / SAN – ÁGUAS – CISTERNAS / 2011. TRABALHO DE CONCLUSÃO Aluno-gestor: Edjane Lírio de Souza e Juvaldino Nascimento da Silva Professores: Naidison de Quintela Baptista e Carlos Humberto Campos Módulo: I Tema: As Possibilidades de Construção de um modelo de Sustentável de Desenvolvimento no Semi-árido Campo Formoso – Bahia Julho/2011 Título: ECONOMIA POPULAR E SOLIDARIA – ECOSOL a) INTRODUÇÃO: Economia Popular e Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar, trocar e consumir o que é preciso para viver, sem explorar os outros sem querer levar vantagens, sem destruir o meio ambiente. Cooperando, fortalecendo os grupos, pensando no bem comum, a ECOSOL vem se apresentando como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda. È uma proposta a favor da inclusão social e compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas em formas de cooperativas, associações, clubes de trocas, grupos formais e informais, comunidades camponesas tradicionais, artesanatos, Fundos Rotativos solidários, acampamentos de reforma agrária, empresas autogestionárias entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio e consumo justo e solidário. A Economia Popular e Solidária vem se destacando no cenário nacional como uma proposta de desenvolvimento sustentável com base nos princípios ecologicamente correto, culturalmente aceito, socialmente justo e economicamente viável. No estado da Bahia esta proposta tem ganhado ênfase pela viabilidade que apresenta em seus modos de produção, comercialização e consumo de base cooperativada e associada na qual permite uma relação de poderes sem hierarquia. Atualmente na região de Senhor do Bonfim existe cerca de 100 empreendimentos de Economia Popular e Solidária de diferentes formas e níveis de produção e organização, e na sua maioria destes empreendimentos (70%) estão localizados na zona rural e são de base agrícola. (agricultura familiar). Economia Popular e Solidária organizada em grupos, associações, cooperativas tem por objetivo: a) Melhorar as condições de vida dos/as agricultores/as aumentando-lhes as condições de desenvolver o trabalho associado e cooperativado; b) Organizar as relações de produção, comercialização e consumo, respeitando a dignidade humana à consciência dos produtores e consumidores em relação à biodiversidade, sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico; c) Proteger os direitos humanos promovendo justiça social, sustentabilidade ambiental e segurança econômica; d) Favorecer a criação de oportunidades de trabalho em condições justas e o encontro entre consumidores conscientes e produtores das diversas regiões do país, através das diversas articulações construídas pelo movimento; e) Garantir o financiamento solidário com base na rotatividade dos recursos disponíveis, a fim de fortalecer outras iniciativas do meio rural. Os produtos da Economia Popular e Solidária caracterizam-se por serem de origem artesanal, alimentícios que partilham os objetivos do comercio équo e solidária, buscando o autodesenvolvimento e autonomia dos grupos organizados. Incentivando e valorizando a produção para o comercio local. b) DESENVOLVIMENTO No histórico do desenvolvimento da sociedade se evidenciou diversas formas de organização que têm como base de princípios: o socialismo, o trabalho associado, desenvolvimento sustentável e propriedade coletiva. Damos ênfase ao Arraial de Canudos no norte do estado da Bahia, organizado pelo Beato Antonio Conselheiro. Politicamente no Brasil a Economia Solidária ganhou notoriedade em 2001 durante o I FSM – Fórum Social Mundial, realizado na cidade de Porto Alegre - RS, Onde na oportunidade realizou-se uma oficina denominada “Oficina de Economia Popular Solidária e Autogestão”. Desta oficina resultou a criação do GT brasileiro de Economia Solidária e consequentemente na criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. Em 2003 em decorrência da eleição de Lula para a presidência da Republica, Cria-se a SENAES – Secretaria Nacional de Economia Solidária, que tem como secretario o Dr. Paul Singer, economista, sociólogo e militante do movimento sindical, com destaque internacional no que se refere à discussão de ECOSOL. Na Bahia, em 2005 foi criado a SESOL – Superintendência Estadual de Economia Solidária, vinculada à SETRE – Secretaria de Trabalho Emprego e Renda. c) ECOSOL NA REGIÃO DE SENHOR DO BONFIM Compreende a região, os municípios que compõem a diocese de senhor do Bonfim, instaladas nos Territórios de Identidade - TI do Sisal, Piemonte Norte do Itapicuru e Piemonte da Diamantina. As primeiras ações de Economia Solidária desenvolvidas nesta região foram coordenadas a mais de 50 anos pelas Obras Sociais da Diocese de Senhor do Bonfim, juntamente com a Cáritas Brasileira NE III, através dos Fundos Rotativos Solidários. Em 2003 quando na diocese se realizava a Semana Social, percebeu-se a necessidade de articular forças a fim de fortalecer as iniciativas de ECOSOL, surgindo o GREPS – Grupo Regional de Economia Popular Solidária, formado por 09 organizações sociais. Esta articulação é responsável por reivindicar políticas públicas, além de realizar atividades de assessoria, fomento, comercialização e divulgação, reforçando nas atividades realizadas os princípios que norteiam as práticas da Economia Solidária principalmente a autogestão, valorização do ser humano em todo o processo econômico e preservação do meio ambiente. No mapeamento realizado no ano de 2007, foi contabilizado 69 empreendimentos instalados em todo a região. Estima-se que mais de 100 empreendimentos solidários estão organizados fazendo a região de Senhor do Bonfim ganhar destaque pela forma de como vem se organizando com relação ao tema. Além de encontros, seminários, intercâmbios, cursos e oficinas o GREPS realiza anualmente em municípios diferentes a Feira Regional de Economia Solidária. Importante espaço de encontro dos empreendimentos, exposição, formação e venda de seus produtos. Esta feira tem grande importância para os empreendimentos, uma vez que os mesmos também fazem uso deste espaço para realizar trocas de experiências e produtos, além de participar de atividades formativas como oficinas cursos, palestras e etc. O GREPS também mobiliza os empreendimentos para participar em atividades estaduais e nacionais como feiras, fóruns, plenárias e conferências de economia solidária. d) CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a Economia Solidária como importante instrumento estratégico de combate à miséria, oportunidade de inclusão social com respeito às diversidades culturais e tendo o ser humano como centro de desenvolvimento sem perder o foco da sustentabilidade ambiental, percebe-se que a mesma tem conseguido fazer a diferença nesta região, uma vez que excluídas do mercado de trabalho formalizado, pessoas encontram na economia solidária e nesta proposta diferenciada de produção e organização o prazer de viver em cooperação e solidariedade. A Economia Solidária tem grande importância na redução do êxodo rural e na estratégia de convivência com o semiárido, pois coletivamente, utilizam formas ecologicamente correta de produção e estratégias de convivência com o semiárido a fim de reduzir os efeitos da seca e dos períodos de escassez de chuva podendo garantir uma produção estável e consequentemente a permanência do homem e da mulher em seu lugar de origem, com a qualidade de vida garantida. Para que a Economia Solidária garanta a sustentabilidade dos envolvidos de forma a garantir a qualidade de vida a partir deste modelo de produção, algumas dificuldades são sentidas e demandas são pautadas pelo movimento: Produção: é necessário facilitar e adequar o espaço produtivo dentro das normas da legislação em vigência, a fim de assegurar a qualidade e variedade da produção e serviços, possibilitando a inserção dos produtos no mercado de comercialização. Comercialização: um dos principais problemas da economia solidária é necessário criar mecanismos que facilitem a comercialização dos produtos da ECOSOL, divulgando, conscientizando os consumidores quanto à qualidade e procedência dos produtos e serviços, promovendo a sustentabilidade financeira dos empreendimentos. Assistência técnica: sem uma assistência técnica em todo o processo de produção comercialização e organização dos empreendimentos, é incerto o sucesso dos mesmos, uma vez que a maioria dos envolvidos não dispõe de conhecimentos técnicos em condições de facilitar os processos produtivos, elaboração de projetos, estruturação organizacional e de infraestrutura, estratégias de marketing, conceituação, relação com os princípios de ECOSOL e etc. Segundo os representantes de entidades ligadas à Economia Solidária e os próprios cooperados, a falta de crédito é o principal problema do setor. De acordo com uma pesquisa da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) feita em 2007, das cercas de 22 mil cooperativas e associações do País, quase 17 mil afirmavam ter problemas para obter empréstimos. Além disso, das 22 mil organizações ouvidas para o levantamento, somente 3,5 mil informaram ter conseguido crédito ou financiamento nos últimos 12 meses. O crédito fortalece os empreendimentos, principalmente aqueles que estão iniciando suas atividades, uma vez que a maioria dos cooperados não dispõem de recursos próprios para investirem no empreendimento. Surge então a necessidade de criação de programas específicos para financiamento a grupos de economia solidária e a fins para garantir a estruturação dos empreendimentos. Edjane Lírio de Souza e Juvaldino Nascimento da Silva ANEXOS: Vídeo sobre a Feira de ECOSOL (VIII Feira Regional de Economia Popular e Solidário. Realizada na cidade de Monte Santo – BA, no período de 05 a 07 de maio de 2011) Referencias Bibliográficas: http://www.mte.gov.br/tca_contas_anuais/2006/senaes.asp http://www.fbes.org.br/