Tétano neonatal Descrição - O tétano neonatal (TNN) é uma doença infecciosa aguda, grave, nãotransmissível e imunoprevenível. Acomete o recém-nascido com maior freqüência na primeira semana de vida (60%) e nos primeiros quinze dias (90%). Os casos de TNN, em geral, estão associados a problemas de acesso a serviços de saúde de qualidade. Portanto, a ocorrência de um caso de TNN deve ser tomada como um evento sentinela para a imediata correção dos problemas relacionados ao funcionamento dos serviços de saúde. Sinonímia - Mal de 7 dias, tétano umbilical. Agente etiológico - Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico e esporulado produtor de várias toxinas, sendo a tetanopasmina a responsável pelo quadro de contratura muscular. Reservatório - O bacilo é encontrado no trato intestinal dos animais, especialmente do homem e do cavalo. Os esporos encontram-se no solo contaminado por fezes, na pele e poeira, entre outros. Modo de transmissão - Por contaminação, durante a secção do cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do coto umbilical e/ou quando se utilizam substâncias e instrumentos contaminados com esporos e/ou a própria falta de higiene nos cuidados do recém-nascido. Período de incubação - Aproximadamente 7 dias, podendo ser entre os primeiros 2 a 28 dias de vida. Período de transmissibilidade - Não é doença contagiosa. Portanto, não é transmitida de pessoa a pessoa. Complicações - Disfunção respiratória, infecções secundárias, disautonomia, taquicardia, crise de hipertensão arterial, parada cardíaca, miocardite tóxica, embolia pulmonar, hemorragias, fraturas de vértebras, dentre outras. Diagnóstico - Eminentemente clínico-epidemiológico, não depende de confirmação laboratorial. Diagnóstico diferencial - Septicemia, meningites, hipoparatireoidismo, hipocalcemia, hipoglicemia, alcalose, intoxicação por estricnina, encefalite, peritonites, distúrbios metabólicos transitórios, lesão intracraniana secundária ao parto. Tratamento - Manter o paciente sob vigilância; sedar antes de qualquer procedimento (uso de sedativos e miorrelaxantes de ação central ou periférica); medidas gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para facilitar a aspiração de secreções), hidratação, redução de qualquer tipo de estímulo externo, alimentação por sonda e analgésicos; uso de anti-histamínico prévio à administração do soro antitetânico (SAT), 10.000 a 20.000UI, IV, diluídos em soro glicosado a 5%, em gotejamento por duas a 4 horas, ou imunoglobulina humana antitetânica (Ighat), 500 a 1.000UI, dose única, somente via IM (devido a existência de conservante). Antibioticoterapia: no caso de infecção do coto umbilical, a escolha é a Penicilina cristalina, 200.000UI/kg/dia, IV, 6/6 horas, por 10 dias. Características epidemiológicas - O tétano neonatal é uma doença praticamente eliminada nas regiões de adequado desenvolvimento econômico e social, mas ainda permanece como importante problema de saúde pública nas regiões mais pobres do mundo. A letalidade média no Brasil encontra-se em torno de 70%. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivos - Monitorar a situação epidemiológica, detectar casos e contribuir para a identificação dos principais fatores de risco associados à doença, produzir e disseminar informações epidemiológicas. Notificação - Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória. Definição de caso Suspeito - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou normalmente nas primeiras horas e entre o 2º e o 28º dia de vida apresentou dificuldade em mamar, independente do estado vacinal da mãe, do local e das condições do parto. São também considerados suspeitos todos os óbitos nessa mesma faixa etária de crianças que apresentavam essas mesmas características, com diagnóstico indefinido ou ignorado; Confirmado - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou bem nas primeiras horas e a partir do 2º ao 28º dia de vida apresentou dificuldade, evoluindo para deixar de mamar e apresenta dois ou mais dos seguintes sinais/sintomas: trismo, contratura dos músculos da mímica facial, olhos cerrados, pele da fronte pregueada, lábios contraídos, hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax, hiperextensão dos membros inferiores e crises de contraturas musculares, com inflamação ou não do coto umbilical; TÉTANO NEONATAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Descartado - Todo caso suspeito que após a investigação epidemiológica não preencha os critérios de confirmação de caso. Busca ativa - Sistematicamente, deve ser realizada a busca ativa, particularmente nas áreas consideradas de risco, silenciosas, onde há rumores, onde a notificação é inconsistente e irregular ou as que não tenham notificado casos. Atividades de busca ativa devem incluir revisão de prontuários de hospitais e clínicas, registros de igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras, ginecologistas, obstetras, enfermeiros, parteiras e líderes comunitários. Conduta frente a um caso - Encaminhar a mãe para vacinação; divulgar a ocorrência do caso aos gestores, aos profissionais de saúde (avaliar as falhas que favoreceram a ocorrência da doença e corrigi-las) e líderes comunitários e envolvê-los na vigilância e ações de prevenção permanente da doença; promover a vacinação adequada das mulheres em idade fértil (MIF); cadastrar e treinar as parteiras tradicionais atuantes e fazer busca ativa de possíveis outros casos, investigando todos os óbitos ocorridos em menores de 28 dias de vida, sem diagnóstico definido. MEDIDAS DE CONTROLE A vacinação de 100% das mulheres em idade fértil (gestantes e não-gestantes); melhoria da cobertura e da qualidade do pré-natal e da atenção ao parto e puerpério; cadastramento e capacitação das parteiras curiosas tradicionais atuantes em locais de difícil acesso, visando eliminar a ocorrência dessa doença; tratamento adequado do coto umbilical com álcool a 70%. Ficha de Notificação – Tétano Neonatal